Especial: Erros passados que a Nintendo deve evitar com o “Project Cafe”

Quem diria, há alguns meses atrás, que a E3 2011 seria  marcada pela revelação do novo console da Nintendo, temporariamente apelidado de “Project Cafe”? Quando todos esperavam que o foco da Nintendo no evento estaria completamente voltado ao recém lançado 3DS e que a notícia do sucessor do Wii provavelmente não aconteceria tão cedo, eis que vem a Big N para nos surpreender mais uma vez, bem ao estilo dela mesmo, anunciando oficialmente a existência do novo console e dizendo não apenas que ele será mostrado na E3 deste ano, como também que estará disponível para ser jogado. É claro que o 3DS ainda receberá a maior atenção, mas essa notícia certamente potencializou a ansiedade e expectativa pela chegada do evento para muitas pessoas. O que será que está sendo preparado para a coletiva de imprensa que acontece no dia 7 de Junho?

A Nintendo realmente é especialista em surpresas, seja com notícias inesperadas ou com tecnologias inovadoras. Muitas destas escolhas levaram a empresa a enormes sucessos, mas outras... nem tanto.

Acompanhando a sua história, podemos encontrar muitos pontos em que a Nintendo, indiscutivelmente, falhou. Para que o novo console atinja, ou até supere, todas as expectativas, é importante que estes erros sejam cuidadosamente analisados, a fim de passar longe deles. Vamos listar, portanto, quais foram algumas das principais “escolhas erradas” feitas pela Nintendo, quando aconteceram e por que é importante evitar que se repitam.

A maldição do cartucho

Principalmente caracterizado pelo: Nintendo 64

Que originalidade é essencial, isso não dá para discutir... mas algumas tendências tecnológicas são importantes demais para serem ignoradas. Hoje sabemos que uma das piores decisões da Nintendo foi a de manter o uso de cartuchos no Nintendo 64, enquanto outras empresas começavam a apostar nos CDs. Graças a isso, depois de uma gloriosa superioridade com o SNES, a Nintendo foi violentamente desbancada pela Sony e o seu PlayStation. Aliás, você já parou pra pensar que, não fosse a teimosia em usar cartuchos, a Nintendo provavelmente teria mantido a sua parceria com a Sony, a qual talvez teria continuado até o presente? Já imaginou, a Nintendo e a Sony trabalhando juntas? Enfim... isso vai ficar só na imaginação mesmo, tudo por que a tendência de usar CDs para jogos foi ignorada.

Embora não tenha ficado tão marcado quanto os cartuchos do Nintendo 64, o Wii também sofreu um pouco com essa “teimosia em seguir tendências”, refletido no seu baixo poder gráfico em comparação aos outros consoles da mesma geração. Eu sei que isto é motivo para longos e intensos debates e, por isso, já quero deixar claro que eu sou completamente a favor da ideia proposta pela Nintendo de que a diversão é mais importante que gráficos maravilhosos. Mas, sejamos sinceros... que dono de Wii que já não comparou os gráficos aos de um PS3 e fantasiou com um Mario Galaxy em HD? Será que o Wii realmente não poderia ter sido lançado com um poder gráfico pelo menos um pouco mais próximo aos seus concorrentes? Se, do jeito que foi, a Big N já conseguiu dominar a sétima geração de consoles (ou por um bom tempo, pelo menos), imagine o sucesso que teria sido se não houvesse tanta diferença entre os gráficos, já que este é um dos principais argumentos contra o Wii?

Um dos rumores mais recorrentes e discutidos sobre o Project Café, além de seu controle com mil e uma utilidades, é o fato de que ele supostamente terá capacidades superiores às do PS3 e do Xbox 360. Isso realmente vai ser muito bom, mas, a estas alturas, a Nintendo deveria considerar esse aspecto uma obrigação. Sim, ela já provou que gráficos não são tudo, mas, por mais inovador que seja, se o novo console não for pelo menos superior aos concorrentes atuais, a Nintendo ficará em uma terrível desvantagem. Afinal de contas, estamos falando de concorrentes cujas tecnologias já tem cinco anos de idade. Além disso, é apenas uma questão de tempo até que a Sony e a Microsoft também ponham suas novas cartas na mesa. O lançamento de um novo PlayStation ou Xbox provavelmente não acontecerá tão cedo, considerando que o Move e o Kinect foram lançados a pouco tempo e suas respectivas empresas ainda vão querer lucrar mais com essas tecnologias nas quais depositaram tanto investimento. Mesmo assim, a Sony já confirmou a existência do PlayStation 4 e, assim como o Project Cafe nos tomou de surpresa, os concorrentes podem fazer o mesmo.

Entretanto...

... a originalidade característica da Nintendo não pode ser deixada de lado! Certas tendências são importantes, mas a Nintendo é o que ela é graças ao espírito livre e inovador que ela demonstrou desde os seus primórdios. Então o ideal é a combinação das duas coisas: um console que está a par da evolução tecnológica atual, mas com aquele toque que apenas a Nintendo consegue dar.

Tudo indica que...

... não seremos decepcionados. Muitos dos rumores apontam para as capacidades impressionantes do sucessor do Wii, alguns dizendo que até o controle tem gráficos HD. E este mesmo controle pode ser a peça chave para destacar o console da Nintendo dos demais. Mas rumores são rumores... vamos esperar pra ver.

Casual demais

Principalmente caracterizado pelo: Wii

Qual foi um dos aspectos que mais contribuiu para o sucesso do Wii? O investimento pesado no público casual. Qual é uma das maiores críticas feitas ao Wii? Ser voltado demais ao público casual. Irônico, não? Pois é, enquanto ter criado formas de controle divertidas e intuitivas, ter maneirado no poder do console e ter enchido a biblioteca do Wii de jogos do gênero “party” serviu para atrair uma quantidade gigantesca de pessoas que outrora não se interessavam por games, isso fez também com que o grupo dos chamados “hardcores”, aqueles que são gamers de longa data e tem preferência por jogos mais tradicionais e complexos, começassem a ver o console da Nintendo com não tão bons olhos. Está certo que em 2010 o Wii recebeu uma boa quantidade de jogos mais tradicionais como Mario Galaxy 2, Donkey Kong Country Returns, GoldenEye 007 e outros, mas se a chegada destes foi tão bem vinda é porque eles realmente estavam fazendo falta.

É também verdade que o Wii (e os consoles da Nintendo em geral) não é conhecido particularmente por ter muitos jogos “adultos”. Vou deixar já bem claro que eu sou completamente contra a ideia de que jogos como Mario são para crianças simplesmente porque tem gráficos coloridos e pouca violência. Pelo contrário, se eu tivesse que escolher entre jogar um novo Mario e um novo Resident Evil, por exemplo, eu escolheria o Mario sem pensar duas vezes. Mas eu concordo que jogos “adultos” como Resident Evil, Dead Space, Devil May Cry e tantos outros também tem os seus atrativos e que os consoles da Nintendo tem uma grande falta deles, em comparação aos concorrentes.

Para que o Project Cafe seja o enorme sucesso que esperamos, ele tem que saber reconquistar o público hardcore, com uma boa dose de jogos complexos, tradicionais e “adultos”. Um console extremamente poderoso, um serviço online decente e um grande apoio de third-parties sem dúvida alguma farão com que essa necessidade seja rapidamente sanada.

Entretanto...

... o público casual não deve ser esquecido! Como eu falei, mesmo não agradando a todos, a Nintendo fez um trabalho excepcional com o Wii e sua proposta de diversão para toda a família. Foi uma jogada tão boa, aliás, que a Microsoft e a Sony no fim das contas se viram obrigadas a seguir o mesmo caminho. Todo esse território conquistado com o Wii não pode ser perdido e a Nintendo precisa fazer o possível para agradar jogadores hardcore e casuais.

Tudo indica que...

... haverá diversão para todos. Muitos rumores sobre o novo console indicam que a Nintendo está determinada em reconquistar até o jogador mais hardcore. Por outro lado, se for verdade que haverá uma retrocompatibilidade com os jogos do Wii, isso significa que a Nintendo ainda quer aproveitar os controles sensíveis a movimento. Nesse caso, podemos esperar não apenas poder jogar os jogos de Wii, mas também que novos jogos que utilizam a tecnologia continuem a ser desenvolvidos, o que por sua vez quer dizer que continuaremos a poder nos divertir com os amigos e a família com muitos jogos casuais.

Tenho o console, mas... cadê os jogos?!?

Principalmente caracterizado pelo: 3DS

Ligar um novo console pela primeira vez é uma experiência única, não é mesmo? Ver o logo do videogame aparecendo pela primeira vez, prometendo um novo mundo de inimagináveis possibilidades... a sensação é melhor ainda na posse de um jogo épico para estrear o console, como o Super Mario World no SNES, o Super Mario 64 no N64 ou o The Legend of Zelda: Twilight Princess no Wii. Já para o 3DS temos o... ahn... hmm... Nintendogs + Cats? Tudo bem, houve alguns outros jogos, como Pilotwings Resort e Steel Diver, mas nenhum grandioso o suficiente para elevar ao máximo a empolgação pelo novo portátil. Está certo que o próprio 3DS já vem com uma boa dose de diversão incluída, com o editor de Miis e, principalmente, os jogos de realidade aumentada. Mas, novamente, por mais divertido e inovador que sejam, são “brincadeiras” casuais, que não prendem por tanto tempo quanto um jogo tradicional.

Dentre os títulos de lançamento, o melhor certamente foi o Super Street Fighter IV 3D Edition mas, além se ser um jogo de luta (que atrai bem menos gente do que um de aventura, por exemplo), ele nem sequer é da Nintendo. Cadê o Mario ou o Link para nos dar as boas vindas? Ora... Ocarina of Time 3D está prestes a ser lançado e a expectativa por ele é imensa. Será que não valia a pena segurar um pouco o lançamento do 3DS para que a versão remasterizada de um dos maiores clássicos da Nintendo estivesse disponível logo de cara? Imagine quão maior teria sido o impacto da chegada do 3DS se isso tivesse acontecido! Ou então, pelo menos o navegador de internet e o Nintendo eShop, o serviço para download de novo conteúdo online, poderiam ter acompanhado a chegada do portátil. Mas nem isso aconteceu, e o serviço vai entrar no ar somente agora, dia 6 de Junho. O 3DS sem dúvida há de se recuperar rapidamente, com a chegada de excelentes jogos. Mas ele também ficará marcado pela sua chegada fraca e isso não é muito bom.

Baseado nessa experiência do 3DS, é importante que o sucessor do Wii chegue às lojas acompanhado de pelo menos um jogo com nome forte para que o interesse pelo novo console seja alto desde o começo. E não precisa ser, necessariamente, um jogo completamente novo. O DS, por exemplo, já se deu muito bem com o Super Mario 64 DS, um remake do jogo para o N64. Ou então, vejamos o exemplo do Wii, que foi lançado junto com o The Legend of Zelda: Twilight Princess, que nada mais era do que uma adaptação do jogo para GameCube. Quem havia acabado de comprar um Wii podia, então, ter uma diversão mais casual com jogos como Wii Sports e WarioWare Smooth Moves, que aproveitavam ao máximo os novos recursos do console, mas podia também se entreter por várias horas, de uma forma mais tradicional, com Twilight Princess. Isso foi, sem dúvida, um dos grandes contribuintes para a forte estréia do Wii. Se o Project Cafe terá gráficos HD, seguir uma estratégia semelhante a esses exemplos será fácil, já que o simples fato de poder jogar um grande clássico da Nintendo em alta definição atrairia muita gente. Que tal, por exemplo, uma compilação de Mario Galaxy e Mario Galaxy 2, com gráficos em alta definição? E, se eles realmente quiserem caprichar, a Nintendo poderia muito bem iniciar a vida do Project Cafe com um novo Smash Bros., nos moldes do que foi feito no GameCube, com o Super Smash Bros. Melee sendo lançado apenas alguns dias depois do console.

Entretanto...

... não queremos ver todas as melhores cartas sendo jogadas de uma vez! Disponibilizar um ou dois jogos de peso na estréia do console, somado a mais alguns bons jogos de third-parties já é o suficiente para fazer o console ser vendido que nem água ao chegar nas lojas. Mas os lançamentos deve ser bem distribuídos, de forma a não deixar longos períodos sem a presença de novos jogos importantes.

Tudo indica que...

... não temos como saber o que vai acontecer ainda, já que nada foi falado sobre os jogos do novo console. Provavelmente, depois da E3 2011, poderemos especular melhor. Vamos torcer para que a falha com o lineup inicial de jogos para o 3DS sirva como uma lição para o Project Cafe.

Esta é uma festa privada

Principalmente caracterizado pelo: Wii

Embora jogos das séries próprias da Nintendo, como Mario, Zelda, Pokémon e Metroid sejam lindos e maravilhosos, não podemos negar que uma boa participação de outros desenvolvedores é crucial para o sucesso de um console. Também não podemos negar que, dos últimos anos pra cá, a Nintendo tem ganhado uma certa fama de “anti third-party”. A biblioteca de jogos para Wii, WiiWare e DSiWare são exemplos concretos disso. Seja pela dificuldade em adaptar os jogos de outras plataformas ou por restrições excessivas, as empresas third-parties têm sofrido para lançarem seus jogos em tais plataformas da Nintendo, muitas vezes optando por não fazê-lo... e, quando o fazem, frequentemente vemos resultados não tão satisfatórios.

O Project Cafe precisa corrigir urgentemente esse problema, pois muitos acabam dando preferência para outros consoles pelo fato destes contarem com jogos e séries que simplesmente não chegam no mundo da Nintendo. O que queremos ver é uma participação intensa de empresas como Capcom, Konami, Square-Enix, Ubisoft, EA e muitas outras. Outro rumor que tem corrido sobre o novo console diz que a Nintendo está planejando focar exatamente nisso com o sucessor do Wii, procurando facilitar ao máximo a vida dos third-parties. Supostamente, adaptar jogos de outras plataformas vai ser uma tarefa mais fácil do que jamais foi vista. Isto, na minha opinião, é um dos aspectos que mais temos que torcer para ser verdade. Afinal, quem não adoraria ver um Final Fantasy XV, Kingdom Hearts III, Resident Evil 6 ou Assasin’s Creed III para o novo console da Nintendo?

Entretanto...

... também queremos ver muitos jogos first-parties de qualidade! É claro que uma participação mais forte de third-parties não pode, de maneira alguma, significar uma presença menor de Mario, Link, Samus e demais mascotes da Nintendo.

Tudo indica que...

... tempos muito bons vem por aí. Mesmo essas características do Project Cafe estando ainda na base dos rumores, a própria Nintendo já afirmou que pretende fortalecer os laços com as third-parties, admitindo a extrema importância disso. O eShop, que começará a poder se acessado pelo 3DS no dia 6 de Junho, também promete derrubar muitas das restrições que antes limitavam tanto o desenvolvimento de jogos para WiiWare e DSiWare.

Uma boa ideia... mas para o futuro

Principalmente caracterizado pelo: Virtual Boy

Quando se trata de inventar novas maneiras de interação nos videogames, a Nintendo é especialista no assunto. Quantos acessórios e tecnologias inusitadas a Big N já não jogou no mercado, muitos dos quais acabaram levando a verdadeiras revoluções no mundo de games? Entretanto, se a ideia parece incrível demais para a tecnologia atual, deve-se considerar seriamente se não é isso mesmo e se não seria melhor arquivá-la para ser melhor aproveitada no futuro. No ano de 1995, a Nintendo propôs, com o Virtual Boy, o conceito de um videogame com gráficos tridimensionais estereoscópicos que, para a época, parecia coisa de filme de ficção científica. Embora a iniciativa tenha seus méritos, pela tentativa de inovação, a Nintendo deveria ter pensado que, se para atingir seus objetivos, era necessário comprometer os gráficos a ponto de trabalhar com uma “linda” escala de cores de apenas preto e vermelho e transformar o suposto portátil em uma monstruosidade extremamente desconfortável e anti-social... isso provavelmente significava que ainda não era o momento de investir no 3D estereoscópico. Claro que não deu outra e o Virtual Boy é, hoje, provavelmente o maior fracasso da Nintendo. A ideia foi precipitada em uns quinze anos, aparentemente, já que apenas agora, com o 3DS, é que a tecnologia permitiu se chegar a bons resultados com o 3D.

Como isso se encaixa no Project Cafe? Bom, não queremos que a Nintendo repita o erro de Virtual Boy e se arrisque com uma ideia precipitada para qual o mundo tecnológico atual talvez ainda não esteja preparado. Com isso, eu não me refiro simplesmente a que algum recurso revolucionário acabe comprometendo outros aspectos do novo console, como foi o caso do Virtual Boy. Não, um fator extremamente importante é, também, o preço. Não adianta a Nintendo inventar este controle ultra high-tech, com tela embutida HD, câmera, touchscreen, com capacidade de receber informações do jogo e não sei mais o quê, se isso fizer com que um simples controle custe, sei lá, 150 dólares, por exemplo. Por mais maravilhoso que o console seja, será que as pessoas estariam dispostas a gastar tanta grana? Só quem for rico mesmo, com certeza. Analisando esses rumores do controle, algumas pessoas estão apostando que haverá um outro tipo de controle mais “tradicional”, de forma a não obrigar o jogador a depender do “controle-portátil”, ou pelo menos, não para cada jogador. Mesmo se for assim, espero que a Nintendo tenha feito os planos com cautela, porque se o tal controle realmente for o principal atrativo do sucessor do Wii, naturalmente todos vão querer tê-lo e um preço elevado demais pode ser um verdadeiro problema e significar que a ideia simplesmente não veio na época certa.

Entretanto...

... buscar inovações é sempre muito bom. A Nintendo sempre se destacou das demais empresas por ser a que mais se arrisca com novas tecnologias. No caso do Wii, por exemplo, deu muito certo. Portanto, esperamos sim que a Nintendo nos surpreenda com uma nova ideia revolucionária... desde que isso não comprometa outros aspectos ou o preço do console.

Tudo indica que...

... o Project Cafe trará, de fato, grandes inovações. Quais elas serão exatamente e se elas trarão alguma consequência não tão agradável, só esperando a revelação oficial para saber.

Vou jogar online com a galera!... só preciso escrever estes 20 friend codes...

Principalmente caracterizado pelo: Wii

Quer fazer um experimento social interessante? Vá para um lugar cheio de gente (gente que tenha conhecimento sobre videogames, de preferência), e grite: “quem gosta de friend codes levanta a mão!”. Posso lhe garantir que, não apenas ninguém levantará a mão, mas também que existe uma possibilidade não muito remota de que você seja linchado. Se, por acaso, alguém levantar a mão, é bem provável que seja uma pessoa esquisita vestindo uma camiseta com uma frase do tipo “L is real 2401”. Pois é, os friend codes do Wii realmente conseguiram irritar muita gente. Afinal, quem gosta de ter que ficar digitando códigos enormes pra adicionar amigos? E pior, fazer isso pra cada jogo, com códigos diferentes! Enquanto os consoles concorrentes apostavam em serviços online robustos e cheios de recursos, com o Wii, a Nintendo parece não ter dado muita importância a isso, mesmo em uma época onde a jogabilidade online tem ganhado cada vez mais popularidade, o que acabou se tornando outro fator negativo para o branquinho da Big N.

O 3DS melhorou um pouco esse cenário, mas ainda não completamente. Friend codes ainda existem e são necessários para se jogar online com os amigos, mas agora os códigos são únicos para todos os jogos. Ou seja, você entra com o código de um amigo uma única vez e, a partir dali, você poderá jogar online com ele qualquer jogo que ambos tenham. É um grande avanço, mas precisa melhorar mais. O que realmente queremos é algo simples e fácil, no estilo das redes sociais: um serviço onde se possa visualizar e localizar pessoas facilmente e adicioná-las como seus amigos com um simples clique de um botão. Nada de códigos horríveis.

O Project Cafe precisa continuar essa melhoria no serviço online da Nintendo, de preferência exterminando os friend codes de uma vez por todas. É extremamente importante também que a Nintendo dê mais espaço para mais jogos online, algo que ficou também enfraquecido no Wii, sendo que Monster Hunter Tri é um dos poucos exemplos de um jogo de Wii bem sucedido que é fortemente focado na jogabilidade online. Certamente, uma coisa está amarrada a outra: um serviço online mais robusto e amigável sem dúvida levará a mais jogos que se aproveitam disso. Deve-se também encontrar uma boa forma de concorrer com os jogos casuais dos iPhones e iPads da vida, com seus custos baixíssimos. Quanto a isto, o 3DS também já está dando um grande passo, com preços de jogos e aplicativos agora baseados em moeda corrente (não mais “Nintendo Points”) e mais variáveis.

Entretanto...

... algumas coisas precisam permanecer. Nem todas as opções tomadas pela Nintendo quanto a serviços online foram um erro. Enquanto os serviços da Microsoft, a Sony e a Apple requerem que o usuário se cadastre passando informações de endereço e até cartão de crédito e, em alguns casos, até restrinjam o conteúdo dependendo da localização, a Nintendo optou por uma alternativa mais livre. Informações do cartão de crédito são necessários apenas na hora de fazer algum download e, tendo um console americano, o conteúdo da loja online não será diferente se você mora no Brasil ou no Estados Unidos. Será que uma conciliação entre um serviço mais robusto, mas ainda sem muitas restrições é possível? Vamos torcer para que a Nintendo encontre a forma ideal de alcançar isso.

Tudo indica que...

... a coisa continuará melhorando. O 3DS já deu alguns primeiros passos em direção à melhorias, mas ainda há muito o que fazer. Se o Project Cafe realizará todos os nossos sonhos de serviço online? É muito cedo para dizer ainda, mas, por via das dúvidas, melhor não colocar as expectativas alto demais.

Agora é esperar pela semana que vem e ver que surpresas sobre o Project Cafe serão revelados na E3 2011!

 

E você, leitor, que outro erro acha que a Nintendo precisa saber evitar com o seu próximo console?