Após o sucesso de Resident Evil 4 no Nintendo Wii, a CAPCOM viu mais oportunidades para o uso dos controles imersivos apresentados no port para o console branco. Em seguida tivemos o controverso RE: The Umbrella Chronicles, um título on-rails (sobre os trilhos), no estilo House of the Dead e que tinha como objetivo “compactar’’ as histórias dos Resident Evil 0, 1 e 3. A sua continuação, dá uma repaginada e tenta preencher algumas lacunas em Resident Evil 2 e CODE Veronica.
Recontando histórias
A CAPCOM parece gostar de deixar os jogadores com aquela sensação de déjà vu, pois sempre faz remakes dos títulos dessa famosa franquia.
Continuação direta do RE:TUC o título introduz uma nova história e reconta os acontecimentos de Resident Evil 2 e CODE: Veronica.
Para quem é fã de Resident Evil, as histórias recontadas de RE:2 e CODE Veronica pelo jogo não trarão nada de novo, nenhuma grande revelação. Absolutamente nada. Não espere encontrar aqui aquela peça chave para entender pontos questionáveis na história da série. Pelo contrário, a CAPCOM até mesmo mudou algumas cenas clássicas, como a morte de Alfred na Antártida, confundindo os fãs.
Talvez o que possa intrigar os fãs da franquia são os acontecimentos do capítulo Operation Javier porém até mesmo a história da parceria entre Leon e Krauser e as suas conversas com falas bregas, característica marcante da série, não são suficientes para que o jogador se prenda ao título.
Esses estágios se passam na América do Sul e contam a história de Manuela que foi infectada com T-Veronica pelo próprio pai Javier com o intuito de curá-la de uma doença mortal.
Mas só recontar histórias não seria suficiente para apagar a má impressão deixada pelo seu antecessor e pela CAPCOM, que implementou inúmeras melhorias na mecânica de jogo.
Gráficos de babar
A primeira dessas melhorias são os gráficos do jogo. Se antes RE:TUC disputaria em melhores gráficos com jogos do GameCube, o mesmo não pode ser dito de RE:TDC. Os efeitos de iluminação (muito alardeados pelos produtores) são muito bons, principalmente nos estágios pertencentes ao capítulo Operation Javier, onde cada cenário parece ter sido concebido com esses efeitos em mente. Nesses estágios o jogo mostra um esmero artístico invejável.
Os personagens também são muito bem desenhados e animados, ajudando na imersão do jogo. Destaque para Krauser pois pode-se distinguir facilmente os materiais que compõe sua roupa devido a boa qualidade das texturas. Uma pena, nessas horas, o console não reproduzir imagens em HD.
Vale ressaltar também a qualidade da cutscenes, são lindas!
Outro aspecto que pontua positivamente o jogo é sua física. Quase tudo no cenário pode ser destruído, algo que deixa o game mais interessante pois você deve estar sempre atento à tela para não perder uma erva, ouro ou arquivo que possa estar numa caixa do cenário, por exemplo.
Porém, apesar do jogo apresentar um dos melhores gráficos do console, também apresenta serrilhados (comuns em jogos de Wii) que incomodam um pouco, talvez um melhor anti-alising e o blur mais intensificado pudessem minimizar esses problemas.
Mirar e atirar é melhor com amigos
O jogo em si é do tipo pegar e jogar. A jogabilidade é simples, mire para a tela e aperte o botão “B’’ do WiiMote para atirar, o botão “A’’ para pegar itens do cenário e “+” para recuperar a energia com ervas.
No intuito de tornar os acontecimentos mais verossímeis, os desenvolvedores decidiram que a câmera deveria chacoalhar conforme as movimentações dos personagens. Tal escolha de design deixou o gameplay com controles pouco precisos, ainda mais para quem não tem um Wii Zapper. É difícil acertar o oponente, pegar itens e ouro, dá tontura e vai ser motivo para querer jogar os controles pela janela!O que minimiza um pouco a imprecisão é a opção de configurar a sensibilidade da mira, diminuindo um pouco a frustração proporcionada pelos controles.
The Darkside Chronicles não é um jogo para se jogar sem companhia, um dos motivos de maior frustração no jogo se deve ao parceiro ser controlado pelo computador, o jogo lhe permite, no ínicio de cada capítulo, escolher um personagem entre dois, o que não for escolhido será seu parceiro na jogatina, porém você será obrigado a dizer que ele é burro várias vezes, devido à fraquíssima inteligência artificial. O multiplayer do jogo é muito divertido porque consegue trazer, ao mesmo tempo, o senso de cooperação e competição na busca pela maior pontuação nos níveis e diminuir frustrações causadas pela fraca inteligência artificial do jogo.
O jogo possui um sistema que quantifica a habilidade dos jogadores e regula o nível de dificuldade conforme. Aspecto que deixou o jogo muito mais interessante pois conforme melhoramos o game mantém-se sempre desafiador, além, é claro, de tornar a linha de aprendizagem muito mais suave de ser contornada.
Infelizmente, o fator multiplayer é fortemente prejudicado pelo simples fato de não poder entrar e sair do jogo quando bem quiser. Ou seja, começou tem que terminar. Para um jogo em trilhos a progressão do título é bem lenta e os episódios são bastante longos.
O jogo é bem linear e poucas vezes pede a opnião do jogador quanto ao caminho a seguir. São poucas as vezes que o jogo te dá a liberdade de escolha.
Há também os rankings online, excenciais para manter o interesse no jogo mesmo após zerado, instigando o jogador a conseguir a maior pontuação possível.
Tofu!
Quem teve a idéia de um extra onde ao invés de zumbis, você enfrenta Tofus?
É bizarro, engraçado, e muito desnecessário, mais vale pela curiosidade que pelo conteúdo. É algo que merece um espaço a parte na análise, tamanha a esquisitisse.
Como extra também há novas roupas para seus parceiros.
Considerações finais
Resident Evil é uma franquia mutante que sofre constantes crises de identidade. Um spin-off com o objetivo de retratar o passado da série faz parte do trabalho. Deixei os sustos para as considerações finais pois eles inexistem nesse título. Nesse sentido o jogo é previsível.
É um pouco mais lento do que deveria e isso cansa, ainda mais sendo tão longo, demora-se em média 10 horas para terminá-lo e jogá-lo sozinho é entediante. De qualquer forma, é um ótimo jogo para curtir com os amigos mesmo tendo seus problemas de design.
Os rankings online estimulam por certo tempo, aumentando a longevidade do título, assim como os upgrades de armas herdados de seu antecessor também aumentam o fator replay.
Houveram melhorias mas a vontade de que um jogo decente, como o recente REvelations poderia ser feito com qualidade no Wii ficou só na vontade dos jogadores mesmo. Mas o jogo cumpre seu papel, mesmo que divirta o jogador de uma forma bem limitada.
Prós
- Gráficos lindos
- Física realista
- Multiplayer divertido
- Customização de armas
- Rankings online
Contras
- Câmera confusa atrapalha a jogabilidade
- Mudanças de cenas clássicas
- Inteligência artificial fraca
- Extras desnecessários
- Sustos inexistentes
- Jogo mais lento do que deveria
Resident Evil: The Darkside Chronicles - Wii - Nota final: 7,5
Gráficos: 9,5 | Som: 9,0 | Jogabilidade: 5,0 | Diversão: 7,0
Revisão: Thyago Coimbra Cabral