Terra! Fogo! Vento! Água! Coração! Pela união de seus poderes, vamos jogar o game Captain Planet (NES) no lixo!

em 01/05/2013

Ah, os anos 1990... uma época mágica na qual as crianças aprendiam valiosas lições assistindo desenhos animados educativos travestidos de... (por Thomas Schulze em 01/05/2013, via Nintendo Blast)


Ah, os anos 1990... uma época mágica na qual as crianças aprendiam valiosas lições assistindo desenhos animados educativos travestidos de desenhos de aventura. Um dos maiores expoentes do gênero foi o infame Capitão Planeta, aquele típico desenho que todos assistiam, mas na verdade não divertia ninguém. Afinal, num mundo que contava com animações fantásticas como Tartarugas Ninjas, Tiny Toons e DuckTales, por mais nobre que fosse a causa ecológica, era difícil se importar com o pobre Capitão Planeta.

Com tantos bons desenhos no mundo, é difícil se importar muito com
as causas ecológicas do Capitão Planeta...


Curiosamente, a mesma lógica acabou se aplicando ao mundo dos videogames. Quando o game Captain Planet chegou ao mercado em 1991, todo mundo estava ocupado demais jogando os clássicos Teenage Mutant Ninja Turtles, da Konami ou Ducktales, da Capcom. Então, o jogo acabou sendo eclipsado e caiu no esquecimento. E isso é muito bom, porque Captain Planet é uma das maiores bombas do Nintendinho, um jogo medíocre que só veio ao mundo para tirar o dinheiro das infelizes crianças da época.

Será que um dia teremos Captain
Planet Remastered? Pode ter
certeza... Que não!
O game foi desenvolvido pela Chris Gray Enterprises (a famosa “quem?”) e publicado pela Mindscape, que lançou outras bombas para o NES como: Indiana Jones and the Temple of Doom (assunto para um futuro Blast from the Trash); Dirty Harry (mais um péssimo jogo para um Trash futuro? Pode apostar que sim!) e Days of Thunder (ok, parece que já tenho pautas para o resto do ano. Obrigado, Mindscape! Continue assim e logo, logo você toma o posto da LJN como pior publisher de todos os tempos).

Levando a poluição a zero... e a paciência também

Um dos inimigos é literalmente um
porco gordo e capitalista, provando
que sutileza nas metáforas não
era um ponto forte do desenho
O seu objetivo no jogo é derrotar cinco gananciosos porcos capitalistas que só pensam em lucrar às custas de poluir o planeta. O game conta com apenas cinco fases, uma para cada chefão, mas se você é um ser humano normal, muito provavelmente não vai passar nem do primeiro nível e já vai largar o jogo rapidinho para preservar sua sanidade. Cada uma das fases tem sempre duas etapas. Na primeira delas você controla um veículo, e apenas na segunda o Capitão Planeta dá as caras e entra em ação. O primeiro veículo que você controla é a nave que Samus Aran pilota na série Metroid. Ah, espera, na verdade é a nave dos heróis Planeteers, embora seja difícil notar a diferença com gráficos tão bacanas e bem detalhados.

E olha o mascotinho da coluna
aparecendo de novo para prestigiar
o sistema de controle!
Como em todo jogo ruim da época, o esquema de controles reserva uma série de surpresas desagradáveis. No comando da nave, você pode apertar B para dar uma volta de cento e oitenta graus, o que será útil exatamente zero vezes ao longo de todo o game, já que todos os seus objetivos estão sempre na mesma direção, e virar apenas te deixa ainda mais vulnerável ao fogo inimigo. Outra bela surpresa é que o botão Select pausa o jogo, enquanto o Start é responsável pela seleção de armas. Sério, o que diabos os desenvolvedores estavam pensando? Não só Start é o botão oficial de pause dos videogames desde sempre, como o Select, como o próprio nome indica, sempre serviu exatamente para selecionar coisas!

Pela união de seus poderes inúteis

Hora de preparar o Tow cable!
Cadê o snow speeder quando
se precisa dele?
Logo no primeiro nível, seus maiores desafios, que provavelmente vão te prender por horas, são estações aquáticas que mais parecem os AT-ATs de Star Wars e algumas plataformas de extração de petróleo que lançam pequenas bolinhas mortais. Não importa o que você faça, seu padrão de movimento caótico vai te causar dezenas de mortes frustrantes, já que esse é um daqueles jogos maravilhosos em que qualquer contato com os inimigos, por mais simples que seja, acaba causando sua derrota instantânea.

Enquanto pilota a nave, você pode usar os poderes da terra, fogo, água, vento ou coração, mas no fim das contas você vai acabar usando somente o poder de fogo da nave mesmo, já que os outros “poderes” são risíveis: usar o poder do vento gera um escudo que não protege nem de resfriado, o da água atira um fraco jatinho para a frente, o poder da terra faz com que você atire pedrinhas pela janela da nave, o que é tão útil quando atirar um paralelepípedo contra um boeing. Por fim, usar o poder do coração faz um minúsculo raio sair de baixo da nave, e se alguém souber para que diabos ele serve, favor avisar nos comentários!

Se tem algo que machuca nosso herói é receber um selo lixoso de qualidade...

Vai, Planeta!!! Vai pra bem longe daqui!

As únicas fraquezas do Capitão
Planeta são a poluição e...
praticamente todos os objetos
do cenário!
Na segunda metade das fases, você assume sempre o controle do Capitão Planeta e o jogo se transforma, passando de um péssimo jogo de tiro de navinha, para um péssimo jogo de plataforma. Mesmo tendo o poder de voar, você logo descobre que na verdade o Capitão Planeta é o maior fracote do mundo dos videogames, já que cada obstáculo, por mais minúsculo ou inofensivo que aparente ser, na verdade é uma ameaça letal.

O Capitão Planeta conta com somente duas armas contra os inimigos: seus punhos, que como você deve imaginar são completamente inúteis nesse jogo de dificuldade absurda, e o poder de se transformar em outros elementos, como uma bolha disforme de algum líquido nojento. Obviamente, esses poderes também não são exatamente a coisa mais útil do mundo e só servem mesmo para driblar a poluição em determinadas áreas. O mais patético aqui é que, no meio tempo em que você fica circulando entre os poderes para achar o necessário para passar pelos obstáculos, algum vilão sempre acaba te matando, então é preciso memorizar quando e onde cada poder vai ser necessário num exaustivo processo de tentativa e erro.

No fim das contas, o jogo do Captain Planet só serve para proporcionar uma das maiores ironias do mundo dos videogames: ao invés de ajudar a acabar com a poluição, esse jogo é simplesmente um dos maiores pedaços de lixo que já infestaram nosso planeta. Mas lembre-se sempre que juntos podemos combater esse mal, então espalhe a palavra e não deixe seus amigos entrarem em contato com essa imundície. O poder é de vocês!


Revisão: Bruno Nominato
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.