Análise: Blazing Angels: Squadrons of WWII (Wii)

em 06/12/2012

Blazing Angels é um jogo de combate aéreo situado durante a II Guerra Mundial. Na pele de um piloto estadunidense, você viajará por vários... (por Lucas Palma Mistrello em 06/12/2012, via Nintendo Blast)

Blazing Angels é um jogo de combate aéreo situado durante a II Guerra Mundial. Na pele de um piloto estadunidense, você viajará por vários cenários do conflito, da Batalha Britânica à queda de Berlim, combatendo a Alemanha Nazista, lutando pela liberdade no mundo. Este título multi-plataforma recebeu uma atenção maior ao ser laçado para o Wii, no já distante ano de 2007. Antes de terminarmos o ciclo do Wii, aproveite para acompanhar esta análise.


História excelente e estória mal posicionada

Como todos os jogos baseados na II Guerra Mundial - praticamente um subgênero dos games - a precisão histórica é um dos pré-requisitos para que o jogo almeje o sucesso. E com Blazing Angels não é diferente. O jogo tem ao todo dezoito missões que percorrem toda a trajetória principal da guerra. O início é como piloto estadunidense voluntário na Real Força Aérea Britânica (RAF) em uma missão de treino no interior do Reino Unido, e logo depois já será necessário rechaçar a tentativa de invasão alemã da Grã-Bretanha durante a Batalha Britânica (ou Batalha da Inglaterra) sobre os céus de Londres. Logo após, viajar ao norte da África para fazer Rommel recuar. Após estes eventos o jogador irá ao front no Oceano Pacífico enfrentando os japoneses em várias batalhas em pequenas ilhas e alto mar, dentre elas, Pearl Harbor.

Dia D e Paris
Depois de combater na terra do sol nascente, voltamos à Europa para participar do avanço aliado sobre a França, explodindo bunkers no Desembarque na Normandia e abatendo nazistas na Torre Eiffel durante a Libertação de Paris. O esquadrão será enviado ainda à Escandinávia investigar a fabricação de uma bomba atômica pelos nazistas, e finalmente, participará do golpe final na invação à Alemanha e nos céus de Berlim.

Pela descrição acima é possível perceber que a climatização do jogo na II Guerra Mundial é bastante interessante. A trajetória do esquadrão dos protagonistas passar por vários momentos relevantes do conflito, é realmente muito completo nesse sentido.
A Batalha Britânica ou Batalha da Inglaterra foi uma longa batalha entre milhares de aviões pelos céus do Reino Unido e do Canal da Mancha para impedir que a Alemanha conseguisse invadir as ilhas britânicas. Várias cidades, dentre elas Londres, e bases militares foram bombardeadas durante meses para enfraquecer os britânicos a ponto de não resistirem a invasão. Felizmente, o Reino Unido resistiu com unhas e dentes (apoiado por voluntários de todo o mundo) e freou o avanço alemão na Europa Ocidental, fazendo com que Hitler se virasse à União Soviética. Para os interessados, uma das melhores representações sobre estes eventos se encontra no clássico longa, filmado com aviões reais, A Batalha Britânica, de 1969. Veja o trailer.
No entanto, na sua própria estória deixa muito a desejar. A versão do Wii deveria ser um título de lançamento do console em 2006 - ano em que foi lançado para Xbox 360 e PC - mas foi adiado sucessivamente até ser lançado em 2007. Neste interim o port para o console de mesa da Nintendo (e o da Sony) recebeu uma atenção maior no aspecto do enredo, foram adicionados maior profundidade aos personagens (e aos eventos históricos) e a relação entre eles... mas não da melhor maneira possível.

Esta profundidade foi aplicada de uma maneira equivocada. Consiste em uma série de longas narrações e discursos de vários minutos sobre o que sente em determinada missão ou sobre a experiência anterior. É facilmente perceptível o fato de ser um adição posterior ao laçamento das demais plataformas. A falas ocorrem ainda durante o gameplay principal (os objetivos são completados e você continua controlando o avião enquanto ele dispara a falar) o que diminui a atenção, especialmente para quem não tem o inglês como língua nativa. Mas o mais incômodo mesmo é ter que pilotar por minutos mesmo depois da missão terminada, e caso você largue os controles, se o caça cair ou se chocar com algo e você morrer, a missão reinicia. E ainda, não raras vezes, outros efeitos sonoros como explosões e tiros acabam sobrepondo o som do monólogo, ou em alguns momentos, de forma bizarra, a fase termina cortando as falas.

O último objetivo do jogo é enfrentar o esquadrão Jagdgeschwader 7 sobre os céus de Berlim. Este esquadrão foi real, e foi o primeiro esquadrão no mundo a operar com aviões a jato, o Me262, e o único da II Guerra. (Embora protótipos da RAF já estivessem em teste.) O esquadrão iniciado no final de 1944 se resumiu a retardar o avanço aliado. Nunca passou de mais de 40 aeronaves, e durante suas primeiras missões, voavam apenas entre 5 ou 6 aparelhos. Ainda assim, foi responsável por, no mínimo, 130 aviões abatidos enquanto estimativas apontam aproximadamente 420 vitórias.  

No comando do mache

Apesar de possuir um número grande de missões (dezoito ao todo) com vários objetivos, a diversidade da jogabilidade é pequena. Existem algumas exceções como uma missão em que é necessário fotografar bases escondidas no deserto ou alternando entre artilheiro e piloto de um bombardeiro. Mas, no geral, é tudo muito simples, o que é inerente à proposta do jogo de ser em estilo quase arcade de se jogar. Você não precisa se preocupar com velocidade, altitude ou vento, é só apontar para uma direção e seguir voando e atirando, com número infinito de bombas e munições.

Há de se dar um desconto pelo alto número de fases, como apontado, mas a noção de repetitividade e "mesmisse" aumenta pois as missões são muito longas (algumas podem passar até de 30 minutos de jogo) e cheia de indas e vindas. A Libertação de Paris, por exemplo, várias tropas da resistência e aliadas estão espalhadas pela cidade e você deve ajudá-las combatendo os alemães. Apesar da proposta ser interessante, você fica indo e voltando várias vezes dos pontos onde é requisitado. O mesmo ocorre em Pearl Harbor, onde a única coisa que você faz, apesar da missão ter três etapas diferentes, é abater vários caças inimigos, somente mudando o limite de tempo a cada  parte (o que apesar dos pesares muito é divertido).
Abater os hábeis pilotos japoneses em Pearl Harbor não será tarefa fácil!
Mencionando Pearl Habor, nesta missão em especial, mas ocorrerá em toda as outras, a inteligência artificial é extremamente desafiadora. Os pilotos japoneses são extremamente hábeis em desviar de suas balas, executam manobras que realmente te fazem comer poeira. Você deve abater os caças que estão preocupado com outros aviões, pois e partir para um duelo aéreo - dogfight - perderá muito tempo tomando cansaço dos inimigos caso eles percebam que você os está perseguindo.

O jogo fornece também algumas customizações, são disponibilizadas 46 aeronaves diferentes, de varias forças aéreas. Muito embora algumas tratem-se de apenas de pinturas diferentes, com diferenças imperceptíveis entre uma e outra, é uma característica muito bacana para os interessados no assunto.

Supermarine Spitfire da RAF, o caça mais icônico da II Guerra Mundial. Várias de suas versões estão disponíveis em Blazing Angels.

Uma estratégia interessante que existe para dar mais diversidade durante a jogatina é utilizar seus companheiros de esquadrão. No estilo de Star Fox, você tem os mesmos companheiros do início ao fim (com breves mudanças). Cada um tem uma habilidade diferente: um pode perseguir um determinado alvo até destruí-lo, outro pode atrair os caças inimigos fazendo com que você fique livre por alguns momentos e o terceiro te ajuda a reparar o avião durante o vôo (por "quick time events").

Câmera seguindo o alvo inimigo. Mesmo enquanto este recurso não está ativado, a tela de jogo apresenta contornos coloridos para identificar as aeronaves aliadas e inimigas.

Blazing Angels também apresenta uma câmera pelo cockpit bela e próxima da realidade, mas por isso mesmo, extramente difícil de se jogar. A hélice atrapalha demais visão. Ainda sobre as câmeras, na visão normal (em terceira pessoa do caça), durante os duelos aéreos, dogfights, é possível ativar uma câmera que vai acompanhar o avião com o qual se está combatendo. Houve reclamações quanto a efetividade deste recurso, mas é claro que é preciso saber utilizá-lo nos momentos e pelo tempo correto. Caso o jogador fique dependendo dela apenas, acabará dando voltas e voltas em torno de um único inimigo.
  • Controles
Como a maioria dos jogos do Wii, você tem a opção de um modo de controle "clássico" e outro por movimentos. É algo parecido com os jogos de corrida do console. Com o modo clássico você controla o avião pela alavanca de controle do Nunchuck, já no de movimentos, o Wiimote fará o papel de manche. Os controles por movimento não são ruins, pelo contrário, fazem você se divertir bem nas missões mais fáceis e até possibilitam a execução de manobras a mais do que no modo clássico. Mas, como já era de se esperar, na hora que a coisa aperta, raramente o jogador não passará aos controles clássicos, que respondem muito bem.

Paisagens decepcionantes

Em uma missão na Escandinávia, em específico, você correrá sérios riscos de sofrer um AVC por nervosismo. Será necessário passar por uma série de grandes desfiladeiros de gelo, e, em um ponto determinado, o caminho ficará extremamente estreito e será precisa habilidade de ás aéreo para atravessar o local. Pena que as texturas do jogo não ajudam. É quase impossível distingüir o que é gelo, o que é água e o que são os céus. É tudo uma série de grandes borrões. Confesso que morri diversas vezes e quando passei, foi por sorte.

Desafio: o que é o que nessa imagem? 
Ainda que sem dúvidas seja um jogo divertido, além de um festival de serrilhados, os gráficos são competentes, mas pouco inspirados em alguns momentos e terríveis em outros. Estas missões do gelo citadas acima, possuem um visual parecido com fases no gelo do Nintendo 64. Nos locais onde são um pouco melhores, continuam decepcionantes. Nas missões urbanas, onde há de se dar o desconto da quantidade de modelos empregados e o tamanho do ambiente, a inspiração é pequena e os modelos dos edifícios são pouco variados, embora posicionados de maneira aleatória, diminuindo essa impressão quando se voa muito alto. Mesmo prédios únicos, como o Reichstag de Berlim, são repetidos inúmeras vezes pelo cenário, e as cidades são, aparentemente, infinitas com os prédios se perpetuando pelo horizonte.

Em locais mais bucólicos, mesmo no meio do oceano, em ilhas ou campos do interior, as coisas melhoram nas texturas, mas não há muita inspiração igualmente. Os navios que você protege ou destrói são todos idênticos ou pouco detalhados, enquanto as tropas terrestres são pequenos pontos ou quadrados pretos se movimentado pelo mapa. Lembrando que desde o início da vida do Nintendo GameCube, Rogue Squadron II já apresentava os modelos em terra, especialmente na Batalha de Hoth, com boa definição, mostrando que eram soldados.
  • Som
Os efeitos sonoros são competentes, especialmente o efeito dos tiros, onde o som do disparo é acompanhando com um interessante efeito de "tremedeira" que acontece no aeroplano enquanto atira, emulando a vibração do caça enquanto dispara. E a trilha sonora é bastante bela, mas muito repetitiva.

Diversão nos céus da II Guerra Mundial

Blazing Angels: Squadrons of WWII decepciona nos aspectos técnicos, trazendo gráficos terríveis em alguns momentos para o um jogo da sétima geração dos games, mesmo no Nintendo Wii - e, conforme espiei por aí, não é tão diferente nas versões de Xbox 360 e Playstation 3. Mas ainda é um jogo bastante divertido por se entregar totalmente ao estilo de arcade e não ter vergonha disso. Bem simples de se jogar, Blazing Angels pode atrair mesmo quem não se interessa muito pelo assunto. Enquanto para fãs de jogos ambientados na II Guerra é um prato cheio e fãs do gênero de combates aéreos. Evidentemente, há de se levar em conta também o baixo número de títulos deste pequeno gênero em todos os consoles, especialmente no Wii. Qualquer outra tentativa um pouco mais esforçada resultaria em um jogo melhor. No mais, renderá ao jogador um bom tempo de diversão, e provavelmente sempre será lembrando após assistir filmes com caças da segunda guerra mundial.

Blazing Angels recebeu ainda em 2007 uma continuação, Secret Missions of WWII, apenas para PC, Xbox 360 e Playstation 3. Sensivelmente diferente, o jogo se tratou de uma série de missões fictícias ao redor do globo para impedir a criação de armas de destruição em massa pela Alemanha Nazista. Em uma interessante sacada para que o jogo não se tornasse mais do mesmo, os aviões a serem controlados eram quase todos protótipos desenvolvidos durante o conflito. Um belo título que infelizmente ficou de fora do Wii. 

Prós

  •  História interessante, passando por vários momentos importantes da II Guerra Mundial.
  •  Jogabilidade estilo arcade, divertida e fácil de ser aprendida.
  •  Controles, por movimentos e na alavanca de controle, com boa resposta.
  •  Efeitos sonoros e visuais dos tiros.
  •  Dificuldade e IA desafiadoras
  •  Sistema de medalhas com contagem de vitórias para maior replay.

Contras

  • Gráficos pobres ou pouco inspirados, cheios de serrilhados. Fracos mesmo se comparados a gerações anteriores.
  • Enredo mal aplicado em monólogos e em momentos inconvenientes.
  • Jogabilidade não muito criativa: as missões são longas e cheias de indas e vindas (necessidade de fazer muitas atividades repetidas em cada uma).
  • Trilha sonora repetitiva. 

Blazing Angels: Squadrons of WWII - Nintendo Wii - Nota Final: 7,25
Visual: 5,0 | Som: 7,0 | Jogabilidade: 8,0 | Diversão 9,0
 Revisão: Rafael Neves
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Lucas Palma Mistrello
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