Em meados dos anos 2000, o saudoso Dreamcast recebia um de seus títulos de maior qualidade. Numa parceria com o estúdio Overworks, a Sega lançou Skies of Arcadia (no Japão o jogo foi lançado como “Eternal Arcadia”). Pouco mais de dois anos depois foi lançada uma versão melhorada do clássico, que carregava consigo o subtítulo Legends. Nesta edição do Blast from the Past, vamos analisar o porque de Skies of Arcadia ser considerado um dos melhores, senão o melhor RPG lançado tanto para Dreamcast quanto para Gamecube.
Viva a pirataria!
O mundo de Arcadia é composto por dezenas de ilhas flutuantes espalhadas por sete céus que representam ambientes típicos de jogos do gênero, como vulcões, desertos, montanhas coberta de neve etc. Apesar de serem dezenas, não há uma ilha do mundo em que não haja nada para fazer.
De complexos e bem construídos calabouços a cidades extremamente povoadas e cheias de vida, o game nunca deixa o jogador sem nada para fazer ou descobrir. Em tal contexto de exploração e descoberta, nada melhor do que controlar um pirata. Sim, um pirata! No céu! O jogador assume o papel de Vyse, um jovem pirata que, ao lado de sua amiga de infância, Aika, navegam pelos céus em busca de tesouros e navios imperiais para saquear. Os dois fazem parte do clã dos Blue Rogues, liderado pelo pai de Vyse, Dyne, que tem como principal motivação saquear as bases e frotas imperiais para então distribuir os tesouros para o pobres, no melhor estilo Robin Hood.
O game se inicia com uma misteriosa jovem a bordo de uma pequena embarcação em companhia apenas de um pequeno ser prateado. A garota é atacada por um enorme navio, aparentemente imperial, e é sequestrada. Por sorte, na manhã seguinte, a embarcação acaba sendo alvo de Vyse e seus amigos, que acabam resgatando a garota. Já na vila dos piratas, Vyse conversa com a jovem e descobre que seu nome é Fina, mas ela nada revela sobre os motivos pelos quais foi aprisionada e o porquê de estar viajando sozinha por lugares tão perigosos. Mesmo assim, Vyse dá um voto de confiança a Fina e lhe oferece abrigo em seu vilarejo. Mais um dia se passa e Vyse decide viajar para ruínas próximas em busca de um tesouro. Ao retornar, o jovem se depara com sua vila totalmente destruída. Os poucos moradores que sobraram contam para o herói que um navio imperial os atacou e levou Dyne, Fina e os outros moradores. Assim, Vyse e Aika iniciam sua missão de resgate, sem saber que a jornada decidiria o destino de Arcadia.
Elenco de Primeira
Vyse: Com 17 anos, Vyse é um dos mais jovens membros dos Blue Rogues. Determinado e otimista, o garoto sempre tenta mostrar o lado bom das coisas para seus amigos e nunca desiste de uma missão, mesmo que ela pareça perdida.
Aika: Melhor amiga de Vyse, a jovem pirata tem uma personalidade muito forte e é bastante temperamental. Muito leal a seus amigos e ideais, Aika tem duas fraquezas: a obsessão por tesouros e o medo de nadar.
Fina: A doce garota se torna fiel companheira das aventuras de Vyse após ser resgatada das maõs do império pelos Blue Rogues. Fina é bastante misteriosa e esconde diversos segredos que serão muito decisivos para o destino de Arcadia.
Drachma: Com 55 anos, Drachma é o membro mais experiente do time de Vyse. O pirata perdeu seu braço e olho esquerdo, além de seu único filho enquanto lutava com uma gigantesca baleia voadora chamada Rhaknam. Desde então, Drachma busca vingança, e se une a Vyse e Aika para finalmente derrotar Rhaknam e se livrar da culpa que carrega consigo.
Gilder: Com 32 anos e um papagaio chamado Willy, o rata é resgatado por Vyse em determinado ponto da jornada e decide se unir ao grupo em busca de novas aventuras. Boêmio, Gilder não perde nenhuma oportunidade de sair em busca de bebida e mulheres.
Enrique: Príncipe herdeiro do cruel império que domina Arcadia, Enrique é um rapaz que discorda das decisões tomadas por sua mãe, a imperadora Teodora I. Assim, encontra no grupo de Vyse uma forma de se rebelar contra o que um dia seria seu império. Determinado e extremamente ético, o príncipe se torna um dos maiores aliados dos Blue Rogues.
Temática moderna, jogabilidade clássica
A inovação trazida pela Overworks é a possibilidade de modificar as armas e elementos que as fortalecem em tempo real, adicionando um forte elemento estratégico para que se alcance a vitória, pricipalmente em batalhas contra chefes, que exigem que o jogador diversifique seu arsenal diversas vezes. O segundo, que ocorre em menor intensidade, é de longe um dos pontos mais inovadores do jogo. São as batalhas contra outras embarcações ou gigantescos monstros a bordo do airship de Vyse. Tais batalhas consistem na elaboração de estratégias de forma a antecipar os movimentos dos inimigos. Para isso, o jogador deve selecionar ações que possam se aproveitar ao máximo dos movimentos que o inimigo pretende realizar no próximo turno. É algo como um partida de batalha naval, mas muito mais divertida e desafiadora.
Skies of Arcadia Legends conta também com dezenas de sidequests recompensadoras, que aumentam bastante o fator replay. Se comparada à versão de Dreamcast, Legends conta com diversos side-quests, lugares e até mesmo personagens exclusivos, sendo a mais indicada para marinheiros de primeira viagem que pretendem embarcar no encantador mundo de Arcadia.
Visual e trilha sonora de respeito
Legends ainda possui algumas vantagens técnicas em relação à versão original de Dreamcast. As texturas estão em melhor qualidade e não há quedas de framerate, dois dos problemas mais sérios da primeira versão. No GameCube, o game roda a 30 quadros por segundo constantes, mesmo com a qualidade gráfica levemente superior. Por fim, a Overworks também reduziu a quantidade exagerada de batalhas, que tornavam muito lento o ritmo da aventura no Dreamcast.
Recepção Fria
Apesar de toda a qualidade, Skies of Arcadia Legends vendeu menos que a versão de Dreamcast, não chegando a 100.000 cópias vendidas, se tornando um grande fracasso comercial. Ainda assim, o título obteve um bom desempenho em seus reviews, tendo média de 84 no Metacritics e é considerado por muitos jogadores um dos melhores RPGs já criados, não devendo nada aos grandes títulos da época como Final Fantasy X. Até hoje, fãs cativos do game esperam por uma improvável sequência que, com toda certeza, seria muito bem vinda em um momento em que o gênero em questão está em declínio.
Participações Especiais
Um game para lembrar
Enfim, Skies of Arcadia é um jogo que não deve ser ignorado por ninguém que aprecie uma boa aventura com um enredo inteligente e cheio de reviravoltas. Infelizmente, devido às baixas vendas do jogo, se tornou muito raro e encontrá-lo à venda por um preço razoável é praticamente impossível. Só nos resta torcer para que realmente uma sequência esteja sendo planejada ou, quem sabe, uma nova remasterização do game seja lançada, mas em HD para Wii U. Não custa sonhar, não é mesmo?
Revisão: Thyago Coimbra Cabral
