Contagem regressiva para Kalos - Parte 2: Recapitulando mecânicas e quebrando tabus

em 30/08/2013

Após uma retrospectiva estética e visual da série Pokémon , é chegada a hora de nos aprofundarmos um pouco mais e ver além da casca. Claro... (por Fellipe Camarossi em 30/08/2013, via Nintendo Blast)

Após uma retrospectiva estética e visual da série Pokémon, é chegada a hora de nos aprofundarmos um pouco mais e ver além da casca. Claro, a primeira impressão é sempre importante, mas o que é uma beleza se não houver conteúdo? Embarquem conosco no segundo capítulo da nossa contagem regressiva para o lançamento de Pokémon X/Y (3DS) e vamos rever o que nos foi proporcionado até hoje em questão de jogabilidade, e o que nos aguarda no novo continente e na nova geração dos monstrinhos mais famosos do mundo.

Onde tudo começou

Pokémon Red/Blue (GB), a origem de uma lenda. Inovador para a sua época, a maior parte dos estereótipos que permeiam a série até hoje tiveram origem nestes jogos. Aqui temos o professor Oak, pesquisador e interessado em catalogar todas as criaturinhas na região de Kanto, e este lhe incumbe de fazer o trabalho em troca de seu primeiro Pokémon. Munido de sua Pokédex, o protagonista parte em viagem ao redor do mundo, mas não pense que ele vai encarar esta missão sozinho! Paralelamente, o neto do professor e seu rival irá sair com o mesmo objetivo, e sem a intenção de ficar atrás do personagem principal.

No decorrer de sua aventura, o protagonista não anda somente com seus pés, mas também conta, futuramente, com uma bicicleta. Com seu novo meio de transporte, cruzar os longos espaços entre as cidades se torna algo muito mais simples e rápido, embora ainda não seja capaz de pular por cima de pequenos barrancos estrategicamente posicionados para controlar a direção que o personagem pode seguir.

Bem, talvez sejam muito altos, não é? Quem sabe ele aprende no futuro?

A origem - Parte 2?

Ao menos temos mais cores.
Inegável dizer que Pokémon Gold/Silver/Crystal (GBC) parece uma extensão da primeira geração. A melhora gráfica foi sutil e temos aqui mecânicas muito semelhantes, como o professor pesquisador e o rival que sempre lhe confronta. A diferença entre os dois rivais é que o anterior queria ser superior ao protagonista em sua missão e o segundo tem seus próprios objetivos para ser o melhor, e não vai poupar esforços para isso – tanto que até roubou o seu pokémon inicial.

Novamente temos um meio de transporte, uma bicicleta, mas quase foi um skate! As novidades chegam mesmo com a adição da Battle Tower, um estabelecimento onde o treinador poderia testar suas capacidades contra poderosos oponentes, e com a chegada do sistema de felicidade, uma contagem que estabelecia o grau de união entre o pokémon e seu treinador. Com isso chegaram algumas funções que usam esta contagem, como ataques (Return e Frustration, com seu poder aumentado de acordo com o nível de felicidade do monstrinho) e métodos de evolução (que serão abordados em uma outra parte da retrospectiva).

O primeiro salto, a terceira geração

Novamente estamos diante de um professor que quer catalogar os monstrinhos ao redor de sua região em Pokémon Ruby/Sapphire/Emerald (GBA). Para competir com o protagonista, temos um(a) rival, mas dessa vez o rival não é um passivo-agressivo que tem desejo de ser o melhor de todos. Na real, é bem amigável. Só que não é o único. Neste jogo foi introduzido o sistema de dois rivais, onde o segundo, Wally, surge pouco depois e o protagonista chega até a ajudá-lo para começar sua jornada. Este sim quer ser o melhor, mas nem de longe é tão ambicioso quanto os seus predecessores.

Admito que sinto falta disso.
Nas novidades também temos novas bicicletas, duas diferentes, e ambas com utilidades diferentes. A primeira, Acro Bike, permite fazer manobras com o veículo e acessar diversas partes do mapa, e a segunda, Mach Bike, possui uma velocidade muito maior e pode passar por terrenos acidentados sem cair. Para trocá-las é só ir na loja onde você as adquire e solicitar a troca, que pode ser feita diversas vezes. Algo que se instaurou nessa geração também (e perpetuou-se nas seguintes) foi a possibilidade de correr como alternativa de se mover mais rápido.

Ainda no assunto da mobilidade, foi nesta geração que foi introduzida a movimentação embaixo d’água através do ataque Dive. Já era normal se mover por cima da água com Surf desde o primeiro título, mas aqui foi a primeira exploração do fundo do mar na série, embora eu nunca tenha entendido ao certo como o protagonista ficava tanto tempo submerso.

De boa aqui sem respirar.
Foi nessa geração que foi introduzida uma nova forma de se usar os monstrinhos, através dos Pokémon Contests. Nestas competições, mais importante do que ser forte é ter classe; os pokémons participam de uma espécie de concurso de beleza onde demonstram seus ataques para um grupo de jurados. É algo que sai do padrão de sempre enfrentar os ginásios e a liga, que foi bem popular no seu lançamento.

Para concluir, aqui também surge o Battle Frontier, uma ilha isolada da aventura principal com estruturas baseadas na Battle Tower (inclusive, esta é uma delas), que envolvem enfrentar poderosos treinadores sob determinadas regras para conquistar medalhas (semelhantes às insígnias) e itens raros. No fim das contas, a terceira geração adicionou uma grande dose de conteúdo para a série e isso só se expandiu no decorrer dos anos.

Migrando para duas telas

Com Pokémon Diamond/Pearl/Platinum (DS), a série deu mais um passo para o seu crescimento, embora não seja tão notável como antes. O professor e os rivais aparecem mais uma vez, mas com uma personalidade um pouco mais rasa do que os que vimos até agora. O professor é bem mais distante e fechado que os anteriores, e é bom relembrar que aqui acontece a primeira ocorrência de um laboratório do professor do continente não ficar na cidade inicial do protagonista, inovando na forma de se conseguir o seu inicial.

Prosseguindo com a história dos Contests, temos aqui o Pokémon Musical, estabelecimento onde você enfeita seus monstrinhos e participa de uma apresentação musical diante de um público. Não pareceu ser tão envolvente como os Contests, e talvez por isso que nos remakes de Gold/Silver tivemos a troca para o Pokéathlon, provas esportivas envolvendo os monstros de bolso.

A famosa bicicleta surge mais uma vez, mas diga adeus para Acro e Mach Bike, pois voltamos a ter apenas uma. O diferencial desta é que pode mudar de marcha para regular a velocidade do veículo (o que é pouco usado na prática, serve mais para ter melhor controle do personagem). Houve reaproveitamento da Battle Tower e do Battle Frontier em HeartGold/SoulSilver (DS), mas sem grandes inovações. Talvez seja por isso que esta não foi a última geração a ficar no Nintendo DS.

É uma confusão, mas é divertido. Tipo show de rock.

Cruzando as fronteiras

Foi daqui que pediram três
iniciais e meia calabresa?
A última entrada da série como conhecemos agora foi em Pokémon Black/White (DS) e Black 2/White 2 (DS), e cá temos um verdadeiro apanhado de tudo que tivemos até hoje de forma melhorada. A professora fica em uma cidade fora da inicial, mas nem por isso sua atitude é distante, é até bem presente.  Temos dois rivais (ao menos em BW) e ambos tem um excelente desenvolvimento de personagem, com seus próprios perfis e objetivos pessoais.

A bicicleta volta da mesma forma que era no começo, sem os extras. Em compensação, é a única coisa que se manteve igual. Battle Tower foi substituída pelo Battle Subway; em vez de subir uma torre, você atravessa os túneis de um metrô, e isso também serve para chegar em determinados pontos do mapa (algo feito antes em GSC para transitar entre Kanto e Johto). Já em BW2, temos também o Pokémon World Tournament, onde a nostalgia vinha com tudo ao enfrentar ícones das gerações anteriores em torneios temáticos.

O Battle Subway parece bem mais emocionante aqui do que no jogo.
Também foi aqui onde as interações de Pokémon chegaram em um novo nível, permitindo conectar-se com o site do Dream World através da internet, jogando minigames e conquistando monstrinhos para o seu cartucho. O Entralink, uso inteligente da tela inferior, permitia um multiplayer divertido com outros jogadores locais que não fosse somente trocar criaturinhas e batalhar. É uma pena que a série demorou tanto para ver o verdadeiro potencial da tela inferior no controle de menus e de extras, deixando DPPt ofuscados pelos seus sucessores na questão de jogabilidade. Ah, e a propósito, até hoje não conseguimos subir aqueles barrancos da primeira geração.

Até hoje.

A dimensão da liberdade

Como puderam notar até agora, Pokémon criou diversos tabus que foram seguidos e respeitados por cinco gerações. Algumas coisas mudaram, é verdade, mas foram mudanças conservadoras e leves, como se tivessem medo de sair de sua zona de conforto. Honestamente falando, essa sempre foi a atitude da Nintendo em qualquer vertente dos seus campos de atuação, e não podia ser menos aqui. Felizmente, esse medo cedeu e agora temos uma nova perspectiva do universo dos monstrinhos de bolso.

Para começar, esqueçam as quatro direções; com o direcional analógico o protagonista pode se mover em todas as oito direções permitidas. Andar em diagonal. É uma mudança leve, mas qualquer fã que se preze sabe o quanto esperamos por isto na série, da mesma forma que agora é possível sentar nos bancos disponíveis por toda parte do cenário. Segundo os testes das demos, correr se tornou a forma normal de mobilidade, sem ter de pressionar o botão B para se mover dessa forma – pelo contrário, agora o botão te faz andar normalmente.


Como de praxe, a bicicleta está presente, como foi visto em alguns trailers. Todavia, essa não é nossa única forma de locomoção acelerada:  patins também são visíveis em diversos outros gameplays apresentados, sendo a primeira forma diferenciada de mobilidade desde a tentativa de introduzir o skate na segunda geração. Mas não está faltando algo? Com tantos pokémons enormes e alguns que até nos permitem viajar pelo mar em suas costas, por quê não podemos montar em alguns e passear por aí? Bom, agora podemos.

Por enquanto só vimos acontecer com Rhyhorn e os novos pokémons Skiddo (imagem abaixo) e Gogoat, mas agora é possível montar em seus monstrinhos. Não há detalhes sobre os locais em que isso é possível ou se os pokémons utilizados são de fato seus, mas já é algo totalmente novo ter esse tipo de relação com os seus parceiros. Além de tudo, o que suas bicicletas e personagens não conseguiram fazer por anos, os pokémons conseguem: eles podem pular os barrancos.

Lágrimas másculas de emoção escorrem em minha face.
Os treinadores adversários, que aparecem no decorrer da aventura, por muitas vezes foram conhecidos por serem irritantes, desafiando o protagonista sem chance de resposta quando este entra em seu campo de visão, mas parece que agora este tabu também se foi; os treinadores agora são educados. Segundo fotos dos testes das demos, os treinadores agora perguntam se você quer batalhar, te dando a opção de aceitar ou recusar naquele momento, podendo retornar mais tarde para retomar o desafio. Bem, sem mais desculpas pra não estar preparado!

Dessa vez não temos um rival, nem dois, mas quatro. Segundo as informações já reveladas do título, o protagonista tem um grupo de amigos que iniciarão sua jornada ao mesmo tempo que ele, e todos serão cruciais no decorrer da trama. Um deles, inclusive, parece querer ser dançarino. Seria essa uma pista para uma nova estrutura no estilo do Contest e do Musical? Só o futuro dirá.

Espera, o professor vai lutar?!
Nem mesmo o professor Sycamore segue os mesmos padrões de outras gerações, sendo que nesta ele inclusive combate o protagonista para ensinar-lhe algumas coisas. O que podemos esperar desse relacionamento com aquele que lhe dará o seu inicial? Será que ele irá lutar com o personagem principal apenas uma vez? É algo a se pensar.

Concluindo com as novidades até então apresentadas nas mecânicas de X/Y temos o Pokémon-Amie, uma nova ferramenta para interação com seus monstrinhos. Lembram-se do sistema de felicidade? Pois bem, este parece ser o outro nível desta brincadeira. Através dele é possível brincar e alimentar seus pokémons, ou mesmo machucá-los se não tiver cuidado na interação. Com isso, cada criatura terá três contadores: Amizade, Fome e Diversão. Aumentar as barras e cuidar do monstrinho pode inclusive ter influência em combate, mas vamos deixar isso para uma próxima parte...

O que acharam da segunda parte da nossa retrospectiva? Tem algo que vocês esperam das mecânicas que estão por vir em X/Y? O que acharam das que surgiram até agora? Tem algo que desejem que abordemos nas próximas partes? Comentem e participem!
Revisão: Marcos Silveira
Capa: Felipe Araujo
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