Todos sabemos que a Nintendo é a detentora de um dos maiores (se não o maior) acervos de franquias de jogos da indústria. Nomes como Mario, Zelda, Metroid e Pokémon já chegaram a segurar nas costas os lucros da empresa, como na época do N64 e do GC. Mas esses grandes títulos não são nem mesmo metade da gama de séries que a Nintendo detém. E não estou falando de Star Fox e Fire Emblem, mas de séries ainda mais desconhecidas, ou melhor, “esquecidas”. Que tal dar uma olhada nessas franquias que sempre ficam à margem dos holofotes? Hora de tirar do baú muitas das maiores pérolas da Big N.
Essa matéria avalia as séries “esquecidas” segundo alguns critérios. Primeiramente, uma série precisa ter pelo menos 2 jogos ou uma repercursão tão grande em referências e aparições especiais para que possamos diferenciá-la de um game independente. Segundo, a franquia precisa ter exclusividade da Big N ou ao menos maior destaque nas plataformas Nintendo do que na concorrência. E por fim, não listamos as franquias que perderam exclusividade da Nintendo como sendo “esquecidas”, tais quais a série principal de Final Fantasy e Banjo-Kazooie.
10. Game & Watch
Mr. Game & Watch é um dos lutadores recorrentes na série Super Smash Bros. desde Melee (GC) e é uma pena que muitos jogadores só conheçam o magricela da Nintendo pelo cross-over de luta. Na verdade, Mr. Game & Watch é o astro da linha de jogos Game & Watch, que foi a primeira investida da Nintendo no universo dos portáteis. A idéia de fazer um videogame capaz de ser carregado no bolso veio de Gunpei Yokoi (inventor tanto de sucessos, como Metroid, quanto de desastres, como o Virtual Boy). Yokoi teve tal ideia quando viu um sujeito brincando com uma calculadora durante uma viagem. Dai em diante, o espírito prático e divertido dos portáteis da Nintendo fez história no mundos dos games.
Foram criados inúmeros aparelhos Game & Watch (que não podiam ter o game trocado através de fitas, sendo um software por aparelho) até que se tivesse a ideia do Game Boy. Embora não tão conhecido, Mr. Game & Watch continuou na memória de muitos fãs e isso impulsionou a Nintendo a fazer coletâneas de clássicos para seus sistemas portatéis, como GBA e DS. No entanto, nós queremos uma gloriosa volta da série Game & Watch em um jogo original e não em relançamentos. Que tal joguinhos bem baratos para o eShop do 3DS? Ou mini-games para jogar apenas no GamePad do Wii U?
9. Wrecking Crew
Quando a Nintendo viu o sucesso que Mario havia se tornado, começou a usar o encanador para uma gama de títulos que muitas vezes não tinham nada a ver com pular em tartarugas ou salvar princesas das patas de gorilas. E se você acha que jogar tênis é a coisa mais incomum que o Mario já fez, é por que não viu o bigodudo e seu irmão brincarem de demolidores de construções em Wrecking Crew, para o NES. Apesar de visualmente lembrar muito Donkey Kong, essa aventura não envolvia apenas precisão com os controles, mas também inteligência. Já que Mario tem o pulo e a habilidade de esmagar inimigos comprometidos, terá de usar a inteligência para se livrar dos adversários e demolir os prédios o mais rápido possível.
É bem possível que você nunca tenha ouvido falar desse jogo, pois a Nintendo pouca importância dá para ele. Ela já relançou-o no Virtual Console do Wii e no Programa de Embaixadores do 3DS, mas a série nunca recebeu o esplendor que talvez mereça. Suas únicas sequências foram Vs. Wrecking Crew, lançado para fliperamas com foco no multiplayer, e Wrecking Crew ‘98, lançado em 1998 (não diga…) para o Super Famicom (ou seja, só no Japão). Apesar de muito ofuscada, o fator puzzle da série e o editor de fases são aspectos muito interessantes. Se o estúdio Nintendo EAD voltasse a trabalhar na franquia, certamente teríamos um grande título.
8. Ice Climber
Apesar de só ter um game lançado até agora, Ice Climber teve tanta repercursão dentro da Nintendo que seria injusto não considerá-lo como uma série, ou melhor, ter esperanças de que a Big N dê continuidade às aventuras de Popo e Nana. Lançado para NES, Ice Climbers trazia 32 montanhas congeladas para serem escaladas atrás das verduras roubadas. À primeira vista, lembrava muito Donkey Kong também, mas a essência do jogo é completamente diferente. Subir as diversas camadas de gelo exigia o uso de um martelo, mas isso precisava ser feito sem que você fosse acertado pelos inimigos, que estavam sempre à espreita. Mas o melhor era jogar no modo multiplayer, no qual cada jogador controla um dos dois Ice Climbers.
Mas a aparição mais marcante de Popo e Nana foi em Super Smash Bros., quando a dupla pegou todos de surpresa ao se tornar parte do elenco de Melee. Em Brawl (Wii), os Ice Climbers foram mais bem balanceados e deixaram de ser personagens que ninguém gosta de usar para se tornarem uns dos lutadores mais interessantes do título, uma vez que a possibilidade de ter dois personagens ao mesmo tempo permite estratégias ímpares. Na imagem ao lado, vocês vêm Popo e Nana derrubando Mario para pegar seu lugar no próximo game da Nintendo.
7. Gargoyle’s Quest
Gargoyle’s Quest é o spin-off da série Ghosts’n Goblins, da Capcom. Lançado primeiramente no GB, o título cativou muito os fãs por apresentar um misto de aventura em side-scrolling (progressão lateral) com elementos típico de um RPG. A trama era bem simples e trazia o já popular Fire Brand como protagonista, que era um dos inimigos da série principal. A aventura para derrotar o King Breager e se tornar o Red Blaze conquistou muitos jogadores ao redor do globo. A jogabilidade misturava uma movimentação com visão superior, por onde Fireband visitava cidades e atravessava o mapa do jogo e um tradicional side-scrolling pra lá de difícil.
A recepção ao game nas telinhas monocromáticas do GB inspirou Gargoyle’s Quest 2 no NES (que se passa, na verdade, antes do primeiro game), um relançamento do segundo jogo para GB com dois estágios extras (mas que só foi lançado no Japão) e fechou a trilogia com Demon’s Crest para SNES. O terceiro título trouxe uma atmosfera mais obscura e sombria, talvez inspirada pela atmosfera de Super Metroid (SNES) e pelo estilo de Castlevania. Se ainda não conhece essa série, talvez seja a hora de baixar o primeiro título pelo eShop do 3DS e se perguntar: se a franquia Ghosts’n Goblins continua viva até hoje, por que não lançar mais Gargoyle’s Quest, Capcom?
6. Rock n’ Roll Racing
Inicialmente, a Silicon & Synapse (que você deve conhecer hoje como Blizzard Entertainment) havia planejado uma sequência para seu jogo de corrida RPM Racing, que havia se envolvido em um escândalo por conta de uma mensagem subliminar em sua trilha sonora. Mas, felizmente, a empresa resolveu temperar o título com um pouco de rock’n roll a ponto de mudar completamente o feeling do game, o que também refletiu na mudança do título para Rock n’ Roll Racing. Lançado para o SNES, seu esquema de corrida multiplayer divertiu os jogadores e fez do game um clássico por trazer muito rock e heavy metal.
Games com músicas licenciadas eram raros naquela época, logo, conduzir carros ao som de Black Sabbath e outras bandas famosas foi surreal para os jogadores que se interessavam pelo gênero musical. Além de ter sido relançado posteriormente no GBA, recebeu uma sequência anos depois para o PlayStation, intitulada Red Asphalt. E onde entra o nome “Rock n’ Roll Racing” nessa continuação? O novo nome do jogo, desconhecido para muitos jogadores, foi reflexo de sua jogabilidade e estilo, que não estavam no mesmo patamar da versão para SNES. Por conta da recepção fraca de Red Asphalt, a série terminou esquecida. Não seria ótimo se pudéssemos curtir uma continuação bem trabalhada de Rock n’ Roll Racing? Com uma jogabilidade semelhante ao primeiro jogo e músicas das bandas de rock atuais, seria uma excelente aposta!
5. Killer Instinct
Killer Instinct, obra-prima da Rare, é mais um motivo para nos fazer torcer para que esse rumor seja verdade. A série Killer Instinct fez bastante sucesso quando estreou nos fliperamas e logo foi relançada para SNES. Abusando de um estilo grotesco e sangrento típico de Mortal Kombat e, ao mesmo tempo, fazendo uso de controles semelhantes aos de Street Fighter, Killer Instinct (SNES) tornou-se um dos melhores jogos de luta do Super Nintendo. O game não se restringiu a seguir a linha de jogos de luta que faziam muito sucesso na época, mas se propôs a inovar, implementando elementos de gameplay que vemos até hoje no gênero. Temos, por exemplo, combos automáticos, combinações exageradas e esquemas de interrupção de combos.
Outro elemento bem legal eram as finalizações - confira as nossas 10 preferidas. Elas não envolviam mutilações e esquisitices como em Mortal Kombat, mas era bem humilhates (tanto é que são chamadas de Humiliation). Quando ativada, a finalização obrigava o lutador adversário a… dançar! Já era suficiente para fazer seu amigo ficar vermelho de raiva e comprar mais duas fichas só para ter a revanche. Além do primeiro Killer Instinct e seu relançamento para GB, a Rare produziu Killer Instinct 2 para fliperamas (adaptado para N64 sob o nome de Killer Instinct Gold). Apesar de estar nas mãos da Microsoft atualmente, a Rare bem que podia fazer um Killer Instinct 3 para Xbox 360, não?
4. 1080º Snowboarding e Wave Race
É de se esperar que um jogo esportivo da Nintendo traga a turma do Mario ou os Miis, mas quando a Nintendo lançou 1080º Snowboarding para N64, não houve motivos para torcer o nariz. À primeira vista, podia parecer um game meio impessoal demais para ter sido criado pela Big N, mas era só curtir um pouco do viciante esquema de snowboard do game para perceber que a Nintendo havia criado um dos melhores jogos esportivos do N64. Para os fissurados por manobras radicais, era possível passar horas e mais horas realizando acrobacias na neve para acumular pontos. E mesmo que você se interesse apenas pelo aspecto corrida, 1080º Snowboarding trazia modos em que o objetivo era completar os cursos no menor tempo possível.
Outro título esportivo que não pode ser deixado de lado no N64 é Wave Race 64. Incorporando ao joystick do N64 o controlador de um Jet Ski, fez bastante sucesso ao inaugurar uma jogabilidade confortável e divertida – também sem pegar emprestada a turma do Mario. Os desenvolvedores de 1080º Snowboarding e Wave Race 64 compartilharam seus talentos em ambos os games, a ponto de Wave Race: Blue Storm (sequência para o GC do primeiro Wave Race) aproveitar os personagens de 1080º. E já que falamos nas continuações das duas séries, precisamos admitir que ambas precisam de maior destaque nas plataformas Nintendo, visto que suas sequências para o GC (e GB, no caso de Wave Race) não fizeram jus ao sucesso no N64. E a maior prova de que 1080º Snowboarding e Wave Race pertecem ao universo da Nintendo é que sempre têm menção nas músicas e troféus da série Super Smash Bros.
3. Disney’s Magical Quest
Se você acha que Epic Mickey é a primeira vez que um game da Disney recebeu o destaque que merece no mundo dos videogames (com exceção de Kingdom Hearts), melhor voltar um pouco no tempo e conhecer a trilogia Disney’s Magical Quest, da Capcom. No controle de Mickey e com a ajuda do Pato Donald ou da Minnie, o jogador deve explorar diversas fases recheadas de personagens e elementos da Disney. O esquema de jogabilidade side-scrolling pode parecer mera cópia da avalanche de games que usavam tal jogabilidade, mas Disney’s Magical Quest tinha sua carta na manga: os trajes!
Ao fim de cada estágio, o jogador recebe uma nova roupa para Mickey e seu companheiro. Os trajes concedem habilidade especiais ao personagens e dinamizam bastante a experiência de jogo, que é aproveitada ao máximo na companhia de um amigo. Cada um dos três capítulos da série traz elementos novos de jogo e fases exclusivas, fazendo da jornada memorável para donos de um SNES (e de um GBA, pois os três títulos foram relançados no portátil da Nintendo). Prova do impacto que Disney’s Magical Quest teve na carreira do Mickey nos videogames é que, no fase Mickeyjunk Mountain de Epic Mickey, é possível ver um dos cartuchos de Disney’s Magical Quest entre as tralhas antigas do camundongo. Dada a recepção ao estilo plataforma 2D de Epic Mickey: Power of Illusion (3DS), não seria má ideia um Disney’s Magical Quest 4 para o 3DS também, não é?
2. F-Zero
Não foi com Mario Kart que a Nintendo impregou sua marca no gênero de corrida dos games. Antes de colocar o bigodudo e sua turma em carros de corrida, a Nintendo já tinha colocado no mercado o aluncinante F-Zero (SNES). Surpreendentemente, a primeira empreitada no gênero foi com naves (as Machines) em vez de tradicionais carros de corrida. O primeiro jogo da série foi título de lançamento do SNES e seu veloz esquema de corrida impressionava e deixava claras as capacidades da plataforma. Apesar de não permitir a jogatina multiplayer, teve um impacto gigantesco nos futuros games de corrida (inspirando não só Mario Kart, mas outras séries como Wipeout e Daytona USA) e no universo Nintendo, pois introduziu o querido Captain Falcon ao elenco da Big N.
O excesso de velocidade e os efeitos visuais exagerados foram aperfeiçoados em suas continuações para N64, GC e GBA, mas, desde então, a serie foi representada apenas pela participação de Captain Falcon em Super Smash Bros.. Nao seria sensacional ver um F-Zero em HD no Wii U? Um dos recursos que foi subaproveitado (pois só existiu na expansão para o fracassado 64DD) é o editor de pistas, mas poderia ser muito bem empregado usando a touchscreen do GamePad. Enquanto Captain Falcon estrela apenas na serie Smash Bros., ficamos ansiosos pelo seu retorno. E não, tematizar um dos mini-games do Nintendo Land (Wii U) ainda não é o bastante.
1. Earthbound/Mother
Poucas series de videogame são tao peculiares como Earthbound. Um dos melhores RPGs da Nintendo, tem carisma em excesso, humor, sarcasmo, um visual bidimensional caprichado e conteúdo de sobra. Earthbound tem inspiração em diversos elementos da cultura pop (como The Beatles e De Volta para o Futuro), além de ser adorado por ninguém menos do que Shigeru Miyamoto! O estilo de Earthbound é simplesmente… peculiar. Você não controla heróis medievais, muito menos carrega uma espada nas mãos, mas tem como protagonista pessoas comuns que usam toda a sorte de objetos como tacos de beisebol e yo-yos. O problema da série? Ela nunca teve muito destaque entre as produções da Nintendo. A máxima aparição que a serie galgou nesses últimos anos foi a inclusão de Lucas (astro de Mother 3, para GBA) em Brawl, ao lado do já recorrente lutador na serie, Ness.
E mesmo que já tenha 3 games produzidos, a serie Earthbound é ainda mais desconhecida aqui no Ocidente, onde apenas um dos títulos foi localizado. E o mais curioso é que o publico ocidental tem muita vontade de viver as aventuras que a franquia Earthbound proporciona. Por exemplo, fãs fizeram por conta própria a tradução de Mother 3 para inglês e o trabalho foi louvável. Ainda nao conhece essa franquia? Então tome vergonha na cara e descubra 10 motivos para conhecê-la!
E você, leitor, que outra série esquecida pelo tempo você gostaria de ver revigorada na atualidade?
Revisão: José Carlos Batista de Souto Alves