Perfil: Neku Sakuraba (The World Ends With You)

em 15/07/2012

Nem sempre um herói nasce com natureza protetora e radiante senso de justiça. Às vezes um protagonista não está pronto para ser o herói de... (por Fellipe Camarossi em 15/07/2012, via Nintendo Blast)

Nem sempre um herói nasce com natureza protetora e radiante senso de justiça. Às vezes um protagonista não está pronto para ser o herói desde o início e segue evoluindo aos poucos, conhecendo pessoas e vivenciando novas experiências. Os motivos são variados: não querem que outros se metam em seus problemas, ou simplesmente não acreditam que precisem de algo mais além do seu próprio poder. No Perfil de hoje apresentaremos um destes protagonistas, mostrando que por vezes, não é preciso nascer como um herói para fazer a escolha certa: Neku Sakuraba.

Como personagem principal de “The World Ends With You”, para Nintendo DS, Neku demonstra uma natureza um tanto quanto diferenciada dos outros heróis por aí: ele é antissocial e evita ao máximo interagir com outras pessoas, pois acha que amigos não servem como apoio; eles apenas te causam dor e te puxam pra baixo. Mas o que levou Neku a pensar desta forma? Bem, pra responder isso, teremos de rever sua história.

Aviso: O texto a seguir contém revelações sobre o enredo (spoilers), leia por sua conta e risco.

Sete dias



O game inicia com Neku despertando em Scramble Crossing, um dos pontos mais movimentados do bairro de Shibuya, em Tóquio. Sem entender porque as pessoas parecem ignorá-lo, logo ele é perseguido por estranhos seres denominados “Noise”. Fugindo deles e correndo pelo bairro, Neku percebe um estranho contador em sua mão, reduzindo o tempo constantemente. Como se já não houvesse mistérios o suficiente, uma garota, Shiki Misaki, acaba por abordá-lo e exige que formem um pacto. Como qualquer pessoa normal também se assustaria, Neku fica receoso de formar ou não o tal pacto, mas visando sua sobrevivência, acaba por aceitar. Neste momento, um poder desperta em Neku e este consegue destruir todos os monstros que o seguiam.

A partir daí Neku começa a trabalhar com Shiki, enquanto eles cumprem missões que chegam via SMS em seus celulares, enfrentam novos seres e conhecem pessoas na mesma situação que eles, como Beat, personagem que também mantém um pacto com a garotinha Rhyme. Após muitos desafios, finalmente Neku entende a condição em que eles se encontram: todos estão mortos. O que eles estão passando na realidade é um jogo, um jogo para tentarem ganhar uma nova chance de viver. Aquele contador em sua mão marcava o tempo restante para cada missão ser concluída, e em caso de falha eles seriam “apagados” e perderiam a chance de retornar. O mais estranho para Neku é o fato dele não se lembrar de como morreu, ou mesmo qualquer detalhe do último dia antes de entrar nesse jogo maluco, mas isso não impede Shiki e Neku de prosseguirem a fim de concluir aquele jogo de sete dias de duração.

Concluídos seis dias, é no sétimo que se encontra o maior desafio: enfrentar o Game Master, aquele que está regendo esse jogo pela vida chamado “Reaper’s Game”, ou “Jogo dos Ceifadores” em português. A dupla encara e supera o desafio, sendo enviados para uma sala onde seriam levados de volta à vida. Contudo, descobrem que apenas Shiki poderá retornar. Neku não sai de mãos vazias, e recebe parte de sua memória em troca do “custo de entrada” requisitado ao iniciar o jogo (todo jogador possui um), lembrando assim dos seus dias antes de morrer, a frustração de ter perdido um grande amigo e o trauma que isso o causou, fazendo com que ele evitasse criar relações com as pessoas. Neku é então intimado a voltar para o jogo por mais sete dias, e dessa vez pela vida de Shiki – que não foi ressuscitada como prometido, tornando-se assim seu novo “custo de entrada”.

A partir daí, Neku exercita seu altruísmo e passa a lutar por Shiki, não apenas por si mesmo. Ele forma uma nova aliança com outro jogador, Joshua, e recorda detalhes de seu passado, sendo o mais revelador destes o fato de que sua morte não foi acidental: ele foi assassinado. O pior é que duas pessoas estavam presentes na hora de sua morte: o Game Master da segunda semana, Sho Minamimoto, e Joshua, seu atual parceiro. A vida – ou morte? – de Neku se complica mais e mais a cada instante, e o garoto percebe que não está num simples jogo para recuperar sua vida, mas lutando contra um sistema que pode ameaçar toda vida em Shibuya, seja no mundo real, seja no Jogo dos Ceifadores.

De anti-herói para salvador



“Tudo que o mundo precisa é de mim. Eu tenho meus valores, então você pode ficar com os seus, tudo bem?”. São essas as palavras iniciais de Neku quando a história começa. Ele não quer interagir com pessoas, não quer contar com a força dos outros e acredita que o seu poder é mais que suficiente para cumprir os objetivos necessários. O motivo para Neku ser assim é o trauma de ter perdido um grande amigo enquanto era vivo. Somente com a descoberta de novos amigos e experiências ele aprende a ser também uma nova pessoa, altruísta e disposta a ir o quão fundo for preciso para ajudar aqueles que estão contando com ele.

Em combate, Neku adquire o poder da “Psychomancia”, que por sua vez permite o uso de “Psychs”- técnicas especiais extraídas de bottons carregados pelo nosso protagonista. Seus poderes variam, como criar fogo ou projetar esferas de energia contra o inimigo, ou mesmo garantir supervelocidade e poder cortar as coisas sem usar nenhum tipo de arma. Porém esse poder só pode ser utilizado quando em união com outro jogador, forçando ambos a trabalharem em dupla.

O visual de Neku é um dos mais arrojados apresentados para um protagonista, até previsível visto que o jogo é dos mesmos criadores de Final Fantasy e Kingdom Hearts. Um garoto magro de estatura mediana, com uma bermuda larga, regata de gola alta, sapatos grandes – que lembram muito os de Sora em Kingdom Hearts – e sempre com seus fones de ouvido, o jeito de demonstrar que não liga para o que os outros estão dizendo.

O Jogo dos Ceifadores em 3D



O estilo gráfico do jogo, puxado para o cartoon, ganha nova vida em “Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance” para Nintendo 3DS, onde os personagens de The World Ends With You fazem uma participação especial.


Aqui, Neku surge assim que Sora chega a Traverse Town, questionando se ela poderia ajudá-lo no Jogo dos Ceifadores, mas suas expectativas caem ao ver que o cavaleiro da Keyblade não possui um contador na mão e, portanto, não faz parte do jogo. Ainda assim, Sora demonstra interesse em apoiá-lo como amigo, o que soa estranho para Neku. “Acabamos de nos conhecer e você me considera um amigo?”.

A personalidade de Neku neste crossover parece estar puxada para o começo de The World Ends With You, quando ele ainda era egoísta e egocêntrico. Todavia, é provável que sua transição seja mais rápida ainda para o heroísmo trabalhando com Sora para vencer o Jogo dos Ceifadores e livrar Traverse Town dos Dream Eaters, adversários presentes no jogo.


Concluímos então que todos têm direito uma segunda chance para se tornarem novas pessoas. Às vezes, não importa o quão pra baixo estamos, sempre haverá uma luz que pode nos trazer de volta à realidade e permitir que nos transformemos. Neku sofreu um trauma, mas isso não o impediu de lutar por um novo começo, uma nova chance de sorrir, um novo caminho para ele e para suas amizades.
Revisão: Bruna Lima 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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