Sempre faço o possível para comprar os consoles da Nintendo logo no
lançamento, afinal, acredito que a empresa com maior know-how do ramo dificilmente me
decepcionará. Alias, exceto pelo Virtual Boy, não consigo me lembrar de algum
grande fracasso da empresa nesses seus muitos anos de vida. É claro que ela já
teve seus pontos comercialmente baixos, como por exemplo, durante as gerações do Nintendo 64 e do
GameCube. Mas mesmo naquela época, tais consoles eram os que faziam a minha
felicidade gamística. Cresci jogando Nintendo e aprendi a gostar e admirar cada
um de seus consoles, jogos e personagens de maneira que não consigo passar
qualquer geração sem os consoles da Big N.
O revolucionário Wii |
Mudança de foco com o 3DS |
Completamente desiludido com a Nintendo, passei um tempo
afastado de tudo que a empresa lançava, afinal, estava muito satisfeito com o meu
PlayStation 3 (um excelente console, diga-se de passagem). No entanto, no ano
passado, tudo começou a voltar ao normal. O lançamento do 3DS fez com que eu
voltasse a acreditar que a Nintendo era capaz de satisfazer meus anseios por
games hardcore e pelas suas fantásticas franquias, já que a empresa estava
claramente investindo para retomar o público perdido, sem deixar de lado o
recentemente conquistado. Na E3 do mesmo ano, o Wii U, sucessor do Wii foi
finalmente anunciado, e já com o discurso que eu esperava: a conciliação entre
o público casual e hardcore. Com o anúncio de diversas séries consagradas que
não fizeram aparição no Wii graças às suas limitações, não demorou muito para
que eu entrasse no clima e embarcasse mais uma vez no hype train da Nintendo.
Hoje, mais de um ano e meio depois, estou com o console em mãos. E posso me
encher de orgulho e dizer: obrigado, Nintendo.
Conhecendo o novo console
Finalmente em casa! |
Adquiri o console em sua versão preta, a chamada Deluxe, com
32 GB de armazenamento interno, diversos acessórios e uma cópia de Nintendo
Land, coletânea de minigames que, assim como Wii Sports, serve de convite para
a nova revolução nintendista. Além disso, adquiri cópias de New Super Mario
Bros. U, Batman Arkham City:
Armored Edition, Darksiders 2, Epic Mickey 2: The Power of Two e ZombiU, que
infelizmente ainda não chegou. Assim como o Wii, a caixa do Wii U possui
dois compartimentos e todos os componentes do pacotes estão milimétricamente
alojados dentro deles. Instalei meu novo console e logo me deparei com a tão falada
atualização inicial. E ela, que é insuportavelmente longa, passa a sensação de que estamos sendo torturados pela empresa, que poderia ter enviado os consoles às
lojas com o update já realizado.
Após pouco mais de uma hora de espera, fui levado ao menu
de configurações iniciais do console, o que passa pela criação de meu usuário
no console, Mii (que pode ser importado do 3DS) e Nintendo Id (para os que
quiserem me adicionar, gavlatkovic). Logo após essas simples definições, o
console (finalmente) está pronto para ser utilizado. Sem grandes cerimônias, me
deparo com o menu do console, a Warawara Plaza, uma área habitada por Miis de
todo o mundo que ficam próximos do que suas contrapartes no mundo real andam
jogando em seus consoles. A ideia parece boba, mas ao observar todos os pequenos
avatares dizendo diversas coisas sobre os jogos, já percebi que a Nintendo não
estava brincando quando disse que desejava criar uma grande comunidade gamer.
O interessantíssimo menu do console |
Miiverse, o Facebook nintendista
O eShop ainda não está disponível por aqui |
Minha maior vontade era jogar logo qualquer coisa no
console, mas a curiosidade falou mais alto e resolvi explorar tudo que o
sistema poderia me oferecer. Naveguei pelas configurações do console, bem como
por aplicativos simples como o “Registro de Atividade”, que é algo bastante similar
ao que é apresentado no Nintendo 3DS, que fornece estatísticas de tempo de jogo
e uso de softwares. Adicionei ao meu círculo de amigos alguns membros do Blast que já possuíam o console
e tentei acessar o eShop. Para a minha surpresa, o Brasil ainda não possui tal
serviço, e assim, nós, pobres tupiniquins, somos obrigados a criar uma conta americana
(ou canadense) para adquirir jogos e baixar demos no console. Após pesquisar
que isso deveria ser feito, criei uma Nintendo Id apenas para essa finalidade.
Baixei algumas demos, adquiri Trine 2: Director’s Cut e retornei para meu
usuário “oficial”.
O magnífico Miiverse em ação |
Só faltava então, além de jogar alguma coisa, ver como
funcionava o tal do Miiverse. Abri o aplicativo e me deparei com diversas
comunidades dos jogos e aplicativos lançados para o console até agora. Cada
comunidade funciona como um “mural”, em que as pessoas publicam mensagens,
desenhos e screenshots relacionadas ao jogo em questão. A parte legal é que
podemos curtir (no caso do console, dar um “joinha”) e comentar as publicações,
o que abre um grande leque de possibilidade de interação. Por exemplo, na
comunidade de ZombiU, me deparei com jogadores pedindo ajuda para passar de
determinadas partes do game e sendo ajudados por outros jogadores. As
comunidades são ativas e o nível de interação é fascinante! O que torna tudo mais
interessante é a facilidade de contato com outros jogadores. Os famigerados
Friend Codes finalmente desapareceram e você pode adicionar qualquer jogador
que encontrar em suas andanças online. Apesar de toda a interação vista nesse
primeiro contato, ainda não estava convencido sobre a diferença que essa rede
social faria no calor das jogatinas. Mas resolvi jogar Nintendo Land...
O parque de diversões da Nintendo
Monita dando mais uma de suas lições |
Logo de cara não há como não se espantar com a beleza do título.
Apesar do visual simples, o game é tão polido e charmoso que é impossível não
se apaixonar pela direção artística empregada pela Nintendo. Estava meu Mii em
uma grande área vazia, quando Monita, a robô-comediante-tutorial do jogo começou a
me apresentar tudo que eu poderia fazer. Depois de muito blá blá blá e de algumas
partidas de The Legend of Zelda: Battle Quest, volto ao grande pátio e me
surpreendo com a chegada de diversos Miis. Monita me explica que são jogadores
de toda parte do mundo compartilhando postagens pelo Miiverse, agora integrado
ao mundo do jogo. E que coisa magnifica! Aqueles Miis passeando pelo meu
parque, fazendo todo tipo de comentário possível sobre suas aventuras pelo
game. Monita então me liberou para postar no Miiverse, fiz um post bobo,
elogiando o jogo, e para minha surpresa, meu comentário foi curtido por algumas
pessoas e até fui adicionado por um porto-riquenho adicionador de pessoas aleatórias.
Foi aí que percebi o quanto o Miiverse pode enriquecer a experiência de jogo.
O
senso de comunidade criado pela ferramenta é assustadoramente forte, de modo
que fica difícil imaginar como vivemos tanto tempo sem algo do tipo. Além
disso, serviços como o excelente Web Browser, os downloads e a lista de amigos
podem ser acessados a qualquer momento sem que haja a necessidade de sair do
jogo. Aparentemente, a Nintendo estudou cada um dos desejos dos jogadores para
a criação de uma rede online consistente para seu console para depois criá-la.
Contudo, a falta de um sistema de conquistas me decepcionou um pouco. Muitos
podem dizer que isso não faz falta, e eu até concordo. Mas se a empresa almeja
o público hardcore, ela deixou um dos grandes atrativos dos concorrentes de
lado. Se tivesse, não faria diferença para os que não se importam, mas não
tendo, faz para os que curtem. Ponto negativo.
Seu parque será habitado por Miis de todo o mundo! |
Nintendo Land possui um charme ímpar |
Quanto aos minigames de Nintendo Land, posso dizer que
superaram minhas expectativas. Boa parte deles possui profundidade e garantirá horas de jogo para qualquer tipo de jogador. Sobre isso, algo recorrente e
surpreendente no Miiverse é a quantidade de pessoas reclamando da alta
dificuldade do game. Sim, a coletânea de minigames da Nintendo é difícil. A
jogabilidade do título é excelente, e o GamePad é usado de formas inovadoras e
divertidas, mostrando parte do que podemos esperar do console no futuro. A
jogabilidade assimétrica, tão alardeada pela Nintendo, se provou algo que não
só funciona como revoluciona o conceito de multiplayer off-line. É difícil
entender sem jogar, mas o fato de haver duas telas e dois tipos de controle
diferentes na equação faz com que a experiência torne-se algo único, completamente
diferente de tudo que já foi criado. Luigi’s Ghost Mansion é o melhor exemplo
do que estou falando, já que o portador do GamePad deve eliminar todos os jogadores
se utilizando das vantagens de possuir uma tela individual com mais informações
que as que os jogadores portando Wiimotes possuem. O conceito é genial, sem mais.
Luigi's Ghost Mansion é um dos minigames mais criativos do pacote |
De volta aos tempos do Super Nintendo
NSMB finalmente ganha personalidade |
Depois de toda a surpresa positiva proporcionada por
Nintendo Land e seu conceito arrasador, decidi jogar New Super Mario Bros. U.
Vale ressaltar que o redator que vos escreve é uma das pessoas mais
insatisfeitas com essa série. No mundo. Para mim, a série nunca passou de uma
gigantesca reciclagem de conceitos dentro de um pacote de fases genéricas e
músicas que não chegam nem aos pés do legado do encanador. Assim, comecei a
jogar o título bastante cético com o que encontraria. E agora, venho engolir
todo o meu orgulho e dizer sem medo: o game é um dos jogos mais legais do
personagem que joguei em anos.
As fases são muito variadas |
Praticamente tudo que não me agradava na série
foi modificado, os cenários estão mais orgânicos, as burocráticas fases enumeradas
divididas entre mundos temáticos foram deixadas de lado em prol de um mundo
vasto, tal como o de Super Mario World (SNES) e o level design é extremamente
inteligente, fazendo com que este seja o primeiro game da série a oferecer um
grau maior de dificuldade para os jogadores. Isso porque ainda nem falei dos
modos extras, que estimulam os jogadores a realizar missões dificílimas que
exigem muito sangue frio e coordenação motora. Para mim, o título desde já
marca o retorno do selo de qualidade da Nintendo em jogos de plataforma 2D do
bigodudo. E isso vindo de um jogador com anos de estrada e que lamentava ter que
criticar a postura da empresa com a série.
O Miiverse também é integrado ao título |
A aventura está apenas começando...
Em uma semana já pude perceber que o Wii U é um console
excelente. Claro que ele não é perfeito. Como vários jogadores já constataram,
o sistema operacional é um pouco lento, e isso prejudica bastante a
experiência, que deveria ser muito mais fluida do que é. No entanto, a Nintendo
eventualmente lançará um update que melhorará a performance do sistema, é só uma
questão de tempo. Outros pontos são os já mencionados sobre a falta de um
sistema de conquistas e a não disponibilidade do eShop em nosso país. O segundo
logo será resolvido, com o lançamento oficial do console por aqui, mas acho
muito difícil que o primeiro se concretize um dia.
Na próxima semana compartilharei com vocês minhas impressões sobre as demos e de minha primeira aquisição digital: Trine 2: Director’s Cut. Este
Blast Log, dividido em quatro textos, resultará em uma análise do novo sistema
da Nintendo e de seus jogos iniciais, o que dará uma boa noção dos motivos (ou
falta de) para adquirir o Wii U. Aguardo vocês na próxima semana, e não se
esqueçam de me adicionar em seus consoles! Até semana que vem!
Revisão: Samuel Coelho