O que nós tivemos de Zelda nessa E3?

Uma pequena recapitulação do que a Nintendo nos trouxe sobre Zelda na E3 2014, levando em consideração o que ficou explícito e o que não ficou também.

em 14/06/2014
A E3 2014 acabou, mas não sem deixar uma série de cicatrizes na massa de gamers ao redor do mundo com o verdadeiro bombardeio que os grandes nomes da indústria deixaram acontecer. Dentre todas essas cicatrizes, as que estão dando mais assunto para todos nintendistas ao redor do globo são as de The Legend of Zelda. Com Hyrule Warriors e Zelda U pairando sob nossas cabeças, é muita informação (ou seria pouca?) para computar, então vamos tentar reunir aqui um pouco disso tudo e deixar da forma mais clara possível.

Um novo triângulo

Vamos começar pelo que temos mais informações. Hyrule Warriors, o jogo que mescla as mecânicas da famigerada série Dynasty Warriors com elementos de The Legend of Zelda, tem sido um dos jogos mais controversos do Wii U desde seu anúncio. A mistura estranha que migrou de aventura com puzzles para combate incessante contra massas de inimigos decerto deixou muitos jogadores com um pé atrás, e não dá pra culpá-los. Mas isso só durou até a história começar a se desenrolar.

Toquemos Song of Time e vamos viajar para algumas semanas antes da E3 e relembrarmos a história revelada de Hyrule Warriors. Enquanto não temos detalhes mais sólidos do desenrolar da trama, sabemos que existem três personagens chave: Link, o cavaleiro de Hyrule, Zelda, a princesa do reino que possui certo grau de intimidade com o guerreiro previamente citado, e Cia, uma feiticeira que recebeu a missão de manter o equilíbrio do Triforce e nutre sentimentos por Link.

Link está pronto pro
combate (e de roupa nova!)
O triângulo sempre foi uma peça chave nas tramas de The Legend of Zelda, mas não da forma que temos aqui; o sentimento de Cia fez com que ela fosse tomada por uma escuridão (que provavelmente é a verdadeira vilã da história) e transformou o ciúme e a inveja da moça em ódio, o que a levou a tomar decisões preocupantes e guiou o reino a entrar em uma verdadeira guerra. Agora fica nas mãos do heroi de Hyrule fazer a diferença e vencer o exército inimigo. Pareceria uma história comum de Zelda, se Link estivesse sozinho.
Primeira pista: na capa do jogo, liberada pela Nintendo durante a E3, podemos ver Link, Zelda e mais uma personagem de cabelos brancos. Ela não foi citada até agora, mas ao notar a cor roxa predominante em suas vestes e a cor de seu cabelo, é possível assumir que seja a feiticeira Cia antes de ser tomada pela escuridão. Se for o caso, isso apenas implica que a verdadeira vilã da história pode não ter sido revelada ainda.

A guerra de outra dimensão

Dynasty Warriors sempre foi um jogo que possui uma certa variedade de personagens jogáveis, e isso acabou se refletindo em Hyrule Warriors. Ainda no passado, podemos relembrar que a guardiã de Zelda, Impa, fora confirmada como uma das guerreiras a participar dessa guerra de forma ativa. Isso nos coloca com dois avatares para o jogador escolher, mas a entrevista com os desenvolvedores deixou subentendido que haveria mais. Seria isso verdade?

Zelda e Link lutando
lado a lado!
Isso se confirmou durante a E3 deste ano, onde tivemos informação de sobra nos trailers e nos eventos digitais da Nintendo Treehouse que aconteceram no decorrer da feira. Não somente pudemos ver Link e Impa em ação como também a chegada de mais duas personagens na brincadeira: Midna, a icônica parceira de Link em Twilight Princess, e a própria princesa Zelda, tomando a frente para lutar por seu povo. Desnecessário dizer que isso não é somente uma quebra de tabus, mas uma quebra de qualquer coisa que pudéssemos estar esperando - mas de uma forma boa.
Em outra dimensão: não faria sentido Midna estar nesse jogo pois sua historia começou e terminou em Twilight Princess. Impa também parece deslocada, visto que sua aparência remete a Skyward Sword. O vilão Valga também parece remeter ao dragão Volvagia de Ocarina of Time, enquanto temos vilões como Argorok de Twilight Princess no jogo. Até mesmo a lua de Termina deu as caras em uma cena do jogo! Por que temos tantos personagens de momentos distintos da história nesse jogo?

A resposta é simples: o titulo não é canônico e não pertence à linha do tempo de Zelda, conforme confirmado por Eiji Aonuma, uma das principais mentes por trás da franquia The Legend of Zelda. Segundo ele, Hyrule Warriors se encontraria em uma dimensão paralela, de forma semelhante ao que ocorre em Majora’s Mask, mas sob condições distintas. Isso faz com que o jogo não se encaixe em momento algum da linha do tempo, e deve ser encarado como apenas um spin-off. Certamente isso dá muita liberdade criativa para os desenvolvedores, vide a ilustre presença de um certo vilão no trailer abaixo! 
As ilhas flutuantes
lembram Skyloft.
Apesar de não ser da linha principal, Hyrule Warriors se aproveita muito do vasto conteúdo da franquia de uma maneira positiva e coloca novas perspectivas em teste ao deixar-nos diante da possibilidade de ter personagens diferentes sob controle. Além disso, é o primeiro jogo desde Four Swords Adventures (GC) que permite multiplayer em Hyrule, permitindo que dois jogadores enfrentem as hordas nessa guerra (um usando a tela do GamePad e outro a televisão, assim evitando a tela dividida).

Decerto é uma experiência que só tem a dar bons frutos, tanto para os jogadores como desenvolvedores. Enquanto nós podemos aproveitar da franquia de uma maneira diferente e sob uma nova perspectiva, eles podem ver como reagimos a certas mudanças. Quem sabe algo não possa ser aproveitado na série principal? A licença criativa de ser um spin-off pode ser a desculpa perfeita para ver como reagiríamos a uma certa aventura, e eu pessoalmente não reclamo de poder ver ao máximo as capacidades dos guerreiros de Hyrule.
Mas a verdadeira bomba nem foi essa.

Bravo novo mundo

Mas todos sabemos que o verdadeiro astro do show e um dos maiores ases da Nintendo na E3 era o jogo da série para Wii U (carinhosamente apelidado de “Zelda U” por falta de uma ideia mais criativa). Todos que começaram a acompanhar o Nintendo Digital Event já estavam esperando pelo momento em que a melodia de Hyrule começasse a ecoar, e todos vibraram quando Eiji Aonuma tomou a tela para falar. Era o grande momento, e ninguém estava realmente pronto para o que viria à seguir.
Não tivemos um nome. Não tivemos uma data. Pra ser honesto, tivemos muito pouco. Ainda assim, por que essa sensação de que nos deram tanto? Talvez seja porque o seu subconsciente conseguiu absorver toda a mensagem que esse trailer transmitiu para cada jogador, mas sua mente ainda não decifrou tudo. Não se preocupe, eu também demorei, e por isso estou aqui pra ajudar. É melhor se sentar, porque a quantidade de informação pode assustar.

Hyrule nunca foi tão vasta.
Para começar, temos o vislumbre dos novos campos de Hyrule. Ao longe podemos ver uma montanha que remete à Death Mountain, lar dos Gorons e do vulcão. A terra é tão vasta que nem podemos ver onde está a cidade mais próxima, ou mesmo o castelo de Hyrule. Este pode ser o mapa mais vasto até hoje, superando as províncias oferecidas em Twilight Princess. O melhor? Diferente de outras entradas da franquia, ele é totalmente explorável. Sem quebras, sem portais, apenas um mapa completo ao estilo The Elder Scrolls V: Skyrim.
A gigante de TP...
Dando tempo ao tempo: obviamente é cedo demais para se especular algo, mas o tamanho do mapa pode sugerir em qual linha do tempo o jogo se encontra. Como citado, não temos uma Hyrule tão vasta desde Twilight Princess, que tem tantas terras devido a expansão do reino que ocorreu nos séculos que se seguem após os eventos de Ocarina of Time e Majora’s Mask. Com isso, podemos imaginar que Zelda U se encontre antes ou depois desse jogo.

...ou a pacífica de SS?
Contudo, a falta de cidades à vista também sugere que é uma terra ainda nova e pouco explorada ou colonizada, o que nos traz de volta à Skyward Sword, podendo ser uma sequência a este com a fundação de Hyrule ou mesmo um predecessor, narrando os eventos antes da guerra que ergueu Skyloft. Outros fatores que endossam essa possibilidade são o traço do jogo e a tecnologia nele exibida, que lembra as robóticas exibidas no jogo para Wii. Ironicamente, ambas as posições aqui sugeridas mostram aproximação à origem da Four Sword, perto de Minish Cap (GBA) e Four Swords (GBA).
Então, o mundo em ação. Podemos ver agora Link se movendo com seu cavalo, cavalgando para longe quando explosões começam a acontecer. Espera, explosões? Uma surpresa inusitada foi a aparição de um inimigo digno dos quadrinhos da Marvel, uma criatura robótica e, ainda assim, de aparência antiga começa a caçar o protagonista. Felizmente, este Link demonstra grande destreza para evitar o combate e ganhar vantagem de campo ao combater com flechas, usando de uma com uma tecnologia semelhante a do oponente para concluir o embate. O trailer termina pouco depois, me permitindo enfim soltar a respiração para poder calcular tudo que foi visto.

Decifrando o enigma do tempo

A primeira coisa a ser notada é que a montaria de Link muito provavelmente não é a Epona. Todas iterações da fiel égua do Herói do Tempo possuem uma crina branca, enquanto este cavalo possui pelos negros e castanhos. Isso pode implicar que teremos diversas montarias no decorrer do jogo ao invés de apenas uma, ou é apenas o caso dos desenvolvedores terem esquecido a característica mais marcante da eterna parceira do hylian.

"Quem é afeminado aqui?!"
Em segundo lugar, temos a aparência de Link. Este assunto deu o que falar nos últimos dias pela quantidade de teorias que surgiram só com esse ponto. O traço mais afeminado e o corte de cabelo diferenciado foram o suficiente para muitos pensarem que o personagem era, na verdade, uma Zelda com síndrome de Mulan. Claro que não seria a primeira vez, Sheik está aí pra comprovar.

Outro detalhe que é bom ressaltar é a vestimenta do protagonista. Diferente de sua túnica verde, herdada dos cavaleiros de Skyloft, temos aqui uma roupa bem peculiar e que remete um pouco à roupa de Link em Wind Waker (GC). Outra teoria envolve essa vestimenta, dizendo que as braçadeiras remetem ao uniforme de Ganondorf em Ocarina of Time, conforme podem ver na imagem. Isso eu já acho que é pensar muito fora da caixa.
Direto do mestre: Eiji Aonuma, em outro contato com os jornalistas na E3, disse que estava atento a todas as teorias acerca da real identidade do protagonista, especialmente quanto a possibilidade dele ser mulher - ainda mais depois que o mestre brincou dizendo que “nunca disse que aquele personagem era o Link. Contudo, ele desmentiu as suposições e afirmou que aquele é, de fato, Link. Seu visual diferenciado deve-se ao fato de que o personagem principal sempre deve remeter ao jogador, então não é bom se apegar ao arquétipo padrão do herói de Hyrule sempre; são várias encarnações e eles podem vir diferentes, vide Wind Waker. Além disso, o desenvolvedor afirmou que pretende dar uma abordagem diferenciada e reinventar o sistema de puzzles da série, colocando decisões do jogador em teste. O que ele planeja? Parece que só descobriremos no futuro.
Será que agora poderemos
pular e atirar flechas assim?
Por fim, os detalhes mais ínfimos, porém importantes. Podemos notar que este Link é destro, algo que só aconteceu em Twilight Princess (na versão para Wii, espelhada) e Skyward Sword. Isso pode significar que o jogo usará o sistema de combate por sensor de movimento empregado em SS. Também devo salientar que a tecnologia usada tanto pelo protagonista como pelo inimigo remete a mostrada no jogo para Wii, quando se ativava os cristais que traziam o passado de volta. Será que possui uma ligação? Isso reforça a teoria do posicionamento do jogo na linha do tempo perto de SS. Bom, acho que já viajamos demais com apenas um trailer.
Infelizmente, nos foi dado muito menos informações do que queríamos, mas foi mais que suficiente para essa base de fãs que já é expert em teorizar com a franquia. De uma forma ou de outra, os próximos anos serão incríveis para The Legend of Zelda, e com essa E3 nós aprendemos a importância de cada detalhe. Quem sabe em breve não descobrimos os segredos que se escondem por trás de Zelda U? Talvez já esteja em nossa cara e não podemos ver. Acho que vou rever o trailer mais algumas vezes...
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Felipe Araujo
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