Sabe aqueles lanches que são saborosos no comercial, mas, pessoalmente, parecem murchos e com gosto de isopor? Tudo culpa de uma propaganda que prometia muito e cumpriu quase nada. Um caso semelhante acontece com o jogo We Dare, lançado pela Ubisoft para o Wii. Como se não bastasse ter sido vendido como um jogo erótico, We Dare ainda trouxe um comercial apimentado o bastante para causar o terror na sociedade conservadora. Vamos analisá-lo para descobrir se ele é tão quente assim?
Nós ousamos na publicidade
Jogos eróticos existem desde que um ser humano decidiu colocar pixels no controle de pessoas, e mesmo no Atari jogos mais sensuais são encontrados, como o clássico X-Man (favor não confundir com os mutantes dos X-Men). Com o passar das gerações, o público jogador de videogame foi crescendo e, com isso, jogos visando os mais adultos foram surgindo. E, com os controles inovadores do Wii, por que não fazer um jogo sensual para o console familiar da Nintendo? Essa deve ter sido a pergunta que pairou pela cabeça dos produtores da Ubisoft, que começaram a produzir o jogo.
O resultado foi uma coletânea de minigames envolvendo casais e situações aparentemente adultas. O título do jogo, por exemplo, pode ser traduzido como “Nós ousamos”, talvez uma mensagem da própria Ubisoft mostrando que buscou algo diferente. Com o jogo quase pronto, chegou a hora de colocar a mão na massa e produzir um vídeo promocional do jogo, e o resultado deu o que falar:
A propaganda foi tão polêmica que o jogo chegou a ter seu lançamento cancelado no Reino Unido muito antes de ser lançado, afinal um jogo incentivador de troca de casais seria abusivo numa terra conservadora como o Reino Unido.
Muitos entraram na onda e começaram a criticar o jogo muito antes de jogá-lo, e a publicidade acabou por assustar as pessoas que deveriam se interessar pelo jogo. Agora chegou a hora de desmistificar We Dare e ver do que se trata, de verdade.
Nós ousamos na temática
We Dare é um jogo de minigames como qualquer outro, com a diferença apenas na temática. Simulando um programa de auditório, os jogadores se enfrentarão em competições que testarão diversas características de sua personalidade para escolher quem é o campeão.
Os jogos, ao contrário do que se imagina pela propaganda, são tão eróticos quanto um capítulo de “Malhação”. Não há nada de sexo explícito, cenas calientes, pessoas sem roupa... nada. A ideia principal foi trazer minigames que incentivassem uma saudável “guerra dos sexos”, ou uma “competição de casais”.
Em um minigame, por exemplo, um Wiimote deve ser erguido pela alça de proteção e os dois jogadores precisam, com suas bocas, apertar os botões “B” e “A” do controle. Em outro, com o Wiimote em seu bolso, você precisa escalar um prédio para salvar uma pessoa raptada por um gorila gigante.
O produto final parece ser aquele jogo perfeito para se jogar em uma festa com amigos, ou para tentar alguma aproximação forçada a alguma pessoa que seja do seu interesse. Talvez por essa “inocência”, o jogo tenha conseguido a classificação “Recomendado para maiores de doze anos”, ao invés de um proibitivo selo de “Apenas para maiores de 18 anos”.
Nós fracassamos no produto final
Um dos pecados do jogo foi não permitir o uso dos Miis, talvez porque a Nintendo tenha proibido o uso de seus avatares neste jogo. Pelo menos os personagens customizáveis de We Dare são bem carismáticos e animados, tornando a experiência do jogo menos enfadonha. Os gráficos simulam muito bem um programa de auditório, e sempre que um minigame se inicia há uma rápida montagem de um palco, mas mesmo com o carisma o jogo não esconde uma simplicidade exagerada.
Os minigames são variados, indo de poucos criativos a muitos medianos. O jogo de casal fica com essa denominação só no manual de instruções, pois na maioria dos joguinhos você nem ao menos vai encostar-se no seu parceiro de jogo, principalmente nos longuíssimos e pouco variados minigames de dança (e olha que a Ubisoft poderia ter feito algo melhor, ela é a criadora de Just Dance). Os minigames de dança só não são piores que os minigames baseados em musicais famosos, incapazes de motivar o jogador a se levantar para jogá-los.
Mesmo com a variedade, a jogabilidade trata de afundar este barco da Ubisoft com suas respostas pouco precisas e com muitos minigames desajeitados e mal-projetados. É uma pena, porque alguns minigames trazem boas ideias.
Nós não recomendamos este jogo
O maior fracasso do jogo, absolutamente, foi aquela propaganda, que vendeu o jogo de maneira errada. Sem aquela publicidade, que parecia roteiro de filme da madrugada do Multishow, o jogo poderia ter sido melhor aceito pelas pessoas.
E os fatos não podem ser omitidos: é um jogo constrangedor de se jogar tanto com seus amigos quanto com sua namorada ou namorado. Os minigames deixam o casal tão constrangido que We Dare deveria ser colocado na lista dos eventuais causadores de términos de relacionamento, ao lado de partidas de War.
Talvez o melhor vídeo para mostrar como este jogo é divertido seja este, que parodia a propaganda original do jogo:
Se você é solteiro e tem interesse em beijar alguém, o jogo pode ser recomendável apenas pelo minigame da maçã, pois o joguinho é um convite a um beijo “sem querer” que pode criar um namoro duradouro. Infelizmente (para a Ubisoft), brincar de “Salada Mista” ou “Verdade ou Desafio” é mais divertido e barato do que comprar um We Dare. E você leitor já testou We Dare? Conte-nos nos comentários se você conseguiu um namoro ou um término de relação com este jogo de casais.
Prós:
- Avatares carismáticos;
- Criatividade em alguns jogos;
- Seleção de músicas bem legal.
Contras:
- Excessivamente constrangedor;
- É quase uma propaganda enganosa;
- Jogabilidade pouco precisa na maioria dos minigames.
We Dare – Nintendo Wii – Nota final: 5
Gráficos: 6 | Som: 5 | Jogabilidade: 4,5 | Diversão: 5
Revisão: Luigi Santana