Análise: Tales of the Abyss (3DS)

em 25/04/2012

Tales of the Abyss é o oitavo jogo da série que nasceu no SNES com Tales of Phantasia. Lançado em 2006 para PlayStation 2, já foi adaptad... (por Farley Santos em 25/04/2012, via Nintendo Blast)

nintendo_blast_tales_of_the_abyss_capa Tales of the Abyss é o oitavo jogo da série que nasceu no SNES com Tales of Phantasia. Lançado em 2006 para PlayStation 2, já foi adaptado para anime e mangá e seus personagens são muito populares no Japão. Aproveitando o lançamento do 3DS e a carência de RPGs para o portátil, a Namco Bandai decidiu adaptar o jogo. É uma excelente oportunidade para que os jogadores da Nintendo finalmente pudessem desfrutar do game que é considerado um dos pontos altos de toda a série.

Um mundo de som

A história de Tales of the Abyss se passa em um planeta chamado Auldrant. Nele, as partículas elementais (nossos elétrons e prótons) são chamadas de “fonons” e cada uma destas emana uma vibração sonora única. Eles são divididos em seis principais tipos: fogo, água, vento, terra, luz e sombras. Um tipo especial, chamado de Sétimo Fonon, constitui da chamada “memória” do planeta e fica concentrado em pedras chamadas de “fonstones”. Os humanos aprenderam a ler estas pedras e através disso conseguem ver o futuro. A estes textos eles deram o nome de Score (“partitura”). E assim a humanidade prospera, com a ajuda dos Fonists, pessoas capazes de manipular os fonons.

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A saga do jovem nobre

A trama é centrada em Luke fon Fabre, um nobre e possível herdeiro do trono do reino de Kimlasca-Lanvaldear. Após ter sido sequestrado quando era jovem e ter perdido toda a memória anterior ao ocorrido por conta do choque emocional, seus pais decidiram mantê-lo sempre dentro da mansão, com medo de que isso acontecesse novamente. A pacata vida de Luke muda quando uma garota chamada Tear infiltra a mansão e tenta assassinar Van, professor de esgrima de Luke. Algo dá errado e Luke e Tear acabam sendo transportados para fora da mansão, indo parar no reino vizinho de Malakuth. Tear então promete levar Luke de volta para casa, mas ambos acabam envolvidos em questões que podem ocasionar uma guerra. Eles partem em uma jornada a fim de impedir o conflito entre os dois reinos e acabam descobrindo uma conspiração que pode mudar todo o mundo. No processo detalhes sobre o sequestro de Luke vão sendo revelados, assim como a relação desse fato com os problemas do presente. A história é repleta de reviravoltas e é interessante ao ponto de prender bem.

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O grupo é composto de variados personagens, cada um com uma personalidade marcante. Luke é extremamente irritante, afinal ele é mimado, nunca esteve fora da mansão e acha que tudo pode ser resolvido com dinheiro. Felizmente aos poucos ele amadurece e se torna um verdadeiro herói. Tear é a típica heroína calada e misteriosa. Jade Curtiss é um general do exército de Malakuth e é, também, um excelente mago, mas é também um troll de primeira, sempre debochando de todos. Anise é a garota imperativa e que só se interessa por Luke devido ao seu dinheiro. Natalia é a princesa do reino de Kimlasca-Lanvaldear e é também a noiva de Luke. E por fim temos Guy, servente de Luke, que esconde um passado complicado e uma bizarra fobia de mulheres. O desenvolvimento dos personagens é bom e é fácil se identificar com um ou outro, fato esse facilitado pelo sistema de Skits, divertidas conversas entre os personagens.

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Batalha de RPG ou jogo de luta?

A batalha em tempo real que lembra um jogo de luta, uma das principais características da série, também está presente em Tales of the Abyss. Nomeado Flex Range Linear Motion Battle System, é uma evolução do sistema usado em Tales of Symphonia (GameCube). Nele, o personagem se movimenta em um plano 2D em relação ao inimigo selecionado como alvo. O jogador tem controle completo sobre o personagem e pode atacar, defender, esquivar e utilizar técnicas especiais. As novidades ficam por conta de melhoras na mobilidade durante a batalha. Através da habilidade Free Run é possível andar livremente pelo campo de batalha, ignorando o plano 2D. Outra novidade é a possibilidade de poder conjurar magias em qualquer ponto do campo de batalha, independete do inimigo que se esteja focando  no momento.

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Mas a mudança mais significativa é o Field of Fonons (literalmente ‘campo de fonons’), ou FOF. Ele é um círculo elemental que aparece durante a batalha quando aliados ou inimigos utilizam técnicas com propriedades elementais. Os FOFs alteram as técnicas básicas, deixando-as bem mais poderosas. Para isso basta o personagem estar dentro do círculo e utilizar a técnica compatível, ativando então o chamado FOF Change. Por exemplo, a técnica Havoc Strike faz com que Luke pule e dê um chute simples para baixo. Quando utilizada dentro de um FOF de fogo ela se torna Burning Havoc: Luke pula e dá um chute que cria um tornado de fogo. Boa parte das técnicas são afetadas pelo Field of Fonons, cabe ao jogador experimenta-las.

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As batalhas são rápidas e intensas, sendo necessário ter bons reflexos. No início elas podem ser meio repetitivas, pois os personagens têm poucos movimentos à disposição, mas conforme eles evoluem e novos recursos são liberados elas se tornam bem divertidas. Às vezes a ação é um pouco bagunçada por conta da quantidade de coisas acontecendo na tela como explosões, brilhos e ataques exagerados. Para os que gostam de um bom desafio é possível alterar o nivel de dificuldade dos encontros. Os outros personagens são controlados pelo computador e é possível escolher padrões de estratégia para cada um deles. Infelizmente o recurso multiplayer foi removido dessa versão.

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Planejando a evolução

Para se dar bem nas batalhas é necessário gerenciar o crescimento dos personagens. Isso é feito através dos sistemas AD Skills, Capacity Cores e Fon Slot Chambers. As AD Skills são habilidades, em sua maioria passivas, que os personagens podem aprender. Compreendem: resistência a status negativos, maior mobilidade em batalha, aumento da taxa de acerto crítico e assim por diante. Para aprender essas habilidades é necessário alcançar uma certa quantidade de bônus de status (como defesa, ataque e agilidade) e isso é feito através das Capacity Cores. Estas são discos que proveem bônus de status quando o personagem sobe de nível, sendo que cada disco afeta diferentes status. É um sistema bem interessante e robusto, mas infelizmente o jogo não explica muito bem como funciona.  

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Já o Fon Slot Chambers afeta diretamente as técnicas. Lá é possível associar gemas de efeitos variados às técnicas. Dentre estes efeitos estão aumento de dano, aumento de eficiência de magias de suporte e aumento na probabilidade de roubar itens de inimigos. E quanto mais se usa a técnica, mais forte se torna o efeito.

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Vasto mundo

Tales of the Abyss é um jogo longo e repleto de conteúdo. Além da história principal, que dura por volta de 35 horas, o jogador vai gastar um bom tempo em inúmeras missões extras, sendo recompensado com equipamentos poderosos, técnicas avançadas e vestimentas para os personagens. O fator replay fica por conta dos extras liberados nos saves subsequentes. Muita coisa só está disponível a partir da segunda vez que o jogador se aventura pela história. Outra característica da série que está presente é o Grade Shop, uma espécie de loja na qual é possível comprar vantagens (ou desvantagens, caso queira) para a jogada subsequente. Aqueles que quiserem completar 100% do jogo terão que terminá-lo varias vezes para conseguir completar tudo.

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PS2 ou 3DS?

nintendo_blast_tales_of_the_abyss_17A versão de 3DS recebeu modificações mínimas. Além das adaptações dos controles, proporção do tamanho da tela e efeito 3D, os tempos de carregamento foram drasticamente melhorados (era uma das principais reclamações da versão de PS2). Mas infelizmente não passou disso, não foi colocado nenhum extra. Quem jogou a versão original não tem incentivos de jogar esta.

Tecnicamente o jogo é mediano. Os gráficos estão levemente datados com algumas texturas em baixa resolução e modelos não tão bem feitos, mas felizmente isso só é aparente nas cenas em que os personagens aparecem de perto. No mapa mundi é possível sentir lentidão, principalmente quando aparecem muitos elementos na tela. Faltou aplicar algum filtro também. Os gráficos têm serrilhados bem aparentes. Ao menos os efeitos especiais durante as batalhas escondem bem esse tipo de problema. E a música segue o padrão da série, com canções animadas nas batalhas e músicas tranquilas nas cidades.  

nintendo_blast_tales_of_the_abyss_16Mas a pior característica da versão de 3DS é o efeito 3D, um dos piores do portátil. O efeito de profundidade é mínimo, mal dá pra sentir a separação dos planos. E os serrilhados ficam bem mais aparentes com o 3D ligado. Inexplicavelmente não existe efeito 3D nos menus, seria bem agradável ver as caixas flutuando. Mas a maior falha do 3D é ao entrar em uma batalha: quando se toca um inimigo no campo, a tela quebra como se fosse um vidro. Nesse momento o 3D é desligado abruptamente, dando um desconforto nos olhos. Praticamente vidro no olho.

Contos recontados

nintendo_blast_tales_of_the_abyss_18Tales of the Abyss é um dos poucos RPGs para os donos de 3DS, além de uma ótima opção para os fãs do gênero que não puderam conferir a versão original. Os problemas na parte técnica e o efeito 3D dispensável pode afastar algumas pessoas, mas quem se aventurar pelo mundo de Auldrant encontrará uma história interessante, personagens divertidos, sistema de batalha viciante e uma quantidade notável de conteúdo. Enquanto novos RPGs não aparecem no 3DS, Tales of the Abyss é uma ótima escolha. 

Prós

  • História e personagens interessantes;
  • Sistema de batalha divertido;
  • Muitas possibilidades de evolução de personagens;
  • Muito conteúdo;
  • Fator replay alto.

Contras

  • Port praticamente idêntico da versão de PS2;
  • Efeito 3D completamente desnecessário.

Tales of the Abyss – Nintendo 3DS – Nota Final: 8,5
Gráficos: 7,0 | Som: 8,0 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 9,0

                                Revisão: Thyago Coimbra Cabral


é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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