Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante...
Depois do sucesso de Shadows of the Empire, lançado em 1996 para o N64, a LucasArts começou a planejar um novo jogo, desta vez focado apenas no combate espacial, tendo como inspiração a primeira fase de Shadows of the Empire, na qual o jogador controlava um Snowspeeder durante a batalha de Hoth. Ainda no começo do projeto, os designers se depararam com a HQ Star Wars: X-wing Rogue Squadron, que se passava durante os eventos da trilogia original de Star Wars, e a adotaram como guia no desenvolvimento do novo jogo.E assim Star Wars: Rogue Squadron nasceu e foi lançado no final de 1998 para Nintendo 64, sendo o primeiro de três títulos da série Rogue Squadron. Nele você se encontrava no lugar de Luke Skywalker (e Wedge Antilles na última missão) entre os eventos de Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança e Star Wars Episódio V: O Império Contra-ataca, mais precisamente, seis meses depois da batalha de Yavin, e contava apenas com missões originais em vez de reproduzir as sequências vistas nos filmes.
Rogue Squadron foi um dos primeiros jogos de Nintendo 64 a utilizar o Expansion Pak, que possibilitava uma grande melhoria nos gráficos, aumentando sua resolução de 320 x 240 para 640 x 480. Apenas com ele podíamos realmente apreciar seus bonitos gráficos adequadamente. Um pequeno problema era que devido à grande quantidade de detalhes e número de objetos no cenário, o jogo sofria inevitavelmente de slowdowns, mas não era nada que realmente atrapalhasse.
Aliança rebelde
O jogo era constituído de dezesseis missões que eram dividas em quatro categorias: procurar e destruir um alvo, resgatar, proteger e obter informações sobre os inimigos. A princípio tínhamos cinco naves: X-Wing, Y-Wing, A-Wing, V-Wing e Snowspeeder, cada uma com suas próprias características, como armamento, velocidade e facilidade de pilotar. Inicialmente, havia uma restrição de usar uma nave especifica para cada missão, mas depois de completá-la, era só voltar para a mesma fase e seria possível escolher a nave desejada.Dependendo do seu desempenho e conquistas em cada missão, você era recompensado com medalhas, que podiam ser de bronze, prata ou ouro. E, obviamente, as medalhas de ouro liberavam conteúdo extra, como novas missões e naves. Mas havia algumas surpresas escondidas para serem destravadas de outras formas e com certos códigos era possível adquirir algumas naves extras, como a nossa querida Millennium Falcon, por exemplo. Um fato interessante é que os desenvolvedores, antecipando a estreia de Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma, programaram a nave Naboo Starfighter (que seria apresentada apenas nesse filme) no conteúdo extra e depois anunciaram o código, para que os fãs a destravassem apenas no lançamento do filme.
Que a força esteja com John Williams
E como falar de Star Wars e não mencionar a maravilhosa trilha sonora, que possivelmente é uma das mais marcantes já criadas? Pode até ser que você não reconheça o nome John Williams, mas ele é o compositor responsável pela trilha sonora não só de Star Wars, mas também de filmes como Indiana Jones, Tubarão, E.T. - O Extraterrestre, Superman e Jurassic Park. E estes são apenas alguns exemplos das ótimas composições de John Williams, que já foi indicado 47 vezes ao Oscar, mas podem nos fazer entender o porquê das músicas de Star Wars serem tão marcantes.Claro que a trilha sonora de Star Wars não poderia faltar em um jogo como esse, e talvez sejam até mesmo as músicas, os velhos conhecidos efeitos sonoros e a dublagem bem feita dos personagens que conseguiram nos levar ao incrível nível de imersão que podíamos chegar com este jogo. Não tinha como não se perder e se deixar levar com Rogue Squadron após alguns minutos e realmente se ver no universo de Star Wars.
Um distúrbio na força
Mas como nada é perfeito, Rogue Squadron também tinha seus defeitos. Quando você falhava em seu objetivo principal, o jogo simplesmente abortava a missão e a reiniciava sem nem mencionar qual foi o erro cometido, o que fazia com que você tivesse simplesmente que adivinhar o que estava fazendo de errado, e o que poderia acontecer só depois de várias tentativas frustradas. Outro problema e algo que foi muito criticado foi o abuso de neblina na tela, que fazia com que os cenários só começassem a aparecer conforme você avançada e desapareciam assim que você se afastava, o que incomodava bastante no começo, quando você ainda estava se acostumando com o jogo. Afinal, era muito frustrante navegar despreocupado por um planeta cumprindo sua missão e do nada aparecer uma montanha na sua frente.Convenhamos que um dos grandes atrativos do N64 era o fato dele ser o primeiro console a ter suporte para até quatro jogadores, o que conseguia fazer do modo multiplayer de um jogo algo totalmente novo e divertido. Então é claro que ao encontrarmos Rogue Squadron podemos pensar como deveria ser divertido combater o Império com seus amigos lhe ajudando. Mas aparentemente alguém achou que um isso não era necessário e fomos deixados apenas com o modo singleplayer para nos contentar. Mesmo isso tendo sido muito criticado na época, não foi suficiente para desmerecer o jogo, pois ele se sustenta muito bem sem a necessidade do multiplayer. O fato negativo, no entanto, é que após completar as 16 missões normais e conseguir todo o conteúdo extra com as medalhas de ouro, não há exatamente muito o que fazer, e nessa hora um multiplayer seria mais do que bem vindo para aumentar a vontade de voltar a jogar Rogue Squadron e poder reunir alguns amigos em vez de sempre ter que jogar sozinho
Uma nova esperança?
Devido ao grande sucesso, Rogue Squadron logo ganhou duas sequências, para GameCube, Rogue Squadron II: Rogue Leader e Rogue Squadron III: Rebel Strike, que tiveram boa recepção tanto da crítica quanto em vendas. Mesmo que ultimamente muitos jogos baseados em Star Wars tenham sido lançados, não há nada em vista que indique que outro Rogue Squadron seja feito, apenas boatos de que um quarto jogo estava em desenvolvimento para o Wii, mas que foi cancelado no meio do caminho. Mas com a controversa notícia da compra da Lucasfilm pela Disney e o anúncio de uma nova trilogia, podemos pelo menos sonhar com alguma coisa boa saindo disso e até quem sabe um novo Rogue Squadron futuramente.De qualquer forma, mesmo que Star Wars: Rogue Squadron tenha alguns problemas e seus gráficos estejam mais do que ultrapassados, de alguma forma ele não parece ter envelhecido tanto, proporcionando ainda a mesma diversão e imersão de catorze anos atrás, e certamente permanece como um título imperdível hoje em dia, assim como era em 1998.
Revisão: José Carlos Alves