Análise: Fortune Street (Wii)

em 21/03/2012

Se você é uma daquelas pessoas que, antes de conhecer, julgava Fortune Street apenas como um jogo de tabuleiro casual e bobinho, sinta-se... (por Fábio Garcia em 21/03/2012, via Nintendo Blast)

O Mario ocupa mais espaço na capa porque é ele paga o salário de todo os outros.Se você é uma daquelas pessoas que, antes de conhecer, julgava Fortune Street apenas como um jogo de tabuleiro casual e bobinho, sinta-se intimado a voltar três casas e repensar seus conceitos. O jogo da Square-Enix, lançado em dezembro de 2011, é uma experiência surpreendente para aqueles que gostam de um jogo com uma estratégia absurda e desafio de arrancar os cabelos.

A Série Itadaki Street

"Se nós perdermos esta partida, podemos tentar a sorte fazendo figuração em Dragon Ball."Depois do lançamento da série Mario Party em 1999, tornou-se convenção colocar o selo de jogo casual em games envolvendo tabuleiros, até porque muitos jogos vieram na cola da festa do Mario. Talvez por isso, a primeira impressão que temos ao ouvir falar de Fortune Street seja a de que será mais um joguinho com tabuleiros temáticos e minigames competitivos. Por sorte, tudo não passa de um mero engano.

Na verdade, Fortune Street é o mais recente título de uma série japonesa chamada Itadaki Street, criada por Yuji Horii (designer da série Dragon Quest). O primeiro jogo da série foi lançado para o Nintendinho em 1991, e desde então ganhou nove jogos para diferentes consoles, entre eles o SNES e o Playstation 2. Em grande parte desses jogos, os personagens selecionáveis são todos da própria série Dragon Quest, às vezes dividindo o palco com os personagens de Final Fantasy ou, como no caso da versão de Wii, da série Mario Bros. Se não estiver com vontade de usar um Mario ou um Slime, Fortune Street ainda lhe dá a opção de controlar seu próprio Mii.

Uma foto alegre antes da partida. Porque depois é cada um por si. Mas, afinal, do que se trata Fortune Street? Seu objetivo é andar pelo tabuleiro, comprar empreendimentos comerciais e tentar alcançar o valor acumulado determinado em cada partida. No jogo há duas maneiras básicas de se ganhar dinheiro: a primeira é juntando quatro naipes espalhados pelo cenário e voltar ao banco, o que te fará receber o seu “salário”; já a segunda é torcendo para que os adversários caiam nos empreendimentos que você comprou e te paguem uma taxa por parar lá. E a taxa a ser cobrada será maior se o jogador decidir investir um dinheiro no estabelecimento, ou mesmo comprando outros terrenos adjacentes.

Monopoly, Só Que Não

"Estou rica!" gritou esta Mii após receber seu salário. Certo, comprar terrenos, receber salário, torcer para que os adversários caiam nos seus empreendimentos, aumentar o valor cobrado ao adquirir terrenos próximos ou investindo nos mesmos. A pergunta é: por que gastar seu tempo jogando Fortune Street se o Banco Imobiliário oferece a mesma coisa? E a resposta é muito simples: porque Fortune Street pode lhe proporcionar uma experiência muitas vezes mais profunda.

A versão de Wii traz dois modos de jogo, o fácil e o normal. Cada modalidade traz um tutorial bem didático e dezoito tabuleiros diferentes, sendo nove do universo de Mario e outros nove de Dragon Quest. Mesmo se passando em localidades dos jogos citados, o cenário não traz influência alguma nos tabuleiros, servindo apenas como um enfeite.

O Slime tirou 6 no dado só porque é CPU. Se fosse jogador humano, tirava o suficiente para perder muito dinheiro. Ignore o desprezo que você sente pela palavra “fácil” e comece por aí, porque o jogo tem uma curva de aprendizagem altíssima e demorada. Começar pelo modo normal te deixará mais perdido que cego em terra de Bullet Bill. No modo fácil, você melhorará suas lojas comprando lojas vizinhas, assim como no Banco Imobiliário, e a cada loja vizinha comprada o valor cobrado para seus adversários, caso caiam na sua casa, se multiplica.

Mesmo com menos regras este modo leva bastante tempo para ser dominado, e você irá gastar horas até se sentir seguro a avançar para o modo normal. Felizmente, o jogo ainda sim é muito divertido neste modo, e se torna a melhor alternativa para se jogar com amigos, pois a duração da partida é bem menor. E, após muita dedicação, você está apto a entrar no verdadeiro Fortune Street, que se esconde logo atrás da opção “Standard Mode”.

Uma Aula Sobre O Mercado De Ações

O Bowser vai ter que vender seu castelo para sobreviver a essa queda nas ações. No modo normal, o jogo introduzirá o conceito de bairros. Dessa vez, seus estabelecimentos cobrarão mais dos seus adversários se você tiver comprado mais terrenos no mesmo bairro. Além dos bairros, o jogo coloca uma mini Wall Street para você brincar de mercado de ações.

Ao passar pelo banco, você pode comprar ações de cada um dos bairros do tabuleiro. Se comprar muitas ações de uma vez, elas valorizarão e você ganhará dinheiro com isso. Se os estabelecimentos comerciais do bairro receberem investimentos dos donos, o preço das ações também se elevam.

"Por favor não levem todo o meu dinheiro! Eu tenho oito filhos e uma princesa para raptar!" O jogo reproduz tão bem esse tipo de negociação que você pode até “ferrar” seus adversários ao vender todas as suas ações em uma única jogada, provocando uma pequena crise no Reino dos Cogumelos, pois irá continuar com o seu dinheiro, e seus adversários, que também podem ter as ações, sofrerão uma queda violenta em seus patrimônios líquidos. Outra estratégia muito utilizada é um investimento maciço em bairros onde você possui tanto estabelecimentos quanto ações, e isso pode render uma multiplicação de seus bens.

A maneira como esse jogo trata o mercado de ações é tão coerente com a realidade que tem uma pessoa próxima a mim que se sentiu motivada a arriscar nesse mercado após conhecê-lo através do Fortune Street.

Quesitos Técnicos

Estamos prontos para a exploração espacial. Já temos um ladrão, uma princesa, um macaco e um coadjuvante musculoso. Além de ser um jogo cativante pela sua estrutura, nos quesitos técnicos Fortune Street não faz feio. Os gráficos, embora estejam longe daquela beleza vista em um Mario Party 9, ainda são bem feitos. O destaque fica para os cenários, todos muito bem detalhados, e para os modelos bem animados. Infelizmente, em poucos tabuleiros há uma queda na taxa de frames por ter muita informação na tela.

"Olá? Tem alguém aí? Eu caí nesse planeta e não sei voltar!"Para um jogo longo como este, é necessário que o som seja agradável, senão o jogador poderá ter vontade de amarrar um bloco de concreto na perna e de se jogar no rio mais próximo. A Associação de Limpeza de Rios deu sorte dessa vez, pois as músicas conseguem agradar muito, principalmente por serem remixes de composições famosas da série Mario e Dragon Quest. A propósito, as músicas do RPG da Square-Enix combinam muito com o estilo mais estratégico do jogo, tornando as fases de Dragon Quest ainda mais especiais.

Outros pequenos detalhes do jogo adornam ainda mais a experiência. Há um modo online muito eficiente (o único problema é conseguir achar jogador, poucas vezes consegui achar mais gente) e o jogo oferece duas opções de jogabilidade, tanto com o controle deitado quanto de pé. O shopping é também muito rico de conteúdo, pois você poderá comprar desde gestos até cosplays para o seu Mii.

Uma Experiência Recompensadora

Vou investir no bairro rosinha porque é longe da gentalha. Cheguei em Fortune Street sem saber o que me esperava, e depois de me dedicar em um tutorial já estava me encantando pelo jogo. Tanto sozinho quanto em multiplayer, este jogo traz uma experiência bem mais profunda que outros jogos. É até bem comum você falar “ah, vou jogar mais uma rodadinha e depois eu salvo” e continuar na partida por mais vinte rodadas. Esse jogo, como poucos, consegue criar tensão no jogador fazendo com que ele não largue o controle até resolver os problemas.

Mas, alguns detalhes prejudicam um pouco o game, como a Inteligência Artificial do computador. Em níveis mais elevados, é um pouco acima do aceitável a “sorte” da CPU nas jogadas, sendo bem comum ela sempre tirar números altos e convenientes enquanto você só tira 1 ou 2 durante quatro rodadas consecutivas. Obviamente isso é apenas uma impressão que fica, mas não sou o único que já observou o “rabo” do computador.

E se aceita uma sugestão para melhorar a fluência do jogo, é melhor você ir às opções e pedir para retirar a conversa da CPU (só colocar em “no chat”). Em 99% das vezes, as frases ditas são desnecessárias e só atrasam a partida.

Mesmo com os pequenos defeitos, Fortune Street é um jogo muito recomendado para aqueles que gostam de uma experiência mais complexa que os já esperados jogos casuais do Wii. E, jogando multiplayer, é garantia de sair tanta briga quanto em uma partida de War com amigos. Porque aqui você não tem que dominar 24 territórios à sua escolha, mas vai rolar uma gritaria quando for comprar o terreno que seu amigo precisava para ter o monopólio do bairro C.

Prós:

  • Profundidade elevada;
  • Músicas de Dragon Quest belíssimas;
  • Grande variedade de personagens e customização.

Contras:

  • CPU tem sorte excessiva;
  • Demora para entender o funcionamento do jogo;
  • O som pode ficar um pouco repetitivo após algumas horas.

Fortune Street – Nintendo Wii – Nota final: 8,5

Gráficos: 8 | Som: 8 | Jogabilidade: 7,5 | Diversão: 8,5

Revisão: Jaime Ninice

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