Foi a partir do Nintendo 64 que começamos a nos divertir com quatro controles simultâneos. Foi a partir desse console que passamos a nos divertir ainda mais em galera. Foram várias festas de aniversário, várias noitadas de jogatina regadas a pizza e refrigerante, várias amizades destruídas e recuperadas nas semanas seguintes. Tudo isso graças a games que exigiam o encontro da galera como Mario Party, Beetle Adventure Racing, Star Fox 64, GoldenEye, e o sensacional Perfect Dark. Este texto não é apenas para falarmos da aventura empolgante e cheia de reviravoltas de Joanna Dark, mas também para lembrarmos de como o Nintendo 64 foi inesquecível.Onde você estava e o que estava fazendo em maio de 2000? Alguns se preparavam para acompanhar as olimpíadas de Sydney, outros estavam empolgados com a nova versão do Windows que a Microsoft lançaria em setembro, muitos não conseguiam dormir esperando a Sony lançar o PlayStation 2. A Rare lançava um de seus últimos grandes games para uma plataforma Nintendo, um game que se baseava na engine do ótimo GoldenEye, mas que tentava elevar o nível de gameplay e de história tanto para o single player quanto para o multiplayer. Assim nascia Perfect Dark, uma aventura que nos colocava na pele da corajosa e irônica Joanna Dark, uma agente forte o bastante para salvar o universo de todos os tipos de inimigos em um futuro inesperado.
Estamos em 2023, uma guerra interestelar acaba de eclodir entre duas raças: os Maians – que parecem com aqueles ETs clássicos que conhecemos; e os Skedar – seres parecidos com répteis que podem se disfarçar como humanos. No meio dessa batalha está o Carrington Institute, um centro fundado com o intuito de espionar e realizar missões secretas ao lado dos Maians. A nossa heroína faz parte desse grupo que acaba se vendo no meio do fogo cruzado entre ambas as raças e deve deter o grupo liderado pela empresa dataDyne. O tiroteio vai começar, e a aventura será muito mais surpreendente do que parece.
Se você conseguiu ignorar por todos esses anos as pessoas falando de como Perfect Dark é bom, eu vou lhe explicar: o game é um FPS (First Person Shooter), é tão parecido com GoldenEye que muitos o consideram como uma “falsa sequência” da aventura de Bond, há poucas novidades no gameplay, mas algo a ser destacado é o movimento em que Joanna recarrega a arma, algo muito mais detalhado do que em 007, até mesmo os efeitos de luz na arma é algo muito bacana de se notar. Os inimigos alternam entre humanos e extraterrestres, há uma maior variedade de armas, e o modo multiplayer ganhou novos mapas e ainda a adição dos velhos e bons que já conhecíamos.
A principal qualidade indiscutível de Perfect Dark é a sua habilidade de ser um game renovado. É verdade que ele manteve todas as características de GoldenEye, mas a Rare conseguiu dar uma total nova identidade para a aventura de Joanna. Há muitas piadinhas, comentários sarcásticos, momentos de pura gargalhada nos diálogos entre Joanna e o ET Elvis. Toda essa personalidade foi um dos grandes motivos para o enorme sucesso do game, que mesmo poucos meses antes do lançamento de toda uma nova geração de consoles, conseguiu atrair novos e velhos fãs para horas de jogatina no Nintendo 64.
As partidas multiplayer são, claramente, o que dá vida a este e a vários outros games do 64. Até quatro jogadores podem se desafiar no bom e velho mata-mata, podendo selecionar dezenas de opções de armas, modos e telas. O show ocorria mesmo quando jogavasse com quatro jogadores, cada um trazendo o seu controle de casa (rs), cada um montando estratégias únicas com minas de aproximação, armas snipers ou até mesmo com metralhadoras pesadas que usávamos para sair atirando como se não houvesse amanhã.
Perfect Dark foi o game que mais exigiu do console da Nintendo, para jogar seu modo campanha e ativar alguns requisitos do modo multiplayer é necessário utilizar o acessório Expansion Pak. Apenas com ele é possível desfrutar das maravilhas que a aventura de Joanna tem a nos oferecer.
As vendas do game foram um estrondo. Foram cerca de 2 milhões e meio de unidades vendidas, por causa disso foi criada uma versão “Player’s Choice” em 2001. A grande maioria da crítica de games da época deu notas que beiravam o 9, e ainda hoje Perfect Dark é considerado por muitos como um dos cinco melhores games do Nintendo 64.
O verdadeiro motivo pelo qual o Nintendo 64 e estes games regados ao multiplayer são tão inesquecíveis é o simples fato deles permanecerem para sempre nos corações de qualquer um que já tenha passado a noite com os amigos se matando e tomando muita tubaína comprada no bar da esquina. Conseguimos formar laços de amizade que duram até hoje graças a este e outros games. Graças ao Nintendo 64.
Revisão: Lucas Oliveira