Salve Hyrule da escuridão no clássico The Legend of Zelda: Twilight Princess (GC)

em 07/07/2013

A indústria dos videogames tem como uma de suas mais fortes características o poder de criar grandes expectativas ao seu público alvo. T... (por Unknown em 07/07/2013, via Nintendo Blast)


A indústria dos videogames tem como uma de suas mais fortes características o poder de criar grandes expectativas ao seu público alvo. Todos os anos, na E3, a maior feira da comunidade gamística do mundo, somos surpreendidos por apresentações grandiosas por parte das grandes marcas do setor. Os anúncios de jogos e consoles são tratados como grandes marcos tecnológicos e levam os mais aficionados ao delírio. Contudo, tal grandiosidade vem se tornando algo cada vez mais banal, já que hoje até o anuncio de simples jogos de redes sociais são tratados dessa forma (EA estou olhando para você).



No meio de tudo isso, uma das poucas franquias das antigas que ainda consegue se sobressair e gerar expectativa não só a seus fãs, mas em toda a comunidade é The Legend of Zelda, a mais genial criação de guru Shigeru Miyamoto, criador de muitos dos grandes mascotes da indústria. Contudo, nenhum anúncio inerente à franquia causou tanto furor como o de Twilight Princess, um dos jogos mais aclamados da geração 128 bits.

A lenda da Tech Demo

Em 2000, durante a já extinta Space World, evento em que a Nintendo apresentava todas as suas novidades para o ano, a empresa entusiasmou fãs de todo o mundo com um vídeo com boa parte de suas franquias consagradas e que demonstrava as capacidades de seu mais novo console de mesa, o GameCube. Dentre todos os excelentes jogos demonstrados por poucos segundos, como Luigi’s Mansion, Metroid Prime, Mario 128 e Kameo: Elements of Power, havia uma curtíssima e maravilhosa cena de uma batalha feroz entre Link e Ganondorf. A cena virou manchete das revistas e sites do ramo de todo o mundo e todos aguardavam ansiosamente por novas informações do futuro clássico que estava por vir.



Naquela época, a indústria passava por grandes mudanças: a Nintendo, ainda liderada pelo conservador, mas genial, Hiroshi Yamauchi, não vivia um bom momento em vendas e decaía cada vez mais. A Sega havia desistido de produzir consoles depois do fiasco em vendas do injustiçado DreamCast e a Sony liderava isolada o mercado com seu PlayStation e o novíssimo PlayStation 2. Finalmente, a Microsoft ainda engatinhava com os preparativos do lançamento de seu primeiro Xbox (não é o Xbox One). O GameCube era visto como o grande truque na manga da Big N e a estratégia era reunir o máximo de franquias consagradas da empresa e levá-las a uma nova geração com gráficos até então nunca imaginados.

A primeira aparição tridimensional de Samus Aran deixou todos de boca aberta!
Um ano se passou e mais uma Space World, infelizmente a última, aconteceu. Mais uma vez grandes jogos do GameCube como Super MarioSunshine, Animal Crossing e Metroid Prime foram mostrados, mas o que todos esperavam era o retorno triunfal de Link e seus visuais ultrarrealistas. Para o choque de muitos, não foi o que aconteceu. Um trailer em que mostrava um Link que mais parecia uma menina super poderosa foi revelado, e o novo estilo gráfico escolhido para a série foi extremamente criticado em todas as partes do mundo, afinal, Zelda já era consagrado por seus gráficos realistas apresentados em Ocarina of Time e Majora’s Mask. Por que raios a Nintendo resolveu estragar a melhor franquia de todas?



A resposta de Miyamoto

Apesar de todas as críticas, o desenvolvimento do novo Zelda para GameCube seguia tranquilamente. Miyamoto estava decidido: não ia mudar o estilo gráfico de seu jogo em nenhuma hipótese! Os fãs começaram a se acostumar com a situação apesar de torcerem o nariz a cada nova imagem ou detalhes da história revelados. O jogo tinha cada vez mais detalhes revelados e tudo parecia ir de mal a pior: “um Link em desenho animado? Esse é um jogo para crianças!”, “como assim o Link tem uma irmã? Que grande porcaria...”. Essas eram algumas das frases ouvidas por toda a mídia e jogadores do mundo durante o desenvolvimento do título, já chamado de “The Wind Waker”.

Apesar de não ter sido o que todos esperavam, Wind Waker é um título excelente!
Em dezembro de 2002, o primeiro choque: o jogo conseguiu a nota máxima na respeitada publicação japonesa Famitsu. A análise da revista chocou a todos, já que, naquela época, a revista já existia há quase vinte anos e só havia dado nota máxima a quatro títulos, sendo um deles, Ocarina of Time. A partir daí a comunidade gamer começou a ver o jogo com outros olhos e, alguns meses depois, com o lançamento do jogo no ocidente, a genialidade de Miyamoto foi mais uma vez comprovada com um dos melhores – se não o melhor – jogos da franquia.

Welcome, Regginator!

Apesar do grande sucesso de Wind Waker, muitos ainda desejavam, no fundo de suas almas, o lançamento de um Zelda que se aproveitasse das capacidades do GameCube e abusasse de gráficos realistas para criar-se uma Hyrule gigantesca e cheia de detalhes. O sonho parecia cada vez mais distante, já que a Nintendo logo anunciou que Wind Waker 2 estava em produção.

A raríssima imagem que confirmava a sequência de Wind Waker. Fonte: IGN
O ano de 2004 foi decisivo para a empresa. Yamauchi estava se aposentando, dando espaço para o criador de Kirby, Satoru Iwata e o GameCube estava enfrentando sérias dificuldades. Algumas medidas drásticas precisavam ser tomadas. A resposta veio na E3, com uma imagem mais madura e um novo diretor de marketing, Reggie Fills-Aime, a Nintendo apresentou uma linha de jogos muito forte e cheia de grandes novidades, como Resident Evil 4, Metroid Prime 2: Echoes e até mesmo o Nintendo DS. Reggie parecia muito à vontade e cheio de confiança de que a Nintendo estava indo pelo caminho certo.


              

Após uma conferência cheia de anúncios de qualidade, o chutador de bundas da empresa disse que havia mais um anúncio. E que anúncio! As luzes se apagaram, um cenário ultrarrealista foi mostrado, e ao fundo via-se Link cavalgando Epona. O público foi à loucura no que é considerado até hoje um dos melhores momentos de todas as E3. A apresentação terminou com Miyamoto em pessoa no palco. Portando uma Master Sword e um Hylian Shield, a maior lenda dos games dizia que para chegar ao topo, Link devia crescer, assim como a franquia como um todo. O anúncio foi recebido como um dos mais importantes já realizados pela Nintendo, e Reggie como um showman que não só fazia marketing, mas entregava o que os fãs desejavam da Nintendo.



A desesperadora espera

Após o anúncio do título, as informações eram muito escassas. Tudo o que se sabia sobre o jogo é que ele seria lançado em 2005 e que Link era capaz de lutar mesmo quando montado em Epona. Após quase um ano, um segundo trailer ainda mais incrível que o primeiro foi mostrado e assim eram dadas as informações do título: a conta gotas. Foi então que a pior notícia possível foi dada: o jogo seria adiado por mais tempo para mais refinamentos. Reggie dizia que o jogo só seria lançado quando estivesse perfeito e que a Nintendo nunca mobilizou tantos funcionários para fazer um jogo. Neste ponto, o hype já estava incontrolável e foi muito difícil para todos aguentar mais tempo de espera. No meio tempo a Nintendo ainda anunciou o Revolution, console de mesa que mais tarde se tornou o revolucionário Wii e não demorou muito para o jogo ser anunciado como título de lançamento do novo console, sendo este o primeiro Zelda a ser lançado para dois consoles de mesa da empresa. O nome também apareceu: o jogo se chamaria Twilight Princess e Link seria capaz de se transformar em um lobo. Depois de dois anos e meio de espera, em 19 de novembro de 2006, Twilight Princess foi lançado para Wii e duas semanas depois para GameCube. Finalmente estávamos diante do mais aguardado e grandioso Zelda já criado em todos os tempos.

O plano de Ganondorf

Atenção: O trecho abaixo contém spoilers!
O final de Ocarina of Time, segundo a própria Nintendo, desencadeou três realidades paralelas distintas à Timeline da série: na primeira delas, Link é derrotado por Ganondorf ao tentar salvar Hyrule e o acontecimento levou à Guerra do Aprisionamento que antecede A Link to the Past. Na segunda, o Herói do Tempo derrota Ganondorf e tem seu paradeiro desconhecido, o que leva à fuga do vilão da Sacred Realm, onde havia sido selado pelos sábios, e ao alagamento de Hyrule que desencadeia os acontecimentos de The Wind Waker. Finalmente, na terceira realidade, após derrotar Ganondorf, Link é enviado por Zelda de volta para seus tempos de criança para que ele possa aproveitar sua juventude sem carregar o fardo de ter de salvar o mundo. Contudo, ao retornar aos tempos de criança, Link ainda se lembra das más intenções do ladrão do deserto de Gerudo e corre até o castelo de Hyrule para alertar a princesa quanto aos planos do vilão para obter a Triforce.

Link dando seu recado a Zelda no final de Ocarina of Time
Com as intenções do vilão expostas, o Rei de Hyrule ordenou que Ganondorf fosse preso e executado pelos sábios guardiões do reino e da Triforce. O ladrão é então levado para Arbiter Grounds, uma localidade no meio do Deserto de Gerudo que abriga o Mirror of Twilight, um espelho que serve como transporte para um mundo coberto de escuridão habitado pelos Twilli, uma raça de seres mágicos que foram exilados no local. A execução de Ganondorf estava prestes a se consumar e os sábios já haviam fincado-lhe uma espada no peito. Contudo, o vilão consegue se libertar de suas correntes e assassinar a sangue frio o sábio da Água com a própria espada que havia sido utilizada para golpeá-lo. Desesperados, os sábios não veem outra opção além de enviar e selar Ganondorf no Twilight Realm através do Mirror of Twilight.


Prestes a ser executado, Ganondorf consegue escapar...
Mesmo selado, o vilão não desiste de conquistar Hyrule e começa a arquitetar um plano que levaria mais de um século para ser consumado. Para tal, o ladrão do deserto utiliza Zant, um ambicioso Twilli que é facilmente manipulável graças à seu desejo cego por poder. Assim, Ganondorf e Zant dominam o Twilight Realm e rendem a imponente princesa Midna, transformando-a em um ser que se parece com um gato. Zant invade Hyrule se autodenominando o Rei do Twilight Realm e oferece uma escolha à princesa Zelda: ou ela permite a fusão entre as duas realidades, o que cobriria o reino de escuridão gradativamente, ou uma grande guerra iria começar, o que destruiria Hyrule de uma vez por todas. A princesa se vê obrigada a aceitar a primeira opção e começa a ver seu reino ruir com uma onda de escuridão e submissão.

...e manipula Zant para dominar Hyrule!
Ao sul do castelo de Hyrule, em um pequeno vilarejo na província de Ordona, iniciavam-se os preparativos para a participação em um evento que ocorreria em Hyrule. Link, um jovem morador da cidade, fora convocado para substituir o prefeito do vilarejo que deveria ir até o castelo e entregar uma espada de presente à princesa Zelda. Com os preparativos indo a todo vapor, o vilarejo tem sua agitação intensificada com o desaparecimento das crianças que lá habitavam. Link parte em busca delas e descobre que Moblins haviam as prendido junto com inocentes macaquinhos que habitavam as florestas da região. Aquele lugar era muito pacato, e notava-se que algo muito estranho estava acontecendo. No dia seguinte, o vilarejo é invadido por muitos monstros que, mais uma vez, levam as crianças e Ilia, uma grande amiga de Link e filha do prefeito. Link é golpeado na nuca e cai desmaiado no chão.

O pacato vilarejo nunca mais seria o mesmo
Ao acordar, o rapaz percebe que não está mais em Ordon Village, e sim em um castelo coberto de escuridão. Além disso, Link se dá conta de que foi transformado em um lobo e que um estranho triângulo dourado estava brilhando em sua pata. Neste momento, surge Midna, que em toda sua arrogância e tom de deboche propõe que o garoto vá atrás dela para retornar à sua forma original. Não demora muito para Link descobrir que está no castelo de Hyrule e que ele é visto como o escolhido para salvar o mundo, já que profecias do Twilight Realm diziam que o escolhido se transformaria em um animal ao entrar em contato com a escuridão. Link é levado até a princesa Zelda e ela pede para que o rapaz ajude-a a salvar Hyrule. Com ajuda de Midna, o garoto retorna a Ordon Village, já em sua forma original, mas percebe que está usando uma túnica verde, que já pertenceu a um grande herói que foi capaz de salvar Hyrule do mau e da escuridão.

Zelda explica a Link sua missão de salvar Hyrule das trevas
Assim começa a aventura de Link para salvar o mundo do domínio de Zant e da escuridão. Como em todo jogo da franquia, o jogador deverá explorar um mundo gigantesco em busca de templos recheados de puzzles que contêm tesouros que, unidos, levam o herói ao confronto final que decidirá, mais uma vez o futuro de Hyrule. Twilight Princess leva a fórmula ao extremo, unindo uma narrativa espetacular a um mundo gigante e cheio de elementos para serem descobertos e explorados.

O maior Zelda de todos os tempos

Logo de cara já dá pra notar o tamanho da aventura: levam-se mais ou menos cinco horas de jogo para que os jogadores cheguem ao primeiro templo, o Forest Temple. Com Twilight Princess, a Nintendo fez de tudo para criar uma Hyrule gigantesca, e este é de longe o maior Zelda já criado, levando no mínimo 30 horas para ser completado. O Hyrule Field passava uma sensação de imensidão que poucos jogos da época conseguiam transmitir, tanto que Epona já estava disponível logo no início da aventura, evitando que o jogador perdesse muito tempo se locomovendo entre as regiões de Hyrule.

A extensão do Hyrule Field tornava tudo ainda mais épico!
A consagradíssima fórmula de Ocarina of Time foi mantida ao extremo em Twilight Princess, e talvez esse seja seu maior defeito. Enquanto todos os Zeldas possuíam novas mecânicas completamente inovadoras, Twilight Princess foi um jogo conservador que, apesar de excelente, se manteve preso às raízes que lhe deram origem. É claro que o jogo trazia alguns novos elementos, como a transformação do herói em lobo, novos itens e o retorno triunfal de dinâmica de dois mundos paralelos utilizada em A Link to the Past. Contudo, nenhum deles trazia elementos chocantes que afetassem muito o gameplay como o contador de tempo em Majora’s Mask ou a navegação em Wind Waker. Os controles de Link transformado em lobo eram bem simples, apesar de muito funcionais, e os momentos em que era necessário controlá-lo se limitavam a uma coleta de itens que trariam a luz de volta ao local explorado. Os novos itens eram, na maioria das vezes, subutilizados, o que passava a impressão de que eles estavam lá apenas para fazer volume ao arsenal do herói, tanto que em Skyward Sword, Aonuma optou por um inventário mais enxuto em que se utilizavam todos os itens à exaustão.

Infelizmente, itens legais como o Ball and Chain foram subutilizados
O progresso no jogo também era bem linear, apesar das várias missões paralelas encontradas pelo caminho. Link chegava a uma nova região, realizava – na forma humana ou animal – algumas tarefas que o levavam ao templo do local, enfrentava puzzles e inimigos, conquistava um item e utilizava-o para derrotar o chefe, conquistando uma relíquia sagrada necessária para o confronto com Zant. Isso nem de longe é algo ruim: é a fórmula consagrada de Zelda levada ao extremo com um polimento jamais visto até o momento. O jogo era recheado de momentos memoráveis e reviravoltas no enredo, o que tornava tudo ainda mais envolvente e imersivo. Como sempre, o jogador se sentia o próprio Link, e o desejo de salvar Hyrule tomava conta, tornando a experiência algo muito pessoal e emocional, algo que poucas franquias sabem fazer como esta lenda criada por Miyamoto.

O jogo possui momentos belíssimos!
Os nove templos da jornada eram, mais uma vez, baseados em elementos da natureza como água, floresta, fogo, gelo e areia, e alguns, como City in the Sky e Snowpeak Ruins apresentavam conceitos geniais jamais vistos na franquia. Hyrule Field nunca foi tão vasto, e explorá-lo era um grande prazer. Cheio de segredos por todos os cantos, até os mais detalhistas poderiam deixar coisas passarem na primeira sessão de jogatina. Mas o que realmente brilhava em Twilight Princess era a dimensão paralela de Hyrule, dominada pela escuridão. Com gráficos de cair o queixo e uma ambientação incrível, a dimensão praticamente dobrava o tamanho físico do mundo do jogo, já que todos os cenários eram levemente modificados e ganhavam novos elementos para serem descobertos. É lá também que Link deve superar obstáculos em sua forma animal, o que mudava a dinâmica do jogo, dando um descanso para sua espada e escudo.


Apesar de não muito inovadoras, as passagens com o Wolf Link eram divertidas

Uma parceira de respeito

Os personagens de Twilight Princess seguem a cartilha dos criados em toda a franquia: possuíam carisma ímpar e eram capazes de, mesmo sem vozes, sensibilizar até os jogadores mais durões. Mas nenhum deles chega sequer aos pés de Midna. A Twilight Princess, do título do jogo, é simplesmente um dos mais geniais personagens que já passaram pela franquia. Irônica, debochada e de vez em quando até má, Midna acompanhava Link por toda sua jornada. Ao contrário de Navi e a completamente inconveniente Fi, a personagem sabia se manifestar nos momentos certos e não incomodava os jogadores com dicas inúteis e sem sentido.

Midna: a melhor parceira de Link em todos os tempos!
Além disso, a princesa era fundamental para o desenvolvimento da história e peça chave para o apoteótico final da jornada, que é cheio de reviravoltas e momentos extremamente emocionantes. Ao contrário de outros sidekicks de Link, Midna participava ativamente dos acontecimentos do enredo e o jogador se pegava diversas vezes preocupado com o bem estar da infeliz princesa.

Referências e mais referências!

Por se passar em uma dimensão em que o Herói do Tempo sequer chegou a existir, Twilight Princess é cheio de referências veladas ao clássico Ocarina of Time e se tornou um dos grandes mistérios de toda a Timeline da franquia. Afinal, como o jogo cita alguns elementos da Hyrule de OoT se simplesmente se esquece de falar da épica batalha travada entre Link e Ganondorf? Hoje, com tudo esclarecido pela Nintendo, fica mais fácil compreender o motivo de certas referências, além de ser possível afirmar que o jogo realmente se passa na mesma Hyrule de Ocarina of Time, mas com algumas pequenas mudanças.

Em primeiro lugar, os Kokiris foram extintos de alguma forma, mas deixaram suas marcas nas portas do Forest Temple, que possuem desenhos similares ao Kokiri Shield utilizado por Link na aventura do Nintendo 64. A Zora’s Sapphire, pedra espiritual entregue a Link pela princesa Ruto também faz sua aparição pendurada no pescoço de Rutella, a falecida rainha Zora que Link deve encontrar em determinado ponto da aventura. Além disso, no local onde é jogado o minigame de pescaria de Twilight Princess, podemos ver retratos do dono da propriedade na época de Ocarina of Time e chegamos até mesmo a visitar as ruínas do Temple of Time do jogo de Nintendo 64, o que é facilmente um dos momentos mais emocionantes de toda a aventura.

Para os fãs mais fervorosos, a sensação de adentrar o Temple of Time foi indescritível!
Contudo, dois pontos conseguem ser ainda mais intrigantes que os supracitados. Primeiramente, muitos perceberam que a Kakariko Village do título era bastante distinta da de Ocarina of Time. Eis que o Hidden Village, local visitado mais ao final da jornada, possui uma placa em sua entrada com os dizeres “Old Kakariko” e é habitado por uma senhora, Impaz, que é descendente do povo que fundou aquele lugar. Quem jogou Ocarina of Time sabe muito bem que Kakariko Village foi fundada pelos Sheikahs e que Impa era a única sobrevivente da tribo. Coincidência? Eu acho que não.

Impaz explicando a origem de seu nome e o motivo pelo qual vive sozinha no Hidden Village
Por fim, durante aventura, Link encontra um misterioso Stalfo que se diz um grande herói que foi esquecido com o tempo. O ser ensina novos golpes a Link e, em determinado ponto da jornada, chama-o de filho. Muitos jogadores suspeitavam que o Stalfo fosse o Link de Ocarina of Time, mas não havia bases o bastante para fundamentar tal afirmação. Contudo, com o lançamento de Hyrule Historia, em 2011, a teoria foi confirmada juntamente com o motivo pelo qual o herói diz ter sido esquecido e sequer é citado durante as dezenas de horas de jornada. A sacada da Nintendo em incorporar tais elementos foi genial e adiciona muito à incrível mitologia da série. Os fãs mais fervorosos da franquia têm até arrepios ao encontrarem referências entre os jogos, e Twilight Princess faz isso com maestria!


Não lembrado por ninguém, o Herói do Tempo ensina suas técnicas a Link

A escola de arte nintendista

Twilight Princess não se sobressaía apenas por seus gráficos polidos ao extremo, mas também pelo senso artístico afiado da Nintendo. Todos os elementos dos cenários estavam lá por algum motivo e colaboravam na composição de um mundo completamente vivo e crível. Com uma paleta de cor muito forte e viva, a Nintendo foi capaz de criar a mais linda Hyrule já vista, bem como personagens extremamente bem modelados e com expressões faciais muito bem feitas para a época. O jogo foi desenvolvido a partir de uma versão modificada da engine utilizada em The Wind Waker, o que explica a excelência técnica apresentada pelo título. Os efeitos de luz também eram primorosos, principalmente no Twilight Realm, que apresentava efeitos incrivelmente realistas e belos.

Twilight Princess conta com lindas cutscenes!
O estilo gráfico escolhido pela Nintendo para a aventura muito se assemelhava com Ocarina of Time, contando com um Link mais maduro e realista em um ambiente com um clima mais sombrio, que remetia à melancolia de Majora`s Mask. Aonuma admitiu em uma entrevista que Twilight Princess foi o título da franquia em que os fãs foram mais ouvidos. E isso é bem claro para os que jogaram, já que o jogo, a todo o momento, se parece com um grande tributo a Ocarina of Time, que é por muitos considerado até hoje como o melhor jogo da história.

Apesar de fácil, o duelo final é um dos mais épicos de toda a série
A trilha sonora também deixava sua marca na franquia. Com composições emocionantes e extremamente envolventes, a Nintendo conseguiu criar o que talvez seja a melhor trilha sonora de toda a série. Músicas com o Midna’s Lament e o próprio tema de Hyrule Field são composições tão marcantes que mesmo com as limitações do formato MIDI, utilizado no jogo, conseguem se sobressair à trilha orquestrada de Skyward Sword, lançado cinco anos depois.


Clássico instantâneo!

O mais antecipado Zelda de todos os tempos foi também um dos mais aclamados. A mídia e os jogadores de todo o mundo consideraram o jogo um grande marco na franquia, dada a qualidade e grau de polimento estonteantes do jogo. Entre as poucas reclamações endereçadas ao título estava sua facilidade, já que os puzzles não eram tão complicados como em outros jogos da franquia e à própria estrutura do jogo, que para alguns, estava começando a se desgastar. Mesmo assim, o jogo possui a terceira maior média da franquia no portal Metacritic, estando atrás apenas de Ocarina of Time e The Wind Waker, games com qualidade incontestável. O jogo ainda recebeu o título de jogo do ano em diversos veículos frente a competidores de peso como Gears of War, Okami e Final Fantasy XII.

Twilight Princess é certamente um dos títulos mais marcantes de toda a franquia
The Legend of Zelda: Twilight Princess fechou com chave de ouro a geração 128 bits da Nintendo e ainda abriu caminho para a nova geração, representada pelo Wii. Com a revelação da Timeline oficial da franquia, o jogo ganha ainda mais valor e se torna fundamental para os que desejam conhecer toda a mitologia de Hyrule mais a fundo. Twilight Princess é uma pérola rara em uma época em que o gênero adventure se torna cada vez menos relevante em uma indústria dominada por shooters e é uma das maiores provas de que a Nintendo sempre foi e ainda é a melhor desenvolvedora de jogos do mundo.

Revisão: Luigi Santana
Capa: Felipe Araújo

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