Desenvolvido pela Rare, Dinosaur Planet era planejado para ser sua cereja do bolo para N64. A empresa pretendia lançar uma franquia totalmente nova, que contaria com diálogos dublados (algo não muito comum no console de 64 bits da Big N) e seria lançada em um cartucho de 512Mb. Para se ter uma noção melhor do tamanho e do poder do cartucho, The Legend of Zelda: Ocarina of Time foi lançado em um cartucho de apenas 256Mb, e a Capcom já havia lançado Resident Evil 2 em um cartucho de 512Mb contendo os exatos e completos dois CDs de jogo do Playstation, que traziam animações em CG e diálogos dublados. Mas, infelizmente, as coisas não saíram como o planejado.
Do estrelato ao anonimato
Durante a E3 2000 a Rare anunciou (com direito a uma versão demo jogável!) seu novo jogo, Dinosaur Planet, e a partir daí começou a liberar artworks, screenshots e até mesmo algumas músicas do jogo em formato MP3. Como a empresa já havia lançado alguns jogos que foram sucesso de público para o N64 como Perfect Dark e Banjo-Kazooie, por exemplo, o anúncio do novo jogo deixou os jogadores em alta expectativa. Cada nova notícia era fervorosamente devorada, cada informação deixava os jogadores cada vez mais ansiosos pelo seu lançamento iminente.
Mas havia um problema incontornável: o tempo de vida do Nintendo 64 estava terminando. Playstation 2 e Dreamcast já eram realidade e, mesmo com a Nintendo tentando segurar a atenção do público com o lançamento de Majora’s Mask, já era de conhecimento público que o N64 estava dando seus últimos suspiros. Pra piorar, o lançamento do jogo estava marcado para janeiro de 2001, data posterior ao lançamento dos consoles da então nova geração. E, logo após o alvoroço do grande anúncio, o jogo simplesmente desapareceu. Não havia mais notícias, nem artworks ou screenshots.
História e gameplay
Dinosaur Planet contaria a história de Sabre e Krystal, dois personagens que estariam em busca de seu pai, o mago Randorn. Os heróis poderiam ser alternados durante o jogo e cada um teria um dinossauro ajudante, sendo o tricerátops Tricky o mascote de Sabre e o pterodátilo Kyte o amigo de Krystal. O vilão, General Scales, mantinha o Dinosaur Planet sob seu tirânico domínio. Sabre usaria uma espada e Krystal um bastão para combater seus adversários e livrar o Dinosaur Planet das garras do General Scales. O jogo traria um gameplay bastante parecido com o de Ocarina of Time, com o sistema de mira e exploração muito semelhante ao do Zelda para N64.
Mudança de planos
Durante o tempo em que o jogo ficou no esquecimento, o designer de games da Nintendo Shigeru Miyamoto brincou que Sabre e Fox McCloud eram muito parecidos e que entraria em contato com a Rare para que fizessem do jogo um novo Star Fox. E a “brincadeira” se tornou realidade. Pouco antes da E3 2001 a Rare anunciou que Dinosaur Planet agora seria Star Fox Adventures: Dinosaur Planet, que Sabre sairia de cena para dar lugar a Fox e que o jogo não mais seria lançado para N64, e sim para o novo console da Big N, o Nintendo GameCube. Mas as mudanças não parariam por aí: Randorn, o mago, havia sido retirado da história; Kyte, o mascote de Krystal, somente faria algumas aparições durante o jogo; Krystal não teria mais o mesmo destaque de antes, passando a ser apenas uma coadjuvante.
Na nova história, o time Star Fox receberia um pedido de socorro do Dinosaur Planet (que mais tarde viria a se chamar Sauria e que, curiosamente, até então não havia sido mencionado como parte do sistema Lylat) e iria até lá para investigar. Lançado em 2002, um ano após seu anúncio, o jogo perdeu de vez o título Dinosaur Planet e passou a se chamar apenas Star Fox Adventures. Mesmo com o gameplay diferente do habitual o jogo foi relativamente bem recebido, geralmente comparado a Zelda e tendo seus gráficos muito elogiados, e foi o último jogo lançado pela Rare para um console Nintendo antes de ser comprada pela Microsoft.
Espera aí… eu não estava lendo um Fail?
Sim, e você ainda está. Apesar de o lançamento como um game da série Star Fox ter acontecido, o verdadeiro Dinosaur Planet nunca foi lançado. Para se tornar um título da franquia de Fox, Peppy, Slippy e Falco, o jogo precisou ser adaptado e, consequentemente, ter sua história reescrita e perder personagens e fatos importantes. Aquele que prometia ser um dos maiores e melhores jogos para N64 jamais pôde ser levado a público. Star Fox Adventures é um bom jogo? É. Star Fox Adventures merece ser jogado e apreciado? Merece. Mas, ainda assim, Star Fox Adventures não é Dinosaur Planet. E Dinosaur Planet, definitivamente, merecia ser lançado, jogado e apreciado pelos donos de N64 tanto quanto o título de Fox e sua turma foi para NGC.