Blast from the Trash: Target Terror (Wii)

em 10/07/2011

Pense naqueles dias em que você brigou com sua(seu) namorada(o), discutiu com a sogra ou chefe. Ou naquele dia no qual você sofreu para ... (por Alex Sandro de Mattos em 10/07/2011, via Nintendo Blast)

A capa do jogo é a única coisa melhorzinha... Tá bem, é mentira, só tentamos ser amigáveis. Pense naqueles dias em que você brigou com sua(seu) namorada(o), discutiu com a sogra ou chefe. Ou naquele dia no qual você sofreu para estudar (porque perdeu seu tempo lendo textos chatos, enquanto poderia jogar algum game) e depois fica mal ao descobrir que não foi nada bem na prova. Então, você chega em casa com raiva e quer descontar todo esse sentimento. Você pega Target Terror para o Wii e coloca no console e pensa “Agora nada mais vai dar errado”…

 

Pois é, a coisa poderia ficar pior. Target Terror é o melhor jogo de Wii… para estar nesta coluna. Bem vindo a mais um Blast from the Trash. É… este jogo existe (infelizmente).

Que diabos é isso?

Antes de tomar coragem para escrever sobre este jogo – após perdê-la totalmente ao jogá-lo – me questiono como isso pode ser considerado um game e como chegou até o Wii. A situação não devia estar muito boa para a desenvolvedora Leviathan Games. Imaginamos que em um triste e depressivo dia de reunião, o chefe chega para a sua equipe e pergunta: “E aí, o que vamos fazer?”. Talvez, o recém-contratado escravisário, ops, estagiário fez a seguinte sugestão: “Que tal fazermos um jogo com cara de shooter dos arcades?”. E o chefe fala: “Ótima ideia. Agora você foi promovido de carregador de bandejas de café para produtor”. E a ‘empenhada’ equipe, que devia estar mais animada do que bicho-preguiça com sono, começou o seu “trabalho”. E o resultado é essa… Bah, você sabe o que quero dizer.

Nós sentimos muito. Pedimos desculpa a você, leitor, por ver e ler sobre essa droga. Por favor, não nos processe por isso.

Target Horror

Ao colocar o jogo no Wii, ouve-se um “Let’s Rock” com uma imagem estática. Depois, até chegar ao menu, você achará que está assistindo a uma apresentação de slides estáticos. O seu sexto sentido diz que algo está errado. E realmente algo está MUITO errado. Então, você seleciona o Play, escolhe por livre e espontânea falta de opção uma das três fases disponíveis e… PREPARE-SE:  você se surpreenderá com Target Terror.

Ela está chorando por ter participado desta porcaria

De repente, aparece uma mulher loira noticiando que terroristas estão atacando os Estados Unidos e o jogo começa. E contente-se com isto, pois esse é o enredo – ou o que se aproxima disso, ou até mesmo uma desculpa pra você tentar entrar no clima. Então, você notará que o gráfico é totalmente realista! Os personagens do jogo parecem pessoas reais e humilha qualquer jogo com poderio gráfico de consoles concorrentes. Ok, estamos sendo irônicos, pois na realidade os inimigos são os PRÓPRIOS desenvolvedores. É sério! Vai ver que eles estavam com preguiça de criar personagens para o jogo ou que a grana estava curta para contratar um expert em design de personagens e decidiram tirar fotografia deles mesmos com as mais variadas roupas. Você notará que até a mulher da notícia aparece como uma terrorista (isto é que é reciclagem!). Eles têm a mesma movimentação, não são variados e mais parecem aqueles gifs animados do que personagens do game.

O que é isso? Sérgio Mallandro em Target Terror? NÃÃÃOOOOO...

Ele segue o padrão de shooter dos arcades: a câmera se move automaticamente (on rails, ou seja, em trilhos) e você precisa apontar e disparar contra os inimigos. E olha que notícia boa: o pointer do Wii funciona! Ao menos isso, não é mesmo? Você tem munição infinita, mas é necessário recarregar a arma com um chacoalhão no Wii Remote. Só é usado três botões: o B para atirar, o A juntamente com o B para usar os famosos Continues e o botão + para o pause. Não que isso ajude muito… O resto, meu caro leitor, é só força de vontade… e muita força de vontade…

Oh, My God…

E o jogo fica nisso: apontar, atirar, chacoalhar. Apontar, atirar e chacoalhar. Só estão disponíveis três lugares distintos e cada lugar tem três fases, totalizando nove. E elas não se estendem por muito tempo (glória aos céus!), no máximo 5 minutos cada. E tem ainda uma décima fase extra, mas para liberar é preciso ter coragem para passar pelas outras nove.

Para diminuir o tédio, você pode convidar um amigo para jogar. Ao fazer isso, o segundo jogador entra automaticamente na partida. Então, nota-se algo estranho: há dois pointers, dois marcadores de munição, mas só um marcador de vida? Como assim? Dessa forma, descobre-se que o jogo tem um menu de opções (ouve-se o “ooooohhhhh” de surpresa). Lá, existe uma opção chamada Justice Mode, que “une” os dois jogadores e ao desativá-la, você joga o multiplayer onde cada um tem o próprio marcador de vida. E você pode pensar: “Então, fica mais fácil?”. Não. O número de continues é compartilhado entre os jogadores.

Pode acreditar: esta não é a mesma imagem que você viu acima. E viva a variedade!  Por mais que você atire no carro, ele não vai explodir. O que explodirá é a sua cabeça de raiva!

Um dos grandes problemas é que, em Target Terror, você nunca sabe quando acertou o inimigo ou quando tomou um tiro. Por exemplo, é comum aparecer um inimigo com uma metralhadora na sua cara, disparando em um movimento da esquerda para a direita e que não te acerta nenhum disparo. Em outros momentos, um terrorista com uma pistola no fundo do cenário consegue te ferir. O pior é quando, do nada, surgem terroristas na sua frente com uma serra-elétrica (!) ou outros que dão golpes de luta e que sempre te acertam. Eu joguei com um amigo e ele utilizou a técnica “Entediado”: ele apontava para tela, apertava o B e ficava chacoalhando o controle sem parar. E acredite: funcionou melhor do que jogando normalmente.

E no meio do tiroteio, lá está um civil no "trono"... Isto é que é se borrar de medo!E a situação ainda vai piorar. Pelos cenários estão espalhados civis, exatamente com uma única função: te atrapalhar. Por que diabos um civil apareceu na frente do terrorista? É comum querer disparar em um inimigo e, de repente, um civil aparece, você acaba matando-o e ainda por cima perde uma vida. E os policiais e soldados do exército que deviam te ajudar, ficam parados. Há momentos em que terroristas aparecem do lado deles e eles nem se mexem. E os que disparam NUNCA acertam nada e ninguém… AAAHHHHHHHHH!

Pô, seu soldado... Olha o terrorista aí do outro lado... ASSIM NÃO DÁ!

O áudio do jogo pouco importa. Por mais que você tente escutar, só vai ouvir disparos, explosões e os gritos do inimigos após morrerem (é possível gritar depois de morrer!?). Cada fase é dividida em checkpoints que mostram as – inúteis – estatísticas. Até poderíamos destacar que alguns itens dos cenários são destrutíveis, fornecendo munições e medicamentos, porém é complicado saber o que pode ser destruído ou não em razão do visual tosco, que até o Nintendo 64 fazia melhor. E mesmo as novas armas que você encontra, e que variam entre metralhadora, shotgun, Grenade Laucher e uma arma de gelo (!), deve-se usar na hora. Não há a possibilidade trocar ou guardar armas.

Absurdo é pouco…

Se você se surpreendeu até agora com o que leu, prepare-se pois ainda tem mais absurdos pela frente:

  • Nem Chuck Norris faz isso

Em Target Terror não há chefes. Bem, na verdade há um, mas nem podemos considerá-lo como chefe. É um helicóptero terrorista que aparece para acabar com você. E o que você faz? Sai correndo de medo? Pega a sua Grenade Launcher e dispara contra o inimigo? Não, nada disso. Em Target Terror, você usa a sua pistolinha para destruir o helicóptero. Não vamos dizer mais nada…

Nunca desconfie de uma pistolinha. Olha a explosão que ela pode causar...

  • Outra vez não…

Imagine (faça um esforço pra imaginar) você jogando, está sem continues e morre na oitava fase. O que acontece? Ora, simplesmente você volta do início! Sim, as fases pela qual você passou são bloqueadas novamente. Isso é que é sofrimento…

E aí? Você tem coragem de jogar essa droga?

  • Minigames sem noção

E aqui está a cereja do bolo, os minigames. Há inúmeros que surgem do nada, no meio do tiroteio. Lá está você, todo concentrado (ou tentando entender como uma barbaridade dessas está no seu Wii) e, de repente, aparece um minigame. Na realidade, eles são ativados conforme você faz combos, matando inimigos em sequência, atingindo uma determinada pontuação ou destruindo objetos. Veja alguns e escolha o ‘menos’ chato:

- Tiger Woods da Al-Qaeda

Um dos minigames mais ridículos da história dos videogames acontece em um campo de golfe. Você deve dar tacadas em granadas para abrir buracos no campo, fazendo com que os carrinhos que os golfistas usam caiam neles e depois, lançar granadas para explodí-los. Entendeu? Nós ainda não…

Mas que p*##@ é essa??

- Olha o filme de Hollywood!

Possivelmente, este é o único minigame jogável. Mísseis vêm na direção da cidade e você precisa destruí-los antes de eles atingirem o objetivo. Agora, o redator aqui vai se gabar de ao menos ter conseguido um perfect somente neste minigame. ALELUIA!

Destruição dos Estados Unidos? Bah, outro filme hollywoodiano...

- “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou”

Em mais um minigame sem noção e sem diversão alguma, civis estão caminhando calmamente pela tela e você deve protegê-los disparando contra os terroristas que aparecem na toca e da cobra gigante que surge do buraco no chão. Haja criatividade, hein…

Alguém conseguiu entender o que está acontecendo aqui??

- Refém nuclear

Quem conseguir terminar este minigame é um mestre. Há seis reféns presos a cadeiras que você deve salvá-los atirando nos terroristas que os empurram para um banho nuclear. O problema é que este minigame dura dois segundos e salvar todos é praticamente impossível;

Note a variedade de personagens na tela. Note que minigame incrível. Note a ironia do NB.

- Gluh gluh pra todo lado (dos perus e não do Sérgio Mallandro)

Em mais um minigame divertido (olha o sarcasmo!), os terroristas arremessam perus com bombas amarradas nas pobres aves e você deve atirar antes de elas explodirem na sua cara. A emoção que se sente neste minigame é a mesma que ver uma lesma subindo uma parede…

Lição de moral: verifique o aquele peru de Natal antes de comê-lo. Pode haver bombas nele.

Se arrependimento matasse…

Você chegou até aqui? Meus parabéns. Se você estava naquela situação que dissemos no início deste texto (você consegue se lembrar depois de tudo isso?), então, ao jogar Target Terror você vai querer se suicidar. Se você é um infeliz que tem o disco do jogo, vamos dar algumas sugestões do que você pode fazer com ele: brinque de freesbee com seu cachorro ou faça do disco um belo pires para aquela sua xícara de café.

Sabe quando se joga um game tão ruim e diz aquela frase tão comum: “Quero matar quem fez esse jogo”? Pois então, Target Terror é o único game que você pode realizar esse desejo. Isso se o seu Wii não explodir ou cuspir o jogo de tão ruim que ele é. Agora, com licença, o redator aqui precisa matar os desenvolvedores do jogo. Mas onde é que foi que eu deixei o disco mesmo? Ah é! “Manhê! Me empresta aquele ‘pires’ que te dei pra sua xícara?”.

Quase nos esquecemos: você pode usar a Zapper. Mas isso não muda em nada a sua percepção do jogo...  Depois de finalizarem Target Terror, a equipe foi demitida e nunca mais conseguiram emprego na área de games.

Dica: coloque o mouse sobre as imagens para se divertir com nossos comentários mais do que com Target Terror. Ah, e por favor, valorize o trabalho e o sofrimento deste humilde e pobre redator deixando algum comentário que não seja de consolo ou pêsames.

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