A História dos Vídeo Games #11: MSX, o computador mais console de todos os tempos (1983)

em 29/07/2010

(por Jones Oliveira em 29/07/2010, via Nintendo Blast)

No nosso último encontro, que ocorreu há um bom tempo, conversamos sobre a grande crise que assolou toda a indústria gamística nos anos de 1983 e 1984. Vimos que, devido ao desespero da Atari para continuar dominando o mercado, os consumidores foram inundados a quantidades pornográficas de jogos medíocres. E.T. the Extra-Terrestrial foi a gota d’água e marcou o péssimo momento da indústria, que começou a perder espaço para a iminente indústria dos computadores pessoais.

MSX_logoAo término da segunda geração de vídeo games, a indústria encontrava-se saturada de consoles e jogos de qualidade para lá de duvidosa. O cenário norte-americano não era nada animador – várias empresas, que outrora fizeram sucesso fabricando e vendendo consoles e jogos, decidiram fechar suas portas. O motivo, mais que óbvio, era a desvalorização dos vídeo games.

Muita gente decidiu que, ao invés de comprar um vídeo game, agora compraria um computador – afinal de contas, dava para fazer a mesma coisa que se fazia nos vídeo games: jogar! Exatamente nessa época, na “lacuna” histórica existente entre a segunda e terceira gerações, os computadores pessoais começaram a se popularizar nos Estados Unidos. As iniciativas e incentivos vindos das gigantes IBM e Commodore pareciam estar surtindo efeito diante de tal situação. No entanto, foi com uma jogada ousada de uma pequena empresa em particular que o jogo, definitivamente, começou a virar.

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Localizada na desértica cidade de Albuquerque, no Novo México, a então pequena Microsoft do jovem e ousado Bill Gates começava a expandir seus negócios no início da década de 1980. Em sua primeira expansão, a Microsoft firmou acordo com a japonesa Ascii e fundou seu primeiro escritório internacional em Tóquio. O objetivo era bem claro: estabelecer um padrão de hardware para os computadores. Dessa forma seria possível reduzir os custos de produção e, finalmente, tornar os PCs acessíveis a todo público. Assim, em 1983, numa conferência para a imprensa, surgiu o padrão aberto MSX.

 

O computador mais divertido de todos os tempos

msx_philips_vg8020Notoriamente, o hardware do MSX era bastante inferior ao da concorrência. Contudo, isso não prejudicava a reputação do MSX que era conhecido, sobretudo, por seu bom desempenho. O que mais chamava atenção nele eram seus recursos gráficos – enquanto os demais computadores da época apresentavam telas P&B ou com no máximo 4 variações de tonalidades, o MSX apresentava até 16 cores simultâneas na tela: um arraso!

expertplus_fev90Então, todos devem estar se perguntando: na história dos vídeo games, o que faz um computador? Ora, o problema é que o MSX foi o computador mais console de todos os tempos! Os gamers desamparados com o crash da indústria rapidamente encontraram aonde se refugiar. Várias gigantes resolveram investir no MSX devido a sua arquitetura aberta: Sony, Yamaha, Panasonic, Toshiba, Pioneer e várias outras produziram inúmeras versões do popular computador-console. Aqui no Brasil, o computador chegou às nossas casas pelas mãos da Gradiente, Sharp e Dynacom.

O que antes parecia uma aposta sem rumo e sem prumo da pequena Microsoft, de repente tornou-se um sucesso estrondoso. A enorme quantidade de empresas investindo no padrão fez com que produzir e vender um MSX fosse muitíssimo barato em relação aos gigantes computadores vendidos pela IBM e pela Commodore. Percebendo o enorme potencial da máquina que estava no mercado, antigas softhouses, que outrora produziram para o Atari 2600 e tantos outros consoles, decidiram apostar no MSX. Graças a isso, o que antes era apenas um computador pessoal, se tornou uma verdadeira central de entretenimento.

Não demorou muito tempo para que o computador super popular ganhasse jogos exclusivos e ports de fazer inveja a qualquer console. Jogos como King’s Valley, Rally-X, Konami’s Boxing, F1 Spirit (esse é bom) – e sua continuação, Road Fighter (mais porreta ainda) –, Pac Man e até Mario!

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Percebendo o potencial da plataforma, logo as empresas responsáveis por ela lançaram o seu primeiro upgrade. O MSX 2.0 surgiu em 1985 e consigo trouxe mais memória RAM, VRAM, relógio interno, upgrade do seu software embarcado (Microsoft Basic 2.0) e a incrível capacidade de processar 256 cores simultâneas na tela! Mesmo com tantas novidades, o novo padrão era compatível com o padrão antigo também – ou seja, compre um e leve dois. E não foi surpresa ver as softhouses continuarem a fazer jogos.

Podemos destacar aqui King’s Valley 2, Vampire Killer (depois chamado de Castlevania), Metal Gear 1 e 2 , dentre outros.

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Legado do MSX

O MSX continou popular por muito tempo e foi produzido até meados de 1995, quando teve sua produção descontinuada pelas empresas sócias detentoras do padrão. Mesmo “falecido” há muito tempo, o MSX continua sendo o computador mais console que já existiu, tendo sua bandeira levada por inúmeros fãs espalhados por todo o mundo. No Brasil, foi uma das poucas opções de entretenimento eletrônico existentes, já que o país não podia importar nada devido a reserva de mercado. Para se ter uma ideia, o computador era importado para cá como um vídeo game – sem teclado, apenas com slots para cartuchos e joysticks. Uma vez aqui, a galerinha adicionava um teclado e ficava tudo certo.

Sem dúvidas o MSX foi responsável por fazer a indústria dos games ressurgir de uma maneira ou de outra. Com uma legião enorme de fãs até hoje, foi o MSX o responsável pelo lançamento de grandes franquias que existem por aí até hoje, como Castlevania, Metal Gear e Bomberman, além de ter recebido outras famosas como Final Fantasy, Contra, Dragon Quest, Dragon Slayer, Gradius entre outras. Uma jóia que cumpriu com o seu papel de computador pessoal e de centro de entretimento gamer. Feliz de quem o teve!

O MSX foi elemento decisivo tanto para a popularização dos computadores pessoais, quanto para a reestruturação da indústria dos vídeo games. Foi nele que as então órfãs softhouses encontraram porto seguro para se reerguerem e continuarem a fazer o que sempre souberam – desenvolver jogos. A grande crise pela qual passou fez a indústria, finalmente, tomar um gole de moderação e bom senso. Aos poucos tudo ia voltando ao normal, a terceira geração ia chegando e uma empresa em particular se destacava no meio disso tudo. Com seu jeito singular de fazer negócios, uma empresa de Kyoto invadiu a indústria e determinou regras que são seguidas até hoje. Porém, isso é assunto para o nosso próximo encontro. Até lá!

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