Corrida pelo ouro: os cartuchos dourados da Nintendo

em 03/12/2012

Quem jogou New Super Mario Bros. 2 sabe que as coisas andam muito douradas pelo Reino do Cogumelo. Mas quem pode culpar o rotundo encanado... (por Thomas Schulze em 03/12/2012, via Nintendo Blast)


Quem jogou New Super Mario Bros. 2 sabe que as coisas andam muito douradas pelo Reino do Cogumelo. Mas quem pode culpar o rotundo encanador italiano por sua obsessão por moedas de ouro? O amarelo é uma cor que inspira calor e alegria, e que parece por sua própria natureza atribuir um estado de maior valor às coisas. Afinal, por ser a mais expansiva entre os matizes, é a cor que mais chama atenção dos olhos. Sério, isso é ciência, gente! Todo mundo adora amarelo, e a Nintendo não é exceção. Tanto que, ao longo de sua longa história nos videogames, lançou uma série de jogos dourados. E, adivinhe só, eles valem uma nota preta!

O santo graal dos videogames

Em 1990 a Nintendo estava com tudo. Seu nome era praticamente sinônimo de videogames. Toda criança tinha ou sonhava em ter um NES. A popularidade do sistema era tão grande que a Big N resolveu organizar um campeonato com três de seus jogos mais icônicos da época, Super Mario Bros., Tetris e Rad Racer, e o batizou de Nintendo World Championships. Tal torneio viajou por vinte e nove cidades dos Estados Unidos e consistia em marcar o maior número de pontos possível nos jogos ao longo de seis minutos e vinte e um segundos. Se você assistiu o filme “The Wizard – O Gênio do Videogame” (sim, aquele mesmo que apresentou Super Mario Bros. 3 ao mundo e passava o tempo todo na sessão da tarde dos anos 90) deve ter uma boa ideia do modelo da competição. O mais importante é que para o torneio foram produzidos pouco mais de uma centena de cartuchos contendo os três jogos supracitados. Noventa destes cartuchos eram da cor cinza normal que você deve conhecer bem. Outros vinte e cinco eram dourados. Todos os jogadores que chegavam a final do campeonato ganhavam um cartucho cinza. Já os cartuchos dourados foram distribuídos como prêmios pela recém-cancelada revista Nintendo Power.
Uma turminha da pesada se metendo nas maiores confusões!


Caso você não saiba, cartuchos raros, como Earthbound e Harvest Moon para Super Nintendo, possuem um alto valor para colecionadores, ultrapassando as centenas de dólares em leilões virtuais. Comece a imaginar então qual deve ser o valor de um cartucho que teve pouco mais de cem unidades produzidas. Agora imagine o valor de um cartucho de ouro que só tem vinte e cinco exemplares no mundo todo. O Nintendo World Championships dourado é considerado o santo graal dos colecionadores de jogos. As raras aparições do cartucho normalmente são tidas como lendas. Em 2007, o site Myebid anunciou que um pai vendia o jogo de seu falecido filho. O maior lance pelo cartucho foi de vinte e um mil dólares, mas a legitimidade da negociação ainda é questionada até os dias de hoje. A aparição mais recente de um Nintendo World Championships foi em 2011, quando Steve Lin doou um cartucho cinza para a Child's Play Charity Auction, que o vendeu por dez mil e quinhentos dólares. Tal qual o graal das lendas do Rei Arthur, ninguém sabe se ainda existe no mundo um cartucho dourado esperando para ser descoberto, mas a busca continua, e historiadores continuam a debater a veracidade de suas poucas aparições relatadas.

Zelda, literalmente a série de ouro

Zelda conta com cartuchos
dourados desde seus primórdios.
Embora não chegue perto de atingir o mesmo valor comercial do raríssimo Nintendo World Champsionships, há uma série da Nintendo que sempre recebeu tratamento de ouro, tanto na qualidade de seus títulos como na cor da tinta que estampava os cartuchos, caixas e discos. Trata-se de The Legend of Zelda, uma das mais antigas e famosas franquias da Big N. As duas primeiras aventuras da série, lançadas para o Nintendo 8 Bits, foram lançadas em cartuchos dourados. Peculiarmente, aqui há uma inversão de valores para os colecionadores: nos últimos anos de vida do console, os dois jogos foram relançados como cartuchos cinza. Por serem mais raros, são as versões em cor padrão que possuem maior valor comercial.

Com a chegada da geração 64 bits, veio The Legend of Zelda: Ocarina of Time, game que muitos consideram o melhor de todos os tempos. Mesmo que você discorde disso, o fato é que o jogo recebeu o maior esquema de lançamento até então. Aqueles que adquiriram o jogo na pré-venda ganharam um card dourado destacando que se tratava de uma “Collector’s Edition”, ou “edição do colecionador” em bom português. Como você deve ter imaginado, o cartucho também era dourado. No Brasil, a rede de locadoras Blockbuster também realizou um plano interessante de pré-venda, entregando aos clientes que adquirissem o jogo um VHS dourado com trailers e imagens do jogo, que chegou ao nosso país numa enorme caixa também dourada.
O lindo controle dourado de
Skyward Sword.
Esse modelo de caixa gigante com cartucho dourado foi copiado em The Legend of Zelda: Majora’s Mask, último Zelda lançado para um console de mesa em forma de cartucho. Mesmo com o fim da produção de jogos nesta mídia, a tradição de associar Zelda a artigos dourados continuou. The Legend of Zelda: The Wind Waker veio ao mundo como um pequeno disco dourado de GameCube. O mais recente jogo principal da série, The Legend of Zelda: Skyward Sword, não satisfeito em ter uma caixa dourada, chegou às lojas em um pacote que incluía um belíssimo Wiimote dourado.

Eu fiz um cartucho para você, e era todo amarelo

"E o meu Nintendo 64 era
todo amarelo..."
Como já dizia a famosa canção da banda Coldplay, “era tudo amarelo”. Provavelmente Chris Martin compôs essa música olhando para uma estante cheia de jogos da Nintendo. Afinal, o que não falta são cartuchos desta cor! Alguns, inclusive, foram lançados em versão colorida sem qualquer justificativa. O excelente Tony Hawk's Pro Skater 2, para Nintendo 64, é um bom exemplo de jogo que chegou às lojas com um estiloso cartucho amarelo sem qualquer motivo aparente. Mas a verdade é que todos os jogadores estavam ocupados demais curtindo a jogabilidade afiada e a trilha sonora soberba do game para reparar nisso.

Donkey Kong, o gorilão mais famoso dos videogames, possui um longo histórico de cartuchos amarelos. Embora Donkey Kong Country tenha chegado ao Super Nintendo com cartuchos cinza, todas as suas três adaptações para o GameBoy clássico, batizadas como Donkey Kong Land, vieram ao mercado com cartuchos amarelo-banana. Com a chegada da geração 64 bits, a Rare achou que seria legal continuar com os cartuchos amarelos e Donkey Kong 64 também recebeu uma pintura amarela. Peculiarmente, tal qual Tony Hawk’s Pro Skater 2, os jogadores costumam lembrar mais da música do jogo do que da cor do cartucho.

Amarelo banana.
Muito adequado.
Outra série principal da Nintendo que recebeu cartuchos amarelos e dourados é Pokémon. Quando as versões Red e Blue foram lançadas, seus cartuchos receberam tinta vermelha e azul, respectivamente. Quando chegou a vez da versão amarela, com Pikachu na capa, obviamente a Nintendo achou que seria uma boa ideia pintar o cartucho de amarelo. A tradição de pintar os cartuchos de acordo com seus nomes permaneceu na geração seguinte da franquia, e Pokémon Gold chegou às lojas num luxuoso e imponente cartucho dourado. Nos consoles de mesa, o único jogo Pokémon a receber uma edição dourada foi Pokémon Stadium 2, possivelmente por repetir em sua arte de capa os monstrinhos das edições Silver e Gold.

Medalha de ouro em qualidade

Coincidência ou não, os jogos lançados em versões douradas ou amarelas figuram entre os mais divertidos e importantes da história da Nintendo. Embora esta matéria não tenha listado todos os jogos lançados em versões coloridas (experimente pesquisar na internet por versões orientais dos jogos e você encontrará dezenas de jogos amarelos, inclusive o lendário Super Mario Bros. 3) você deve ter reparado que sempre que um jogo recebe esse tratamento, acaba se tornando um jogo marcante. A maior pergunta então é qual o maior valor desses jogos: o monetário, por se tratarem de artigos de colecionador, ou o sentimental, por serem jogos que marcaram a vida de todos aqueles apaixonados pelo fantástico universo da Nintendo.


Revisão: Leandro Freire
Siga o Blast nas Redes Sociais

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).