Logo no início de 2006, quando o projeto que viria a resultar no Wii ainda era conhecido como Revolution, a desenvolvedora polonesa Nibris anunciou que suportaria totalmente a nova empreitada da Nintendo, e, para selar este acordo, confirmou estar desenvolvendo um título de terror psicológico exclusivo para o novo console. Sadness não só nunca foi lançado, mas como já é certo seu abandono. Afinal, o game chegou realmente a existir?
As primeiras informações que acompanharam o anúncio de Sadness caracterizavam a novidade como inspirada em Sin City (os quadrinhos, não o jogo de construir cidades). Totalmente em preto e branco, o game pretendia trazer ao Revolution uma atmosfera depressiva e aterrorizante, usando os controles providos de sensores de movimento para realmente amedrontar e incluir o jogador na história. Vindo de um estúdio novo, o projeto parecia ousado e empolgante, talvez até demais.
Não se poupou esforços para criar esperanças em cima do jogo, e, em pouco tempo, já se comentava sobre um filme, a ser lançado mais tarde, baseado em Sadness. O enredo do game, que, segundo a própria Nibris, teria seu aspecto único, iria se passar em um universo pré-guerra, pouco antes do primeiro confronto mundial eclodir. No entanto, nunca se comentou sobre uma possível produtora, apesar da desenvolvedora ter afirmado diversas vezes que tinha uma empresa em mente.
O jogador tomaria o controle de Maria, uma misteriosa mulher que passou por um acidente de trem, junto com seu filho, Alexander. O ocorrido, porém, atingiu o menino de forma diferente, já que, além de tê-lo feito perder a visão, ocasionou comportamentos bizarros e assustadores. O desfecho psicológico estava armado: enquanto Maria fugiria pelos cenários solitários ao som de vozes, seríamos apresentados ao medo do escuro e alucinações, caracterizados em Alexander.
A ambientação seria clássica e precisa. Enquanto as cidades deveriam parecer reais dentro de sua época, o Wiimote exigiria do jogador movimentos iguais aos executados no dia-a-dia, como o intuitivo segurar de um guarda-chuva, que seria fielmente representado na tela. Todas as imagens divulgadas mais tarde, entretanto, não retratavam a gameplay, sendo somente artes conceituais, e os gráficos, que deveriam ser estonteantes, nunca chegaram aos olhos do público.
Em certo momento, pouco após o anúncio do jogo, soube-se da parceria firmada com a Frontline Studios para proporcionar a tentativa de realizar tudo o que fora prometido: o game estava a cargo de duas desenvolvedoras, mas continuava sem uma produtora para estampar na boxart. As duas companhias quebraram o acordo um ano depois, em função de diferenças artísticas, o que dificultou ainda mais o processo de desenvolvimento. Nesse meio tempo, contudo, o único vídeo de Sadness foi divulgado, mostrando apenas uma mulher que encenava situações diferentes com uma tocha.
Depois de diversas falsas promessas da Nibris, que iam desde vídeos novos demonstrando a gameplay até sua presença confirmada na Game Developers Conference, que nunca ocorreu, a desenvolvedora arranjou uma data: o jogo seria lançado de qualquer forma no outono americano de 2009. Mais uma vez, o anunciado não virou realidade, e, desde então, o site oficial da empresa parou no tempo.
A confirmação oficial de que Sadness nunca chegaria às prateleiras veio logo depois, quando o compositor envolvido no jogo, no início desse ano, disponibilizou as músicas para download em um blog polonês. Arkadiusz Reikowskiego afirmou que as composições vinham de um projeto abandonado pela Nibris, e que o material nunca chegaria a ver a luz do dia.
No fim, Sadness pretendia inovar em vários aspectos, e poderia ser um ótimo jogo para o Wii. Se o título visava retratar uma realidade depressiva, de certa forma conseguiu, pois decepcionou muita gente que depositou esperanças em seu lançamento. Ao que parece, a única alucinação que veremos é a própria Nibris, que surgiu e desapareceu sem lançar nada, deixando somente como legado a tristeza que tanto promoveu.
