Análise: A macacada se reúne novamente em Donkey Kong Country Returns 3D (3DS)!

em 09/06/2013

Eu devo admitir que não esperava muito mais do que um reles port do original Donkey Kong Country Returns (Wii) , mas, felizmente, eu me ... (por Fellipe Camarossi em 09/06/2013, via Nintendo Blast)

Eu devo admitir que não esperava muito mais do que um reles port do original Donkey Kong Country Returns (Wii), mas, felizmente, eu me enganei. Ver os Tiki Taks tentando dominar a ilha que serve de moradia a um dos mais famosos ícones da história da Nintendo só se mostrou uma experiência ainda mais divertida no portátil 3D. “Mas se é apenas um port, como pode ser tão especial assim?”, bem, não é apenas um port. Adentremos a selva de Donkey Kong Country Returns 3D (3DS) e vejam comigo porque essa obra prima da Big N merece estar na sua coleção.

Ninguém mexe com as minhas bananas!

Se você, leitor, já jogou a versão do Wii, pode pular para a próxima seção, pois iremos começar expondo a curiosa trama desse jogo – que foi intocada ao passar para o portátil. Era apenas mais um dia comum na ilha de Donkey Kong quando estranhas criaturas (que mais se assemelham a instrumentos musicais possuídos do que a formas de vida) chamadas Tiki Taks resolveram tomar para si o comando de tudo. Foram audaciosos, usavam de sua hipnose para que todos os animais da ilha trabalhassem para eles e em pouco tempo haviam conquistado 90% do vasto território. Entretanto, eles cometeram o erro de tocar nas bananas de Donkey Kong e deveriam saber que não podia acabar bem ao fazerem isso. Os Kremlings o fizeram e nenhum sobreviveu para ver essa sequência.
E eles parecem ainda mais frágeis que os crocodilos.
Como um bom jogo em plataforma da Big N, não se esperava uma trama digna de odisseias, mas a surpresa foi agradável ao ver a inovação e a abordagem carregada de comédia que veio junto destes novos inimigos. “Sequestraram uma princesa? Estão tentando dominar o mundo? Querem instaurar o terror? Nada disso, só tocaram na minha inesgotável fonte de potássio!”. Com sua mente focada em recuperar suas amadas frutas, Donkey e Diddy partem em uma nova aventura, desbravando por oito territórios em busca de justiça... ou do jantar. O que vier primeiro.

Um port que parece original

Verdade seja dita, DKCR3D não parece ter sido migrado para o 3DS, mas sim um jogo original dele. A jogabilidade flui de forma fantástica, o Circle Pad torna a movimentação menos cansativa e o uso dos botões L e R para a função de agarrar facilita a jogatina. Ironicamente, o efeito 3D é um mero coadjuvante, não sendo muito explorado em todo o jogo – seja enquanto jogando, sejam nas muitas e hilárias cenas que se seguem. Talvez a única utilização realmente notável do 3D seja ao derrotar os oponentes, que saltam para fora da tela.

Todos os usos do giroscópio do Wii Remote foram substituídos por pressionamento de botões, já que seria um tanto quanto complicado fazer os diversos movimentos em timings precisos quando a tela está conectada ao controle. Aliás, admito que eu mesmo balancei o 3DS várias vezes e peguei trauma do medo da tela sair voando com aqueles estalos. Agora sempre que eu ouço um “tec tec” eu entro em pânico e fico em posição fetal.

Além de tudo, a possibilidade de multiplayer local é muito agradável, mesmo não tendo a função de Download Play. Sem a necessidade dos dois jogadores partilharem a mesma tela, a cooperação se torna mais simples e a diversão é garantida, seja elogiando os atos do seu amigo ou discutindo com ele por deixá-lo morrer – e acreditem, vocês vão morrer muito.

Bem mais fácil, só que não

Para quem não jogou o título do Wii, deixo claro que existe um motivo para o jogo deixar tão simples de se conseguir duas ou mais vidas em cada tela: você vai gastar cada uma delas. Mesmo não sendo como DKC, DKC2 e DKC3, onde apenas um golpe pode levar o seu símio a derrota, a dificuldade foi caprichada ao colocarem grandes desafios em plataforma e fases onde um reles erro pode levar à sua derrota – algo que trabalharemos melhor a seguir.

Com isto, a proposta de DKCR3D era justamente aliviar a dificuldade apresentada. O jogo conta com novos itens a serem adquiridos durante a campanha para facilitar o trabalho dos macacos, como um balão verde que salva o jogador em caso de quedas, uma poção que permite que seus carrinhos ou barris não vão pelos ares no primeiro choque contra alguma parte do cenário e até mesmo uma forma de usar os barris DK, usados para libertar o pequeno Diddy Kong, a qualquer momento da jogatina. Com estes artifícios, vencer o jogo se tornou muito mais simples, não? É, não.

Apesar da fluidez no portátil, o título não deixa de ser um port de um jogo feito para ser jogado na telona. Nela, temos um campo de visão amplo, detalhado, podemos manter todos os inimigos dentro de seu constante radar de jogador e traçar cuidadosamente as ações. Quando reduzimos isso para a telinha, mesmo ela estando totalmente em sua visão, deixamos escapar pequenos detalhes que podem custar mais uma vida. Às vezes não percebemos um inimigo que se camuflou nas folhagens ou erramos um pulo no oponente que iria lançá-lo para a próxima plataforma – e esses trechos são muito mais presentes do que pensa.

Isso tudo sem contar as famosas telas de carrinho e barril-foguete. Nelas, a dupla de símios fica dentro de um carrinho de minas, aqueles guiados por trilhos, ou dentro de um barril que, bem, é um foguete. Nessas telas, o personagem se move constantemente para frente e exige do jogador extremo cuidado para pressionar o botão de pulo, pois um mero deslize faz com que os personagens morram, independente de quantos corações ainda lhe restem.

Ainda tenho pesadelos com essa fase.
Estes e outros pequenos detalhes tornam esse jogo tão difícil quanto o original no novo modo e insanamente complexo ao se jogar no modo Clássico (que é uma réplica da versão original, com todas suas dificuldades a mais). O jogador terá de ter muita paciência e delicadeza se quiser passar as telas e, convenhamos, é difícil formar uma frase contendo “paciência”, “delicadeza” e “gorila enorme de gravata vermelha”.

A arte das selvas

E é claro, não tem como falar de Donkey Kong sem falar da musicalidade. Além dos gráficos belos carregados da versão original com uma sutil queda nos quadros por segundos, DKCR3D contém músicas no maior estilo tribal que carregam totalmente o clima passado pelas aventuras dos macacos. Por vezes me encontrava relaxado enquanto esmagava meus oponentes em uma tela da selva e em outras sentia o pânico conforme escalava rapidamente fugindo de magma fervente. Tudo bem que não precisava da música pra entrar em pânico, mas ela piorou muito meu estado psicológico.


As novas composições são de cair o queixo e ouvir as clássicas após serem refeitas é realmente nostálgico. As melodias transmitem sentimentos e para um saudosista que jogou o primeiro Donkey Kong Country (SNES) é possível ficar minutos e minutos apreciando a música sem nem sequer sair do lugar no jogo. Você sabe que a equipe de som do seu jogo faz um bom trabalho quando as suas músicas passam tantas emoções quanto o jogo em si.

Para DK, nem o céu é o limite!

Uma novidade desta versão é um nono território liberado após a conclusão da trama do jogo chamado “Clouds”, ou “Nuvens” em português. Para liberá-lo, é preciso pegar todas as letras “K”, “O”, “N” e “G” de todas as telas do jogo, assim liberando as telas especiais dos templos. Cada templo possui um tesouro, uma orbe que é usada como chave para liberar o caminho para as nuvens. Reunindo as orbes de todos os oito templos, o caminho para essa nova aventura é aberto.

Você sabe que tem um problema com bananas quando vai até os céus pra buscá-las.
No mundo das nuvens, existem nove fases especiais baseadas nos oito territórios anteriores e uma tela já conhecida pelos jogadores da versão do Wii. Todas essas telas possuem uma dificuldade altíssima e são um desafio até para aqueles que conseguiram concluir a trama. Será que vocês estão prontos para esse desafio?

Uma velha história, uma nova aventura

Mesmo não sendo mais um jogo da série feito exclusivamente para o 3DS, esse port conseguiu ter cara de jogo novo. A aventura inteira fluiu de maneira prazerosa, aproveitando cada cenário e cada dificuldade com o devido carinho como se não tivesse passado por aquilo antes. Seu fator replay ainda ajuda muito, pois além de passar todas as telas e coletar o infindável número de colecionáveis, ainda temos os Time Trials (que envolvem passar as fases no menor tempo possível) e o Mirror Mode (que te faz passar por uma fase invertida e com a dificuldade aumentada ainda mais), consumindo mais umas belas horas do seu precioso tempo.

Independente de ter ou não jogado Donkey Kong Country Returns, esse é um jogo que vale a pena de se jogar no 3DS. Conseguindo ser até mais completo que a sua versão original, DKCR3D inova sem um novo jogo, surpreende com algo que já conhecemos, cativa com um velho amigo e conquista quem já era fã.

Prós:

  • Jogabilidade fluida e natural, como se o jogo fosse feito para o 3DS;
  • Lindo visualmente, com pouquíssima perda;
  • Músicas envolventes e apaixonantes;
  • Dificuldade que pode agradar uns e irritar outros.

Contras:

  • Pouca exploração do efeito 3D;
  • Dificuldade que pode agradar uns e irritar outros.

Donkey Kong Country Returns 3D – Nintendo 3DS – Nota: 9,0

Revisão: Alex Sandro de Mattos
Capa: Felipe Araujo
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