O Wii pode ter recebido grandes jogos vindos da própria Nintendo, mas temos que admitir que a proporção de jogos terríveis em comparação a jogos de qualidade vindos de desenvolvedoras terceirizadas foi bem alta. Entre vários My Little Pony e títulos que abusavam do Wiimote para não fazer nada além de cansar os braços do jogador, destaca-se um survival horror que figura entre as maiores faltas de vergonha na cara já lançadas para o revolucionário console da Nintendo. Escape from Bug Island, lançado em 2007 exclusivamente para o console da Nintendo, foi desenvolvido pela Spike, empresa responsável pela série Dragon Ball Z: Budokai (Multi). Com uma temática nada convencional e um enredo que lembrava bastante o de filmes B de péssima qualidade, o jogo frustra pela sua jogabilidade deplorável, efeitos sonoros risíveis e gráficos de péssima qualidade.
Colecionadora de insetos
Talvez a única qualidade de Escape from Bug Island, que ainda não sei dizer se foi proposital ou não, é o enredo do jogo. Se encarado como um daqueles filmes de terror trash, a história acaba se tornando algo levemente divertido de se acompanhar. Como ocorre em todo bom filme ruim de terror, alguma pessoa sem muitos miolos e juízo decide investigar algum lugar cheio de lendas macabras enquanto alguns trouxas a acompanham na empreitada.
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Mike, se exibindo com sua shotgun e Ray, deprimido ao fundo |
Em Escape from Bug Island, Michelle é a garota que assume o papel de pessoa sem miolos. Viciada em biologia, a garota decide catalogar as espécies de insetos que vivem na ilha de Beelzebub (tente segurar a risada) e acaba se metendo em uma gigantesca enrascada, já que, por alguma razão, todos os insetos do local são geneticamente modificados e desejam arrancar a sua cabeça. Mas não pense que no jogo você assume o papel da garota, já que sua existência é só o pretexto para que tudo aconteça.
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Mais assustador que Tropas Estelares! #sqn |
O personagem principal se chama Ray, um novo aluno da Universidade em que Michelle estuda. O garoto, que tem horror a insetos, decide acompanhar a moça em sua jornada por estar apaixonado por ela. Amável, não? Tudo fica ainda melhor quando constatamos que Ray leva Mike, seu melhor amigo, também apaixonado por Michelle. Neste contexto, os três deverão escapar da ilha, enfrentando insetos mutantes enquanto resolvem seus problemas amorosos.
Pronto para o combate
Por nunca imaginarem o que lhes aguardavam na ilha, os garotos vão desarmados para o local, exceto por Mike, que fica se exibindo com sua shotgun o tempo todo sem fazer absolutamente nada útil. Ao invés de uma arma, Ray é obrigado a utilizar um galho de árvore como arma. Isso mesmo, um graveto. Com seu fiel graveto e uma lanterna que atrai insetos para matá-los, Ray deve escapar daquele terrível local enquanto investiga o sumiço de seus amigos, pois inteligentemente eles acabam se separando.
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Um graveto para todos governar |
Controlar Ray é um verdadeiro martírio. O rapaz se move com dificuldade e os controles são extremamente imprecisos. Para atacar, a coisa fica ainda pior, já que o jogador deve balançar o Wiimote para desferir seus ataques (de graveto) nos animais, sejam eles mosquitos ou aranhas gigantes. O botão C do Nunchuk serve para utilizar a lanterna, que ajuda na hora de atravessar as partes mais escuras do jogo, mas atrapalham na mesma medida por atraírem insetos do além, pois eles começam a surgir do nada na sua frente. Aliás, bugs não faltam na aventura, o que me faz pensar se o nome do jogo não tem duplo sentido.
Produção vergonhosa
Como se não bastasse toda a desgraça que rodeia o título, Escape from Bug Island ainda sofre por sua produção realizada sem o menor cuidado. Os gráficos do jogo são fraquíssimos, exceto por alguns efeitos de iluminação que tem lá seus méritos. A modelagem e animação dos personagens são terríveis e vão ao encontro dos cenários genéricos e sem graça, que são mal construídos a ponto de ser quase impossível saber para onde devemos ir para continuar o jogo.
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Não sei bem o que dizer sobre essa imagem. Ela já fala muito por si só |
As poucas composições do título também são pouco inspiradas, e os efeitos sonoros estão entre os piores que já vi em um jogo de videogame em toda a minha vida. Os inimigos do jogo emitem sons bizarros que, ao invés de assustarem, beiram ao ridículo e não assustam ninguém. Pior ainda é que independentemente do tamanho e espécie de inseto encontrado, o som é sempre muito parecido, o que me faz pensar qual a necessidade de lançar um jogo cujo orçamento foi tão baixo.
Uma experiência para se lembrar. Ou não…
Escape from Bug Island é uma lição de tudo que não deve ser feito em um jogo de videogame. Com uma jogabilidade péssima, gráficos deprimentes e todo um conjunto de fatores mal produzidos e realizados, o jogo se consagra como um dos piores já lançados para o Wii, apesar do carinho que eu guardo pelo título. Talvez tenha jogado este jogo em algum momento legal que tenha feito com que eu ligasse-o a boas lembranças, porque não há nada que salve o título da completa ruína. Spike, volta a fazer Dragon Ball, por favor.
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A reação dos próprios monstros do jogo ao notarem a qualidade do título |
Revisão: Luigi Santana
Capa: Stéfano Genachi