Análise: Aí vem um furacão... de nostalgia! DuckTales Remastered é pura diversão 8 bits no Wii U

em 16/08/2013

Aqui estou eu, visitando Tio Patinhas e seus três sobrinhos novamente. Já faz algum tempo desde a última vez e tudo parece estar em seu lu... (por Luciana Anselmo em 16/08/2013, via Nintendo Blast)

Aqui estou eu, visitando Tio Patinhas e seus três sobrinhos novamente. Já faz algum tempo desde a última vez e tudo parece estar em seu lugar... Mas ainda assim, tudo está completamente diferente. Antes eu era uma criança fascinada pelos patinhos em 8 bits do NES, hoje sou uma adulta prestes a relembrar minhas aventuras na busca de tesouros nos cenários detalhados e coloridos do Wii U. DuckTales fez parte da minha infância, tanto o desenho como o jogo de Nintendinho, e por isso, sabia que era preciso ter cuidado para não deixar a nostalgia falar por mim nesta análise. Então, fiz o seguinte: joguei a versão original do NES e a remasterizada do Wii U ao mesmo tempo. Assim pude ter uma clara noção de como o original é realmente, em vez de apenas tirar conclusões com o que tenho em minha memória da infância, e ver o que se manteve, o que foi adicionado e o que foi melhorado neste remake de alta definição.

Aí vem um furacão... de nostalgia

Depois de ler alguns comentários ou textos de pessoas falando sobre DuckTales, percebi que, infelizmente, muitos estão levando o game como algo que ele não é: um jogo novo. Não, não esperem por isso. Este foi e ainda é um jogo de Nintendinho, e está apenas remasterizado e com alguns extras. Se olharmos para ele de outra forma, e o imaginarmos como algo pertencente a esta geração, vamos encontrar muitas coisas que não condizem com o que temos atualmente e aí sim poderíamos encontrar algo do que realmente reclamar. Com isto em mente, vamos ao que interessa.


Ao começar a jogar a versão original, me surpreendi por lembrar tão bem das fases, das áreas secretas e dos lugares onde os inimigos se encontravam, coisas necessárias de se decorar quando se trata de um jogo da antiga geração. Assim que escolhíamos o nível de dificuldade, nós deparávamos com o Tio Patinhas em frente ao seu super computador, cuja tela nos dava cinco opções de lugares que poderiam ser escolhidos em qualquer ordem: Amazônia, Minas Africanas, Transilvânia, Himalaia e a Lua. Como nos bons tempos, passei por cada uma deles, sempre coletando diamantes e tesouros, e só então me decidi por encontrar os caçadores de aventuras remasterizados no Wii U. Assim que iniciei o jogo, não consegui conter um sorriso, a velha e contagiante música tema do desenho estava lá e sei que só isto seria capaz de conquistar muitas pessoas.


Direto do túnel do tempo

Diferente do que revi na versão original, onde o jogo começava e boa sorte, agora temos uma espécie de fase inicial na mansão de Tio Patinhas, na qual os irmãos Metralha se encontram para tentar roubar um aparente quadro sem valor. Deste quadro, cai um papel falando de cinco tesouros muito valiosos, e como o nosso patinho ganancioso não poderia ignorar isto, ele logo aciona o seu super computador para determinar a localização destes raros itens.


Possivelmente, esta introdução tem a intenção de acostumar os novos jogadores aos controles do ataque de Tio Patinhas com sua bengala, seja pulando com ela ou batendo em objetos, e à dificuldade que os esperaria. Imagino que vocês já saibam que os lugares onde os tesouros se localizam são os mesmos do jogo original. Isto que chamo de empenho por parte da WayForward por criar uma história para um simples jogo da era 8 bits! Primeiramente, tenho que dizer que me impressionei com o traço dos personagens, que pareciam ter saído do próprio desenho animado. Curiosa para ver a nova cara dos antigos cenários, parti para a Amazônia com o Capitão Boeing e me deparei com aquele mesmo lugar que havia visto em pixels por minha vida toda, mas agora tudo estava detalhado, colorido e vivo.


Quem já jogou o original vai acabar se maravilhando com a maneira com que as fases foram mantidas praticamente da mesma forma que eram antigamente, sendo que agora estão trabalhadas de forma impecável. Mesmo quem nunca viu o game no NES, vai se render à beleza colocada em cada lugar. O fundo dos cenários ganha uma perspectiva 3D, que acaba por dar mais vida no aspecto geral dos ambientes, e a vontade é de poder explorar estas lindas adições. Mas se tratando de um clássico side-scroller, isto não é possível e provavelmente fugiria demais da proposta original do game. Mas não pensem este é um remake completamente igual ao original, em vez disto, temos um bom equilíbrio entre as novidades adicionadas e os elementos essenciais para se manter fiel ao clássico. Temos ambientes extras e alguns modificados em cada fase e as batalhas com os chefes estão diferentes para melhor e se encaixam bem ao que estamos acostumados atualmente.


Divertido como um desenho

Outra novidade fica por conta da história, pois agora temos diversas cenas espalhadas pelo jogo. Elas estão lá para tentar justificar toda a história sobre Tio Patinhas e sua caça aos tesouros por tantos lugares diferentes, incluindo também explicações sobre como patos respiram na lua. Elas são divertidas e a dublagem americana é muito boa, contando até com o veterano que fazia a voz de Tio Patinhas no desenho animado. Infelizmente não temos uma dublagem brasileira como opção, o que seria incrível, mas considerando que este é um simples remake com disponibilidade apenas digital, o investimento não faria o menor sentido. Mas a boa notícia é que tudo é traduzido para o nosso querido português, sendo que até os nomes dos personagens estão como conhecemos, que aliás aparecem em peso, agradando mais ainda os fãs desta série da Disney.


De qualquer forma, as cenas são legais de serem assistidas uma ou duas vezes, mas e quem disse que você só vai assistir uma vez? A dificuldade é a mesma do NES, então, é esperado que você morra muitas vezes durante suas aventuras. O problema é que o jogo não reconhece que você já assistiu as cutscenes antes, e elas são ativadas normalmente sempre que você reiniciar uma fase. O único jeito de evitá-las é pausando o jogo para entrar no menu e escolhendo a opção “Pular cena”. Nada muito difícil ou irritante de fazer, considerando que é a primeira opção na tela do menu e leva menos de um segundo, mas certamente é algo que não deveria acontecer. Já a tão elogiada trilha sonora permanece a mesma, porém, remasterizada com muito primor também. Mas não se preocupem, para os que querem matar as saudades, existe um esqueminha para mudar as músicas para os velhos sons do console 8 bits.


Nostálgico até na dificuldade

Algo que percebi é que muitos têm reclamado da dificuldade do jogo, que pode ser um problema para os que estão acostumados com a facilidade que encontramos hoje em dia, afinal é como eu disse, este é um título de NES, e dificuldade alta é quase um elemento inerente dos games 8 bits. Aqueles, que assim como eu, estão acostumados com esse desafio dos jogos antigos, terão que refazer algumas fases diversas vezes mas não se sentirão muito incomodados. Os controles são precisos, especialmente quando usamos o D-Pad ao invés da alavanca analógica (clássicos devem ser jogados como clássicos) e na maior parte do tempo, você só sofre danos por falta de atenção mesmo.


Para aqueles que não experimentaram os belos clássicos que faziam as pessoas jogarem seus controles na parede, aqui vai a dica de ouro: jogue a mesma fase várias vezes e decore os padrões e localizações dos inimigos, é assim que fazíamos nos dias onde tutoriais no meio jogo, checkpoints e infinitas chances de continuar de um mesmo ponto eram inexistentes. Então se forem tentar, lembrem-se que do desafio que os espera, tenham paciência e boa sorte!

Quem é pato nunca perde a majestade

Bom, o que mais posso dizer? A WayForward fez um ótimo trabalho ao remasterizar este clássico, e ainda por cima acrescentou elementos para agradar os fãs do desenho e do jogo, conseguindo também resgatar um pouco da juventude do título. Este é certamente um prato cheio aos jogadores das antigas que gostariam de relembrar os bons tempos e que sentem saudades da falta de desafio nos jogos atuais. Para os mais jovens ou para quem não teve contato com o jogo original, recomendo que saibam bem do que o game se trata e como ele é antes de o adquirirem, assim podem evitar qualquer eventual frustração.


No fim, é só lembrar o que falei no início da análise: vejam este jogo como um título de Nintendinho, só que com visuais moldados para os dias atuais. Tendo isto em mente, garanto que não haverá decepção e que se divertirão muito indo atrás de tesouros com os famosos caçadores de aventuras, algo que fiz muitos anos atrás ouvindo esta música:

Prós:

  •  Os visuais são incontestavelmente lindos e bem detalhados;
  • A jogabilidade se manteve de acordo com a original e os controles respondem muito bem;
  • Tem um ótimo equilíbrio entre os elementos clássicos e as novidades adicionadas.
  • A dublagem americana e as legendas em português agradam qualquer fã

Contras:

  • As cenas interrompem o jogo toda hora e têm que ser que cortadas manualmente;
  • A dificuldade pode ser elevada para quem não está acostumado com jogos antigos
DuckTales: Remastered - Wii U - Nota: 9,0


Revisão: Samuel Coelho
Capa: Hugo Henriques 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.