Blast from Japan: Front Mission: Gun Hazard (SNES)

em 20/04/2012

Front Mission, série de RPG estratégico com grandes robôs, nasceu no SNES como boa parte das franquias que conhecemos atualmente. Infelizme... (por Farley Santos em 20/04/2012, via Nintendo Blast)

nintendo_blast_front_mission_gun_hazard_0 Front Mission, série de RPG estratégico com grandes robôs, nasceu no SNES como boa parte das franquias que conhecemos atualmente. Infelizmente as versões de SNES não foram lançadas no Ocidente, como vários outros RPGs da Squaresoft (sendo Seiken Densetsu 3 um exemplo). O videogame de 16 bits da Nintendo recebeu dois jogos da franquia, sendo Front Mission: Gun Hazard um spin-off, ou seja, um um jogo de estilo completamente diferente, mas com características-chave da série.

Desenvolvido pela Omiya Soft e lançado em 1996 pela Squaresoft (meses após o primeiro Front Mission), Gun Hazard é um jogo de plataforma com elementos de RPG como sistema de experiência e troca de equipamentos. Participaram do projeto figuras conhecidas como Yoshitaka Amano (ilustrador, conhecido pela série Final Fantasy), Nobuo Uematsu (trilha sonora de Final Fantasy) e Masashi Hamauzu (trilha sonora da série SaGa e de Final Fantasy XIII).

Futuro conflituoso

A trama de Gun Hazard se passa num futuro não tão distante. Neste universo paralelo, o início do século XXI foi marcado por inúmeros conflitos entre as nações pelo controle dos recursos naturais do planeta. Depois de muita luta as nações decidem se unir a fim de encontrar uma solução pacífica. A solução encontrada foi a construção de um elevador espacial chamado Atlas. Lá seria possível obter energia solar limpa e ilimitada com tecnologia espacial. A construção teve início no ano de 2024, mas, próximo da conclusão, o projeto foi abandonado em prol da tecnologia de reatores moleculares em miniatura. As nações desfizeram seus laços e os conflitos retornaram, enquanto Atlas se tornou o símbolo do fracasso de tentativa de paz.

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Em 2064 o comandante do exército de Bergen (Noruega) inicia um golpe de estado para tomar o poder.  Moss Orwen, o presidente do país, pede ajuda aos Estados Unidos e a uma parcela do exército que é de sua confiança. Um sargento chamado Albert Grabner é enviado para ser guarda-costas do presidente, mas ambos acabam sendo capturados. Albert consegue fugir com a ajuda de uma mercenária de nome Brenda Lockheart e passam a trabalhar juntos para tentar reverter a situação. Para isso viajam pelo mundo à procura de aliados e aos poucos descobrem que o golpe de estado é só o começo de algo bem maior.

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Rumo ao campo de batalha

Albert Grabner utiliza um wanzer, um grande robô bípede desenvolvido para combates. Na essência, Gun Hazard é um jogo de tiro 2D de progressão lateral, com eventuais sessões de plataforma. O robô conta com vários movimentos como pular, usar armas, se defender com um escudo e ataque físico. Por ser grande, a máquina é meio desajeitada e lenta, mas o ritmo de jogo é construído em cima destas características. Em alguns momentos é necessário sair do wanzer, controlando diretamente o piloto. Nesses momentos o cuidado deve ser constante, já que ataques inimigos podem ser fatais. Vários aliados se juntam a Albert durante a aventura, cada um com características diferentes, sendo possível escolher um para acompanhá-lo durante as fases.

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Na maior parte das missões o único objetivo é sobreviver até o final, seguindo da esquerda para a direita, derrotando os inimigos que aparecem, com um eventual chefe no final. A variedade está em algumas missões mais complexas e que exigem ações diferentes como destruir uma arma específica ou localizar algo. Um exemplo é uma missão na qual Albert tem que infiltrar uma base, mas esta é protegida por uma arma laser que destroi quase que imediatamente seu wanzer. Nesse caso é necessário levar consigo um aliado que possa protegê-lo do ataque para poder prosseguir.

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Customizar para sobreviver

Conforme avança pela história e derrota inimigos, Albert e seus aliados ganham experiência e sobem de nível. Quando isso acontece, todos os atributos do wanzer melhoram e é possível também utilizar equipamentos mais complexos. Outro ponto importante é que a eficiência das armas e equipamentos vai melhorando conforme o uso, estimulando o jogador a manter e utilizar itens adquiridos anteriormente. Praticamente tudo no robô é customizável: módulo de movimento, articulações para saltos e voo, braço para ataque físico, escudo. Já no campo de armas é possível equipar metralhadoras, lasers, granadas e vários outros tipos, cada uma com suas peculiaridades.

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Detalhes da destruição

nintendo_blast_front_mission_gun_hazard_10 Mesmo tendo como cenário um mundo destruído, Gun Hazard apresenta belos gráficos. Tudo é bem detalhado e bem animado, com efeitos de luz bonitos. Um exemplo notável é a movimentação do wanzer do protagonista, onde é possível observar detalhes sutis quando ele pula ou ataca. A trilha sonora complementa a ambientação com canções que intensificam a tensão e o clima de urgência. Ela conta com músicas que lembram fanfarras militares e campos de batalha, em acordância com a trama, que trata de conflitos armados e problemas políticos. Alguns exemplos:

Silencer:


Shiver:


Footsteps:


Galeon:

Sem luta no Ocidente

wanzer  Não se sabe ao certo o motivo de Front Mission: Gun Hazard não ter sido lançado no Ocidente. O jogo chegou a ser comentado em várias publicações da época, mas não passou disso. Inclusive era possível encontrar muito texto em inglês, sugerindo que a equipe de desenvolvimento já pensava em uma localização. Talvez um dos principais motivos foi o fato de ser lançado no fim da vida do SNES, o que provavelmente afetou também o lançamento do primeiro Front Mission. Outro possível motivo pode ter sido a trama, pois Nintendo era (e ainda é) bem restritiva em relação ao conteúdo dos jogos.

Com um tema pouco explorado e uma trama mais adulta, algo meio incomum para a época e console, Front Mission: Gun Hazard é mais um dos vários jogos excelentes que não saíram do Japão. Mais uma vez os jogadores ocidentais ficaram somente na vontade.

Um pouco da jogabilidade:


 

Revisão: Leandro Freire


é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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