Blast from the Past: Star Fox Adventures (GC)

Ao final da vida do Nintendo 64, a Rare, parceira mais importante da Nintendo na época, preparava seu último jogo para o primeiro e único console de 64 bits do mercado. Trata-se de Dinosaur Planet, um game de aventura aos moldes dos jogos da série The Legend of Zelda, estrelado por Sabre e Krystal, dois personagens em busca de seu pai. Com a proximidade do lançamento do GameCube, a Nintendo resolveu mover o projeto para o novo console. Além disso, mudanças foram feitas: sai Sabre e entra Fox, e Dinosaur Planet se torna a primeira aventura em solo da equipe Star Fox, e o último game produzido pela Rare para um console de mesa da Nintendo.

A mudança de foco

Com o projeto sendo movido para o GameCube e a inserção dos personagens do universo Star Fox no game, alguns pontos de Dinosaur Planet precisaram ser alterados. Em primeiro lugar o game passou a se chamar Star Fox Adventures. Krystal deixou de ser a heroína da aventura e se tornou a “donzela em apuros” da vez, que não mais se aventura em busca de seu pai, mas se opõe ao domínio do vilão do game, o cruel General Scales.

 

Pedido de socorro

A aventura se passa 7 anos após os eventos ocorridos em Star Fox 64. O time viaja pelo espaço em busca de novas aventuras, mas a paz no universo parece imperar, o que acaba deixando os personagens em um marasmo sem fim. O tédio é tamanho que Falco deixa a equipe. A Rare criou tal situação maestralmente, mostrando uma equipe decadente, conformada e sem perspectivas, tudo com uma boa dose de humor, característico da empresa. Tudo começa a mudar quando Krystal,ao enfrentar Scales, é aprisionada. A equipe recebe um chamado do General Pepper, alegando que um planeta proxímo ao Lylat System está correndo o risco de explodir, e que isso poderia afetar todo o sistema. A equipe, completamente acomodada, não se sente estimulada a fazer absolutamente nada a respeito, mas rapidamente muda de ideia quando o General lhes oferece uma generosa bonificação.

 

A difícil missão de salvar um planeta

Fox aterriza em Dinossaur Planet (nomeado Sauria nos jogos posteriores), um lindo planeta habitado apenas por dinossauros. Após explorar a área inicial ele se depara com uma espécie de cajado que, ao ser tocado, transmite uma mensagem. O cajado pertence a Krystal, que nele deixou um pedido de socorro. Assim, Fox começa a entender a situação. As Spellstones, artefatos criados nos primórdios do planeta para mantê-lo unido, foram retirados dos Force Point Temples, local em que cada um deles exerce sua função. Com isso, regiões do planeta foram separadas, deixando-as em órbita, e, se não resolvido o problema, o planeta irá se desintegrar. Cabe a Fox a difícil tarefa de viajar pelas diferentes regiões do planeta em busca das Spellstones roubadas por Scales. Como se não bastasse, ao devolver a primeira Spellstone, Fox é encarregado da missão de buscar também os Krazoa Spirits, guardiões do planeta. Assim, a raposa deve explorar todo o planeta em busca das Spellstones e dos Krazoa Spirits e ainda se provar digno de carregá-los consigo, provando que seu coração é puro. De quebra, a raposa ainda deve salvar Krystal das garras de Scales. Para quem estava entediado, Fox arrumou uma boa encrenca para resolver!

 

Surpresas e reviravoltas!

Uma dúvida que fica no ar durante quase toda a aventura é de que forma General Scales conseguiu dominar o planeta, já que nas diversas tentativas anteriores ele não demonstrou mínimas chances de obter êxito em seu objetivo. Será que dessa vez Scales recebeu uma mãozinha (ou mãozona) de alguém? Só jogando para descobrir! Além disso, o game termina de forma surpreendente, com o retorno de um velho conhecido da equipe para ajudar a acabar de vez com todo esse caos. Com exceção de Perfect Dark, que tinha um roteiro de primeira e cheio de reviravoltas surpreendentes e GoldenEye 007, que foi adaptado do cinema, não foi visto um enredo tão bem elaborado e complexo em jogos da Rare.

Link encontra dinossauros!

A jogabilidade de Star Fox Adventures é extremamente similar à dos jogos da série Zelda, e isto pode ser notado logo no início do game, quando Fox recebe o cajado de Krystal, que se comunica com o herói no melhor estilo Godess Sword/Fi. Fox deve explorar todo o planeta, coletar itens, obter novas habilidades, desbravar enormes calabouços e derrotar os mais cruéis e peculiares inimigos para salvar Dinossaur Planet e acabar com o domínio de Scales. Para tal, a raposa conta com a ajuda de Tricky, um pequeno dinossauro que o auxilia com suas habilidades. Fox pode dar ordens para Tricky, mas deve cuidar para que ele não se machuque ou fique com fome. Nos momentos de tranquilidade, os dois ainda podem brincar de bola, o que deixa o dinossauro mais estimulado a ajudar a raposa.

Star Fox Adventures é bastante linear. Apesar da possibilidade de explorar o mundo da forma que o jogador quiser, assim como nos jogos da série Zelda, os eventos são todos programados e não permitem que o jogador siga a aventura como bem entender, o que, neste caso, é bom, já que o enredo é muito bem estruturado e envolvente. Dinossaur Planet é dividido em diversas regiões e, para viajar entre elas, Fox faz uso de sua Arwing, em fases que remetem diretamente aos games clássicos da franquia. Apesar de serem fases curtas, elas são muito intensas e divertidas, e dão um toque todo especial ao jogo, agradando àqueles que esperavam uma aventura mais aos moldes dos games de Nintendo 64 e Super Nintendo. Em algumas passagens, Fox também pilota uma espécie de snowmobile, em corridas de tirar o fôlego! O único problema do gameplay de Star Fox Adventures é sua simplicidade. Fox possui poucos movimentos, restringindo as novidades ao Staff de Krystal, que são indispensáveis para o proseguimento da aventura.

Espetáculo visual

Históricamente, a Rare sempre aproveita ao máximo os hardwares em que trabalha. Na época do SNES, esta surpreendeu a todos com os visuais estonteantes da série Donkey Kong Country e de Killer Instinct. Com o Nintendo 64, a empresa lançou super produções como GoldenEye 007, Banjo-Kazooie, Banjo-Tooie, Perfect Dark e Conker’s Bad Fur Day. No GameCube, não poderia ser diferente! O game apresenta um visual maravilhoso e, mesmo que tenha sido um dos primeiros games do console, é certamente um dos mais belos. Os cenários são deslumbrantes, ricos em detalhes e cores. A modelagem, tanto de Fox e seus amigos quanto dos habitantes de Dinossaur Planet é espetacular. Fox nunca foi tão bonito, e é possível até ver seus pelos balançando ao vento. O visual dos outros personagens não fica devendo nada ao da raposa e é extremamente detalhado. O mundo é tão bem construído, que nas andanças por Dinossaur Planet o jogador se sente na obrigação de salvar aquele lindo planeta das garras de um vilão tão cruel.

 

Como de praxe na série, os personagens falam pelos cotovelos (mais uma vez você sentirá vontade de matar o Slippy!) e o bom humor dos diálogos também está presente. Todos os personagens do game são dublados e cada um possui uma personalidade diferente e bem construída, tornando tudo mais envolvente. Tricky é um dos personagens mais peculiares, pois consegue ser amável e irritante ao mesmo tempo, estabelecendo com Fox uma relação de pai e filho que se desenvolve de uma forma bastante inteligente durante a trama. As músicas também são excelentes e dão o clima perfeito para a jornada. As composições variam entre remixes das conhecidas músicas do universo Star Fox e outras feitas especialmente para esse game.

  

A triste despedida

O excelente game da Rare tornou sua despedida ainda mais difícil para os fãs da Nintendo. Logo após o lançamento do game, a empresa foi vendida para a Microsoft, causando um estardalhaço entre nintendistas do mundo todo. Para quem viveu a época de ouro da empresa, ficam apenas as lembranças de uma empresa que hoje não possui nem metade do brilho de outrora, já que seu quadro de funcionários se modificou bastante e os talentos daquele período estão trabalhando em outras empresas. Atualmente a Rare está a cargo da franquia Kinect Sports, para Xbox 360, além de sua nova interface e do software do Kinect. Apesar dos excelentes games produzidos pela Intelligent Systems, Retro Studios e outras subsidiárias da Nintendo, nenhuma delas matará nossas saudades da Rare!

Revisão: José Carlos Alves