Em julho de 1998, os Membros do Bravo Team da Special Tactics and Rescue Service (S.T.A.R.S.), em uma missão de reconhecimento e elaboração de relatório são enviados à floresta Raccoon, devido a registros de acontecimentos incomuns na área. O grupo Bravo Team perde o contato com a base de comando. Albert Wesker, o responsável pelo grupo S.T.A.R.S., convoca o Alpha Team com a missão de restabelecerem o contato com o grupo desaparecido. Ao chegarem à floresta, o grupo Alpha Team identifica o helicóptero do Bravo Team em chamas, desce até o local do acidente e não encontra ninguém. Quando, de repente, um agente do grupo é atacado por um “monstro”. Assustados com a situação, o restante do grupo foge em disparada e procuram abrigo dentro de uma mansão, aparentemente abandonada.Com este prólogo, a Capcom principiava uma das séries de jogos de terror de sobrevivência mais aclamada e aterrorizadora do universo dos games. A popular série conhecida como Resident Evil foi lançada em 1996 para o Playstation e alguns anos mais tarde, em 2002, o GameCube da Nintendo ganhava um remake mais apavorante que o original.
Tenha medo, tenha muito medo
“É muito mais assustador que o original do Playstation. Nossa estratégia básica foi a de manter os conceitos básicos da versão Playstation intactos e refazer todo o resto. Nós mudamos o jogo em termos de volume e qualidade. Isso significa mais salas, mais mistério, mais monstro, além de som e gráficos totalmente novos. Não existe nada da versão antiga que não foi mexido.” Essas foram às palavras do produtor da Capcom, Hiroyuki Kobayashi, responsável pelo remake de Resident Evil para o GameCube.
Todas as mudanças feitas em Resident Evil contribuíram para ressaltar um dos elementos mais importantes do jogo: sua atmosfera assustadora. Se o fator medo era extremamente alto na versão original, no GameCube, ele se elevou ao máximo. Todos os elementos continuam presentes nesta versão do jogo: os personagens, os zumbis, os quebra-cabeças, os cachorros, os corvos, as portas, as ervas, etc., mas os detalhes presentes em cada um dos elementos do jogo são excepcionalmente dotados de um realismo incrível. Seja a luz florescente que pisca na cozinha empoeirada; a teia de aranha que balança presa no lustre do teto; moscas que sobrevoam as carnes apodrecidas; a cortina que balança com o vento que entra pela janela; a neblina que encobre o cemitério; os reflexos distorcidos na água; as correntes enferrujadas que prendem um caixão em uma caverna; sombras que parecem zumbis refletidos em paredes frente a uma janela... Cada detalhe amplia a interação do jogador com o próprio jogo, aumentando assim a atmosfera sombria de Resident Evil.
As mudanças radicais
Enquanto a versão do Playstation foi feita com pinturas estáticas e o único movimento era dos personagens e vilões, a versão do GameCube foi feita com backgrounds animados, explorando, além do movimento, os efeitos de luzes e sombras. Além do visual, o som e a música foram alguns dos outros elementos totalmente refeitos no jogo, para aproveitar o máximo do hardware do console da Nintendo.
Originalmente a Capcom só tinha planejado fazer alterações estritamente técnicas para a versão GameCube. Contudo, a equipe responsável pela produção acabou preferindo adicionar mais emoção (medo) e com isso decidiram reestruturar completamente o remake, quase que criando um “novo” Resident Evil.
Com essa ideia em mente, os responsáveis pelo jogo fizeram modificações no mapa da grande mansão e nas demais áreas do jogo. Eliminaram quase todos os desafios e os substituíram por outros mais intrigantes, apesar de que algumas tarefas continuam iguais. Os personagens ganharam nova roupagem - e até os vilões e inimigos ganharam seus diferenciais tanto na aparência quanto na mecânica do jogo. Isso sem contar a presença de novos finais para o enredo, resultando em um total de 10 finalizações distintas.
Uma nova experiência
É interessante observar que a Capcom teve todo um cuidado com essa reformulação de Resident Evil, com a proposta de oferecer uma nova experiência para os novos adeptos da série e também para os veteranos.
O jogador tem a possibilidade de escolher jogar com Chris Redfield ou Jill Valentine, cada um com suas habilidades e grau de dificuldade específica. Dessa vez os personagens encontram itens de defesa (arma de choque, adaga, granada) para ajudá-los na sobrevivência. Essas armas secundárias devem ser utilizadas principalmente quando um dos inimigos se aproxima demais do herói, aumentando as possibilidades dos confrontos. Antes tal situação não tinha escapatória, e os jogadores recebiam o dano ou a morte.
“Se você acha que sabe exatamente onde e quando aquele maldito cachorro pulará pela janela, pode esquecer! Então mudamos isso. Você imagina que algo vai acontecer onde existiam inimigos no original, mas agora pode ser que nada aconteça. Por outro lado, algo pode acontecer, onde não havia nada no jogo anterior.” – Hiroyuki Kobayashi.
“Se você acha que sabe exatamente onde e quando aquele maldito cachorro pulará pela janela, pode esquecer! Então mudamos isso. Você imagina que algo vai acontecer onde existiam inimigos no original, mas agora pode ser que nada aconteça. Por outro lado, algo pode acontecer, onde não havia nada no jogo anterior.” – Hiroyuki Kobayashi.
Se os heróis ganharam mecanismos de defesa, os inimigos ficaram mais fortes. Os cães estão muito mais ferozes e rápidos e são extremamente perigosos quando andam em bandos. Os clássicos zumbis, realmente podem ser derrubados com apenas um tiro certeiro em suas cabeças, mas isso não quer dizer que eles irão morrer. Eventualmente, após algumas horas, o zumbi irá se levantar, e estará muito mais enfurecido. Essa nova geração de mortos-vivos ficou conhecida como Crimson Heads. Essa espécie é muito mais violenta, de coloração avermelhada, é mais rápida, rasgam com suas garras e expelem ácidos pela boca. E para evitar que os zumbis sofram essa mutação de lerdos e tradicionais para os Crimson Heads, é necessário incendiar os corpos desfalecidos, tornando necessário adicionar o isqueiro e o funil de querosene ao seu arsenal no seu percurso.
E não são apenas os zumbis e os cachorros que o jogador encontrará pelo caminho. No remake de Resident Evil para GameCube o jogador encontrará inimigos muito mais cruéis, como a cobra gigantesca, os Hunters, o tubarão baleia, a planta carnívora e os exclusivos: Zumbi Rei e Lisa Trevor.
A versão para o Wii
O Wii também ganhou essa versão da enorme reformulação feita exclusivamente para o Game Cube, que mostra todo o princípio dessa franquia de sucesso da Capcom e que se tornou sinônimo para jogos de terror. No Nintendo Wii, o jogo ficou conhecido como Resident Evil Archives: Resident Evil, sendo o mesmo do GameCube. A única diferença foi nos controles que sofreram reformulação para se adaptarem no Wii Remote.
Reviva seu medo
Resident Evil para o GameCube é um game totalmente diferente do original, que oferece um ambiente e uma atmosfera assustadora únicas, colocando o jogador sob um constante sentimento de desconforte e pressão, completando sua imersão no game. Toda a modificação e melhoria técnica que o jogo recebeu contribuem significativamente com o fator replay e o que torna uma experiência bastante diferente comparada ao original. Resumindo, o remake de Resident Evil para o GameCube é uma oportunidade de reviver (ou viver) seus mais profundos medos.