Desde que todos os recursos do 3DS foram apresentados na E3 2010, fãs de Fatal Frame (assim como o redator que vos escreve) imaginaram a oportunidade de jogar um título da série utilizando as características do portátil como a Camera Obscura, o famoso item do jogo. Spirit Camera: The Cursed Memoir é um spin-off de Fatal Frame que trouxe a ideia de utilizar o portátil como a câmera do jogo, mas será que é o que esperávamos? Hora de revelar isso nesta análise.
Salve sua face!
A proposta do título é utilizar um pequeno livro com 16 páginas que vem juntamente com o game. O Diary of Faces (Diário de Faces), nome do livro, é essencial para o funcionamento do jogo, para a resolução de enigmas utilizando a realidade aumentada e no desenvolvimento do enredo.
E por falar no enredo, a primeira coisa que você fará no game é tirar uma foto do próprio rosto. Então, você fará parte desta maldição, e logo encontrará o tal Diary of Faces. Assim, você é colocado em uma casa abandonada, amaldiçoada por uma mulher de preto que rouba as faces das pessoas. Após a cena, você conhecerá Maya, uma garota que está aprisionada na casa e que precisa da sua ajuda para descobrir o que está acontecendo e escapar de lá.
Ghostbusters (ou quase isso)!
Pode até soar estranho, mas um dos principais atrativos do jogo, que é o uso da realidade aumentada, torna-se um empecilho em alguns momentos. Isso porque, assim como os AR Cards comuns, você precisa estar em um ambiente bem iluminado e dentro de um limite de distância em relação ao Diary of Faces. Então, esqueça, você não jogará o game no escuro para se “borrar” todo e se assustar. Além disso, algumas vezes, o reconhecimento do AR Book é falho.
Outro ponto que chamará a sua atenção é o uso do giroscópio. Spirit Camera é inteiramente controlado por movimentos com o portátil, seja para falar com Maya ou enfrentar fantasmas. Portanto, você precisa estar em um ambiente com certo espaço. Nos momentos em que você encara os espectros, jogar em pé ou sentado em uma cadeira de escritório é mais indicado e confortável, pois é preciso rotacionar o 3DS inúmeras vezes.
Ô manhê! Tem fantasmas no meu quarto!
Supere todos esses elementos externos e você terá um game que surpreende pela utilização dos recursos do portátil. O uso da realidade aumentada impressiona pela variedade, pois cada página ocorre algo diferente. Desde cenas que mudam quando você mira as câmeras do 3DS até com interações com o ambiente no diário. Por exemplo, haverá um momento em que, ao mirar as câmeras em determinada página do livro, uma cena com uma porta é mostrada. Há uma marca de sangue de uma mão na porta. Você precisa segurar o portátil com uma mão e colocar a outra sobre a marca de sangue para empurrar e abrir a porta. Sensacional!
Ainda sobre a realidade aumentada, a resolução de enigmas com o uso do recurso também é interessante. Há um deles no qual você precisa prestar atenção na movimentação dos olhos de quatro máscaras e responder algumas questões referente aos movimentos. O único ponto contra nos puzzles é que, ao errar consecutivas vezes, a barra de vida esvaziará e será Game Over. Até aí, tudo bem. A questão é que você voltará ao mesmo puzzle, porém, ele não varia. Ou seja, a sequência para solucioná-lo será exatamente a mesma.
A maior parte do cenário do jogo será a sua casa, afinal, Spirit Camera utiliza as câmeras do portátil. Vez ou outra você será transportado para um ambiente tridimensional e poderá mover a câmera para explorá-lo, mas não foge muito disso. O visual dos cenários, personagens e fantasmas seguem o padrão visto na série Fatal Frame, o que é muito bom. O efeito 3D é praticamente inexistente e quase imperceptível. É uma sábia escolha diante do uso obrigatório do giroscópio.
O áudio do jogo é competente. Sons característicos da câmera, expressões e chamados dos fantasmas cumprem com a proposta. Uma coisa que certamente você estranhará são os diálogos com Maya, pois ora ela fala, ora não. Além disso, o gameplay é curto, dura algo em torno de quatro ou cinco horas e o jogo não oferece motivos para replay. Se quiser jogar novamente, você apenas receberá mais detalhes do enredo e Maya utilizará uma roupa diferente.
Porque fantasma no 3DS nunca é demais
Há alguns modos de jogo que utilizam as características do 3DS. Confira a seguir quais são:
- Haunted Vision
Nesse modo, você deve usar a câmera do portátil para interagir com os espectros. Confira os principais minigames:
- Spirit Photography: mire o portátil para tirar fotografias do local onde estiver para se surpreender com a presença sobrenatural. Você ainda pode salvá-las no cartão SD. Mas não se assuste se ver um pé saindo de sua televisão (!?);
- Spirit Check: fotografe a si mesmo ou outras pessoas e mire no Diary of Faces. Sua face aparecerá e será revelado o fantasma que está te caçando ou que está ao redor de você... #medo;
- Spirit Challenge: tire foto do rosto de alguém para ver na face de um fantasma e enfrente-o. O legal é cada um possui características distintas, mais HP, velocidade ou dano causado. Você pode fazer como o redator aqui, que tirou uma foto do Mario e enfrentá-lo. Mas o Mario não virou Boo Mario...
- Cursed Pages
Nesse modo, você terá que utilizar o Diary of Faces para superar diferentes minigames. O interessante é que há vários níveis de dificuldade, então vale a pena jogá-los. Veja quais são:
- Four Strange Masks: o minigame das máscaras. Aqui, o fantasma de um garoto te fará perguntas sobre a movimentação dos olhos das máscaras e você precisa responder corretamente;
- The Haunted Doll: mire a câmera no AR Book para ver uma boneca. Você terá alguns segundos para decorar as características para, na sequência, procurá-la ao redor de você e fotografá-la;
- The Boy In the Book: um dos mais interessantes. É um esconde-esconde com o Diary of Faces. O garoto dirá alguns enigmas e você precisa encontrá-lo mirando a câmera na página que condiz às dicas dele;
- Spirit House: você é colocado na casa assombrada e deve movimentar o 3DS e tirar fotos dos espectros. É o minigame que mais lembra Fatal Frame.
Agora só nos falta um Fatal Frame
Spirit Camera: The Cursed Memoir é um jogo agradável diante da proposta de utilizar os recursos do portátil. Se você espera uma aventura extensa e complexa, como os jogos da série Fatal Frame, irá se desapontar. Todos os elementos da série estão lá: fantasmas, a Câmera Obscura, maldições e várias opções de lentes. Mesmo que você não conheça a franquia fantasmagórica e o jogo possua alguns problemas, não se preocupe: o game sempre lhe dirá o que fazer. Portanto, não há como se perder.
Mesmo sendo um spin-off, é bom ver um jogo da série neste lado do globo. Quem sabe a Nintendo, que agora é a coproprietária da franquia, não nos traga os principais games de Fatal Frame que ficam apenas no Japão, como Fatal Frame 2: Crimson Butterfly e Fatal Frame 4: The Mask of Lunar Eclipse, ambos para Wii? Ou talvez um novo título? Não custa sonhar, não é? Ou ter pesadelos com os fantasmas..
Prós
- Uso interessante dos recursos do portátil;
- As opções de minigames;
- Opção de jogar qualquer capítulo do modo principal.
Contras
- Alguns problemas com o reconhecimento do AR Book;
- Enigmas iguais quando se joga novamente;
- Sem motivos para replay.
Spirit Camera: The Cursed Memoir – Nintendo 3DS – Nota Final: 6,0
Visual: 6,5 | Som: 6,0 | Jogabilidade: 6,5 | Diversão: 5,5
Revisão: Leandro Freire