Pokémon Blast: Conheça a Liga Pokémon do Brasil

em 12/03/2013

Todo treinador Pokémon já se aventurou por um continente em busca de oito insígnias, após conseguir seu primeiro Pokémon, para enfrentar o... (por Unknown em 12/03/2013, via Nintendo Blast)

Todo treinador Pokémon já se aventurou por um continente em busca de oito insígnias, após conseguir seu primeiro Pokémon, para enfrentar o Elite Four. No entanto, após terminar essa jornada, o que devemos fazer? Começar um novo jogo? Tentar capturar todos? A jornada até esse Elite Four pode demorar anos, mas é nesse ponto do jogo que a verdadeira jornada começa. Hoje aprenderemos um pouco sobre a Liga Pokémon com pessoas de verdade!

O fim é, na verdade, o início


Com 17 anos de vida, a franquia Pokémon repetiu uma fórmula já bem conhecida pelos jogadores veteranos: obter seu Pokémon inicial, partir para uma cidade onde há um ginásio, derrotar  o líder, obter sua insígnia e repetir esse passo mais sete vezes. Em determinado momento do jogo, com todas as oito insígnias, enfrentamos o Elite Four, o seleto grupo com os melhores treinadores daquela região. Nós podemos chegar nessa parte do jogo com nossos monstrinhos entre os níveis 50 e 70 aproximadamente, dependendo da versão do jogo e do nosso desempenho durante a jornada. Após derrotar o tal grupo, não há mais desafios a altura dentro do jogo. No máximo vamos capturar algum Pokémon lendário, tentar capturar todos os outros Pokémon para completar a Pokédex e viver do replay de algumas batalhas contra NPCs na Battle Tower. Apesar dos recentes desafios adicionais nos jogos mais recentes da franquia, não é o suficiente.

E foi nesse ponto, pouco mais de dez anos atrás, que um jovem teve a ideia de elaborar um desafio mais duradouro. Com a explosão da febre dos monstrinhos no Brasil depois da estreia da animação na TV em maio de 1999, muitos torneios com as versões Red, Blue e Yellow surgiram pelo Brasil, principalmente em São Paulo. "Mall Tour", como eram conhecidos os eventos em shoppings onde treinadores se encontravam para batalhar em torneios ou trocar Pokémon, foi a base para surgir o que seria a primeira formação da Elite Four nacional. Reunidos e organizados por Eric Araki, redator da Pokémon Club (publicação da Editora Conrad de 1999 à 2003), o seleto grupo reunia campeões experientes daqueles torneios. Em 2002, no AnimeCon em São Paulo, os treinadores tiveram a primeira oportunidade de enfrentar o grupo e perceber que ainda tinham muito o que aprender sobre batalhas Pokémon. Em 2003 tivemos o primeiro sinal do que era chamado LOPE (Liga Oficial Pokémon Evolution), quando, a partir da edição 33, a publicação passou a se chamar Pokémon Club Evolution. Passando por diversas mudanças durante os anos, passou a ser conhecida apenas como Liga Oficial Pokémon após o fim da revista e ganhou divisões estaduais, para atender melhor todos os treinadores.

Rota para a vitória


Atualmente, a liga Pokémon atua em quase todos os estados do Brasil e há Ligas que envolvem mais de um estado devido ao número de treinadores e equipe organizadora. Apesar de estar em desenvolvimento na região norte e nordeste do país, a Liga se encontra muito firme na região sul e sudeste, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde se encontra o maior número de treinadores experientes como antigos líderes de ginásio ou antigos membros do Elite Four.



Para participar, o interessado deve primeiro ir ao local do torneio e inscrever-se. Informando-se sobre as regras do ginásio, pode montar um time adequado e competir com os outros inscritos seguindo as regras propostas pelo ginásio. O vencedor ganha o direito de enfrentar o líder do ginásio e caso o vença obtém sua insígnia. Os torneios costumam acontecer mensalmente e datas e horários variam de acordo com cada liga. Ao obter suas oito insígnias, o competidor pode enfrentar o Elite Four pelo título de Champion.

Há um torneio anual, atualmente conhecido como Desafio à Elite dos Quatro, em que qualquer um pode se inscrever desde que tenha seu portátil, sua versão do jogo da geração atual e um time que esteja dentro das regras do torneio. Nesse torneio, o competidor que vencer pode enfrentar o Elite Four, mesmo que não tenha as oito insígnias. Entretanto, aqueles que possuem as oito insígnias podem enfrentar o Elite Four diretamente, sem passar por esse torneio. Para mais informações sobre onde e quando acontecem esses torneios, é possível obter mais informações aqui.


Voz da experiência


Apesar da mãe de seu personagem no jogo não ser muito útil para fornecer tantas dicas, talvez a sua mãe seja menos útil ainda nesse quesito. Então, que tal buscarmos dicas com aqueles que são realmente mais experientes e já correram por toda essa longa jornada?

Yan Vianna Sym tem 19 anos e mora em Campinas, onde cursa Engenharia de Computação. Atualmente, Yan ocupa o título de Champion na Liga Pokémon. Sim, ele é, por título, o melhor treinador Pokémon da América Latina. Vamos conversar um pouco com ele para pegar algumas dicas sobre essa jornada.

Quando, e como foi, sua primeira experiência com os monstrinhos?
Minha primeira experiência foi por volta de 2000, vendo meu primo jogar Pokémon Crystal. Me interessei pela mecânica de super efetivos/não efetivos (nunca havia visto isso em jogos) e pela possibilidade de progredir na aventura usando os Pokémon que eu via na TV e gostava.

Há quanto tempo participa da Liga Pokémon?
Minha primeira experiência competitiva foi em 2006, durante o Ressaca Friends, na Liga Pokémon de São Paulo. Perdi nos dois ginásios que participei de 3x0. Tomei sweep de um Choice Band Tauros em uma rodada, e na outra fui barrado por uma Blissey.



O que mudou depois de tornar-se Champion?
Bom, acredito que a maior mudança é a responsabilidade de carregar, de agora em diante, o nome e a imagem da Liga Pokémon, agora sendo de certa forma parte da organização. Penso que preciso ter uma boa imagem tanto online quanto offline, pra não prejudicar a Liga e pra que os jogadores mais novos possam ter alguém pra os inspirar e motivar e frequentar mais a Liga.

Tem planos para participar do mundial esse ano?
Gostaria de participar, mas acho inviável sair do país pra jogar sem ter patrocínio

Costuma participar de outros torneios?
Participava de Yu-Gi-Oh! e Super Smash Bros. Brawl há alguns anos, mas atualmente não.

Carlos "Wardog" Agarie tem 23 anos e mora no meio das montanhas de Prescott (Arizona). Ele já foi professor de matemática e física, mas atualmente é engenheiro de software. Dog vive Pokémon antes mesmo da Liga Pokémon ser formada. Ele é o responsável pela equipe administrativa e organização da Liga Pokémon no estado de São Paulo.

Há quanto tempo joga e quando foi sua primeira experiência com torneios?
A primeira vez MESMO que peguei em um jogo de Pokémon foi numa Green japa na liberdade, quando o vovô Dog trabalhava lá ainda. Eu tinha pouco menos de oito anos, algo assim. Aí depois de uns anos começou o anime na Eliana, ganhei uma Red e Game Boy Color da minha mãe e... estamos aqui. Meus primeiros torneios foram todos virtuais, só depois de um tempo que comecei a ir em eventos (mais especificamente, DE4 2002). Minha Crystal tinha resetado umas duas semanas antes do torneio, acabei indo com um time horrível e cheguei na terceira luta apenas.

Você vê muita diferença do cenário virtual para o real nos torneios de Pokémon? Regras, integração social ou é a mesma coisa?
Não, são duas coisas totalmente diferentes. As regras são decorrência do resto, basicamente. O problema são as restrições as quais os dois são submetidos. Por exemplo, ao vivo não podemos ter batalhas demoradas demais ou deixar o torneio "pra quando os jogadores tiverem vontade" - temos que respeitar os horários do evento ou loja que nos hospedou. A interação social também não é igual. As pessoas ficam bem amigas na internet e tal, mas a relação de quem se conheceu ao vivo jogando Pokémon é diferente. Prefiro pensar que as duas formas se complementam, mas nem sempre é possível. Enfim, ambas as formas de jogar são válidas (nem todo mundo pode sair pra jogar!), mas particularmente eu prefiro ao vivo.

Já enfrentou muito o preconceito "Pokémon é coisa de criança"?
Hmmm, sinceramente? Não muito. Esse tipo de coisa acontece mais quando se é criança. No primeiro evento em que eu defendi ginásios pela Liga Pokémon (Anime Friends 2003), o pessoal que estudava comigo achou até bacana eu ter uma sala reservada e coisas assim. Foi legal. Na faculdade sempre foi tranquilo. O pessoal já me encontrou em eventos e coisas assim, sabe que eu jogo e já até vieram me perguntar coisas sobre os jogos. Tudo bem que fazer engenharia elétrica (com diversas visitas ao instituto de matemática) ajuda nessas horas, pois quase todo mundo gosta de videogames, mas no geral é um ambiente bem gostoso para gostar "do que quiser". Ano passado eu cheguei a dar uma palestra no CNA do Alto do Ipiranga sobre comunidades competitivas de videogames, num evento sobre Games & Cultura que eles fizeram. Tem aqui o link.

Atualmente você tem participado do torneio mundial de Pokémon. Com essa experiência, quais diferenças você vê do cenário latino-americano para competidores de outras partes do mundo?
O que o pessoal daqui dos EUA e dos outros lugares onde existem torneios oficiais tem de diferente é a forma como encaram torneios: eles sempre estão lá, são oficiais mesmo, possuem premiação absurda. As pessoas se preparam de VERDADE para um regional, um nacional. Sabem que vão conhecer e jogar contra japoneses, franceses, alemães, americanos, canadenses e outros quando (e se!) forem para o mundial. É um nível de seriedade, por assim dizer, que não vejo no Brasil. Os torneios são levados menos a sério - e com razão, já que ainda não temos apoio da Nintendo para isso. Em quesito habilidade, pelo que já joguei contra, não vejo diferença. Estamos em pé de igualdade com todo o resto.

Parece confiante sobre os treinadores brasileiros! Qual dica daria para aqueles treinadores iniciantes que ainda estão em sua jornada para conseguir a primeira insígnia?
O único jeito de ganhar em Pokémon é jogando bastante. No começo, toda essa história de "prever" o oponente, trocas duplas e outras coisas esotéricas parece impossível. Depois de um tempo jogando, se torna instintivo. Claro, tem que dominar primeiro a base do jogo: IVs/EVs, natures, type match-up e como funcionam os efeitos dos itens, golpes e abilities mais comuns. Mas isso não leva muito tempo, é bem rápido.

Sidney Daniel  tem 28 anos e mora em Itapecerica da Serra, onde atualmente trabalha como professor de informática. O que alguns de seus alunos não sabem, é que mesmo hoje Daniel (ou Japan, como é conhecido por suas habilidades no idioma nipônico) é respeitado dentre os treinadores Pokémon como um veterano de guerra que não enferrujou apesar do tempo.

Qual foi o seu primeiro cartucho e como o conseguiu?
Pokémon Green. Comprei por R$19,00, junto com um Game Boy em péssimas condições (mas jogável) de um amigo. Pagar R$199,99 na época era fora de questão.

Você venceu o torneio para enfrentar o Elite Four anos atrás, mas não o venceu. Com a experiência de hoje, o que você mudaria naquelas batalhas?
Não treinaria meus bichos com Rare Candy puro. Só pra constar, três dos seis Pokémon que usei (Ursaring, Girafarig e Kangaskhan) foram capturados no matinho e treinados dessa forma durante o caminho pro DE4, pois não tive tempo de fazer da forma correta. Isso fez uma incrível diferença.

Como foi o processo para ser selecionado como um líder de ginásio na primeira formação da Liga Pokémon?
De verdade? Eu mesmo não sei, mas acredito que houveram dois fatores determinantes: vencer o DE4 e dois dos quatro membros da E4 e ter ajudado na organização dos outros dois dias de evento. Quando o Eric Araki (idealizador da Liga) me chamou, ele disse que procurava bons jogadores e organizadores.

Qual sua opinião sobre a geração atual, seu cenário competitivo e mecânicas de jogo?
É a minha segunda geração favorita(depois da segunda). O design dos pokés me agradaram muito (menos você, Vanilluxe) e o modo história do jogo é de longe o melhor. Competitivamente eu considero a melhor, por enquanto. Ver pokés como Blastoise, Venussaur, Politoed e Ninetales e outros saindo do limbo e entrando com força total no metagame é algo que me agrada demais. O modo de batalha "Rotation" é, de longe, o meu favorito, pois leva o fator estratégia e raciocínio ao máximo. Outra coisa legal é o modo Random Match, que possibilita batalhas online sem a necessidade do Friend Code, além, é claro, dos campeonatos online oficiais da Nintendo. Não tenho, de verdade, nenhuma reclamação quanto a geração (ok, somente você, Vanilluxe).

O que você espera da nova geração que chegará no fim desse ano?
Gostaria que o foco que o competitivo ganhou nessa geração seja mantido. De resto, o mesmo que todo mundo: novas evoluções, um modo história tão bom quanto o de BW/B2W2 e novas mecânicas que incrementem o competitivo. E espero que lancem um modo de enviar Pokémon por DLC, mas não como é feito hoje, em que eles já estão no jogo, porém não podem ser obtidos. Digo novos Pokémon mesmo, como um novo lendário, um bicho com ability diferente ou algo do tipo. Por último, acho que vou ser apedrejado agora: gostaria que a compatibilidade com essa geração seja cortada. Explicando: quando Ruby & Sapphire foram lançadas, a compatibilidade com Gold & Silver foram cortadas por motivos óbvios (novo modo de calcular os stats dos Pokémon). As estratégias eram muito limitadas, mas mesmo assim, era possível criar times bastante divertidos. Quando novos (velhos) Pokémon eram lançados, tínhamos que pensar novamente em todas as estratégias e adaptá-las aos novos times. Sinto falta disso.

E então? Se você tem um Nintendo DS, um jogo da versão White, Black, White 2 ou Black 2, não perca tempo e procure a Liga Pokémon de seu estado e inicie sua aventura em batalhas mais desafiadoras do que os NPCs do jogo podem lhe oferecer. O verdadeiro desafio começa em sua cidade, e termina no Mundial. Será que você está pronto para poder ser chamado de Mestre Pokémon?

Revisão: José Carlos Alves

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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