Análise: Super Mario 3D Land (3DS)

em 12/11/2011

Não é por acaso que Mario é o rei dos videogames. O bigodudo praticamente criou o gênero plataforma em Super Mario Bros. (NES) e sua a... (por Sérgio Estrella em 12/11/2011, via Nintendo Blast)

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Não é por acaso que Mario é o rei dos videogames. O bigodudo praticamente criou o gênero plataforma em Super Mario Bros. (NES) e sua aventura com visão lateral 2D. No saudoso Nintendo 64, Mario levou sua eterna missão de resgate à terceira dimensão com movimentação livre e um inovador sistema de câmera que se tornou padrão no mundo dos games. Mesmo que ambos sejam considerados da série principal, a Nintendo assumiu a “divisão” e mais recentemente lançou versões mais modernas e encorpadas das duas “frentes”: New Super Mario Bros. (DS), trazendo o melhor da série em 2D, e Super Mario Galaxy (Wii), a aventura tridimensional definitiva. Quando o 3DS nasceu, a Nintendo encontrou a oportunidade perfeita de combinar as duas experiências. Mas será que foi uma boa ideia?

O encontro de dois mundos

supermario3dland05[1]Assim que o 3DS foi anunciado, Miyamoto já dava sinais de que utilizaria o efeito 3D estereoscópico nativo do portátil para tornar a jogabilidade de “Mario” mais acessível, uma vez que o sistema permite que o jogador identifique mais precisamente os níveis de profundidade dos elementos no cenário. Quando “3D Land” foi revelado, o mestre afirmou que o jogo seria uma espécie de mistura entre Super Mario 64 e Galaxy, mas o que se provou na prática é que o maior influenciador foi de fato New Super Mario Bros., além é claro das referências aos jogos 2D mais antigos do encanador, com destaque para Super Mario Bros. 3 e seu icônico rabo de Tanooki, que inclusive ilustra o logo do game para 3DS. Esta influência torna este o “Mario” tridimensional mais divertido já lançado.

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A principal diferença notada (e comemorada) pelos fãs foi a forma como os power-ups são tratados: no lugar de flores de fogo temporárias ou cogumelos que perdem o efeito ao encerrar a fase – como acontece em Galaxy –, aqui você permanece com seus poderes até ser atingido por algum inimigo, o que também implica na volta do “mini” Mario e do item reserva (direto de Super Mario World, SNES), acessível pela tela de toque. Finalmente podemos dar adeus ao medidor de dano e às moedas que o recuperam – quem nunca torceu o nariz para essa característica das moedas nos “Mario” tridimensionais?

TanookiMario_SM3DS[1]Entre os itens disponíveis temos o retorno da Flor de Fogo, que dá a habilidade de lançar bolas de fogo, e a Super Folha, em que Mario ganha uma roupa de guaxinim com as habilidades de ataque e flutuação. O item inédito da vez é a Flor Bumerangue, que permite arremessar bumerangues capazes de coletar itens à distância. Temos também uma representação do Super Guide na forma de dois itens: a Folha Dourada (que concede os poderes da Super Folha com invencibilidade e aparece depois que jogador morre 5 vezes na mesma fase) e a Asa-P (que transporta o jogador para o final da fase, e aparece após morrer 10 vezes na mesma fase). Assim que derrotar Bowser no oitavo mundo, [alerta de spoiler!] você também terá acesso à Folha Estátua, que permite que Mario se transforme em estátua para desviar a atenção dos inimigos e evitar dano [fim do spoiler].

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Por outro lado, fez falta uma “gaveta” de itens acessível no mapa, como em Super Mario Bros. 3, já que existem diversas fases com poucos itens disponíveis e outras em que é necessário usar um item específico para coletar Star Medals escondidas. E já que citei o mapa, é preciso dizer que esse é um dos poucos elementos do game que deixou a desejar. Ao invés dos mapas temáticos e cheios de caminhos alternativos, como nos clássicos 2D, “3D Land” preferiu repetir o sistema de mapa utilizado em Super Mario Galaxy 2, pouco interessante e bastante linear. Com isso, esqueça os canhões para pular fases e mini-games espalhados pelo mapa - como o saudoso jogo da memória com itens da série – ou mesmo em um menu separado, como nos mini-games de Super Mario 64 DS. As casas de cogumelo retornam, mas por não haver a já citada gaveta de itens, os que você obtêm são utilizados na hora, o que acaba não fazendo muito sentido no contexto.

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Ainda há vários outros elementos de “Galaxy” transportados para “3D Land” – o que não chega a ser uma surpresa, considerando que boa parte da equipe de desenvolvimento também trabalhou no jogo para Wii –, como a trilha sonora de determinadas fases, efeitos sonoros, inimigos, e até elementos de cenário e jogabilidade. Entre uma ou outra fase mais linear, temos vários exemplos do tipo de fase mais aberta e extravagante que vimos na aventura galáctica do bigode, garantindo uma boa variedade de situações.

3D pra ninguém botar defeito

Recurso mais alardeado no lançamento do 3DS, o efeito 3D estereoscópico sem o uso de óculos ainda não convenceu boa parte dos jogadores sobre a sua importância. Mas este quadro está para mudar: mesmo obrigando o jogador a fixar um ângulo de visão para aproveitá-lo, a aplicação do 3D em “3D Land” foi a mais acertada no portátil até o momento. Não é tão cansativo quanto em Pilotwings Resort e chega a ser essencial em diversas situações, como nas que o jogo utiliza ilusões de ótica que só podem ser desvendadas ativando o 3D (nesses momentos, é exibido um indicador no canto inferior direito da tela). Destaque para a técnica utilizada no desenho das cartas da Peach, que lembram um livro pop-up.

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O efeito, combinado ao Circle Pad (analógico) do portátil, ajuda a tornar este o “Mario” tridimensional mais acessível da série. Calcular a distância de um pulo ou acertar uma caixa que está ao fundo se tornou um exercício de observação, não mais de tentativa e erro. É claro que a Nintendo fez uso de vários pequenos truques além do efeito para garantir que até os jogadores mais casuais não ficariam perdidos durante a jogatina, como tornar as fases mais lineares, utilizar um botão para correr, fixar a câmera e ressaltar as sombras dos objetos paralelas ao chão. No entanto, mesmo com todos esses ajustes, ainda há quem se perca na hora de controlar o personagem no ambiente aberto. Talvez se a aventura iniciasse com uma progressão mais lateral e 2D, introduzindo os elementos tridimensionais no decorrer das fases, essa adaptação fosse mais suave.

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Os gráficos mostram todo o potencial do 3DS, e sem dúvida já tornam este o game mais bonito do portátil, algo que o efeito 3D só faz ressaltar (algumas vezes até suavizando serrilhados). É possível comparar o visual de “3D Land” a muitos títulos de Wii (como o próprio “Galaxy”), e você com certeza vai parar diversas vezes só para poder observar melhor os cenários do jogo. Mesmo a Nintendo parece reconhecer essas qualidades gráficas, e distribuiu incontáveis binóculos pelo Reino dos Cogumelos, onde é possível visualizar a estrutura das fases utilizando o acelerômetro do console para mover a câmera e controlar o zoom através do L e R.

Uma espiada no futuro da série

supermario3dland15[1]Além dos gráficos espetaculares, a trilha sonora mantém o ritmo frenético da aventura, recorrendo frequentemente a rearranjos de temas clássicos. É possível notar alguma repetição das faixas entre os níveis, com poucas músicas inéditas, entre elas a não tão inspirada música tema.

Para quem está preocupado que o jogo acabe logo, pode ficar tranquilo: o game oferece uma grande quantidade de conteúdo, como o desafio das Star Medals (existem 3 dessas escondidas em cada fase), o uso do StreetPass para trocar recordes e itens com seus amigos, e após terminar o jogo [alerta de spoiler!] você encontrará um cano que o levará para mais 8 mundos, os “Special Worlds” – muito mais difíceis que os 8 primeiros – e poderá jogar com Luigi, que tem um pulo mais alto que seu irmão, mas em contrapartida “escorrega” mais [fim do spoiler]. Prepare-se para uma overdose de conteúdo no Reino dos Cogumelos!

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Se você estava esperando por um jogo obrigatório no Nintendo 3DS, sua espera terminou. Mesmo não fazendo questão de se enquadrar como um game da série principal, Super Mario 3D Land representa uma convergência irreversível para a franquia e promete influenciar fortemente os próximos títulos tridimensionais do nosso encanador favorito. Let's-a go!

Prós

  • supermario3dland86[1]O clima de New Super Mario Bros. torna este o “Mario” tridimensional mais divertido já lançado;
  • Retorno do sistema de power-ups que permanecem de fase para fase; Novos power-ups criativos;
  • Referências aos “Mario” clássicos e recentes, como “Galaxy”;
  • Controles mais acessíveis;
  • Uso inteligente do efeito 3D estereoscópico;
  • Mistura de fases lineares com fases abertas garantem boa variedade;
  • Muito conteúdo extra, incluindo StreetPass.

Contras

  • Mapa pouco interessante e linear;
  • Faltou uma “gaveta” de itens, como em Super Mario Bros. 3 (NES);
  • Nada de mini-games como em Super Mario 64 DS;
  • Várias músicas e outros elementos reaproveitados de “Galaxy”.
Super Mario 3D Land - Nintendo 3DS - Nota Final: 9.5
Gráficos: 10 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 9.5 | Diversão: 9.5
Super Mario 3D Land nos foi gentilmente cedido para análise pela Gaming do Brasil, representante oficial da Nintendo no país.

Revisão: Alberto Canen


É o criador do Nintendo Blast e GameBlast - escrevendo, desenhando, administrando e fazendo tudo um pouco por aqui desde 2008 - mas ainda tem muito o que aprender.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.