Criada na última geração pela Rocksteady, a franquia Arkham
conseguiu trazer de volta o respeito que os jogadores tinham pelo homem-morcego
outrora graças à sua ambientação, que transmitia um nível altíssimo de imersão
com sua direção artística sombria e sua jogabilidade precisa, cheia de truques
e extremamente divertida. Após dois títulos muito bem sucedidos, a
desenvolvedora passou o bastão para a Warner Bros. Montreal, que decidiu criar
um prelúdio para a saga de Batman
contra seu arqui-inimigo, Coringa em Gotham City. O resultado é Arkham Origins,
um jogo que apesar de sólido, fica devendo em diversos aspectos em relação a
seus antecessores.
Caçada ao morcego
Arkham Origins se passa cinco anos antes de Arkham Asylum, e
conta com um Batman ainda inexperiente que tem como objetivo erradicar o crime
de sua cidade natal, Gotham. Se vendo ameaçado pelo herói, o rei do crime,
Black Mask, decide oferecer uma recompensa pela cabeça do Homem-Morcego. À
pessoa que conseguir capturar Batman, será oferecida uma recompensa de
cinquenta milhões de dólares, o que faz com que diversos gênios do mal partam
em busca de Bruce Wayne por toda Gotham.
Batman terá que enfrentar uma legião de inimigos para sobreviver |
Aproveitando o caos, outros vilões como o Coringa e o
Pinguim decidem executar seus próprios planos maléficos, já que Batman estaria
muito ocupado tentando escapar dos vilões que o caçavam. Além disso, para
piorar ainda mais a situação, o herói ainda não era reconhecido pela população e
pela polícia local como um combatente do crime, de maneira que dentro de
Gotham, qualquer um pode ser um inimigo potencial ao Cavaleiro das Trevas. Cabe agora
a você, conseguir resolver todos estes problemas enquanto ainda salva Gotham
City das garras de alguns dos mais icônicos vilões da franquia mais influente
da DC Comics.
Em time que está ganhando não se mexe. Ou não...
Batman Arkham Origins conta com uma jogabilidade
extremamente similar à de seus antecessores. Seu sistema de combate é idêntico
ao de Arkham City, o que é bom, dada a precisão e agilidade dos controles e a
diversão proporcionada ao jogador por espancar diversos arruaceiros de uma só
vez com o excelente sistema de contra-ataques. Além disso, o herói ainda conta
com seus equipamentos, sendo que todos eles já estão disponíveis desde o começo
da aventura. Alguns novos equipamentos, como uma luva com poderes elétricos,
foram implementados ao Cinto de Utilidades de Wayne, o que pode soar estranho
para alguns, já que o jogo se passa antes dos eventos de Arkham Asylum e lá o Homem-Morcego não conta com essas habilidades que o tornam muito mais forte em
Origins.
A boa e velha Gotham City |
Outro ponto que tornou a franquia famosa foi sua excelente
mecânica de stealth, que faz seu
retorno triunfal no novo título. Se assimilando muito ao que vemos nos outros
títulos da franquia, Batman pode se pendurar por todos os cantos do cenário e
literalmente “tocar o terror” nos bandidos que estão fazendo a guarda do local.
Como sempre, tudo é muito divertido e é impagável ver os vilões entrando em
pânico a cada nova vitima feita pelo herói.
As batalhas contra chefes são muito divertidas e desafiadoras |
Por fim, e talvez sendo a maior inovação do título, está o
refinamento do modo detetive. Com um estilo mais parecido com o que vemos em
L.A. Noire (PS3/X360), Batman deve coletar pistas para resolver certos enigmas
e leva-las à Batcaverna para examiná-las e até reconstituir a cena de um crime.
O elemento adiciona novas camadas à jogabilidade do título, mas infelizmente
não é tão aproveitada como deveria, se parecendo mais com um extra do que com
algo que realmente faça parte da aventura.
Exploração ainda é um elemento fundamental no jogo |
Outra novidade é a possibilidade de se realizar viagens
rápidas pela cidade, graças à Batwing, que pode ser chamada para levar o herói rapidamente
para pontos distantes da cidade. Contudo, para liberar novos pontos de pouso
para a nave, é necessário tomar o território dos bandidos, algo parecido com o
que vamos na franquia Assassin’s Creed e as missões paralelas de tomada de
fortes e bases inimigas. Muito divertidas, as missões são alguns dos pontos
altos do jogo.
Black Mask não poupará ninguém em sua caçada ao homem morcego |
Por ser um jogo de mundo aberto, Arkham Origins conta, assim
como seus antecessores, com diversas missões paralelas, que infelizmente não
fazem jus às excelentes tarefas que deviam ser realizadas nos títulos
anteriores da franquia. Ao contrário da Rocksteady, que o tempo todo deixava
transparecer o amor que os desenvolvedores sentiam por HQs e o universo de
Batman, a Warner Bros. Montreal soa mais como uma empresa que recebeu a tarefa
de criar um jogo novo para uma franquia renomada, e isso faz toda a diferença
na hora de jogarmos, já que conseguimos notar a falta de tato do estúdio em incluir easter eggs e missões paralelas que realmente gradem o
público cativo do herói.
O multiplayer ficou de fora na versão de Wii U |
Por fim, a versão de Wii U fica atrás das de seus
concorrentes pelo simples fato de que o modo multiplayer, introduzido nesta
edição do jogo, não aparece no console da Nintendo. Assim como Assassin’s Creed
IV: Black Flag, cuja versão de Wii U não receberá os DLCs do jogo, temos mais
um título que teve funcionalidades cortadas em relação às outras versões. Chega
a ser uma falta de respeito com os proprietários do console da Nintendo, que recebem
poucos jogos de desenvolvedoras third-party e, quando recebem, são obrigados a
encarar uma versão com menos conteúdo do que as outras, apesar de custarem o
mesmo.
A lentidão de Gotham City
Ao contrário de seus antecessores, que rodavam quase sem nenhuma
lentidão, Origins apresenta diversos momentos com travadas, carregamento de
texturas e outros problemas gráficos que prejudicam um pouco a experiência, o
que é muito estranho, dado que o motor de jogo já foi usado exaustivamente
pelas desenvolvedoras, e boa parte dos cenários e elementos do jogo são
reaproveitados de Arkham City, lançado anos atrás. Contudo, o jogo continua
com a excelente direção artística característica da série e agradará os fãs do
Cavaleiro das Trevas ou pessoas que buscam um belo jogo para se divertir em seus
consoles.
Assustador, para não dizer mais |
Outro problema inerente à parte técnica do jogo foi a troca
de dubladores do Batman e do Coringa, sendo que este último era dublado com maestria por ninguém
menos que Mark Hammil, o eterno Luke Skywalker da trilogia clássica de Star
Wars. Apesar do bom trabalho executado pelos novos dubladores, fica a
estranheza da repentina troca para os que já estavam acostumados com as vozes
utilizadas nos dois outros jogos, sendo que o novo trabalho soa como um tapa
buraco.
Retrocesso
Apesar de ser um jogo muito bom, Arkham Origins é o jogo
mais fraco da trilogia, que é uma das mais importantes da geração. Com poucas
novidades em relação à Arkham City, algumas inconsistências de roteiro e certos
problemas gráficos bastante irritantes, o jogo garantirá horas de diversão para
os amantes da franquia que desejavam passar mais tempo em Gotham mas ainda
assim ficará às sombras dos outros jogos, que eram muito mais polidos e bem
executados. Vamos torcer para que em um próximo jogo, a desenvolvedora, seja lá
qual for, consiga criar elementos que façam com que a franquia volte a ser
referência no gênero, como se tornou em 2009 com o lançamento de Asylum.
Prós
- Enredo divertido;
- Jogabilidade continua excelente;
- Diversos vilões icônicos marcam seu retorno;
- Modo detetive muito bem implementado.
Contras
- Poucas novidades em relação aos outros jogos da franquia;
- Falta de multiplayer na versão de Wii U;
- Problemas de desempenho atrapalham a imersão;
- Falta dos dubladores originais.
Batman Arkham Origins – Wii U – Nota: 7.0
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Diego Migueis