Red Steel 2 é o jogo definitivo de Wii.
Lembra-se daqueles vídeos teasers da jogabilidade do Wii de antes dele ser lançado, que você via e pensava “Uau, vai ser incrível, principalmente pra FPS”? Red Steel 2 finalmente atinge este patamar como jogo de ação em primeira pessoa para o Wii, superando – e muito – o primeiro título, e entrando para o hall dos melhores jogos da história do console.
Entretanto, para jogar Red Steel 2, é necessário ter um Motion Plus acoplado a seu Wiimote, acessório este que ainda está ganhando mercado, em função do baixo número de títulos que necessitam dele. É só jogando que você sente como ele permite precisão nos movimentos, sobretudo da espada. Por isso, ouso dizer que Red Steel 2 contribui muito para justificar a aquisição de um motion plus, apesar de ser um jogo curto e praticamente sem valor de replay, como um New Game+.
Mas voltando ao jogo em si, Red Steel 2 é focado basicamente na espada, tanto pela variedade de golpes, quanto pelo estilo único de combate que ela permite no console da Nintendo. E como praticamente todos os oponentes usam alguma lâmina, é muito mais divertido partir para a luta de curta-distância que ficar atirando de longe. Por isso, esqueça o primeiro Red Steel, que é infinitamente inferior, com sua jogabilidade limitada e ênfase nas armas de fogo.
Samurais do velho-oeste
O estilo e ambientação de Red Steel 2 foge completamente ao clima urbano e contemporâneo repleto de yakuzas do primeiro jogo. Seu universo é único, misturando elementos de faroeste com ninjas e samurais do Japão feudal em uma combinação praticamente perfeita. Não é à toa que o protagonista, o guerreiro durão sem nome, pertence a um clã que usa técnicas de espada com armas de fogo, justificando assim a jogabilidade.
O clã ao qual ele pertence é o Kusagari, que foi erradicado da face da terra. Ele – você – é o último sobrevivente, e por isso é alvo número um dos vilões. A primeira cena é sensacional: você é arrastado por um boss em sua moto, amarrado a uma corda, enquanto ele lhe xinga e esbraveja. Após isso, você sobrevive e encontra o mestre, que vai lhe ensinando as técnicas especiais do clã no decorrer do jogo. O objetivo inicial: recuperar sua katana. Depois, a história se desenvolve seguindo a fórmula: nova área, missões a serem cumpridas, boss final, e entrada na próxima área, abandonando a possibilidade de voltar à anterior. Em síntese, Red Steel 2 é extremamente linear, bastando seguir o objetivo principal e talvez revisitando alguns cenários para cumprir as missões alternativas, como destruir pôsteres seus de “procurado” ou grupos de inimigos. Algumas missões alternativas você até acaba cumprindo simplesmente ao segur o curso da principal. É bom ficar de olho nelas, porque rendem um dinheiro extra, bastante útil para comprar upgrades.
Falando em dinheiro, ele também é encontrado destruindo caixas, barris e demais elementos do cenário do jogo. Então você eventualmente se pegará destruindo quase tudo por onde passa, pois os upgrades são numerosos e cada vez mais caros.
Meu Wiimote é uma Katana!
Como já falei, o mais divertido de Red Steel 2 é usar a espada. É possível dar cortes diagonais, e até girar um pouco a lâmina quando a segura em posição de defesa, o que contribui no realismo ao game. A sensibilidade do motion plus permite que haja três níveis de força nos golpes, sendo que o mais forte é útil para quebrar armaduras dos oponentes mais bem protegidos. O problema é que devido a esta sensibilidade proporcionada pelo motion plus (que provavelmente você nunca experimentou antes em um jogo do Wii com tal intensidade) é realmente necessário empregar força e agilidade nos golpes do Wiimote, fazendo a mira sair da tela facilmente a cada espadada, dando-lhe o incômodo de reencontrá-la quase sempre. Não é tão ruim quanto parece, se você está habituado a FPS e demais jogos do gênero no Wii. Tudo bem, ok, é mesmo algo chato, embora, pessoalmente, na empolgação dos combates isso me incomodou poucas vezes.
Há um considerável número de técnicas e golpes de espada, alguns combinando espada com arma de fogo, inclusive. O mestre obriga-lhe a repeti-los três vezes sempre que o ensina, o que parece chato, mas é necessário pra gravar os comandos. De qualquer modo, é bom ter um espaço livre ao seu redor pois você vai se pegar fazendo movimentos fortes ou amplos constantemente.
As opções de golpes e finalizações são tantas que da metade pro final de Red Steel 2, apesar de os inimigos tornarem-se mais difíceis, não ficam mais trabalhosos. As batalhas, na realidade, podem até ficar mais fáceis, se você apelar para as habilidades mais poderosas logo de cara, como “The Bear”, que consiste em uma espadada no chão que atordoa os inimigos, ou “The Cobra”, a qual permite uma sequência de tiros poderosos e precisos. A própria estratégia de combate logo fica mais fácil em função disso, enquanto no começo nos preocupamos mais em bloquear golpes e contra-atacar. Por sinal, o ataque acaba provando-se a melhor defesa, no desenrolar do jogo.
Quanto às poucas boss battles, a estratégia clássica de observar os padrões de ataque para saber quando deve atacar, é garantia de sucesso. E é sempre mais prático desviar-se procurando uma brecha na retaguarda dos oponentes que atacá-los de frente.
Toda essa facilidade que o jogo oferece em função dos upgrades não estraga a diversão, se você não sair apelando repetitivamente nos mesmos golpes. A graça está mais em combater alternando técnicas, deleitando-se com o efeito cinematográfico proporcionado por elas.
Câmera, Luz, jogue!
Falando em cinematográfico, o visual de Red Steel 2 é bem impressionante para um Wii. O título se destaca em relação a outros jogos também neste aspecto. É uma pena a história ser tão fraca e sem profundidade, pois poderia ser melhor explorada, inclusive com mais das belas – e repletas de ação – cutscenes construindo a narrativa, ou mesmo nos diálogos feitos por rádio durante o jogo.
Três partes são bastante cinematográficas e merecem grande destaque aqui, que são: a primeira cena, já mencionada, a da moto; a parte que somos, digamos, “atropelados” e temos de realizar os comandos certos indicados na tela para se desviar de obstáculos e contra-atacar; e a parte no trem. Sim, há uma fase inteira passada num trem em movimento. Se você ficar parado, é arrastado para trás, e quando anda, é meio complicado manter-se em linha reta. Trata-se de uma das partes mais originais e divertidas em Red Steel 2. Quanto à segunda parte que mencionei, basicamente uma cutscene jogável como as presentes em Resident Evil 4, é uma pena que não há mais delas durante o jogo. Seria ainda mais divertido. Afinal, se os produtores colocaram uma vez, por que não mais? É estranho.
Outro ponto que complementou com maestria o clima do jogo, contribuindo para formar este faroeste-nipônico, foi a trilha sonora que mistura elementos de ambos universos. Ela funciona da mesma maneira que a arquitetura, inimigos e ambientação do jogo para a nos inserir neste universo único, inclusive casando perfeitamente com as nossas ações dentro do jogo.
Conclusão
Os pontos fracos de Red Steel 2 são a superficialidade da história apresentada e, principalmente, sua curtíssima duração. As 10 horas passam voando, o que é uma grande pena. Mesmo assim, Red Steel 2 é um jogo imperdível para o Wii, graças ao uso que faz do wiimote, visual original, e excelente ação com armas de fogo mais técnicas de espada.
Red Steel 2 (Wii) – Nota Final: 9.25
Gráficos: 9.5 | Som: 9.5 | Jogabilidade: 8.5 | Diversão: 9.5