Sejam bem-vindos de volta! Na semana passada narrei as
aventuras vividas por mim durante minha primeira semana com o novíssimo console
da Nintendo, o Wii U. Aprendi como o seu sistema operacional funcionava,
conheci o magnífico Miiverse (nunca cansarei de elogiar essa ideia da Nintendo)
e me surpreendi com a qualidade de New Super Mario Bros. U e Nintendo Land, os carros-chefes
do console. Mas ainda tinha muito para descobrir sobre o novo console, que está
me surpreendendo mais a cada dia. No capítulo de hoje de minha jornada,
compartilharei minhas impressões sobre o eShop do console e sobre a
retrocompatibilidade com o Wii, console anterior da Nintendo, mas sem antes
aprofundar um pouco mais do que foi dito na semana passada.
Diversão descompromissada
Desde que recebi meu console, se tornou um costume liga-lo
toda vez que chego do trabalho. Seja para jogar alguma coisa, ou apenas dar uma
checada no Miiverse e ver o que há de novo e interessante. A primeira boa
surpresa é que muitos de vocês, leitores, me adicionaram no console! Fiquei
muito feliz pelo feedback que recebi , e espero que mais pessoas entrem em
contato comigo! Passada a surpresa, adicionei a todos e parti para mais algumas
partidas de Nintendo Land. Continuo surpreendido pela qualidade do título, e
agora que finalizei o desafiador The Legend of Zelda: Battle Quest resolvi
explorar um pouco melhor os minigames feitos para serem jogados
individualmente.
Nintendo Land se tornou rotina |
Pelas minhas rápidas andanças pelo parque temático da
Nintendo, já havia percebido que os títulos eram desafiadores e que tomariam um
bom tempo da minha vida a partir do momento em que os joguei pela primeira vez.
Mas não imaginava que seria tanto! Comecei a jogar lá pelas 19:00 e quando me
dei conta, já passava da meia noite. Tudo graças ao maldito carrinho
desgovernado de Donkey Kong’s Crash Course! O jogo funciona da seguinte forma:
você deve utilizar os sensores de movimento e o microfone do GamePad para
conduzir um carrinho por um caminho recheado de obstáculos até que, finalmente,
você chegue até a princesa. O caminho possui dez partes, e as últimas são um
teste de paciência e coordenação motora que poucos se atreverão a insistir. Mas
eu sempre fui um jogador teimoso, e esse tipo de coisa costuma mexer com a
minha honra. Depois de perder mais ou menos uma hora de minha vida, finalmente
consegui chegar à princesa e comemorei como se tivesse conquistado um dos
maiores prêmios de minha vida. Compartilhei uma screenshot de minha conquista
no Miiverse e, ainda extasiado, parti para explorar outras atrações do parque.
Crash Course é muito desafiador! |
Agora você deve estar se perguntando: “por que raios ele
está falando tudo isso?”. Estou falando para provar dois pontos. O primeiro
deles é que nem todo jogo casual é necessariamente fácil. Nintendo Land
apresenta, em alguns momentos, muito mais desafio que muitos jogos
ensanguentados por aí. Por fim, a sensação de conquista que tive quando
terminei o minigame me fez pensar até que ponto troféus são realmente
necessários. Ainda defendo muito que a Nintendo deveria ter adicionado um
sistema assim ao console. Mas em gerações anteriores éramos muito felizes sem
algo do tipo, e são poucos jogos recentes que me trouxeram tamanha satisfação,
mesmo que eu os platinasse. A Nintendo sabe como trazer boas sensações aos
jogadores como poucas empresas conseguem e, mesmo sem um sistema formal de
conquistas, jogos como Nintendo Land podem trazer uma satisfação ímpar aos
jogadores.
Sem mais divagações e voltando ao que eu estava dizendo
quanto aos minigames, apesar de não tão desafiantes como Crash Course, todos os
outros jogos individuais do título são muito recompensadores e criativos. Um
ponto interessante, apesar de comum, é que o jogo estimula você a melhorar cada
vez mais suas pontuações, fornecendo recompensas em moedas que podem ser
trocadas por itens que juntos formam um verdadeiro museu nintendista. Enfim,
Nintendo Land é de fato um jogo acima da média e estou surpreso com sua
profundidade e apelo com jogadores de todos os tipos. Daí deixo uma dica:
quando for comprar o console, dê preferência à edição Deluxe, pois com tantos
lançamentos de qualidade para o console, proprietários do modelo básico podem
acabar deixando o título de lado por medo de pensar que é apenas mais um Wii
Sports. E deixar Nintendo Land de lado por games que se dizem hardcore não é
uma boa decisão para o começo de vida do console. Palavra de jogador assíduo.
O game fica cada vez melhor |
Voltando ao Reino dos Cogumelos (de novo)...
Em paralelo a Nintendo Land, venho jogando New Super Mario
Bros. U que, como disse em meu texto anterior, também me surpreendeu muito
positivamente. Nesta semana finalizei o título jogando-o cooperativamente com
uma amiga, o que gerou horas e mais horas de diversão. Por puro preconceito,
nunca havia jogado a série New em modo multiplayer, nem no Wii, tampouco no
3DS. Confesso que estou pensando em rejogar os dois títulos depois da
experiência que tive com NSMB U. Durante a jogatina, tive crises homéricas de
riso, as quais eu não tinha com videogames há anos. Como já apontei, o game
herda muitas características de Super Mario World (SNES), e isso fica mais
evidente a cada fase superada. A partir da metade do jogo, o desafio começa a
aumentar exponencialmente, de forma que senti com o game a mesma satisfação de
Crash Course, só que várias vezes! Eis um desabafo: jogar Wii U faz com que eu
volte a ser criança, me remete aos meus tempos de Super Nintendo e Nintendo 64
o tempo todo, pois a empresa claramente buscou de seu legado, conceitos que
pudessem trazer seus fãs de volta.
Após a épica batalha final com Bowser, que é facilmente a
mais divertida da série New, quiçá uma das melhores da série Mario, tivemos uma
sensação de dever cumprido após uma longa jornada, que apesar de ter se passado
inteiramente em uma televisão, com um jogo de videogame, trouxe à tona diversas
memórias de tempos que não voltam mais. Não vou me prolongar mais com esse
jogo, porque estou chorando enquanto escrevo... Mentira! A análise completa do
título você confere aqui, no Blast, na quarta-feira!
Quantas lembranças... |
O sonho da loja online
A loja online do Wii |
Desde que adquiri meu PlayStation 3, em 2009, sonhava que a
Nintendo fosse capaz de criar uma loja virtual robusta como a de seus
concorrentes. O Wii Shop Channel até era legal, mas as demos eram escassas e o
layout, bem como navegação não era muito simples de ser entendido. Além disso,
graças às limitações do Wii (essa frase deve ser uma das mais faladas nos
últimos seis anos. Em todas as línguas.), não era possível o lançamento de
jogos vendidos fisicamente nas lojas diretamente em sua loja online. Com o
lançamento do 3DS, a Nintendo também lançou o eShop, uma versão aprimorada do
que a empresa definia como uma loja virtual. O eShop do 3DS é muito superior ao
Wii Shop Channel, mas ao mesmo tempo, é bastante complicado pesquisar o
catálogo de títulos presentes no ambiente. No entanto, a loja marcou o início
da distribuição de demos de jogos vendidos nas lojas e da venda desses jogos
completos em formato digital. Uma evolução e tanto para uma empresa que por
anos resistiu em entrar no mundo dos jogos online e distribuição digital.
O eShop, do Wii U em ação! |
O eShop do Wii U chegou para consolidar esta visão da
Nintendo. Logo de cara fui surpreendido pela quantidade de títulos vendidos nas
lojas disponíveis para serem comprados digitalmente. De ZombiU a Nintendo Land,
quase tudo está lá, com um layout muito agradável e navegação simples graças à
touch screen do GamePad. Todos os games, mesmo que não disponíveis para venda, possuem
uma ficha com imagens e vídeos, que podem auxiliar na decisão de compra dos
jogadores. Contudo, ainda senti falta de um sistema melhor para buscar os
títulos disponíveis. Existe a opção de ver todos os títulos disponíveis na
loja, o que funciona agora, já que o conteúdo não é muito grande. No entanto,
para mim é claro que dentro de pouco tempo, com diversos lançamentos sendo
colocados na loja, tal opção se tornará cada vez menos usada e funcional. A
Nintendo deve urgentemente encontrar uma forma melhor para buscarmos títulos
dentro do catálogo da loja, seja no Wii U ou no 3DS.
Falando sobre os jogos, em minhas primeiras andanças pelo
eShop havia adquirido Trine 2: Director’s Cut e baixado as demos de Sonic All-Star
Racing Transformed, Rayman Legends e Fifa 13, as únicas disponíveis até agora.
Sonic já foi avaliado há algumas semanas aqui no Blast, enquanto hoje mesmo,
publiquei uma análise de Trine 2. Resta-me, então, dizer o que achei de Fifa e
Rayman.
Fifa no Wii U fica devendo |
Nunca fui muito entusiasta de futebol, seja na vida real ou
nos videogames, mas confesso que a série Fifa, desde sua reformulação em 2008
vem apresentando um nível de qualidade fora do comum. No Wii U não poderia ser
diferente. Apesar de termos recebido uma péssima versão no Wii, no Wii U a
história parece não se repetir. Em primeiro lugar, os gráficos estão
belíssimos, e se equiparam com as versões lançadas para Xbox 360 e PlayStation
3, o que é muito bom, já que estávamos acostumados a jogar com Miis horrendos
em campos tão serrilhados que os jogadores morriam cortados ao cair. Coitados.
Os comandos não apresentam nada de novo, exceto pelo inteligente uso do
GamePad, que possibilita a armação de jogadas, criação de estratégias e fornece
estatísticas do jogo em tempo real. Minhas impressões da demo foram muito boas,
no entanto, logo descobri que a versão lançada para o console não possui modos
importantíssimos como o Ultimate Team. Uma pena, já que o que é mostrado na
demo é bastante promissor. Quem sabe no ano que vem, não é, EA?
Rayman Legends, em contrapartida, é uma das estrelas da
line-up do Wii U desde seu anuncio. E sua demo mostra claramente o porque do hype sobre o título, que será lançado em
março. Os gráficos que já eram belos em Origins ficaram ainda melhores, mais
vivos e ricos em detalhes. É como se estivéssemos controlando um desenho
animado, alias, é exatamente isso que estamos fazendo! A jogabilidade é genial,
não há palavras o bastante para descrevê-la. A interação entre a Touch Screen e
a tela de sua televisão é fantástica e usa e abusa da jogabilidade assimétrica.
No entanto, a verdadeira estrela da demo é a fase Castle Rock, tão mostrada em
vídeos de divulgação da Ubisoft. O lindo estágio é muito divertido, e se a
versão final do título possuir fases desse nível estamos diante do lançamento
de um futuro clássico dos jogos de plataforma.
Legends promete ser um dos melhores jogos da primeira leva do Wii U! |
O Wii (quase) como queríamos!
A bela despedida do Wii |
Depois de tanto jogar meu novo console me dei conta que
precisava transferir meus dados de jogos do meu Wii para o Wii U. Segui o
tutorial publicado no site oficial da Nintendo, e mesmo assim tive alguns
problemas. Isso porque as instruções são um pouco vagas e é difícil entender
logo de cara o que é necessário ser feito. Após lutar um pouco com meus
consoles, o cartão SD e o site pouco informativo da Nintendo, consegui realizar
a transferência. O destaque fica para a bela animação criada pela empresa
durante a passagem dos dados. Ao invés de colocar uma fria barra de status,
diversos pikmins coletam os dados, atravessam todo o console antigo para então
chegar a sua nave e viajar para o Wii U. Ao chegar ao novo console os
personagens voltam a carregar os dados do Wii, mas agora por corredores e
espaços muito mais complexos, que representam a grande complexidade do novo
hardware da Nintendo.
Link admirando uma Skyloft mais nítida |
Feita a transferência, decidi testar os meus antigos games
no console, e a surpresa foi excelente. Ao contrário do que a própria Nintendo
divulgou, os jogos de Wii, quando rodados no Wii U têm a sua imagem muito
melhorada. Espere só até você ter a chance de jogar Super Mario Galaxy ou Zelda
Skyward Sword no console. As cores estão mais vivas e tudo parece muito mais
definido do que o que era apresentado no já ultrapassado console da Nintendo. A
grande melhora na imagem dos jogos foi uma surpresa muito positiva, que faria
com que eu estivesse completamente satisfeito com a retrocompatibilidade do
console se não fosse por sua péssima interface.
O Wii U possui dois sistemas operacionais |
O problema é que, assim como no 3DS, o console de geração
anterior é completamente emulado no console, de forma que não é possível
acessar jogos de Wii diretamente pelo menu do Wii U. Ao selecionar a função Wii
Menu na tela inicial do novo console, o GamePad é desativado e temos que
executar todos os comandos via Wiimote. O Wii Shop Channel também só é
acessível pelo Wii Menu, de forma que parte de suas compras ficarão em um menu
e outra parte, em outro. É um sistema deveras confuso e pouco funcional, e a
Nintendo deveria ter pensado em uma solução que possibilitasse a integração
entre os dois sistemas. A solução, a meu ver, foi uma atitude preguiçosa da
empresa, que vem fazendo isso desde o 3DS em que temos que nos submeter à
ridícula situação de cadastrar nossos dados de conexão em duas telas
diferentes, só para satisfazer os dois sistemas operacionais contidos no
console. Lamentável.
O sonho multiplataforma
Nosso encontro de hoje está chegando ao fim, mas ainda tenho
muito o que dizer a vocês sobre o novo xodó do meu antro nintendista! Como
disse em meu texto anterior, adquiri Batman: Arkham City Armored Edition, Epic
Mickey 2: The Power of Two e Darksiders 2 juntamente com meu console (e ZombiU,
que ainda não chegou e pelo visto vai demorar). Com tantos títulos
multiplataforma de qualidade chegando ao console, na próxima semana seguiremos
nossa jornada pela nova empreitada nintendista analisando os efeitos do maior
apoio third-party no console. E claro, continuarei narrando todas as minhas
aventuras pelo console e seus jogos. Ah! Para os que ainda não me adicionaram
ou leram meu texto anterior, minha Nintendo ID é gavlatkovic, e sintam-se a
vontade para me procurar e tirar qualquer dúvida quanto ao console e seus
jogos. Mais uma vez, obrigado pelo feedback e até semana que vem!
Revisão: Ramon Oliveira de Souza