Ju-on: The Grudge é um survival horror baseado no filme homônimo lançado em 2004 (conhecido no Brasil como ‘O Grito’). O game prometia um tipo diferente de terror, onde objetos do cenário te assustariam, mas na realidade passa muito longe disso e está abaixo da média.
João: O Grudento
Vamos direto ao ponto: o trailer no início mostra cenas do filme. Ao iniciar uma partida, você precisa escolher entre um homem e uma mulher e o seu signo, que não interfere em nada na história, apenas serve como pretexto para fazer uma avaliação ao final de cada fase. Na sequência, o jogo começa com algumas frases e um cachorro entrando em um armazém abandonado. E como até este ponto, você não entendeu bulhufas do que está acontecendo, nós vamos contar como a história é dividida.
Quando uma pessoa morre com rancor, uma maldição nasce. Uma dona de casa foi assassinada cruelmente e deu origem a uma maldição tão poderosa que ameaça matar a um ritmo inimaginável. Esse poder maligno se manifesta em qualquer um que entrar em contato com alguém que já está amaldiçoado ou ao entrar na casa. Então, Erika Yamada é exposta a maldição enquanto procura seu cachorro em um armazém abandonado e agora, sua família inteira corre perigo. Resta enfrentar o medo e sobreviver.
O jogo é dividido em episódios, cada um jogado com um personagem diferente para que você veja sob uma outra perspectiva. Mas não muda tanto assim… aliás, não muda nada.
Vai te assustar (no sentido figurado)
Se você espera muito do jogo, vai se desapontar. Primeiramente, ao entrar na fábrica, que é a primeira fase, perceberá um visual feio, escuro e não muito inspirado ou detalhado, deixando o jogador perdido. Para quem está acostumado com Resident Evil (cadê a arma?), Silent Hill (qual o botão para correr?) ou Fatal Frame (como acabar com os fantasmas?), Ju-on fica (e muito) para trás. Não há armas, seu personagem não corre – isso mesmo, não corre – e não é possível matar os fantasmas que te assustam e atacam. O que te resta? Utilizar SÓ o Wii Remote para andar, interagir com objetos e sobreviver. Porém, até o controle não ajuda.
O botão B serve para seu personagem caminhar como um lesma (tome um café, pois até chegar ao objetivo é capaz de você dormir. Quem vai reclamar que a personagem de Fatal Frame não corre?), o A para interagir com objetos e o + para o pause. A lanterna é controlada pelo cursor, que não é sensível ao seus movimentos. Você vai perder diversos segundos tentando centralizar o cursor e até se acostumar, vai morrer diversas vezes. E morrer é uma das coisas mais comum no jogo, pois é game over cada vez que as pilhas da lanterna acabarem. Então, você tem que explorar, seguir a dica que o jogo dá e encontrar pilhas para avançar.
Mas aí vem o confronto: se é um survival horror que quer te assustar enquanto você explora, como pode limitar o seu tempo de exploração com a duração da pilha e apenas permitir que seu personagem ande? Tudo bem que a feelplus, a desenvolvedora de Ju-on, tenha feito isso para que o jogador visse tudo o que acontece na tela para não perder nada e assustá-lo, mas não foi uma decisão correta.
O som não é lá muito variado. Não há um áudio nas fases e nem dublagem, apenas uma música tensa cada vez que se abre uma porta, sem contar que você vai se irritar de tanto ouvir o ‘toc-toc’ dos passos do personagem. No mais, há alguns que possam te assustar, mas depende da sua apreensão. Você vai ter que se acostumar aos gritos de gato do garoto japonês pelado, aos “arrotos” e os ataques capilares de Kayako. E por falar nela, quando ela parte para te matar, coincidentemente é a única vez que o controle do Wii responde bem, no qual você deve movimentar o Remote para a direção demonstrada na tela. Outra mecânica interessante quando seu personagem se esconde, é manter o cursor do Wii no centro de um círculo que se move e vai diminuindo. Se ficar muito tempo fora do desenho, é game over também.
Ju-on talvez possa assustar se você estiver jogando sozinho, à noite, no escuro, com o som levemente alto e se estiver atento ao jogo. Se não, no máximo vai te pegar desprevenido e não fará você soltar gritinhos comprometedores e reveladores. Outro problema do jogo é que até os sustos são programados, portanto, ao jogar as fases repetidas vezes, não haverá mais aquele elemento surpresa. Seria interessante se os sustos fossem aleatórios. O jogo te assustará mais pelos pontos negativos, mas enfim…
“Enjuon”?
O game enjoa rápido e ao chegar ao final da quarta fase, não haverá outras e nem aparecerão os créditos finais. Por quê? Porque você precisa encontrar todos os pedaços dos itens de cada fase (jornal, fotografia, desenho e diário) para liberar a quinta e última fase. A única vantagem é que, mesmo se encontrar um pedaço do jornal, por exemplo, e morrer, você não vai precisar pegá-lo novamente, pois ele é salvo automaticamente. Mas exige uma boa dose de paciência para chegar ao final. E só há 5 fases no jogo, cada uma com duração entre 20 e 30 minutos devido à “rapidez” do personagem e não há tanta variação.
Ju-on: The Grudge, é um simulador de casa mal-assombrada, porém aparenta ser um simulador de um simulador de casa mal-assombrada. Podia ter muito mais, inclusive fases, mas ficou no meio do caminho. Possivelmente acabou a pilha da equipe durante o desenvolvimento, que ficou perdida, sem luz e sem ideias para incrementar o jogo. E aí, meu amigo, é game over mesmo.
Ju-on: The Grudge – Nintendo Wii – Nota Final: 3,5Gráficos: 3,5 | Som: 3,0 | Jogabilidade: 4,0 | Diversão: 3,5