Reescreva o passado e salve o futuro em Sigma Harmonics, um inusitado RPG nipônico de DS

em 08/08/2013

A Square Enix é conhecida por suas grandes e tradicionais séries de RPG como Final Fantasy e Dragon Quest. De tempos em tempos a companhia... (por Farley Santos em 08/08/2013, via Nintendo Blast)

A Square Enix é conhecida por suas grandes e tradicionais séries de RPG como Final Fantasy e Dragon Quest. De tempos em tempos a companhia experimenta novos conceitos e até mesmo novas franquias, sendo Sigma Harmonics um destes jogos. A aventura, que mistura conceitos de adventures e RPGs, contava com parte técnica acima da média e uma trama interessante. Infelizmente o game nunca saiu do Japão, para tristeza dos jogadores ocidentais.

Remontando a história

Sigma Kurogami é um estudante e tem uma vida tranquila ao lado de sua amiga Neon Tsukiyumi. Sigma não é um rapaz ordinário: ele é um “Usuário de Som” e atual chefe do clã Kurogami, grupo responsável por manter a ordem da realidade. São tempos de paz, pois todos os demônios malignos denominados Ouma estão selados em um grande relógio na mansão Kurogami. A tarefa do rapaz é manter o selo intacto e impedir que os Ouma destruam o mundo.
Um dia a caminho de casa Sigma topa com um estranho encapuzado e mascarado. Ao chegar na mansão, tudo está em ruínas e o selo do grande relógio foi quebrado. O rapaz percebe que a realidade foi alterada pelos Ouma anteriormente presos. As criaturas, que são capazes de viajar no tempo e espaço, voltaram ao passado e cometeram uma série de assassinatos, mudando o presente. Sigma, na companhia de Neon, decide usar seus poderes para investigar o passado e retornar o mundo ao normal.
Sigma e Neon

Investigação e dedução

Sigma Harmonics mistura elementos de investigação e RPG. Para resolver os assassinatos, Sigma e Neon têm que vasculhar a mansão Kurogami atrás de pistas. A principal maneira de obter fatos é por meio de monólitos negros, permitem rever cenas do passado. Ao assistir estas cenas, Sigma recebe fragmentos de som contendo deduções sobre os fatos. Outra maneira de conseguir dicas é conversando com NPCs e vasculhando os cenários.
Após reunir fatos suficientes, é necessário organizá-los em uma grade para chegar à conclusão do mistério. O mais curioso é que o jogador não é obrigado a encontrar a solução correta dos enigmas, todos eles têm várias possibilidades de desfecho. O jogo classifica a solução proposta em rankings, que afeta os bônus recebidos ao fim dos capítulos e as batalhas contra os chefes. Pode ter certeza que se você sugerir uma conclusão absurda para algum dos casos, a lutra contra o chefe será terrivelmente difícil.

Exorcizando demônios

Mas não pense que os Ouma vão deixar a dupla trabalhar em paz: os monstros atacam os protagonistas, que combatem as criaturas. Neon, por ser membro de uma família especializada em exorcismos, é quem enfrenta os Ouma. A garota é sempre cercada de inimigos e tem que enfrentá-los simultaneamente em tempo real. Os ataques e feitiços são desferidos ao ativar cartas especiais, sendo que o tipo da carta determina as características do golpe, como direção e alcance. Os comandos são simples: na tela de toque aparecem três montes de cartas, com barras que se enchem lentamente. Quando o medidor está completo, a carta pode ser arrastada para o centro da tela, ativando seu efeito. Como tudo acontece em tempo real, é necessária muita atenção.

Conforme avança na aventura, Neon recebe mais e mais cartas. Classes alternativas, que provêm inúmeras habilidades, podem ser obtidas por meio de skill points. Já Sigma, por ser versado nas artes do som, assume o papel de condutor da batalha. O rapaz pode alterar a música de fundo dos confrontos, que altera as habilidades disponíveis para Neon e o intervalo em que os ataques podem ser desferidos.

Beleza Inusitada

Sigma Harmonics já se mostra inusitado na maneira em que ele usa o DS: o portátil deve ser segurado de lado, como se fosse um livro, a exemplo de jogos como Brain Age e  Hotel Dusk: Room 215. Os cenários do game são belos e repletos de detalhes, com imagens pré-renderizadas e modelos 3D dos personagens. A mansão Kurogami apresenta uma grande variedade de salas e aposentos, que diferem de acordo com a época visitada. A música, que é de autoria de Masashi Hamauzu, é um dos destaques do game: são inúmeras faixas de batalha e ambientes, que só ajudam a complementar o clima da história.  As composições têm papel importante também na jogabilidade, já que é possível alterar os temas de batalha para melhor explorar as habilidades de Neon.


Preso no tempo e espaço japonês

Sigma Harmonics tinha tudo para dar certo: um conceito inusitado, aliado a uma história interessante e jogabilidade diferenciada. A crítica especializada gostou do título, mas, infelizmente, o jogo vendeu muito mal no Japão. Um dos motivos do fracasso do jogo foi a falta de divulgação por parte da Square Enix que, por exemplo, só liberou vídeos com a jogabilidade dias antes do lançamento. Por conta das fracas vendas, Sigma Harmonics não foi lançado no Ocidente. Uma versão para celulares, intitulada Sigma Harmonics Coda, também foi lançada. E vocês, gostariam de jogar este game?

Revisão: Marcos Silveira
Capa: Felipe Araújo

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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