E você pode falar que é coisa de criança
Dentre tantos animes que atravessaram os mares para chegar em nossas terras, os gêneros mais populares são os shonen ("rapaz" em japonês), que envolvem lutas e ação (como Dragon Ball, Yu Yu Hakusho e Cavaleiros dos Zodíaco), e shoujo ("moça" em japonês), que tem um enredo mais rotineiro e com algum elemento romântico (Card Captor Sakura, Sailor Moon). Ainda assim, há uma outra categoria de animes conhecida como "kodomo" ("criança" em japonês) que, assim como o título indica, é voltado para crianças.
Nontan to Issho! Kuru Kuru Puzzle é baseado em uma série animada exibida originalmente no Japão entre o fim de 1992 e início de 1994. Aproximadamente um mês depois do fim do anime, tivemos a primeira adaptação para o universo dos videogames no Game Boy e, no fim daquele mesmo ano, para Super Nintendo (ou deveriamos chamar de "Super Famicom" nesse caso?). A animação é educativa, e como já citado, tem como foco o publico infantil, ensinando coisas "não fazer coisas feias" e "ajudar os amigos" por meio de curtas histórias com uma conclusão sempre ensinando uma lição. Para nossa realidade, seria o tipo de desenho que você poderia ver na TV Cultura, se exibido no Brasil.
Um Tetris infantilmente evoluído
Não há segredos aqui! Não precisa ter um videogame para conhecer as mecânicas de Tetris, já que até naqueles "Brick Game" de R$5 você pode conseguir jogar. Mas Kuru Kuru Puzzle traz consigo uma mecânica não tão vista nos Tetris tradicionais e que puxa o game, mesmo que um pouco, para o lado da estratégia. E isso, por sua vez, também não é nenhuma mecânica revolucionária. É o simples fato de poder trocar suas peças "de lado" e ter uma combinação completamente nova. Logo, enquanto a peça desce, você tem um tempo para pensar em duas (ou mais) possibilidades sobre onde utilizar aquela peça e onde seria mais efetivo. Parece simples? E é, no começo. Conforme os níveis aumentam, a dificuldade aumenta junto e apesar de ter um visual todo infantil, pode deixar muito velho barbudo com muita raiva do "joguinho".
Um Tetris, é só isso?
Assim como a animação, o game tem função educativa (e recreativa) para o seu público alvo: crianças. Não que não possa ser jogado por adultos, mas você não encontra uma história profunda com uma jogabilidade complexa em Kuru Kuru Puzzle. Seu destaque fica pela maneira diferente (naquela época) de se jogar um Tetris. Não é pelos personagens jogáveis, não é visual, não é pela história (qual?). Talvez uma mecânica mais interessante pudesse ser vista na companhia de cores envolvidas na jogabilidade, mas isso não seria possível tendo o Game Boy como seu futuro lar.
Acima de tudo, não podemos falar que é jogo ruim. O jogo atende com êxito seu público alvo, traz mecânica deveras interessante para época e seu visual, por não tentar ser realista, é agradável até os dias atuais, sem parecer algo velho e ultrapassado. Nontan to Issho! não tentou provar a potência de nenhum dos consoles para qual foi lançado, e sim, agradar os fãs órfãos da série animada. E isso, meus caros, ele conseguiu e muito bem.
Revisão: Gabriel Toschi