Blast Battle: Game Boy vs. DS - Qual é a melhor linha portátil da Nintendo?

em 21/12/2012

É hora de guerra na família! A Nintendo é conhecida por ter ótimos consoles portáteis, mas qual das suas principais linhas foi a melhor? De ... (por Luciana Anselmo em 21/12/2012, via Nintendo Blast)

É hora de guerra na família! A Nintendo é conhecida por ter ótimos consoles portáteis, mas qual das suas principais linhas foi a melhor? De um lado, temos a linhagem do Game Boy, que nos trouxe a possibilidade de ter um console que podia ser levado a todos os lugares. Do outro lado, temos a linhagem do Nintendo DS, que trilhou um caminho similar, mas com uma proposta e recursos diferentes, o que acabou “matando” seu irmão mais velho. Mesmo sendo de épocas, tecnologias e propostas diferentes, nós vamos ver nesse Blast Battle cada etapa de vida das duas linhas para tentar decidir de uma vez por todas qual é a melhor!

De volta às origens


Podemos certamente dizer que a Nintendo ama lançar versões de seus portáteis. Mesmo que parte deles possa ser considerada desnecessária pela falta de avanço tecnológico ou por quaisquer motivos futéis, o fato é que há muitos videogames de bolso por aí. Então, antes da grande batalha, vamos conhecer os portáteis da Nintendo e suas versões para facilitar o entendimento e melhor elaborar os argumentos para a decisão final.

Gunpei Yokoi com seu "filho".
O Game Boy foi o primeiro console portátil lançado pela Nintendo, mas não seria justo e nem correto dizer que foi sua primeira tentativa de levar os videogames para fora de casa. Em 1979, Gunpei Yokoi viu um homem entediado brincando com uma calculadora e teve a ideia de fazer um relógio que também servia como um pequeno dispositivo de jogo. Então, em 1980, a ideia ganhou forma e o Game & Watch foi lançado. Mas, em vez de ser um console portátil, ele era exatamente o que Gunpei imaginou originalmente: um jogo e um relógio. Entre 1980 e 1991, foram lançadas cinquenta e nove versões e foram vendidas mais de quarenta e três milhões de cópias pelo mundo. Diferentes modelos foram feitos, incluindo um com duas telas que mais tarde inspirou o design do Nintendo DS.

Linha Game Boy


Como sabemos, o Game Boy é uma linhagem de consoles portáteis da Nintendo que teve início em 1989, sendo também uma criação de Gunpei Yokoi. Ao longo dos anos, sete modelos diferentes e mais avançados foram lançados, e juntos alcançaram a marca de mais de 200 milhões de unidades vendidas pelo mundo, tornando-se um dos sistemas mais bem sucedidos do mundo. São eles:

Game Boy: Lançado em 1989, foi o primeiro console portátil da Nintendo e era como uma mistura do Game & Watch com o NES. Apesar da inferioridade técnica diante de seus concorrentes na época, superou as expectativas conquistando um rápido e grande sucesso.

Game Boy Pocket: Apenas em 1996 foi lançada outra versão, que como seu nome sugere, era apenas uma versão mais compacta e leve e sem melhorias consideráveis.

Game Boy Light: Lançado apenas no Japão em 1998, sua única novidade era a função de iluminação própria da tela para uso em lugares escuros.

Game Boy Color: Ainda em 1998, ganhamos um sistema pouco mais sofisticado, finalmente adicionando cores ao portátil. Um elemento chave era sua retrocompatibilidade com os jogos dos sistemas antigos, ganhando vantagem sobre seus concorrentes e tornando-o um grande sucesso.

Game Boy Advance: Um verdadeiro sucessor foi lançado em 2001, e como seu nome diz, ele mostrava grandes avanços, conseguindo até mesmo superar o poder gráfico do SNES, e logo se tornou o Game Boy mais bem sucedido e popular de todos

Game Boy Advance SP: Mesmo sendo tão avançado, o GBA também teve sua cota de reclamações, as quais foram resolvidas na sua versão melhorada, que contava com bateria interna recarregável, iluminação da tela para lugares escuros e um design mais confortável e bonito.

Game Boy Micro: Em 2005, o Game Boy Micro foi lançado com poucas melhorias e sem retrocompatibilidade com os jogos que não fossem do GBA. O que não sabíamos era que ele seria o último, e em vez de dar um final digno aquele que popularizou os portáteis, a Nintendo de forma abrupta e sem muita cerimônia ou consideração acabou com sua antiga linha de portáteis.

E assim começava a ascensão de uma nova linha lançada no ano anterior e que se tornaria o console mais bem sucedido do mundo.

Linha Nintendo DS


Em 2004, um novo portátil foi lançado e para a nossa surpresa era um console de duas telas, com uma sensível ao toque, conectividade Wi-Fi e a possibilidade de jogar os games de GBA. O mundo foi apresentado ao Nintendo DS, ocasião na qual a Nintendo disse que este portátil seria o “terceiro pilar” da empresa e não um substituto do amado Game Boy. Mas em 2006, foi anunciado que o Game Boy estaria “morto” até o fim do ano seguinte. Desde então, o DS conquistou rapidamente o mundo todo, tendo também várias versões lançadas ao longo do tempo. São elas:

DS: Tudo começou em 2004 quando fomos surpreendidos pelo o que aquele novo portátil fazia: interação entre duas telas, sensibilidade ao toque, um microfone integrado, conectividade Wi-Fi, a possibilidade de se comunicar e jogar com seus amigos aonde quer que eles estivessem.

DS Lite: Assim como Game Boy Pocket, uma versão mais leve do DS foi lançada em 2006, trazendo poucas melhorias. A grande diferença era seu formato, aparência, peso e duração da bateria.

DSi: Em vez de uma atualização superficial, o DS logo ganhou um bom sucessor em 2009. O DSi tinha duas câmeras, entrada para cartões SD, uma tela um pouco maior, mas perdeu a entrada para cartuchos de GBA.

DSi XL: Se antes o objetivo era que consoles portáteis fossem pequenos, leves e que pudessem facilmente ser levados no bolso, as versões XL deram uma opção para aqueles que sentiam desconforto ao passar muitas horas jogando em um console pequeno. Fora isso, não houve melhorias e ainda havia o problema da resolução continuar a mesma em uma tela maior.

3DS: Assim como o GBA, o 3DS foi o grande avanço da nova família e, além das melhorias que já tínhamos no DSi, ele apresentava gráficos bem melhores, um pequeno analógico e o mais importante: efeitos 3D sem necessidade de óculos especiais.

3DS XL: Aparentemente, a versão grande sempre vai ser lançada, mas na verdade, a versão XL do 3DS é realmente mais anatômica e confortável de se jogar, além de apresentar um tratamento antirreflexo e uma tela 90% maior que seu antecessor. A grande reclamação e polêmica foi a Nintendo não ter incluído o segundo analógico, forçando ainda a compra do Circle Pad Pro.

Fight!

Agora que conhecemos um pouco da história de cada modelo das duas linhagens, podemos chegar aonde queremos: a batalha final! Mas primeiro, vamos lembrar que o problema de querer comparar essas duas grandes linhas de portáteis é o simples fato de elas serem de épocas bem diferentes. Por mais que elas tenham se encontrado no fim de vida de uma e início da outra, a tecnologia e a proposta  das linhas e das épocas são muito distintas. Temos que levar em consideração que as coisas estavam se modificando no mundo dos games e a Nintendo teve que fazer algo para contornar isso de forma satisfatória e proveitosa para todos. Mas, ainda sim é possível comparar alguns quesitos e quem sabe descobrir da forma mais justa quem é o grande vencedor.

Inovação

Quem foi o grande inovador? O Game Boy que trouxe a possibilidade de podermos levar um console para fora de casa ou o DS que nos oferecia duas telas, sendo uma sensível ao toque? Bom... vamos falar a verdade, o Game & Watch foi o primeiro a trazer a experiência de acabar com nossos momentos de tédio fora de casa e também foi o primeiro sistema portátil a oferecer duas telas.

Então, nesses quesitos, podemos dizer que o que tivemos depois foram, na verdade, aprimoramentos de ideias já existentes e não tanto grandes inovações. Mas, ao lembrarmos o que cada um ofereceu em sua própria época, podemos considerar um empate para abrir esse Battle, pois claro que as duas linhas têm seus créditos e méritos pelo o que ofereceram em seus modelos mais atualizados, porém a inovação e o impacto original ficam mesmo com o pai de todos, o Game & Watch.

Game Boy 1 x 1 Nintendo DS


Interação

Ah, a interação entre portáteis é algo tão simples agora que basta ter apenas um cartucho para jogar com seus amigos ou uma rede Wi-Fi  para jogar ou conversar com qualquer um ao redor do mundo. Mas isso só aconteceu a partir do DS, então... como era antes?  Bom, aqueles que já possuíram um Game Boy devem ter respondido mentalmente: “Com um cabo link, é claro!”. Pode parecer até meio trabalhoso agora que tudo é tão simples, mas antes o que precisávamos para interagir com nossos amigos no Game Boy eram dois cartuchos do mesmo jogo e um pequeno cabo, chamado de cabo link,  para ligar os dois consoles. Mesmo sendo muito divertido na época, não era nem um pouco prático e temos que admitir que a interação que o Nintendo DS nos trouxe é extremamente fácil e divertida de se aproveitar, então é ponto para o irmão mais novo da família.

Game Boy 1 x 2 Nintendo DS


Diversão

Desde os anos 1980, os portáteis da
Nintendo divertem todas as gerações.
Possivelmente o critério mais subjetivo de toda a batalha, mas também um dos mais importantes. O conceito original de um console portátil era basicamente ter algo divertido para fazer em momentos de tédio, principalmente fora de casa. O Game Boy, por mais simples que fosse devido as suas limitações técnicas, desde seu início nos oferecia horas de diversão e nos viciava completamente, principalmente considerando a febre criada com o jogo do Tetris vendido junto com o GB original, que ajudou diretamente a impulsionar as vendas e a popularidade do nosso querido tijolão.


Com sua proposta interativa, o DS
conseguiu atrair todos os tipos de público.
O  DS, no entanto, nos trouxe um tipo de diversão diferente e mais interativa, nos fazendo desenhar na tela com a Stylus, falar com nosso console no microfone e, até mesmo, assoprar nele para apagar incêndios ou tocar instrumentos. Mas, pesando as duas questões e levando em consideração o que cada um conseguiu atingir com suas funcionalidades, não podemos tirar o mérito e nem desmerecer nenhum deles, pois ambos conseguiram alcançar esse objetivo perfeitamente em suas respectivas épocas.

Game Boy 2 x 3 Nintendo DS


Legado

É dificil querer comparar o legado deixado por uma linha de consoles extinta com outra que está ativa, ainda mais considerando que uma teve dezoito anos de história e a outra ainda nem completou dez anos de existência. Contudo, já é possível fazer comparações justas entre as duas. Tanto o Game Boy quanto o Nintendo DS oferecem uma grande biblioteca de jogos por exemplo, e claro que quantidade não significa qualidade, mas os dois conseguiram nos apresentar grandes títulos que se destacaram, e estabeleram grandes clássicos. Os dois conseguiram trazer boas inovações, mesmo não sendo tecnicamente melhores que seus concorrentes diretos.

O Game Boy mudou a indústria e tornou
os portáteis uma força a ser considerada.
Enfim, poderíamos pensar em vários pequenos aspectos como estes, mas vamos à realidade: o Game Boy nunca foi o portátil mais avançado, demorou anos para simplesmente ganhar cores, algo que seus concorrentes já tinham há muito tempo por exemplo, mas ele conseguiu se popularizar de forma surpreendente, foi uma febre pelo mundo e foi quem verdadeiramente ajudou a popularizar os consoles portáteis. Então, mesmo que a linha do Nintendo DS tenha daqui alguns anos um legado inovador e tecnológico muito maior, tudo ainda se deve ao que o Game Boy conquistou mesmo com suas limitações e sua simplicidade. Devemos parar e analisar, será que os portáteis seriam tão populares hoje em dia se o Game Boy não tivesse existido? Tudo o que conquistamos no campo dos portáteis se deve muito ao Game Boy, que ao longo dos anos conseguiu estabelecer o padrão de qualidade e diversão que temos com os portáteis hoje em dia.

Game Boy 3 x 3 Nintendo DS


Resultado final do Blast Battle: Empate

Nostalgia vs. Racionalidade

É dificil escolher um vencedor nessa batalha, não só pelos motivos técnicos, mas pelos emocionais também. Se fizerem como eu, e perguntarem a alguém que viveu a maior parte da era do Game Boy, qual a melhor linha de portáteis da Nintendo, é bem provável que respondam que foi o Game Boy e o mesmo acontece com pessoas mais jovens que provavelmente escolheriam o DS, até por não terem tido muito ou nenhum contato com o Game Boy, ou seja, a probabilidade é que as pessoas escolham como melhor aquilo que fez parte da vida delas.

Como uma das pessoas que teve uma infância e adolescência com a companhia inseparável do Game Boy, eu também teria uma certa tendência a escolhê-lo como vencedor. Mas com quais argumentos e por quais motivos eu faria isso? Até que ponto eu estaria sendo realmente racional e analisando os aspectos como deveria e até que ponto eu estaria sendo apenas nostálgica pelas ótimas memórias que meu Game Boy me trouxe? A verdade é que temos que reconhecer que não podemos eleger algo como o melhor nos baseando apenas em bons momentos ou em emoções, e nesse caso depois de muito analisar, percebi que não há um único vencedor aqui, cada uma das linhas de consoles são vitoriosas em suas próprias épocas, em suas propostas, em seus objetivos e com as respectivas gerações de pessoas que atingiram e marcaram. O Game & Watch veio com a ideia original do que um portátil deveria ser. O seu tempo passou e deu lugar ao Game Boy que teve sua era de glória, mas acabou desaparecendo silenciosamente para que o Nintendo DS pudesse surgir e se tornar o console mais vendido e popular de todos os tempos.

E assim como eu e tantos outros, nos sentimos nostálgicos e com saudades do Game Boy, um dia o mesmo acontecerá com o DS que também não viverá para sempre, afinal o tempo passa, as gerações mudam e no fim, o que podemos fazer é tirar o melhor de cada uma, pois o importante aqui não é estabelecer um vencedor e sim perceber como os dois cumpriram perfeitamente seus objetivos ao nos divertir, nos encantar e por fim nos deixar saudosos quando um dia se vão.

Revisão: Catarine Aurora

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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