Quando “Super Mario 64” foi lançado, em 1996, o mundo inteiro ficou impressionado. A equipe da Nintendo EAD não apenas entregou ao público um game impressionante graficamente, como demonstrou à todos a direção que deveria ser seguida a partir dali. “Super Mario 64” é um jogo completo, que acerta até mesmo nas falhas, e que serviu (e serve) de base para toda a indústria dos videogames. E se a perfeição está nos detalhes, o que dizer da majestosa trilha sonora de “Super Mario 64”? Mesmo que ela não possa ser considerada inovadora, ela foi peça fundamental para o sucesso do título.
It’s me, Koji Kondo!
Todo mundo ama os jogos do Mario, não é verdade? Tem gente que reclama da quantidade de jogos do bigodudo sendo lançadas a esmo, e existem até aquelas pessoas que dizem não gostar do encanador, mas no fundo, todo mundo tem um jogo do Mario no peito.
Seja pelo level design incrível, pelos personagens carismáticos, pela história simplista e cativante ou pela trilha sonora, os jogos do Mario são muito bons. A trilha sonora, por exemplo, é algo que me cativa muito. Confesso que só me interessei em “Super Mario 3D Land” após ouvir o “Main Theme”.
E quando se fala em trilha sonora de Mario já se pensa em Koji Kondo. Está certo que ele não é o responsável pela (maravilhosa) trilha sonora de “Super Mario 3D Land”, mas é nítido que, até mesmo nos jogos em que ele não é o responsável pelas composições, rola aquela influência direta do trabalho dele.
Se você estiver perguntando: Quem é Koji Kondo? Bem, você já deveria saber (ou não) que ele é um japonês de 51 anos, famoso por suas composições nos jogos de Mario e que iniciou sua carreira na Nintendo em 1984, no jogo “Golf”. Uma característica comum entre suas composições é o fato de todas elas serem muito marcantes. Por exemplo, quem não conhece a faixa a seguir?
O trabalho de Kondo se tornou evidente a partir de “Super Mario Bros.”, lançado em 1985. O “Overworld Theme” (ou “Ground Theme”, se preferir), de “Super Mario Bros.”, pode ser considerado, facilmente, como a música mais famosa dos videogames. E nem é preciso alguma pesquisa para constatar isso. Foi com esse trabalho que Koji Kondo ensinou ao mundo que um grande game sempre tem que vir acompanhado de uma grande trilha sonora.
Porém, o grande desafio da carreira do mestre veio com o Nintendo 64. Em uma mudança de direções, Mario agora teria voz, se aventuraria por um mundo poligonal e seria acompanhado de uma trilha sonora mais apurada, graças ao (ótimo) sistema de áudio do novo console. Como criar músicas para um jogo totalmente diferente de tudo que já havia sido apresentado até ali, sem que a essência da coisa fosse perdida? Kondo decidiu voltar no tempo e pegar influências diretas do seu primeiro grande trabalho, criando mais uma trilha sonora atemporal e impecável, como só ele poderia fazer.
Com um pé no passado…
Se a intenção era ser nostálgico, Koji Kondo conseguiu. De cara, o tema do menu principal é uma versão “moderna” do clássico “Overworld Theme” de “Super Mario Bros.”, agora cheio de instrumentos musicais emulados pelo hardware do Nintendo 64.
Outra recriação fica por conta do “Underground Theme” de “Super Mario Bros.”. Aqui ele retorna como tema de “Hazy Maze Cave”, intitulado “Cave Dungeon”. A faixa é praticamente a mesma, mas o remix, cheio de influências da música africana, é bem mais tropical e dançante. Os tambores e um baixo polifônico tornam a música ainda mais interessante.
Entre os temas originais, o que falar a respeito do “Main Theme”? A faixa é executada nas fases terrestres, como em “Bomb-omb Battlefield” e, entre as composições originais, é a mais próxima daquilo que podemos considerar um clássico. Um tema alegre, inusitado e dançante e que, assim como o tema principal de “Super Mario Bros.”, é capaz de grudar na cabeça de qualquer um.
… e outro no futuro
Mas Koji Kondo não ficou apenas no lugar comum em “Super Mario 64”. Na verdade, a maioria das composições do game são ousadas e bem peculiares. Quem nunca se sentiu um pouco triste ao ouvir a linda “Dire, Dire Docks”?
Ainda destacando as faixas marcantes, encontramos o belo tema de “Lethal Lava Land”. Diferente de qualquer coisa que você já possa ter ouvido em Mario, essa faixa é diretamente influenciada por ritmos indianos e vai muito bem nas fases desérticas.
Outra faixa curiosa é o tema de “Big Boo’s Haunt”, intitulada “Haunted House”. A música é extremamente sombria, e, junto de um ambiente assustador, consegue botar medo em qualquer sujeito desavisado.
Por fim, o grande destaque fica por conta de “Koopa’s Road”, tema de “Bowser in the Dark World”. Nunca antes, na história dos videogames, uma fase ou castelo que envolvesse o nêmeses de Mario possuiu um tema tão intenso e marcante.
O maravilhoso legado de Super Mario 64
A trilha sonora de “Super Mario 64” é inesquecível. A prova disso são as diversas homenagens e referências a ela, feitas por fãs ou pelo próprio pessoal da Nintendo.
Algumas das músicas de “Super Mario 64” foram remixadas em “Super Mario Galaxy 2”. Um exemplo é a divertida “Slider”, que retornou com pompa no game.
Nem “Snow Mountain”, tema de “Cool, Cool Mountain”, escapou das garras nostálgicas da Nintendo e voltou remixado no game “Mario & Sonic at the Olympic Winter Games”. Não podiam ter escolhido música melhor, não é?
E quem imaginaria ouvir uma música de Super Mario 64 em “Mario Strikers Charged”? Pois é, “Merry-Go-Round” aparece aqui como “Boo’s Theme”.
Para finalizar, que tal uma bela homenagem de um fã super talentoso em um medley contendo os principais temas do game? Parece bom para mim.
Assim como acontece em outras artes (como no cinema) a música é essencial na construção de um ambiente imersivo e atrativo nos videogames, e não serve apenas para propostas estéticas. A trilha sonora de “Super Mario 64” segue a risca esse conceito, sendo uma das mais marcantes da história da Nintendo e demonstrando a importância de uma boa trilha sonora na construção de um clássico. Apesar de não ser o melhor trabalho de Koji Kondo, ela se mantém acima da média e não desaponta. E você? Tem alguma música favorita? Sentiu falta de alguma composição? Também acha que Super Mario 64 perderia metade da graça sem essa bela trilha sonora? Ou joga no modo “mudo”? Dê a sua opinião nos comentários.
Revisão: Luigi Santana