Blast from the Past: Kirby’s Adventure (NES/VC)

em 25/08/2012

Agosto é o mês do Mario , mas bem que poderia ser o mês do Kirby. Neste mês, faz 20 anos que essa carismática bolinha cor-de-rosa chegou ao ... (por Jardeson Barbosa em 25/08/2012, via Nintendo Blast)

Agosto é o mês do Mario, mas bem que poderia ser o mês do Kirby. Neste mês, faz 20 anos que essa carismática bolinha cor-de-rosa chegou ao ocidente pela primeira vez. Para comemorar esse aniversário, a Nintendo lançará, no mês que vem, uma coletânea intitulada Kirby’s Dream Collection, que contém os jogos clássicos do personagem, e ainda tentará quebrar um recorde mundial envolvendo bolas de chiclete. E, nesse momento tão importante, nada melhor do que apenas sentar e jogar um dos muitos clássicos do nosso herói rosado, não é? É por isso que o Blast from the Past de hoje traz um dos melhores jogos do Kirby. Falo de Kirby’s Adventure, um jogo exclusivo do NES que pouca gente conhece, mas que muita gente deveria conhecer.

Antes tarde do que nunca

Os jogos do Kirby têm essa mania de serem lançados bem tarde. Bem tarde mesmo. Kirby Mass Attack, por exemplo, foi lançado no fim do ano passado para o Nintendo DS, na época em que o Nintendo 3DS deu a volta por cima e que o DS despencava nas vendas. Mas essa não era a primeira vez que a Hal Laboratory apostava em uma tática estranha como essa. Kirby Tilt 'n' Tumble, outro exemplo, chegou por aqui em 2001, exclusivamente para o Game Boy Color (junto com o lançamento do Game Boy Advance) e Kirby's Dream Land 3 só foi lançado em 1997, para o SNES (!). No entanto, diferente de outras séries da Nintendo (spoiler: estou falando de Metroid), os lançamentos atrasados do Kirby sempre são bastante rentáveis (na relação investimento-retorno, claro).

Tudo isso teve início lá no começo dos anos 1990, com Kirby’s Adventure. O segundo jogo do Kirby foi lançado em 1993, para o NES. Para se ter uma ideia mais clara da situação, nesse mesmo ano, eram lançados títulos como Mega Man X, Star Fox e Disney’s Aladdin para o SNES e quase nenhuma desenvolvedora (apenas a Capcom e o fraco DuckTales 2) ainda investia no NES, que já havia sido substituído na maioria dos lares pela contraparte moderna ou pelo rival Mega Drive.

E o que isso tudo significa? Chegar alguns anos atrasado na festa é, no fim das contas, a maior vantagem de Kirby’s Adventure. A equipe por trás do jogo (que inclui nomes como Satoru Iwata, Shigeru Miyamoto, Masahiro Sakurai e Takao Shimizu) pôde dissecar o velho NES e colocá-lo para trabalhar na máxima potência. O visual do título é tão incrível que se ele fosse apresentado para algum jogador dos anos 1980, ele certamente não acreditaria que o primerio sistema de entretenimento caseiro da Nintendo era capaz de tudo aquilo. Seja pelas belas animações ou pelo áudio acima da média, é notável que Kirby’s Adventure utilizou todo o potencial escondido do NES, algo que nenhum jogo do Mario, por exemplo, conseguiu.

O impagável manual de instruções de Kirby's Adventure contendo as ilustrações dos criadores do jogo. Veja como o Iwata desenhava bem.

Quando o sonho se torna um pesadelo

Após o fim dos eventos de Kirby’s Dream Land, tudo ia muito bem na terra dos sonhos. E o que poderia dar errado? Afinal, essa é a terra dos sonhos. Aconteceu aquilo que não poderia acontecer sob nenhuma hipótese: os sonhos se tornaram pesadelos. No sentido literal mesmo.

Insatisfeito com o fato de não poder mais sonhar, nosso herói de outrora resolve investigar a situação e descobre que a “Fonte dos Sonhos” (o que garantia aos moradores da Dream Land muitos sonhos agradáveis) parou de funcionar. O motivo? O malvado King Dedede (o “vilão” do primeiro jogo) havia roubado o “Star Rod” (um tipo de varinha mágica que fazia com que a Fonte dos Sonhos funcionasse) e o quebrou em sete pedacinhos que foram distribuídos entre os seus capangas.

É basicamente assim que se inicia a aventura de Kirby, que ainda inclui muitas confusões (dignas de uma sessão da tarde nintendista) e um “plot twist” de cair o queixo (sabe aquelas histórias em que o vilão é, na verdade, o mocinho? Ops). Sério, é impressionante mesmo.

Comendo para ficar forte

Kirby’s Dream Land, lançado para o Game Boy em 1992, foi aclamado pela crítica pela mecânica diferenciada. Enquanto a nova franquia da Nintendo estava próxima de jogos como Mario no que se refere ao gênero, ela se distanciava de tudo que já havia sido feito, criando parâmetros próprios e únicos dentro do gênero plataforma. Engolir os inimigos ao invés de pisar neles e poder flutuar pelos cenários foram ideias que demonstraram o quanto o pessoal da Hal pensava fora da caixa enquanto desenvolvia o jogo. O único problema de Dream Land era o fato de ele ser simples demais. Faltava algum tempero naquela salada.

Não sei ao certo que tempero era esse, mas certamente o utilizaram em Kirby’s Adventure. No jogo para NES, não foi só a cor de Kirby que mudou (de um tom esbranquiçado para cor-de-rosa). O leque de habilidades da bolinha também se expandiu exponencialmente e muitas das características marcantes do personagem surgiram aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A base é a mesma: Kirby ainda dá cabo dos inimigos engolindo-os. A diferença é que, a partir de então, ele adquiria as habilidades dos inimigos que engolia. Como assim? Significava que se ele engolisse um inimigo que lança chamas ele passaria a lançar chamas também. Se somarmos a quantidade de habilidades que ele pode adquirir durante todo o jogo, teremos mais habilidades que qualquer outro protagonista de qualquer outro jogo da época. Isso é simplesmente insano se considerarmos que tudo era feito no controle do NES, que possuía apenas 2 botões de ação. Além disso, Kirby também pode correr, deslizar, dar rasteiras, flutuar, nadar e pular.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E se isso tudo ainda não te convenceu de que Kirby’s Adventure é um dos melhores jogos já lançados para o NES, saiba que a trilha sonora do jogo é incrível (e recheada de clássicos que eu sei que você conhece) e foi feita utilizando todo o potencial do console, sendo agradável até mesmo numa época em que o sistema de áudio de SNES botava para quebrar. O jogo ainda é recheado de elementos interessantes para os aventureiros, como diversos segredos e bônus, que se aproveitam da jogabilidade diferenciada do título.

A base de um futuro promissor

Infelizmente, Kirby’s Adventure chegou tarde demais. O lançamento do jogo passou quase despercebido e muita gente sequer sabe que ele é o percursor das principais mecânicas da série.

Mesmo assim, a única aventura de Kirby para o NES é um item essencial na biblioteca de todos aqueles que gostam da geração 8-bit e dos fãs da nossa amada bola rechonchuda. Se você acha que Mario é a definição dos jogos de plataforma para o NES, você certamente não conhece Kirby’s Adventure.

Atualmente é possível desfrutá-lo de diversas maneiras. As mais recomendadas são: no próprio NES, o que pode não ser tão fácil assim; através de um remake robusto, lançado exclusivamente para o Game Boy Advance sob o título de Kirby: Nightmare in Dream Land; no Virtual Console do Wii ou no 3DS, sob o nome de 3D Classics: Kirby’s Adventure.

O único título de Kirby para o NES é, também, um dos mais importantes (senão o mais) na história de 20 anos da franquia. As ótimas ideias postas em prática nesse título foram os pilares para o sucesso de outros, como Kirby Super Star, Kirby’s Dream Land 2 e Kirby’s Return to Dream Land, o que, por si só, já é um ótimo motivo para conhecê-lo.  Que os próximos 20 anos sejam tão bons quanto os últimos.

Revisão: Rafael Neves

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