Aladdin, o famoso conto que, após passar por uma grande adaptação para o cinema, em forma de musical pela Disney, tornou-se extremamente popular entre as crianças e adolescentes no início dos anos 1990. Hoje voltaremos a 1993, quando este clássico eterno, que esquentou a guerra entre Nintendo e Sega na geração 16 bits e criou polêmica, foi lançado, tornando-se instantaneamente uma das melhores adaptações do cinema para uma plataforma Nintendo.
It’s Disney Time
Pense em todo o alvoroço criado com o anúncio de Epic Mickey: Power of Illusion para 3DS. Agora multiplique isto por 10, ou melhor, multiplique por 100. Era exatamente assim que eram recebidos todos os novos lançamentos de jogos com personagens da Disney nos anos 1990. A série “Illusion”, de Mickey Mouse, é a mais famosa e definitivamente turbinou a Sega no momento preciso em que a Nintendo estava em transição entre a geração NES e a geração Super NES.Fantasmas do passado
No auge da guerra dos 16 bits, a Capcom mantinha um contrato de exclusividade com a Nintendo, não podendo produzir jogos para as plataformas rivais. Nesse mesmo período, ela mantinha com a Disney um contrato que garantia o direito da produção de jogos baseados em estórias e personagens criados por eles, que renderam clássicos como DuckTales, Talespin e Chip ‘n Dale Rescue Rangers, entre outros. Seguindo esse conjunto de contratos, a Capcom era a desenvolvedora ideal para desenvolver um jogo baseado no filme Aladdin, de 1992, para o Super NES, e assim foi.Enquanto o desenvolvimento do jogo para Mega Drive – que posteriormente foi portado para Amiga, MS-DOS, NES, Game Boy e Game Boy Color – ficou a cargo da Virgin Interactive (hoje falida), que também mantinha contrato com a Disney, o desenvolvimento do jogo para Super NES ficou a cargo da Capcom.
Mas será que a versão da Capcom é tão inferior assim, ao ponto de todas as outras plataformas da Nintendo vigentes na época terem recebido ports da versão criada para Mega Drive pela Virgin? Pergunte a qualquer dono de SNES que ele lhe dará a mesma resposta: definitivamente não. É uma unanimidade entre a comunidade gamer Nintendo que Aladdin produzido pela Capcom é uma daquelas peças raras que não se encontram hoje em dia. Quem se deixou enganar na época pelos holofotes voltados ao Mega Drive, ou que tem algum tipo de preconceito com a versão para Super Nintendo, é hora de tirar o console do baú (o jogo não foi lançado no Virtual Console, uma pena), ou mesmo pegar aquele Game Boy Advance parado há anos na gaveta e começar a jogar, ou re-jogar esse clássico. É hora de voltarmos para Agrabah, onde tudo isso começou!
O jovem diamante bruto
Antes de ligarmos o Super NES e iniciarmos aquela viagem no tempo, nada melhor que retomarmos a história de Aladdin do início, e entendermos como um conto de um garoto que encontrou uma lâmpada mágica virou um dos maiores clássicos da história, transformou-se numa das melhores animações já feitas e, consequentemente, num dos melhores jogos já lançados.O enredo do jogo é baseado no enredo do filme, com algumas alterações aqui e ali, mas que não chegam a modificá-lo de maneira drástica.
A surpresa ocorre quando ele é preso, a mando de Jafar, e a jovem garota apresenta-se como Jasmine, a princesa de Agrabah, que havia fugido do castelo porque seu pai, o Sultão, queria casá-la a força. Jafar, sabendo que Aladdin é a única pessoa capaz de entrar na Caverna das Maravilhas, propõe a ele a liberdade em troca da lâmpada mágica. A procura da lâmpada e de uma forma de impressionar Jasmine, Aladdin parte para a Caverna das Maravilhas. Nesse mesmo período, Jafar passa a controlar a mente do Sultão e inicia o seu plano de dominar Agrabah, pretendendo casar-se com Jasmine. Aladdin agora deverá voltar a Agrabah, acabar com os planos de Jafar e conquistar o coração da bela Jasmine.
A explosão de cores nos 16 bits
A animação dos personagens também ficou muito boa. Nada que se compare à animação criada pela Virgin, que se assemelha bastante com o movimento dos personagens no filme, mas não é algo que decepcione.
Os cenários só ficarão mais bonitos à medida que o jogo avança, passando por cavernas, lagos de lava, voos de tapete sobre Agrabah e até mesmo dentro da lâmpada mágica. A fase dentro da lâmpada é também uma das mais divertidas, bonitas e desafiantes, não há como conter o riso ao ver as expressões do gênio toda vez que você morre, ou mesmo as maneiras inusitadas como ele se apresenta nessa fase.
O visual de Aladdin não foi algo inovador no seu tempo, mas certamente caiu muito bem. A paleta de cores do Super NES não decepcionou e os personagens ficaram tão bonitos que a sensação era de se jogar um desenho animado interativo.
“A Whole New World” 
Quem gosta de musicais e nunca assistiu Aladdin, definitivamente não gosta de musicais.O filme possui uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos, vencedora de 5 Grammys e 2 Oscars. Tá, mas e daí? E daí que essa trilha sonora foi em grande parte adaptada para o Super NES, e com maestria.
Há várias composições originais para o jogo, mas a existem também versões em 16 bits de clássicos cantados no filme, como a música tema ‘A Whole New World’, ‘One Jump Ahead’ e ‘Friend Like Me’.
Não pense que o hardware do Super NES fez feio. A reprodução das músicas, os efeitos sonoros como pulo e até mesmo os gritos de Aladdin são bastante satisfatórios e marcantes, algo memorável e facilmente uma das maiores (senão a maior) vantagens da versão produzida pela Capcom. Uma pena que a música “Arabian Nights” não foi adaptada para essa versão, eu adoraria jogar cantarolando “A noite da Aráááábia”.
Corre, pula, pula, corre
Com algumas inclusões inteligentes como a capacidade de se pendurar em vigas e em plataformas, que lembra jogos como Prince of Persia, o jogo se sai bem no quesito jogabilidade. Matar inimigos pulando na cabeça deles é, sim, algo divertido e por isso não podia deixar de ser incluído.
Ainda há também maçãs, que podem ser atiradas nos inimigos para deixá-los tontos (a questão é, por que Aladdin estragaria maçãs assim?) e uma espécie de capa, que pode ser usada como um paraquedas e é muito útil em grandes saltos, mas a parte mais divertida mesmo são as fases no tapete. Fugir de uma onda de lava ou coletar todos os diamantes que estão no céu era algo que necessitava de uma coordenação motora que eu passei a ter quando joguei Aladdin.
Infelizmente não é possível encontrar Aladdin no Virtual Console. Novamente esbarramos em questões contratuais. Nesse caso o jeito é fazer à moda antiga mesmo, garanto que vale muito a pena.
Revisão: Luigi Santana