Anos noventa. Aquela década misteriosa que não era nem os anos 80, nem o começo do novo milênio. Mortal Kombat surgia no console doméstico do Mega Drive trazendo a emoção das lutas do fliperama para dentro de casa (e o caso de lesões em dedos de crianças e jovens aumenta drasticamente...). Mas Mortal Kombat não estaria sozinho por muito tempo. Killer Instinct também tomava o mesmo rumo em direção aos donos de um Super Nintendo e trazia uma variedade de lutadores, batalhas sangrentas e um visual inovador para sua época.
Enredo? O que interessa é o 3D!
Se há algo que ninguém presta atenção em um jogo de luta é o enredo. O que realmente interessa são as lutas, os golpes e os combos feitos através de combinações mirabolantes dos botões do joystick. Apesar disso, se investigarmos um pouco o game, notaremos que ele possui uma complicada e desnecessária história por trás de toda a pancadaria.
Tudo começa num passado distante em que ocorria uma guerra titânica. Como sempre, para atormentar a tranquilidade do mundo, havia dois lordes travando uma batalha interminável, deixando um imenso saldo de mortos nos conflitos. Para acabar com toda essa selvageria, um grupo de heróis derrota os lordes e a paz retorna temporariamente. E sem saber como ou por que, passamos de um passado remoto a um futuro no qual uma gigantesca corporação comanda a venda de armas e tecnologias de combate e ainda tem um tempinho para organizar o maior torneio de batalhas do planeta: o Killer Instinct.
Pois é. Deu para notar que a história não era o forte do jogo. A Rare Software (empresa produtora do jogo) já havia feito trabalhos excelentes e poderia ter passado longe da tarefa de encaixar um enredo sem sentido em um game de luta como esse. Sendo assim, o grande trunfo da obra residia nas incríveis batalhas e na impressionante qualidade gráfica e sensação 3D que o jogo causava, algo único para sua época. As animações dos golpes são um show a parte e o cenário realmente se fundia com as batalhas, alternando a dinâmica da luta dependendo do local onde ela ocorresse. Fosse em pontes ou no alto de prédios, na hora de finalizar o adversário, o pobre coitado podia acabar esborrachando-se contra o chão ou contra o fundo de um abismo. Uma cena interessante graficamente e grotesca visualmente. Além disso, trilhas sonoras especiais embalavam tanto os personagens quanto as batalhas, dando um toque especial a toda a matança.
Mas afinal, do que seria Killer Instinct se não fossem alguns ossos quebrados e alguns jatos de sangue pixelados?
Lutadores para todos os gostos
Como todo bom jogo de luta que se preze, Killer Instinct tinha um rol de personagens dotados de diversas habilidades, armas e poderes. Se prestarmos atenção ao elenco, há a nítida impressão que misturaram várias histórias, chacoalharam-nas um pouco e as colocaram no jogo. Temos desde répteis mutantes e homens de chama até ciborgues e lobisomens! Assim, existiam personagens para todas as combinações de lutas possíveis e centenas de golpes diferentes para descobrir e aproveitar.
Dentre tantas figuras interessantes, vale a pena ressaltar três que se sobressaem tanto no visual quanto nas habilidades de luta. Temos Cinder, um homem de chamas com golpes flamejantes e uma interessante capacidade para voos (algo complicado de conseguir executar). Fulgore, um ciborgue que podia lançar descargas elétricas, teletransportar-se e ser muito rápido quando comandado corretamente. As mulheres também não deixam para menos, com a bela Orchid, uma habilidosa guerreira que além de possuir golpes ágeis ainda podia transformar-se em uma pantera feroz se a necessidade aparecesse.
Combos! Combos!... Ai, meu dedo caramba!
Não dá pra falar em Killer Instinct, ou melhor, em qualquer jogo de luta sem comentar a triste e dolorida história de realizar os difíceis combos. São sequências de golpes fantásticos que, se realizados da maneira correta, deixam seu adversário às portas da morte ou diminuem sua vida consideravelmente. E, dependendo do personagem escolhido, o combo é uma verdadeira surpresa ou uma chuva de poderes esmagadores. A inteligência artificial do game aumentava o nível de dificuldade dos inimigos conforme as partidas fossem ganhas e fazia com que as combinações de golpes ficassem cada vez mais difíceis de serem feitas.
As lutas ficavam mais emocionantes jogando ao lado de outra pessoa no modo 2-players (e as lesões nos dedos também se intensificam). Mas também há havia o modo torneio em que se podia jogar contra inimigos mais fáceis (ou até imóveis) e praticar os combos para o momento da verdadeira batalha. Tudo isso servia para deixar o jogo mais dinâmico, com golpes mais realistas e uma perfeita movimentação entre os personagens no meio da batalha.
Killer Instinct é um jogo de luta único, que além de criar personagens com golpes e habilidades espetaculares, inovou nos cenários, nos combates, conquistou pela trilha sonora empolgante e garantiu horas de dor tanto para os lutadores desse mundo surreal, quanto aos jogadores do mundo real.