Análise: The Last Story (Wii)

em 07/05/2012

Enquanto o mundo dos RPGs passa por uma grande crise de identidade, o renomado criador de Final Fantasy -ronubu Sakaguchi – presenteia o Wii... (por Rafael Neves em 07/05/2012, via Nintendo Blast)

di-J56FEnquanto o mundo dos RPGs passa por uma grande crise de identidade, o renomado criador de Final Fantasy -ronubu Sakaguchi – presenteia o Wii com um dos melhores títulos do nicho dessa geração. Equilibrando estratégia e tradicionalismo típicos do gênero no Oriente com realismo e ação em tempo real característicos do gosto ocidental, temos aqui um título capaz de agradar a diferentes gostos. Um visual lindo, embelezado por uma trilha sonora épica e engajado em um enredo de personagens cativantes são apenas algumas das palavras de um acervo de elogios que temos a fazer a este game. The Last Story não é apenas mais um da safra de excelentes RPGs do Wii, mas é, acima de tudo, um título que ninguém pode deixar de experimentar.

The_Last_Story_-_artwork_01_render[4]O mercenário e a princesa

The Last Story nos coloca no papel de Zael, um jovem que faz parte de um grupo de mercenários. Mas o que diabos são mercenários? Trata-se de pessoas que cumprem difíceis tarefas em troca de algum tipo de pagamento, mas que, no imaginário maniqueísta do universo do jogo, são muitas vezes marginalizados. Segundo os padrões da população em geral, mercenários e cavaleiros são taxados em níveis inferior e superior no prestígio social, respectivamente. Mas o valor de Zael e seus companheiros é posto à prova quando são engajados em uma emocionante trama, que tem como gatilho o encontro com a princesa Calista. Aqui o enredo não começa com aquele tom épico de salvar o mundo, como visto em Xenoblade Chronicles (Wii), mas executa com maestria a função de prender o jogador aos inúmeros diálogos que acompanham os personagens do início ao fim do game.

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Falando em personagens, o elenco de The Last Story é bem vasto. Apesar de trazer inúmeros clichês (como um protagonista órfão e uma princesa cansada de sua vida de privilégios), o jogo consegue aprofundar-se muito bem na história íntima de cada personagem. Rapidamente, você não só terá decorado o nome de Zael, Yurick, Dagran e todo resto do bando de mercenários, mas também terá encontrado seus preferidos e mais cativantes. Apesar de ter algumas inconsistências lógicas (como cenários que tomam proporções muito grandes inexplicavelmente e monstros gigantes surgidos do nada), o clima de fantasia dá conta das surrealidades.

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A divisão do game em capítulos favorece o aspecto cinematográfico do jogo. Quem gosta de jogar aos poucos para não chegar ao fim tão rápido encontrará na estratificação por capítulos uma boa maneira de achar a hora certa de terminar a jogatina. Mas o esquema, aliado à grande quantidade de cutscenes e eventuais CGs, faz com que The Last Story assemelhe-se bastante a um filme, mas sem perder a interatividade de um videogame. É preciso ressaltar a quantidade de dublagens bem interpretadas que o game apresenta. Você ouvirá as vozes dos personagens do inicio ao fim do game. E isso não se aplica apenas aos protagonistas, mas até mesmo figurantes genéricos darão com a língua nos dentes. Infelizmente, essas dublagens não são sincronizadas com os lábios das personagens (nem mesmo nas CGs), o que tanto é descaso dos desenvolvedores quanto do trabalho de localização na Europa.

468px-The-Last-Story-Kanan-Character-ArtworkO binômio de sempre

Como a maioria dos outros RPGs, The Last Story é facilmente dividido em dois momentos. O primeiro é onde as batalhas acontecem, normalmente em calabouços, e o segundo traz as interações sociais entre os personagens. Neste último, temos várias atividades a serem feitas (muitas já conhecidas pela maioria). É possível comprar armas e equipamentos, aprimorar seu arsenal, realizar missões secundárias (as conhecidas sidequests - num estilo semelhante ao visto em Zelda, ou seja, sem aquele menu para organização das tarefas), procurar por tesouros e conversar com as outras pessoas. Normalmente, essas passagens são bem curtas e é bem fácil descobrir o objetivo a ser feito - o que não é ruim, uma vez que nos faz saltar direto para a parte brilhante de The Last Story.

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Como já dito, o combate aqui é um misto de estilos. Temos todos aqueles elementos tradicionais de estratégia e planejamento através das vastas opções de customização de Zael e seu aliados (até mesmo a cor dos equipamentos é possível ser modificada) e todas interferem na aparência dos heróis, da mesma forma que vimos em Dragon Quest IX (DS). Quando a luta realmente começa, não somos transportados para uma estática batalha em turnos, mas a um dinâmico confronto em tempo real. Tudo aqui é feito manualmente (com exceção dos ataques físicos), incluindo a movimentação de Zael, defesas e esquivas. Há uma série de elementos de gameplay que inserem uma variedade interessante de estilos aos confrontos. É possível atirar com bestas (em uma mecânica semelhante a um FPS), ser furtivo e silencioso para atrair inimigos sem deixá-los clamar por reforços (jogadores de The Elders Scrolls V: Skyrim e Batman: Arkham City se sentirão em casa), visualizar o campo de batalha antes da luta (ao estilo tático), proteger-se ou esconder-se atrás de barricadas, executar manobras ofensivas (como ataques aéreos) e muitas outras opções. Se a gama de elementos de batalha já parece satisfatório para você, The Last Story ainda traz a cereja de seu bolo.

dolphin2011-02-0119-200gwoThe Last Story 0030697474001326939625last_story_art_034[5]

Da mesma forma que Xenoblade tem como pilar básico de sua diferenciação em relação a outros RPGs modernos a espada Monado e suas aplicações no jogo, The Last Story traz como elementos exclusivo a habilidade Gathering, recebida por Zael logo no começo do jogo. Inicialmente, parece apenas uma forma de atrair a atenção dos inimigos para si enquanto seus aliados preparam devastadoras magias (organizadas em um interessante sistema de círculos luminosos no chão), mas, com o passar do tempo, vai adquirindo inúmeras utilizações. Esse estilo de progressão garante novidades contínuas e impede que nos sintamos sobrecarregados de opções logo no início.

The-Last-Story-Tasha-Character-ArtworkEm cada mínimo pixel…


Games tridimensionais no Wii sempre carregam aquela difícil tarefa de elevar ao máximo as capacidades técnicas da plataforma para não ficarem com cara de jogo da geração passada. Felizmente, a Mistwalker (em parceria com Takuya Matsumoto da AQ Interactive) conquistou um sucesso invejável no console da Nintendo. The Last Story preza pelo realismo e por uma paleta de cores mais escura, distanciando-se da variedade de tons e do futurismo de Xenoblade. O estilo mais linear do game também afetou toda a arquitetura dos cenários - os vastos campos de Xenoblade dão lugar a calabouços claustrofóbicos. Mas, sim, há alguns cenários bem largos, como a cidade principal, que é facilmente um dos maiores mapas já vistos no Wii. Mas nem tudo é um mar de rosas. The Last Story esforça-se para manter toda a sua riqueza gráfica em batalhas de tirar o fôlego com até seis personagens principais em campo e hordas de inimigos, mas não podemos ignorar os slowdowns. Muitas vezes a taxa de quadros por segundo cai escandalosamente e é fato que isso irrita bastante. Outro ponto negativo são animações mal polidas, que muitas vezes tornam “toscos” momentos dramáticos e emocionantes das cutscenes.

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Alem de efeitos de luz e texturas ótimas - com algumas exceções -  The Last Story é mais um dos games a trazer uma trilha sonora impecável. Seguindo o pedigree de Super Mário Galaxy (Wii) e The Legend of Zelda: Skyward Sword (Wii), temos aqui orquestras celestiais executando canções que dão vida aos cenários e conseguem reproduzir bem o clima das cutscenes. E o que dizer das batalhas? A qualidade da mecânica de luta é convertida em sua riqueza sonora, que traz composições capazes de agitar bem os confrontos. O responsável pela criação de faixas tão boas é ninguém menos do que Nobuo Uematsu (renomado compositor de Final Fantasy).
Apesar das várias sidequests, é certo que The Last Story tem uma duração menor do que a maioria dos RPGs japoneses. Ao contrario de Final Fantasy, essa criação de Sakaguchi é mais direta. E talvez isso agrade aqueles jogadores que nunca têm tempo de zerar títulos muito extensos. Mas pensando em quem gosta de curtir um RPG até sua última gota, a Mistwalker inseriu um modo multiplayer para propiciar aos jogadores a oportunidade de curtir mais e mais vezes o que o game tem de melhor: as batalhas! O multiplayer só pode ser jogado online, mas garante mais algumas horas de diversão.

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Embora só tenha sido lançado na Europa e no Japão, The Last Story logo estará nas prateleiras americanas. Trata-se de um dos últimos suspiros de vida do Wii, mas que tem potencial o bastante para ser obrigatório entre qualquer jogador que se preze. O console branco da Nintendo pode ter perdido grandes títulos do gosto ocidental (como Skyrim e Mass Effect 3) e da adoração oriental (a exemplo de Final Fantasy XIII-2), mas tem exclusividade sobre um dos melhores RPGs que a 7ª geração de videogames tem o orgulho de esbanjar o título: The Last Story.

Prós

  • Enredo envolvente e repleto de bons personagens
  • Ótimas dublagens do início ao fim do jogo tls-illust-cast-color
  • Visual muito bonito, com efeitos de luz impecáveis
  • Trilha sonora celestial ambienta cenários e dinamiza as lutas
  • Sistema de batalha exímio mistura diversos estilos
  • Sidequests e multiplayer aumentam a vida útil do título

Contras

  • Animações mal feitas e slowdowns incomodam bastante
  • Lábios e falas não são sincronizados

The Last Story – Wii - Nota Final: 9,5

Gráficos: 8,0 | Sons: 9,5 | Jogabilidade: 10,0 | Diversão: 9,0

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Revisão: Leandro Freire

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