Análise: Theatrhythm Final Fantasy (3DS)

em 18/07/2012

Quando foi anunciado, Theatrhythm Final Fantasy foi motivos de vários questionamentos: realmente precisamos de um Final Fantasy musical? E ... (por Farley Santos em 18/07/2012, via Nintendo Blast)

nintendo_blast_theatrhythm_00 Quando foi anunciado, Theatrhythm Final Fantasy foi motivos de vários questionamentos: realmente precisamos de um Final Fantasy musical? E que nome estranho é esse? Mas a maior preocupação dos jogadores era a possível qualidade duvidosa do título. Felizmente a Square-Enix produziu um jogo completo e divertido, com apelo tanto para os fãs da série quanto para os adoradores de games de ritmo.

Com o slogan “Play your memories” (ou “Jogue suas memórias”), o público alvo é justamente quem jogou boa parte dos episódios da série, mas as composições são tão memoráveis que provavelmente irá agradar também jogadores.

Um novo confronto entre os deuses

Os deuses Cosmos e Chaos, de Dissidia Final Fantasy, são novamente o motivo da reunião de heróis. O espaço entre os dois deuses é chamado de “ritmo” e ali se encontra um cristal que cria a música. As forças malignas de Chaos acabam afetando o poder do cristal, comprometendo a harmonia do universo. Cosmos convoca seus guerreiros mais uma vez, com a tarefa de coletar uma onda musical chamada “Rhythmia” e usá-la para restaurar o cristal, trazendo equilíbrio para o mundo novamente. A história é simples e mal é mencionada durante o game, mas convenhamos que é até uma boa desculpa para revisitar 25 anos de música de uma das séries mais populares de RPG.

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Dessa vez foi escolhido um visual mais caricato para os personagens, utilizando o estilo do sistema de avatares de Kingdom Hearts Re:coded. O efeito 3D é sutil e dá a sensação de que tudo não passa de um monte de gravuras se mexendo, como se fosse um livro pop-up. O resultado é um jogo simples, colorido e bonito, por mais que alguns não se apeteçam por esse estilo. O áudio recebeu tratamento especial, com músicas em alta qualidade, melhores apreciadas com um bom fone de ouvido.

Revisitando o passado

nintendo_blast_theatrhythm_02 A jogabilidade de Theatrhythm é bem simples: o jogador deve acompanhar a melodia através de toques e gestos na tela inferior do 3DS, basta executar o comando correto quando a nota passar pelo marcador. Como em todo jogo de ritmo existem várias avaliações para a performance, sendo Miss a pior e Critical a melhor. Ao final de cada canção o desempenho é analisado, resultando em pontos de experiência para os personagens e Rhythmia, a onda musical da história e que serve para desbloquear conteúdo.

Todos os episódios numerados da série Final Fantasy estão presentes em Theatrhythm, da primeira aventura no NES até o mais recente Final Fantasy XIII. Através do Series Mode é possível reviver todos esses títulos, bastando escolher um dos jogos. São cinco músicas em sequencia e consistem de canção de abertura, tema de campo, tema de batalha, evento e canção de encerramento, cada uma destas apresentam nuances próprias. Uma vez vencidos os desafios no Series Mode, as canções ficam disponíveis no Challenge Mode, onde podem ser jogadas independentemente.

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Após algum tempo de jogo é liberado o modo Chaos Shrine. Ele consiste em desafios de duas fases jogadas em sequência, uma de campo e outra de batalha, sendo que as notas das músicas são diferentes e o desempenho do jogador afeta os chefes enfrentados e a dificuldade. É possível compartilhar estes percursos via StreetPass, junto de informações como tempo de jogo e objetivos conquistados. É um modo que oferece um desafio considerável e crescente.

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Ritmos variados

Transferir a sensação de um RPG para um jogo de ritmo não é uma tarefa fácil, mas os desenvolvedores da Indies Zero conseguiram reproduzir as principais mecânicas e características da série. Para isso a jogabilidade foi quebrada em três estilos: Field (campo), Battle (batalha) e Event (evento).

nintendo_blast_theatrhythm_05 No modo Field, o jogador conduz o personagem por cenários do game relacionado à música. O objetivo é acertar as notas para fazer o herói correr. Neste modo as notas de manter a stylus pressionada na tela assumem formas sinuosas, sendo necessário movê-la verticalmente para não errar.

Já o modo Battle, como o nome diz, reproduz uma típica batalha contra monstros. Aqui o grupo de personagens se mantém à direita da tela e ataca os inimigos que aparecem incessantemente. Para atacar, basta acertar as notas, erros fazem os heróis perderem energia. É o modo mais frenético e intenso, bastam alguns poucos erros para falhar.

nintendo_blast_theatrhythm_06 A terceira e última variação é o Event, o mais simples dos três. No fundo da tela é mostrado um vídeo com cenas do jogo, enquanto um cursor se move pela tela. Quando cursor e nota se sobrepõem o gesto deve ser feito. O problema aqui é o fato de ser difícil se concentrar no vídeo e nas notas simultaneamente, sem contar também com os gestos repetitivos e sem muita relação com a melodia.

Para deixar as coisas mais interessantes existe a Feature Zone, um trecho da música no qual as notas ficam prateadas. Ao acertar corretamente todos os comandos algo especial acontece. No modo Field o personagem se torna um Chocobo, ganhando um grande aumento de velocidade e aumentando a possibilidade de encontrar itens. Quando em batalha, a zona permite invocar criaturas como Shiva e Ifrit, que usam ataques poderosos. Já em eventos, o uso habilita uma versão estendida da música.

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Treinando para a vitória

O aspecto RPG de Theatrhythm fica por conta da evolução de personagens: eles recebem experiência ao participar das canções e sobem de nível, ganhando habilidades e melhorias de status. Estes atributos influenciam o desempenho nas músicas, de acordo com o modo. Heróis que contam com maior agilidade são ideais para as fases de campo, já que correm mais rápido. Em batalha, personagens com maior força e magia são os recomendados, pois conseguem derrotar os inimigos rapidamente. E algumas magias como Cura são essenciais ao enfrentar dificuldades mais difíceis, nas quais os personagens perdem pontos de HP mais rápido. Tudo isso ajuda a completar as canções, mas a customização pode ser completamente ignorada sem comprometer a experiência de jogo.

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Um mundo de conteúdo

nintendo_blast_theatrhythm_11 Quem decidir se aventurar pelo título não vai se decepcionar com a quantidade de conteúdo. São por volta de 70 canções, com três variações de dificuldade para a maioria delas. Muita dedicação é necessária, já que a diferença entre a dificuldade média e avançada é bem acentuada. O único ponto negativo é o fato das músicas estarem intocadas, sendo as versões arranjadas utilizadas exclusivamente nos menus.

Não está completamente satisfeito com a seleção? Isso não é problema, já que Theatrhythm é o primeiro jogo de 3DS a oferecer conteúdo extra pago (ou DLC). A loja pode ser acessada do menu principal e a experiência de compra é a mesma encontrada no eShop. Cada canção custa R$2, mas infelizmente o jogo não oferece maneiras de ouvir um trecho antes da compra.

Existe também uma sessão de museu, no qual é possível ver os cartões coletados, troféus liberados e músicas desbloqueadas, além de vários outros status. Quem desejar completar o jogo vai ter muito trabalho.

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Uma bela homenagem

nintendo_blast_theatrhythm_15 Theatrhythm Final Fantasy não é um simples caça-níquel, o game foi cuidadosamente desenvolvido e é uma ótima maneira de comemorar os 25 anos da série. Os fãs vão adorar reviver os melhores momentos da saga, enquanto quem não liga pode se divertir com o sistema de jogo sólido e as várias opções de customização. Se você gosta de games de ritmo, Theatrhythm é essencial.

Prós

•    Extensa quantidade de conteúdo;
•    Áudio de qualidade excelente;
•    Jogabilidade simples e desafiante;
•    Aspecto RPG bem integrado à mecânica de ritmo.

Contras

•    A modalidade “Event” é fraca e desinteressante;
•    Impossibilidade de ouvir trechos das músicas no menu de DLC;
•    Composições completamente intocadas, sendo as versões arranjadas exclusivas para os menus.

Theatrhythm Final Fantasy - Nintendo 3DS - Nota Final: 8,5
Gráficos: 7,0 | Som: 9,0 | Jogabilidade: 8,0 | Diversão: 8,5

Revisão: Jaime Ninice


é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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