A franquia Darksiders ainda é bastante recente. O primeiro
título, lançado em 2010 para PlayStation 3 e Xbox 360 não deu as caras no Wii
graças ao problema que estamos cansados de saber quanto ao hardware do console.
No entanto, sua sequência, lançada em 2012, pôde finalmente adentrar em
territórios nintendistas graças ao novíssimo Wii U. Ironicamente, o título, em
que o jogador assume o controle da morte, chega praticamente no momento em que
sua publisher, a gigante THQ, está fechando suas portas. Descubra agora o valor
do primeiro e último jogo da empresa para o novo console da Nintendo.
Justiça com as próprias mãos
Darksiders 2 segue a história iniciada por seu predecessor.
Para quem não jogou o primeiro título, o jogador assumia o controle de War, um
dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que fora enviado à Terra para manter a
ordem. No entanto, após enfrentar um demônio, o cavaleiro é enviado ao inferno,
onde é salvo pelo Charred Council, entidade responsável por manter a ordem
entre os Reinos dos Homens, do Céu e do Inferno. Contudo, o conselho acusa War
de ter desencadeado a guerra do Apocalipse e se aliado ao Reino do Inferno. Aí, entra o novo jogo: no papel do irmão de War, Death, você deverá buscar provas
que oinocentem e, de quebra, exterminar uma horda de demônios
espalhados pelo universo. Épico o bastante?
O game tem proporções épicas! |
O jogo é uma mistura de diversos estilos de jogos que deram
certo nos videogames, desde o conceito de dungeons e puzzles diretamente
extraídos de The Legend of Zelda até a incessante e divertidíssima pancadaria
da franquia God of War e alguns elementos de RPGs ocidentais. O resultado de toda
essa salada é uma aventura competente, divertida e muito, muito longa. Aliás, o
primeiro pré-requisito para curtir Darksiders é gostar de jogos longos e cheio
de pequenos quests que, ao se unirem, resultam na enorme jornada. Então, se
você não gosta muito de ficar indo de um lugar a outro coletando itens, esse
definitivamente não é seu jogo.
Design megalomaníaco
Os que jogaram o primeiro título da franquia sabem que o
jogo eram imenso, seja pelo tamanho do mundo de jogo ou mesmo pelas horas
gastas durante a aventura. Na segunda entrada da franquia, a Vigil Games tentou
expandir ainda mais o universo do jogo, o que, infelizmente, acabou resultando
em um dos principais defeitos do título: o excesso. O problema é que o jogo é
tão grande que acaba ficando repetitivo em vários momentos. Ele nunca deixa de
ser divertido, já que os combates são excelentes e os cenários cada vez mais
ricos e interessantes. Contudo, na essência, o jogador fica limitado a explorar
cenários em busca de itens e exterminar alguns inimigos no meio do caminho.
Isso funciona muito bem com títulos que duram cerca de quinze horas, mas
Darksiders dura aproximadamente o dobro, e as coisas começam a ficar cansativas
rapidamente.
Apesar desse problema, a jornada continua sendo bastante
recompensadora, principalmente graças à incrível ambientação criada pela Vigil
Games, que faz com que nos sintamos dentro daquele mundo assolado pelo caos.
Além disso, o protagonista, Death, é possuídor de um carisma ímpar, de forma
que, mesmo que com muito esforço, o jogador desejará vê-lo completando sua
missão.
Link encontra Kratos
Inicialmente pode parecer estranho, mas a junção de estilos
conceitualmente tão diferentes acabou dando certo. Durante sua jornada, Death
encontrará diversas dungeons com puzzles para serem resolvidos (no caso, muito
mais simples que os encontrados por Link, em The Legend of Zelda) e hordas de
inimigos para serem derrotados. Ao avançar no game, o protagonista ganhará
novas habilidades que lhe darão acesso a lugares antes inacessíveis, o que dá
um maior senso de progressão à aventura. Os combates, ao contrário dos contos
de fadas estrelados por Link, são brutais e remetem diretamente aos games de
ação que dificilmente dão as caras nos consoles da Nintendo. Os controles
nesses momentos são muito precisos, o que os tornam um dos pontos altos da
aventura.
Os combates remetem muito à franquia God of War |
Ainda fazendo comparações, os chefes enfrentados durante a
aventura são a melhor parte do pacote, algo que nos remete muito à Zelda, que
possui algumas das batalhas contra chefes mais inovadoras e divertidas da
história dos videogames. Espere por chefes gigantescos com formas muito
específicas para serem derrotados. Como se pode ver, o jogo não traz grandes
inovações a nenhum dos gêneros que remete, mas os executa de forma competente,
mesmo que imperfeita...
Bugs... bugs everywhere!
A Vigil foi muito ambiciosa em sua empreitada e, como já
disse, talvez esse não tenha sido o melhor caminho. Além de uma aventura
deveras longa, as trinta horas de jogo ainda possuem diversos bugs. Desde
coisas simples como Death atravessando os cenários, até sérios problemas com a
câmera do jogo, você encontrará muitos problemas no decorrer da jornada. Nada
disso torna o título impossível de ser jogado, mas certas coisas atrapalham
bastante em alguns momentos. Outro problema do jogo é quanto à sua parte
gráfica. O título é muito inconsistente, apresentando alguns momentos lindos e
outros piores do que estamos acostumados a ver no Wii. A Vigil parece ter
pagado um preço um pouco alto pela sua ambição.
Nem tudo está perdido!
Mesmo com todos os problemas listados acima, Darksiders 2
cumpre seu papel e é um jogo muito divertido e, certamente, o mais longo desta
primeira leva de títulos para o Wii U. Além da já extensa aventura, a versão
lançada para o console da Big N conta com todos os DLCs lançados digitalmente
para outras plataformas, aumentando ainda mais a longevidade do game. A Vigil também adicionou a possibilidade de se jogar a aventura integralmente no
GamePad, que exibe os mapas e inventários do jogo quando a jornada é jogada na
TV. Para os que curtem grandes aventuras com ambientações apocalípticas,
Darksiders 2 é uma excelente escolha. É uma pena, no entanto, que talvez nunca
cheguemos a ver uma sequência.
Prós
- Ambientação fenomenal;
- Personagens carismáticos;
- Enredo simples, mas profundo;
- Combates divertidos;
- Bom sistema de upgrades.
Contras
- Demasiadamente longo;
- Bugs atrapalham a jogatina;
- Muito repetitivo.
Darksiders 2 – Wii U – Nota 8.0
Revisão: Bruno Nominato