Em 1987, momento em que a Square estava quase chegando à temida falência, dois homens tiveram a coragem e a audácia de virar o jogo. Masafumi Miyamoto e Hironobu Sakaguchi, os fundadores da empresa, decidiram que não tinham mais nada a perder e, literalmente, criaram uma última fantasia para os dois. Final Fantasy nasceu, e desde então a história da indústria de RPGs japoneses – e principalmente, dos jogos eletrônicos em geral – nunca mais foi a mesma.
Vários universos... dentro de um só!
A série Final Fantasy sempre apresentou diversas características únicas, que a faz se diferenciar dos outros jogos. Seja pelo carisma dos chocobos, os traços dos personagens ou pelas espécies e estilos de monstros, a cada game lançado a fantasia parece se firmar mais como uma história sem fim. Só que contada em diversos universos, divididos entre os jogos da série. E convenhamos, quem não gosta de uma história interminável, desde que ela seja boa?
Ser um guerreiro rebelde e lutar pelo seu povo; encontrar em uma masmorra um lendário Bahamut, matá-lo e depois poder invocá-lo; ficar horas e horas desbravando à pé os continentes montado em uma espécie de galinha gigante amarela. Tudo isso dentro de enredos épicos.
Final Fantasy realmente faz juz à sigla “RPG” (que significa Role Playing Game ou Jogo de Interpretação de Papéis, em sentido literal), pois o jogador sente-se incorporado nos personagens das tramas e em suas respectivas histórias e acontecimentos. E mesmo com a maioria dos jogos apresentando um aspecto linear, é possível ter uma liberdade muito grande, especialmente nas versões da série principal.
Nintendo, Sony, Microsoft, PC... o que importa é a arte!
Com mais de 30 títulos lançados, os jogos da série Final Fantasy se distribuem por diversos consoles, sendo que os primeiros surgiram no clássico NES (Nintendo Entertainment System).
E agora, vamos falar um pouco sobre cada um deles, para que logo em seguida você escolha um para jogar em seu console.
Final Fantasy
O primeiro título da série foi o que literalmente salvou a empresa Square da queda supostamente inevitável. Nele, o jogador controla quatro Light Warriors em busca da salvação da humanidade, através da restauração dos cristais sagrados. Era possível escolher entre algumas classes para eles, sendo que as disponíveis eram Fighter, Monk, Thief, White Mage, Black Mage e Red Mage.
Com exceção dos remakes criados para esse título, a primeira versão é considerada extremamente difícil, principalmente para os padrões atuais. Difícil ou não, o jogo ainda é um prato cheio para fãs de RPGs.
Final Fantasy II
Lançado um ano depois do primeiro para o NES, FFII introduziu uma história mais complexa e densa dentro da série, o que serviu de inspiração para todos os outros jogos subsequentes.
Nesse, você não podia escolher as classes, já que eram personagens pré-definidos de acordo com a história. Mas mesmo assim, cada um tinha seus atributos que os faziam se destacar entre si.
Infelizmente a Square modificou o sistema de batalhas, fazendo com que os níveis desaparecessem, e os personagens agora deveriam ganhar novos atributos com base no uso de seus ataques ou na quantidade de dano que recebeu em uma luta. Apesar de não parecer tão ruim assim, era possível ficar enrolando em um monstro mais fraco, e com isso ganhar muita experiência, o que foi considerado um tremendo bug para os jogadores.
Apesar dos problemas, FFII deu início a alguns outros traços característicos da série, como a introdução dos Chocobos e do personagem lendário Cid.
Final Fantasy III
Surgido em 1990 para o NES, no Japão, FFIII apresentou os primeiros traços característicos de RPGs de estratégia da história, pois nele era possível escolher diversos jobs ou classes para os personagens, o que no futuro serviria de inspiração para jogos como Final Fantasy Tactics.
A história do jogo também envolvia os Cristais Sagrados, e seus heróis em busca deles para salvar o mundo. Aqui a história era bastante profunda, o que a diferenciava do primeiro jogo.
Nesse game também surgiram diversas outras características marcantes, como os famosos Moogles e o temido Bahamut. Esse também foi o primeiro Final Fantasy a possuir os Summons, ou Invocações, como preferir. E convenhamos, essa foi uma das melhores adições já feitas para um jogo da série, não concorda?
FFIII recebeu um belíssimo remake para Nintendo DS, e agora também chegou para Android.
Final Fantasy IV
Lançado para o saudoso Super Nintendo em 1991 no Japão, e nos EUA sob o título de Final Fantasy II, esse jogo é marcado por ter diversas melhorias em relação a seus antecessores, principalmente por ter sido também um jogo de um console mais atual.
A idéia do Active Time Battle, aquelas barras de tempo que se tornaram comuns em jogos de RPG característicos japoneses, surgiu nesse jogo, e foi utilizada até o nono episódio, e depois ressurgiu no décimo segundo capítulo. O sistema de níveis se tornou mais simplificado, e agora as habilidades eram ganhas de acordo com os níveis adquiridos.
O jogo conta a história de Cecil Harvey, um Dark Knight renegado em busca de vingança contra seu reino. Apesar da história de fundo ser simples, com o passar do tempo o jogo adquire uma trama mais complexa, com diversos acontecimentos que fazem com que a vingança contra o reino se torne algo não tão importante.
Final Fantasy V
Criado inicialmente apenas para os fãs do Japão em 1993, para Super Nintendo, e posteriormente (no ano de 1997) lançado para PSOne, o game exaltou ao máximo a lista de profissões, lançada no terceiro capítulo da série. Possuía 22 classes - 26, no Game Boy Advance - e agora era possível um personagem aprender habilidades de mais de uma classe.
A história fala sobre Bartz, e sua investigação sobre a queda de um meteorito, onde ele e outros personagens principais descobrem coisas referentes aos Cristais Sagrados e ao próprio fim do mundo.
Final Fantasy VI
Lançado pela Square para Super Nintendo no ano de 1994, esse é também o último episódio da série principal a ser apresentado pela Nintendo.
É também considerado o Final Fantasy 2D com melhor gráfico já criado, por conta dos efeitos de Mode-7 do cartucho, e também por utilizar simultaneamente as 256 cores do console. Possui também uma das histórias e personagens mais adorados de toda a série, e conta a trama envolvendo a humanidade na busca dos Espers para fins bélicos. Esse foi o primeiro Final Fantasy a abandonar o cenário totalmente medieval, apelando para uma ambientação mais futurista e cyberpunk .
Final Fantasy VII
Considerado por muitos como o melhor Final Fantasy de todos os tempos, por conta de sua história magnífica, personagens extremamente carismáticos e jogabilidade emocionante, FF VII surgiu no ano de 1997, apenas para os donos do PlayStation, da Sony.
Isso devido ao fato de que a Square não era a favor da adoção de cartuchos para o Nintendo 64, e também era contra diversas restrições impostas pela Nintendo. Uma pena para os nintendistas, que tiveram que se contentar com pouquíssimos títulos de RPGs para o console (lembrando que Quest 64 não conta, por ter sido muito ruim, e que Zelda... bom, ainda não sabemos se Zelda é um RPG, certo?).
Final Fantasy VII também introduziu as cenas em CG (computer graphics) e introduziu um dos maiores vilões de videogame já criados: Sephiroth.
Final Fantasy VIII
Lançado em 1999 para o PS, Final Fantasy VIII conseguiu fazer juz à FFVII, e apresentou uma história também magnífica, sendo apresentada por uma história de amor entre dois personagens completamente diferentes, Squall Leonheart e Rinoa Heartilly.
Foi o primeiro FF a possuir um tema musical com voz, e a sua trilha sonora é considerada por muitos como a melhor de toda a série. O jogo possuía alguns traços controversos, como a abolição do MP (magic points), dos baús com itens, e da seleção de armas, sendo que os personagens ficavam com os mesmos armamentos do início ao fim do jogo, apenas realizando upgrades.
Final Fantasy IX
O Final Fantasy que voltou às origens, e trouxe aos donos do PS um visual mais antigo e clássico, ao menos na ambientação do jogo e na cara dos personagens, que agora voltaram ao estilo SD, porém em 3D.
O sistema de batalhas também se tornou mais simplificado, agora com o retorno dos quatro personagens principais. A trilha sonora do jogo foi inteiramente composta pelo lendário Nobuo Uematsu, sendo que ele trabalhou em mais de 130 faixas.
Final Fantasy X
Lançado em 2001 para PlayStation 2, o game foi o primeiro da série a ser lançado para um videogame da quarta geração, e foi o que introduziu vozes em diálogos para os personagens.
Entretanto, apesar de muita gente gostar desse jogo, outros simplesmente o abominam, principalmente pelo excesso de cenas, a ausência de níveis e a falta de um mapa do mundo, o que tornou o jogo bastante linear.
Final Fantasy X obteve uma sequência, FFX-2, em que é contada a história sequencial da personagem Yuna, antigamente uma invocadora, e que agora se tornaria uma caçadora de recompensas.
Final Fantasy XI (Final Fantasy XI Online)
Lançado inicialmente para PlayStation 2 e PC, no ano de 2002, e posteriormente para Xbox 360, em 2006, FF XI foi o primeiro FF a se tornar um MMORPG (Massively Multiplayer Online Role-Playing Game).
Com mensalidade de US$12,95, o jogo ainda possui um vasto quadro de jogadores pelo mundo inteiro, e conta com quatro expansões: Rise of the Zilart, Chains of Promathia, Treasures of Aht Urhgan e Wings of the Godess, além de uma nova expansão que foi anunciada recentemente: Seekers of Adoulin.
Final Fantasy XII
Criado exclusivamente para PlayStation 2, é um dos Final Fantasy da série principal com aspecto menos linear já inventado (com exceção de Final Fantasy XI, que é um MMORPG), e possui gráficos, enredo e personagens espetacularmente bem elaborados.
Possui também um sistema de batalhas diferenciado, saindo do estilo ATB (Active Time Battle, o mesmo das edições anteriores) e introduzindo o sistema ADB (Active Dimension Battle), onde os monstros ficam livres e visíveis, e as batalhas são totalmente realizadas em tempo real. Esse é de longe um dos melhores Final Fantasy já produzidos.
Recebeu uma continuação para Nintendo DS, chamada de Revenant Wings, que conta acontecimentos após o personagem Vaan ter se tornado um Sky Pirate.
O game possui gráficos bidimensionais, e o mesmo estilo de seu antecessor, só que agora com visão do topo, o que tornava mais propício o uso das funções de tela do DS.
Final Fantasy XIII
A atual geração de consoles recebeu Final Fantasy XIII, que foi lançado para PlayStation 3 e Xbox 360. Conta a história da guerrilheira Lightning e de sua luta contra a tirania do mundo. Possui um sistema parecido com o de FFXII, onde os monstros ficam soltos perambulando pelo cenário. A diferença é que agora, o monstro avistando o personagem principal, é iniciada a batalha ao mesmo estilo de antes, por turnos, só que dessa vez mais rápidos e diferenciados.
Foi muito criticado pela sua tamanha linearidade, o que fazia com que o jogo não parecesse tanto com um RPG.
No ano passado, recebeu sua continuação para os mesmos consoles, Final Fantasy XIII-2, em que os maiores problemas do antecessor foram resolvidos, e o jogo deixara de se tornar totalmente linear.
Final Fantasy XIV (Final Fantasy XIV Online)
Lançado em 2010 para PC (e com data marcada para lançamento no PlayStation 3, em 2013), o jogo tem a mesma premissa da décima primeira versão, sendo um MMORPG.
Entretanto, apesar de o jogo possuir gráficos espetaculares, a decepção foi grande devido à quantidade de erros e bugs encontrados no jogo. A impressão que ficou com seu lançamento é que o game não estava acabado. Isso de certa forma manchou o nome da Square Enix, que agora busca novas soluções para esse fiasco.
Spin-offs
Final Fantasy possui diversas vertentes que tornou a série ainda mais difundida mundialmente.
Possui a série de luta Dissidia e Crysis Core, para o PSP, diversos títulos para Game Boy como a série Adventure, que futuramente se tornou a conhecida Secret of Mana, totalmente independente do nome Final Fantasy, entre outros. Agora vamos falar das duas principais, que estão presentes em consoles Nintendo.
A série Final Fantasy Tactics
O primeiro e grande responsável por dar cara para jogos de RPG estratégicos, FF Tactics foi lançado apenas para PS nos anos de 1997 (Japão) e 1998 (EUA). Utilizava-se do sistema de jobs, e possuía uma jogabilidade muito divertida e viciante.
Em 2003 foi criado e lançado para o Game Boy Advance o famoso Final Fantasy: Tactics Advance, que expandiu diversos elementos do primeiro FF Tactics, como a adição de raças, regras, e a criação do universo de Ivalice (o mesmo de Final Fantasy XII).
Em 2008 foi lançado para Nintendo DS o divertido Final Fantasy Tactics Advance 2: Grimoire of the Rift , que possuia um estilo bastante parecido com a versão de GBA, porém com a adição de diversas raças e gráficos aprimorados.
A série Crystal Chronicles
Totalmente diferentes dos outros jogos, a série Crystal Chronicles não se encaixa muito bem com o título de RPG, sendo os jogos muito mais focados na ação.
Depois de tantos anos, finalmente um Final Fantasy para um console Nintendo. Lançado em 2003 no Japão, e em 2006 nos EUA, Crystal Chronicles se diferenciou por ser um título focado no multiplayer cooperativo, o que acabou por afastar muitos jogadores, devido à necessidade de uma conexão com o Game Boy Advance.
Mas ainda assim tinha batalhas com muita ação (sem ser por turnos) e estratégias que realmente focavam o trabalho em grupo.
Em 2008, a Square Enix lançou FF Crystal Chronicles: Ring of Fates, para Nintendo DS, onde o foco era o mesmo de seu antecessor para Game Cube, sendo que a parte mais divertida era o multiplayer. Entretanto, para jogar em modo cooperativo era necessário uma cópia do jogo para cada console.
Diferente do anterior, Ring of Fates possui uma história de fundo bem elaborada, e necessária para o andamento da aventura, o que tornou o single player muito mais atrativo também.
Lançado em 2009 para Wii, o título Crystal Bearers agradou a muitos jogadores por ser um jogo de ação bastante divertido e agradável. Possui ótimos gráficos e uma boa história, além de uma mecânica bastante interessante, aproveitando os controles de movimentos do Wii. Entretanto, o título decepcionou um pouco boa parte dos fãs, que esperavam um título de RPG para Wii, e não mais um Final Fantasy de ação.
No final de 2009 também foi lançado Final Fantasy Crystal Chronicles: Echoes of Time, para Wii e DS, que possui um estilo multiplayer mais interativo, com diversas funções aproveitadas pela conexão Wi-Fi entre os dois aparelhos.
No ano de 2008, foi criado a versão My Life as a King, para Wii. O jogo é ambientado no mesmo universo de ação da série Chronicles, só que dessa vez a premissa é a construção de cidades à la Sim City, utilizando os recursos do controle de movimentos do console.
O game recebeu uma sequência no ano de 2009, através do serviço WiiWare, chamada de My Life as a Darklord, onde você controla a filha de um Darklord, e deve proteger seu castelo dos ataques de heróis. O jogo é divertido, e possui um estilo tower defense.
Totalmente diferentes dos outros games da série, Crystal Chronicles não se encaixa muito bem com o título de RPG, sendo que seus jogos são muito mais focados na ação.
Além desses spin-offs, o DS também recebeu o chamado Final Fantasy Fables: Chocobo Tales, em que você se aventura com um chocobo, desvenda enigmas e participa de inúmeros minigames. Temos também o tírulo The Four Heroes of Light, para NDS e o recentemente anunciado FF Theatrhythm, primeiro jogo musical que vai ser lançado para o 3DS, e você confere a prévia na revista Nintendo Blast 33.
Mais do que um jogo, uma cultura
Final Fantasy é uma série tão famosa e importante no mundo dos jogos, que possui diversos atrativos que vão muito além dos jogos. Dois filmes de animação já foram lançados, sendo que um não tem muito de Final Fantasy, mas o outro segue totalmente a história (Final Fantasy VII: Advent Children), sem contar as séries de animes que contam a história do V, criados em 1994.
No Japão, da mesma forma que Dragon Quest e Pokémon, FF é tão bem aceito pelo público que possui até mesmo lojas especializadas em artigos da série, como action-fugures e artbooks.
Ao longo desses 25 anos, Final Fantasy desempenhou um papel muito importante nos títulos de RPG, mas, principalmente, representou uma das séries de maior criatividade em anos. E aí, já vai jogar algum Final Fantasy?
Revisão: Leandro Freire