O primeiro Metroid para o Game Boy Advance marcou muito os fãs da série. Não falo exatamente pelo jogo em si, mas por que ele representou uma nova tomada de esperança, uma vez que a série Metroid caiu no esquecimento por oito anos. Durante a época do Nintendo 64, Samus só apareceu no Super Smash Bros., mas não recebeu nenhuma missão nova durante muito tempo. Eis que, com o novo portátil da Nintendo, abrem-se as portas para mais uma aventura da caçadora, lançada no dia 18 de Novembro de 2002 nas Américas e 14 de Fevereiro de 2004 no Japão. Metroid Fusion veio às lojas junto a Metroid Prime, se tornando um sucesso do GBA, com mais de 1 milhão de cópias vendidas no Japão e na América.
Infecção X
Após os acontecimentos de todos os outros jogos, incluindo Metroid: Other M, Samus recebe uma outra missão. No momento, a galáxia vive uma época de maior tranquilidade, logo, a tarefa designada a Samus não é extinguir Metroids nem estourar os miolos de Space Pirates, mas sim dar cobertura a uma equipe de pesquisa que explorava o planeta SR388, que foi palco das aventuras. Mas, após derrotar uma criatura do planeta, um estranho ser gelatinoso sai do cadáver, avançando em Samus. Inicialmente, a caçadora não sofre nada com o que parecia ser um ataque, mas, após partir do planeta, ela perde a consciência. Sem controle, a nave de Samus choca-se com asteróides, destruindo o veículo, mas o mecanismo de segurança ejeta a Bounty Hunter antes do impacto. Quando socorrida, é evidenciado que o que infectou Samus no planeta foi um parasita chamado X, um ser altamente perigoso que leva seus hospedeiros à morte e é capaz de reproduzir com exatidão tudo o que já infectou uma vez na vida. A infecção força os médicos a injetarem o DNA r etirado do bebê Metroid de Super Metroid em Samus como única forma de salvar a caçadora, já que a espécie é predadora do X. Ao que consta o manual do jogo, os Metroids são criaturas feitas em laboratório pelos próprio Chozo (povo que salvou e treinou Samus após a destruição de seu lar) feitas com o propósito de eliminar o X em SR388. A operação salva Samus por pouco, sendo a segunda vez que o bebê Metroid salva a vida caçadora, mas ela não tem tempo de se recuperar direito pois precisa partir urgentemente para a base espacial de pesquisa BSL. Na estação espacial, uma invasão do X fez com que o lugar tornar-se uma zona de quarentena, afinal, é lá onde estão várias criaturas hostis. Com o X por lá, tudo foi infectado pelo parasita e clonado por ele. A missão pode parecer difícil, e realmente é, pois a armadura de Samus teve de ser retirada e mandada para BSL para que facilitasse no tratamento, em seu lugar foi colocada uma Power Suit modificada que, cá entre nós, não é tão poderosa quanto a original,: a Fusion Suit.
Adentrando-se na base espacial infectada com uma nave nova, Samus é instruída pela inteligência artificial Adam, que leva o nome de um antigo comandante da Galact Federation que, no passado, se sacrificou para salvar Samus (os detalhes da relação entre os dois serão explicados em Metroid: Other M). Com a ajuda de Adam, Samus consegue recuperar muitos de seus antigos power ups, como tiros, mísseis, upgrades para a Fusion Suit e outras funções. Muitos são os inimigos clonados pelo X, como o vilão Ridley, o monstro Nightmare e a SA-X. SA-X é uma dopelganger da Samus, reconstruída pelo X e roubando a Power Suit de Samus que foi a enviada a BSL. Após descobrir que a própria Galact Federation clonava Metroids em segredo em BSL, Samus sente-se traída, o que leva-a a dar início ao sistema de auto-destruição da estação chocando-se com SR388. Prestes a evacuar BSL, Samus encontra-se com o Omega Metroid, uma forma evoluída da criatura que muito lhe deu trabalho no passado. Mas, quando as esperanças de Samus estão quase desaparecendo, SA-X reaparece e salva Samus, sacrificando-se no processo. Samus então absorve o parasita X que sai do cadáver de SA-X (por ter o DNA Metroid em seu sangue, Samus também se torna predadora do X), o que lhe propicia o Ice Beam, tiro perfeito para acabar com Omega Metroid. O desfecho deixa sérias dúvidas sobre quem realmente iniciou manualmente o sistema de evacuação da nave quando o Omega Metroid ameaçou destruí-la (O próprio Adam? Ou quem sabe as criaturas alienígenas de Super Metroid que aparecem dormindo na nave?) e como a galáxia reagirá à opção de Samus por destruir BSL e, no choque com o planeta, SR388 também…
Fusão de Conceitos
Se há algo que defina a experiência de jogo de Metroid Fusion é a sua fusão de características tradicionais do game com novas adições. O game ainda é um sidescrolling repleto de ação e exploração, onde cada parte dos vastos cenários esconde um Power up. Itens como Morph Ball, mísseis, bombas e Wave Beam estão de volta, é algo praticamente completo quando se fala na biblioteca de habilidades de Samus. Mas, por outro lado, algumas coisas originais desembarcaram em Metroid Fusion o que infelizmente não foi tão benéfico para o game. A capacidade de se pendurar nas bordas das plataformas, o Ice Míssil e Difusion Míssil foram upgrades bem aceitos e reutilizados em outros jogos, mas a principal mudança você vê já na capa do game: Que raios de armadura é essa? Bom, a Fusion Suit faz Samus mais parecer um alien do que uma mulher numa armadura, mas ela dá um toque único ao game. A Fusion Suit não tem metade do poder da Power Suit, e o DNA de Metroid implantando em Samus não só a ajuda a absorver parasitas X em troca de energia e mísseis, mas também a torna frágil ao seu clone: SA-X. A perversa cópia da Samus usa Ice Beam, o que é super efetivo em Samus, pois Metroids são vulneráveis ao gelo. Por boa parte do game você se sentirá um frágil ser em meio a uma imensidão de monstros, e isso dá um toque ainda mais obscuro e sinistro a Metroid Fusion. Mas, apesar de tudo, essas novas adições feriram um dos maiores pilares da franquia Metroid: a progressão. Nos demais jogos, o jogador avançava no game sutilmente através da exploração e uso de power ups que anteriormente não dispunha.
Mas em Fusion, é o computador Adam que dá ordens à Samus para que vá até determinado lugar e encontre informações, criaturas e novas habilidades lá. E o problema não é completamente causado pelo uso do computador, afinal, outros games da franquia também possuem essa funcionalidade e nem por isso são lineares como Fusion. O problema também é causado pelo uso de portas pré-determinadas. Nos outros games as portas são abertas por determinado tiro, logo, o jogador avança no jogo a partir de suas habilidades. No entanto, em Fusion é preciso ativar um mecanismo que abra uma determinada cor de porta, o que limita os espaços que se pode alcançar e faz o game seguir um roteiro minuciosamente planejado. Isso simplifica as coisas do game, fazendo com que o jogador não fique muito tempo sem avançar no jogo, mas tira uma das características preferidas de todo fã de Metroid. Mas é em Fusion que Samus perde a mudez de vez, aquele relato da caçadora no início de Super Metroid não chega a ser uma fala. Há discussões com Adam profundas e algumas vezes capazes de impulsionar o jogador a continuar jogando. Veremos como continuará esses discursos de Samus e conversas com Adam (dessa vez em carne e osso) em Metroid: Other M(Wii) !
Os gráficos de Fusion são muito vívidos e usam-se de cores fortes para expressar cada criatura e cenários do game. É o mais bonito dentre os Metroids em 2D, mesmo que o jogo se passe numa estação espacial, o que limita a variedade de ambientes. A sonoplastia é composta por músicas exclusivas, mas nem por isso excelentes e também nem por isso ausentes de trilhas clássicas. É algo lindo de se ver, ouvir e jogar!
Conexões
O cartucho de Metroid Fusion é capaz de se conectar a outros games da série Metroid e garantir novas adições a cada um deles. Quando Fusion é conectado a Metroid Prime através da ligação entre o Game Boy Advance e o Game Cube, ambos os jogos saem no lucro. Em algumas versões de Fusion isso desbloqueia a possiblidade de jogar o primeiro Metroid (NES) no portátil e em Prime habilita a Fusion Suit na brilhante mecânica 3D do game (como você pode ver na imagem). Depois que Metroid Zero Mission foi lançado também para o GBA, a conectividade entre ele e Fusion foi garantida, agora mais simples e prático do que precisar conectar um GC a um GBA. Bastava um cabo entre os dois portáteis e Metroid Fuson era turbinado com artworks secretas e imagens extras do game. Na versão japonesa haviam ainda imagens do passado sombrio de Samus, a tragédia em sua colônia natal e a vida com o povo Chozo.