Crescendo e aprendendo
Na falta de um Game Boy, não foi Red, mas sim o tal do Ash Ketchum, da cidade de Pallet, e seu fiel companheiro Pikachu que me introduziram nesse universo fantástico. Ver Ash empolgado e virando o boné para trás na hora de jogar uma Pokébola me encheu de uma vontade súbita de sair por aí para tentar ser um mestre em algo. Mas não sabia em quê.
Então eu cresci, me formei na Universidade, Ash Ketchum diminuiu, o Pikachu não evoluiu, e o primeiro game de Pokémon portátil em 3D está para ser lançado. Agora eu me pergunto: o que diabos aconteceu com a série Pokémon ao longo de todos esses anos?
Complexidade x Infantilidade
Os jogos de Pokémon sempre foram grandes fontes de complexidade e inteligência que, com o passar dos anos, apresentaram sempre um maior repertório de monstros. Consequentemente, inúmeras habilidades surgiram e a série se aprimorou com uma diversidade de estratégias que podem fazer qualquer veterano dos RPGs penar por horas a fio, na tentativa de montar um bom time de Pokémon.O anime de Pokémon não fez diferente. Com o passar dos anos e do lançamento de novos jogos, diversas mecânicas apresentadas apenas nos games também passaram a fazer parte da animação, como por exemplo, as batalhas em duplas, natures ou estilos de fraquezas e resistências de golpes presentes nos jogos.
Mas agora eu me pergunto: pode algo muito complexo ser considerado infantil? Aliás, faz diferença se perguntar isso, sendo que ainda assim a série atrai milhares de crianças e adultos pelo mundo inteiro? Em termos pedagógicos, sim, vale a pena questionar.
Complexidade + infantilidade
Se por um lado Pokémon é complexo, por outro é inegável os aspectos infantis presentes no visual da série. Se eu gostei de Pokémon na primeira vez que assisti um episódio do anime não foi porque o Onix era resistente aos choques do Pikachu, mas sim pelo visual colorido e impactante tão característicos da franquia. O carisma dos Pokémon sempre foi algo que me cativou, apesar de não ter aguentado quando Bulbasaur não quis evoluir.Aliás, falar da descoberta da evolução das criaturas sempre foi um fator fundamental para que eu continuasse acompanhando a série. Um dia o Pikachu teria que evoluir, e se não fosse no anime, seria em algum cartucho de Pokémon Yellow, com a Pedra do Trovão. Sempre foi divertido pensar nas evoluções e inclusive pensar em novas transformações para os monstrinhos.
Por mais que Pokémon apresentasse sempre diversos tipos de monstros, golpes, poderes, estratégias e descobertas, eu, como um jovem treinador e fã, tinha que explorar todos esses ambientes, e descobrir cada vez mais sobre a série. Não só eu, como também 99% da população que presencia até hoje a febre Pokémon.
Pokémon sempre foi muito cativante, mas toda a sua complexidade foi um fator fundamental para que eu não me esquecesse da série, mesmo nos dias de hoje. Misturar o complexo com o infantil foi uma boa jogada da Game Freak, não acha?
Geração eterna
Ao dar uma passada no Cartoon Network no último mês, reparei que estava passando o anime de Pokémon. Tudo estava muito belo, como sempre, e o Pikachu também estava lá. O Ash também estava, mas havia algo diferente.Seus olhos estavam castanhos, sua roupa muito mais arrumadinha do que no começo da série, e até sua voz estava mais voltada para o lado infantil do que para o lado juvenil de antigamente. Até a virada clássica de boné que ele fazia não existia mais.
Certo, talvez eu estivesse desatualizado em referência ao anime, mas fãs saudosistas da animação vão concordar: o anime de Pokémon está mais infantil. Particularmente, a princípio, isso se tornou uma perda de identidade da série para mim.
Entretanto, ao pensar com mais calma, tem como entender o que aconteceu. Apesar de os estúdios Oriental Light and Magic ainda serem os responsáveis pela produção da série, ao longo dos anos a produção passou por duas direções diferentes, sendo que o último diretor, Kunihiko Yuyama foi o responsável pelas maiores mudanças no visual e estilo do anime.
Mas é claro também que a Nintendo (ou quem sabe a própria Gamefreak) tenha proposto essa mudança no estilo da animação. Com isso, seria possível manter a mesma identidade da série que fez tanto sucesso no passado. E talvez tornar o personagem principal mais “infantilizado” fosse uma melhor forma de atrair crianças, principalmente para seguirem o exemplo do jovem Ash.
E com toda a complexidade presente na série, é provável que essas mesmas crianças que estão se acostumando com o Ash atual, no futuro, se lembrem de Pokémon, e continuem no mínimo consumindo os produtos da marca.
Claro que o universo de Pokémon, conforme já foi dito, é muito mais complexo do que isso, e é provável que tenhamos que descobrir muito mais sobre o futuro da série. Mas enquanto isso, podemos especular como será bacana jogar com os Pokémon em um ambiente totalmente tridimensional no Nintendo 3DS. Depois do anúncio, confesso que finalmente fiquei empolgado para ter um console desse. E minha prima de 3 anos também.
E então, acha que Pokémon é para sempre, ou algo que passa apenas pela juventude? Conhece alguma outra série de games que possui esse mesmo dilema? Não deixe de discutir!
Revisão: Lucas Oliveira