Prévia: The Last Story (Wii)

em 21/01/2011

Final Fantasy . The Last Story . Nomes parecidos, pertencentes ao mesmo gênero e filhos do mesmo pai. Mas engana-se quem pensa que a semelha... (por Gustavo Assumpção em 21/01/2011, via Nintendo Blast)

the-last-story0Final Fantasy. The Last Story. Nomes parecidos, pertencentes ao mesmo gênero e filhos do mesmo pai. Mas engana-se quem pensa que a semelhança para por aí. Se lá na década de 80 Hironobu Sagakuchi revolucionou os RPGs com sua criação máxima, o designer pretende repetir a dose, mais de duas décadas depois. Mas a grande questão é: será que The Last Story possui potencial para se tornar um game diferenciado dentro de um gênero que já conta com inumeráveis títulos?

É isso que conheceremos a seguir nessa prévia, onde passaremos pelo processo de criação, o sistema de batalha inovador, a utilização fabulosa do hardware do Wii e o enredo, desse que pode ser o melhor RPG que apareceu no Wii até hoje.

A última das histórias

The Last Story é o oitavo projeto da Mistwalker, equipe formada por Hironobu Sagakuchi em 2004. Nesse tempo, o designer se dedicou quase que exclusivamente ao gênero que o consagrou: os RPGs. Além da série Blue Dragon, ainda se arriscou com Lost Odyssey, o estranho Away Shuffle Dungeon e o estratégico ASH: Archaic Sealed Heat – que nunca chegou ao ocidente.

Mas é bem visível que a maturidade da equipe de desenvolvimento só foi atingida agora. E é bem satisfatório que essa mudança tenha acontecido justamente no momento em que o estúdio desenvolve seu primeiro game para o Wii. The Last Story é desenvolvido em conjunto com a AQ Interactive, um time também sem grandes acertos.

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Pois bem, o desenvolvimento de The Last Story começou há alguns anos. Inicialmente, a revelação desse projeto aconteceria em 2009, mas Sakaguchi acabou realizando o anúncio somente no ano passado – apenas alguns meses antes do lançamento japonês. O desenvolvimento também conta com ajuda e supervisão da Nintendo, que durante nove meses ofereceu suporte no que mais foi necessário.

É interessante observar que há muito tempo Sakaguchi não parecia tão empolgado com um projeto. O designer chegou a mencionar recentemente que nunca esteve tão envolvido no desenvolvimento de um game como agora – mostrando que se depender do empenho do designer, boas surpresas estão a caminho.

A emoção humana

Em entrevista, Satoru Iwata mencionou que o tema principal de The Last Story é a emoção humana. Para isso, foi adotada uma trama com viés político – sem esquecer os personagens fortes e cheios de carisma.

last_story_art_030O game se passa em Ruli Island, que é governada pelo Conde Alganan. É nessa ilha que Elza e um grupo de mercenários chegam em busca de trabalho. Elza é o protagonista do game, que perdeu sua família e se tornou um caçador de recompensas para sobreviver, apesar de sonhar se tornar um cavaleiro.

Na aventura, Elza terá a companhia de Kanan, a heroína do game. Misteriosa e de origem nobre, ela é orfã e sonha em explorar o mundo – o que se torna complicado já que é superprotegida pela família. O líder do grupo dos mercenários é Quark, responsável por negociar os trabalhos. Ele possui uma relação fraternal com Elza, já que eles sempre viajaram juntos desde a juventude.

O game ainda vai nos apresentar para Seiren, um sujeito boca-suja, mas extremamente atencioso; Yuris, o mais jovem membro do grupo e especialista em magia; Chacal, um mago habilidoso que se comporta como uma espécie de pensador; Manamia, o curandeiro amante da floresta; General Trista, o mais poderoso oficial do Exército Imperial; Tasha, cavaleiro habilidoso e aluno de Trista… e isso só pra começar.

Como já deu pra perceber, a aventura começa com a chegada do grupo em Ruli Island. Logo nesse primeiro momento, o “bondoso” Arganon (responsável da ilha) arranja um trabalho para todos. Elza e seu grupo pensam que está é a oportunidade de deixar de lado a vida incerta de mercenário em favor de uma vida mais estável, como um cavaleiro respeitado. É nesse momento que a aventura começa.

Um RPG que une tradição e inovação

Basta observar por alguns momentos para perceber que The Last Story vai unir elementos presentes em outros RPGs com ideias originais. Do esquema tradicional do gênero vem a exploração enfadonha de dungeons, o upgrade de equipamentos, a progressão da história de maneira quase linear e os personagens com relações interligadas.

Só que ao mesmo tempo, o game consegue oferecer elementos diferenciados. Curiosamente a maioria delas está ligado ao sistema de batalha – que é, em uma palavra, incrível. Esqueça as ações repetitivas e as batalhas enfadonhas. Aqui, cada combate possui suas especificidades e pode ser enfrentado de maneira diferente. Cada personagem pode ser posicionado em um local específico, cabendo ao jogador ordenar a sua localização. Uma linha colorida indica a função dos membros do seu time e dos inimigos (amarela para os lutadores, roxa para os arqueiros e vermelha para os magos).

last_story_art_047As batalhas são realizadas completamente em tempo real e possuem um elemento importantíssimo: o cenário. Na imagem que você pode ver ao lado, por exemplo, Elza está mirando em uma ponte, que será derrubada juntamente com alguns inimigos, causando dano nos mesmos. É possível se movimentar livremente pelo campo de batalha e assim traçar estratégias. Vários elementos interativos estarão presentes.

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Entre os mecanismos de batalha, existe o Gathering (acima). Esse elemento é responsável por atrair a atenção dos inimigos. 

Na imagem é possível perceber o herói chamando a atenção e distraindo os inimigos enquanto a heroína se prepara para desferir um ataque mágico do outro lado. A linha azul presente na imagem (chamada ‘Pointer’) mostra onde está o foco do oponente e sua cor (como já foi mencionada aqui) indica o tipo de inimigo. Parece complicado, mas Sakaguchi garante que o sistema é bem prático, apesar de complexo. Por isso, será necessário manter a atenção para conseguir  aproveitar essa possibilidade a seu favor.

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Outro mecanismo interessante é o Magic Circle, ou seja, áreas onde o jogador utilizou uma magia específica. Ao utilizar uma magia, será possível que outros personagens aliados se utilizem do seu poder para incrementar armas e defesas, por exemplo. Durante a execução das magias, aquele membro do grupo que as estiver utilizando ficará indefeso. Será necessário usar o Gathering para chamar a atenção dos inimigos para outro local e evitar que o mago seja atingido.

Também é possível dirigir a atenção dos seus personagens para um inimigo específico, mudando o foco e assim conhecendo suas fraquezas e habilidades. Isso evidencia a preocupação de Sakaguchi para tornar o sistema de jogo profundo e adaptável a cada tipo de jogador. Com liberdade de movimentação e uma gama imensa de movimentos executáveis, o jogador vai se sentir muito mais participativo – e mais que isso, vai se sentir tentado a sempre elaborar uma estratégia diferente.

 

Imensidão de possibilidades

Sakaguchi já revelou que a jornada principal vai durar cerca de 30 horas. Para alguns, esse é um tempo relativamente curto para um RPG japonês. Só que o que é preciso ser levado em consideração é que The Last Story possui um completo modo online.

Serão duas opções diferentes: um cooperativo de lutas contra monstros e um ‘cada um por si’ com limite de tempo. Será possível que até seis players se enfrentem ou cooperem simultaneamente. Os jogadores poderão utilizar os mesmos personagens da jornada principal – e isso incluiu suas características próprias. Se escolher um mago, executar magias será sua função dentro do campo de batalha – e assim sucessivamente.

Também foi revelado um sistema de customização de itens. Cada personagem possui armadura para a parte de cima e de baixo do corpo e de diferentes tipos como ‘Pena’, ‘Pesada’ e ‘Caçador’. Isso determina não somente a aparência do personagem, mas também as habilidades da armadura.

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Interessante é que o jogador terá a possibilidade de remover partes individuais da armadura, alterando a aparência. Também será possível pintá-las a partir de tintas que você precisa criar usando itens coletados no game. Vale lembrar que a pintura se aplica a seções da armadura e não pedaços individuais.

Por fim, é interessante perceber um grande apreço pela parte técnica. Além de um visual bonito e chamativo – cheio de detalhes, efeitos e ricos em animações – o game ainda terá trilha sonora composta por Nobuo Uematsu. Acho que nem precisa mais dizer que essa será um dos destaques do game, não é?

The Last Story se mostra a cada dia como um dos games mais apaixonantes do Wii. No Japão, o lançamento está marcado para o próximo dia 27 de janeiro. Nos Estados Unidos, nada foi confirmado – segundo a Nintendo o processo de localização seria difícil e trabalhoso. Resta torcermos para essa belezinha aparecer por aqui – tenho certeza que os amantes de bons RPGs não vão reclamar.


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