Não é novidade pra ninguém que a série Dragon Quest talvez seja a mais importante para os japoneses. Cada lançamento de um novo game da franquia é um acontecimento grandioso, que deixa os fãs alvoroçados. O último dos games a pisar no DS foi o remake do sexto game da série, originalmente lançado para o SNES, e ainda inédito no ocidente. Para alguns, esse é o melhor game da franquia. Exagero? Definitivamente não, e saiba porque a seguir.
Revelações em duas telas
Originalmente, Dragon Quest VI Realms of Revelation foi lançado em 1995. Naquele ano, a sexta versão da série da Enix alcançou 3,2 milhões de unidades vendidas, conquistando o título de game mais vendido naquele ano em terras japonesas. Esse fato se torna ainda mais incrível se lembrarmos que ele foi lançado pelo preço exorbitante de de 11.970 ienes (cerca de 100 dólares). Isso mesmo, um dos games mais caros da geração 16 bit.
Só que, curiosamente, essa sexta versão nunca foi traduzida para o inglês. Uma versão ocidental chegou a ser anunciada, mas acabou cancelada devido a baixa penetração da Enix por aqui. Felizmente, esse “pecado” vai ser redimido agora em fevereiro, quando o ocidente finalmente vai poder experimentar essa aventura. É no dia 14 que chega as lojas o remake do game para o DS, lançado ano passado no Japão.
O game começa com o herói principal (como sempre sem nome), Milly e Carver encontrando Murdaw, o demônio do castelo real. Derrotado quase que imediatamente pelo monstrengo, nosso herói acorda em Lifecod (sua cidade natal), sem lembrar de nada do que aconteceu. A única pista é que Tania, uma menina moradora do local, insiste que é seu irmã. A aventura então se desenrola, contando as peripécias do personagem principal em sua busca por descobrir sua identidade – isso se uma confusão entre portais, que conectam dois mundos paralelos, permitir.
Além do herói principal, a aventura ainda conta com Carver, lutador e filho de carpinteiros que redescobre seu passado; Milly, a clériga especialista em curas e magias; Ashlynn, o misterioso sorcerer que esconde sua infância; Nevan, mago com grande importância no desenrolar da história; Amos, o protetor de monstros; Terry, que muda de lado ao longo da jornada; Dorango, um monstro/ besta que acaba fazendo parte do grupo dos personagens principais e Rookie, um ser que entra na equipe de forma misteriosa.
Dragon Quest VI tem como principal elemento da jogabilidade a presença de dois mundos diferentes onde a aventura se desenrola: o Real World e o Dream World. Cada um possui especificidades particulares – semelhante ao esquema Light/ Dark World de Zelda: A Link to the Past. Além disso, o jogador vai ter que se acostumar com as constantes amnésias do personagem principal – que além de ser um fio condutor importante para a história, ainda garante uma série de reviravoltas.
Uma aventura grandiosa
Assim como os demais games da série, Dragon Quest VI foi dirigido por Yuji Horii e contou com Akira Toriyama cuidando do designer de personagens e monstros. O traço característico acaba evidenciando um apreço pela tradição – que também é bem visível no ambiente de jogo em si. Todo o game tem aquele estilo meio medieval que os fãs tanto curtem – sem esquecer aquele toque de anime tão característico. O visual, aliás, ganhou toda uma repaginada, adotando um estilo bem parecido com o que já foi visto nos remakes de DQ IV e DQ V: muitas cores, cenários tridimensionais e animações bem realizadas.
Assim como outros games da franquia, esse é um típico RPG por turnos, com batalhas aleatórias e sistema de classe para os personagens. Através desse sistema, é possível conseguir uma gama intensa de habilidades e magias diferenciadas – tudo para conseguir deixar aquele seu personagem favorito da maneira esperada.
Assim como em DQ III e DQ VII, o sistema de classes permite que o jogador altere a classe inicial sem perder as características pré-adquiridas. Assim que o personagem entra no grupo, o jogador tem a opção de escolher uma das várias classes iniciais. Mais pra frente será possível transformar-se em uma classe híbrida. Por exemplo, um soldado que ganhe características de um lutador se torna um Battlemaster. Nem todas essas classes avançadas estão disponíveis de cara – por isso é preciso destravá-las ao se cumprir ações pré-determinadas.
Se a aventura prima pela tradição – tanto na progressão da história como na jogabilidade – é interessante observar que há a presença de alguns elementos que ampliam a experiência de jogo. Um exemplo claro disso são os dois minigames presentes dentro da jornada principal: Slime Arena and Best Dresser Contest. Eles são tão complexos que funcionam como um importante escape naqueles momentos em que a aventura se tornar muito repetitiva ou pouco atraente.
Além disso, ainda há a presença de quests paralelas opcionais – tudo para ampliar a experiência de jogo. Também é possível trocar dados entre dois Nintendo DS e conseguir recompensas com isso.
O valor da tradição
Para alguns, esse sexto episódio é considerado o melhor game da franquia. Certa vez, a revista Game Pro chegou a eleger Dragon Quest VI como um dos dez melhores games lançados exclusivamente no Japão. Tamanha recepção vem do fato desse ser um dos mais longos e complexos games da franquia, com uma história bem construída, personagens carismáticos e muito desafio – principalmente se você for fã de RPGs tradicionais.
Dragon Quest VI: Realms of Revelation bebe da fonte da tradição e por isso mesmo é um daqueles games feitos sob medida para os fãs mais tradicionais. Isso não significa que jogadores que não estão tão familiarizados assim com o gênero não vão gostar, muito pelo contrário. É uma oportunidade das mais únicas. Só lembrando que o game já tem data para chegar ao mercado americano: 14 de fevereiro.