Análise: Pokémon Conquest (DS)

em 09/07/2012

O que daria se um game de estratégia inspirado no japão feudal fosse misturado com lutas entre monstros de bolso que vivem confinados em bol... (por Alveni Lisboa em 09/07/2012, via Nintendo Blast)

O que daria se um game de estratégia inspirado no japão feudal fosse misturado com lutas entre monstros de bolso que vivem confinados em bolas especiais? A inesperada fusão entre duas franquias totalmente distintas dá vida a Pokémon Conquest, um dos últimos lançamentos para o morto-vivo Nintendo DS. Pokémon Conquest chega com a missão de provar que a junção de propostas tão diferentes pode fazer sucesso.

 

Samurais, guerras nipônicas e monstros de bolso

Nobunaga’s Ambition é uma série de jogos de estratégia em turnos. O primeiro game foi lançado para NES em 1983, pela Koei, o que faz dele um dos precursores do gênero. Apesar de antiga, a franquia nunca fez muito sucesso no Ocidente, provavelmente pela temática ligada ao Japão. O objetivo dos games era sempre parecido: comandar os exércitos de Oda Nobunaga (ou de seus generais) na tentativa de conquistar territórios japoneses.

Oda Nobunaga foi um senhor feudal do século 16 que invadiu e dominou inúmeras terras vizinhas para unificá-las. Era sedento por poder e ficou conhecido pelos ideais expansionistas. Apesar do perfil ditatorial, ele foi o responsável por várias mudanças positivas, especialmente no campo da economia. Foi traído por um dos seus generais, Akechi Mitsuhide, que o assassinou e destruiu o sonho do poder centralizado.

A outra franquia dispensa qualquer apresentação. Pokémon é a segunda série de games mais vendida da Nintendo, atrás apenas de Mario, e possui uma imensa variedade de produtos: mangás, animes, filmes, brinquedos, e até lojas e um parque temático.

A história se passa em Ransei, um continente composto por 17 reinos. Uma lenda antiga diz que o pokémon criador de tudo se revelará ao homem que capturar todos estes reinos. Sua missão é impedir que o ambicioso Nobunaga liberte e controle essa invencível criatura. Para impedi-lo, inicialmente, você terá apenas um Eevee do(a) protagonsita e o Jigglypuff de Oichi.


Temos que pegar!

Se Pokémon Conquest tivesse um lema seria: “Temos que pegar... os castelos”. Esqueça as batalhas contra líderes de ginásio, Team Magma, Equipe Rocket, levels ou Evs - aqui nada disso existe. O objetivo é invadir reinos vizinhos e conquistá-los. Parece simples, mas o game exige estratégia e cautela. É algo parecido com Tatics Ogre ou Fire Emblem, onde as tropas se movem como se fossem peças em um tabuleiro de xadrez.

O jogo é totalmente ambientado na jogabilidade de Nobunaga Ambition’s, mas com os pokémon no lugar dos exércitos. Portanto, quem não é fã dos monstrinhos terá bastante dificuldade para jogar o game. Por exemplo: qual pokémon usar para derrotar um tipo venenoso? É indispensável conhecer as forças, fraquezas e habilidades deles.

Entre uma ou outra incursão aos castelos rivais, o jogador deve coletar ouro (para comprar itens e pedras evolutivas), treinar para aprimorar a ligação (link) do treinador com seu pokémon e capturar novos monstrinhos. Quanto maior o link, mais forte será o Pokémon. Certos monstros evoluem ao atingirem determinado link, já outros somente com o uso de pedras especiais. Há os que só evoluem quando estão felizes e os que só o fazem quando cumprida determinada exigência. Por exemplo: se você quer evoluir um Machoke para Machamp precisar derrotar um treinador específico.

Capturando pokémon e treinadores

Conseguir a maior quantidade de espécies é sempre um dos principais desafios de Pokémon. Em Conquest, porém, você precisa também de guerreiros para ajudá-lo na dominação dos rivais e na defesa dos castelos obtidos. A maioria deles se junta ao grupo após ser derrotado em menos de 5 turnos, o que, dependendo do cenário e do nível dos seus pokémon, pode ser bem difícil. Já os pokémon são “linkados” aos guerreiros após um mini-game simples. Nada de enfraquecê-lo e lançar a pokebola – basta pressionar o botão A na hora correta para conseguir. Cada treinador só pode usar um monstrinho por vez, mesmo que possua vários deles.

imageExistem 199 pokémon no game, um número bastante expressivo para um spin-off da série. Os guerreiros/treinadores também são variados e precisam ser “encontrados” – há 200 deles no total. Cada guerreiro tem um pokémon que linka perfeitamente, cabendo aos jogadores a missão de descobrir qual é. O visual deles dá uma boa dica, mas nem sempre é suficiente.

Conquiste e proteja-se, conquiste e proteja-se…

A missão principal leva cerca de 20 horas para ser completada. Ela não é muito difícil e serve para ambientar e empolgar os jogadores. A mecânica do game consegue prender o jogador por horas a fio. Após finalizar a história principal, novas missões ficam disponíveis. É aí que o game peca pela repetição. Mesmo com objetivos e dificuldades diferentes, no fim das contas, tudo se resume a dominar castelos e manter suas invasões. Nem o mapa se altera: são sempre as mesmas cidades, no mesmo continente e com os mesmos protagonistas.

Os gráficos são bem desenhados e os personagens são marcantes. Apesar disso, a Tecmo Koei repetiu a imagem de vários guerreiros, mudando apenas o nome e os stats deles. O design dos cenários é pouquíssimo inspirado, já que a maioria é extremamente simples (dá para ter uma ideia vendo a imagem ao lado) e sem variações. Toda vez que você tentar capturar um pokémon no “reino do fogo”, por exemplo, vai se deparar com o mesmo terreno de batalha. As lutas contra generais tem cenários próprios e um pouco mais elaborados.

Vale destacar também a “incrível” sorte dos adversários, principalmente nos cenários que envolvem eventos aleatórios, como portais ou ventanias. Tudo sempre conspira favorável ao seu inimigo. Portanto, é preciso selecionar com cautela o time que vai enfrentar o adversário. Numa fase ampla, um pokémon com baixa movimentação (range) pode ser uma péssima escolha.

A parte sonora cumpre bem seu papel sem comprometer, apesar de repetitiva e pouco variada. Como não há diálogo falado, o som tem uma função apenas cosmética no game. Depois de algum tempo, você provavelmente nem vai notá-lo.

Ambição pokemaníaca de Nobunaga

Pokémon Conquest é um jogo divertido, porém mal explorado. A história é clichê, mas a ótima jogabilidade, aliada ao carisma de Pokémon, mantém o jogador entretido, principalmente na missão inicial. Tinha potencial para ter um fator replay altíssimo (32 missões extras, pokémon e guerreiros para desbloquear), mas caiu na monotonia da repetição.

Há games em que a simplicidade é um ponto positivo, o que não ocorre nesse caso. Depois de completar a missão principal, pouca gente terá coragem de finalizar o restante do game – ou pelo menos não fará isso com tanto ânimo quanto no começo da aventura. É um estilo diferente e que nem todo mundo gosta, mas que diverte os fãs de estratégia de uma forma descompromissada. Mesmo assim, Pokémon Conquest desponta como um dos melhores spin-offs dos monstrinhos de bolso. Se você for tão ambicioso quanto Nobunaga, com certeza vai invadir a loja de games mais próxima e comprá-lo.

Prós

  • Ótima jogabilidade, com pokémon no lugar de exércitos
  • Muito conteúdo para desbloquear
  • Dificuldade de vários níveis

Contras

  • Missões parecidas
  • Cenários e personagens repetitivos
  • O mesmo continente
  • Multiplayer local apenas


Pokémon Conquest – Nintendo DS – Nota final: 8.5

Gráficos: 8.0 | Som: 7.0 | Jogabilidade: 9.5 | Diversão: 8.5

 

Revisão: Jaime Ninice


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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